Folha de S. Paulo
Ideia fixa é utilizar as emendas impositivas
para financiar campanhas eleitorais
O Legislativo está na berlinda. Nos trends,
como se diz. Pesquisa Atlas/Intel mostrou que só 3% dos brasileiros dizem
confiar "muito" no Congresso; 63% revelam não ter "nenhuma"
confiança; 27% confiam "pouco".
De fazer corar de vergonha, a crise de representatividade não é levada a sério. "Se chegar às 10h, será promulgado às 10h01", disse o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, sobre a possibilidade de Lula não sancionar o projeto de lei, criticado pela população, que aumenta o número de deputados. A frase saiu em tom ríspido e petulante, no mesmo dia em que a pesquisa foi divulgada.
A desconfiança tende a crescer mais. Até o
fim do ano, o STF vai julgar o primeiro caso em que deputados poderão ser
condenados por cobrar para destinar recursos a municípios. São réus por
corrupção Josimar Maranhãozinho (PL-BA) e Pastor Gil (PL-BA). Envolvendo
emendas, há um número espantoso de inquéritos no Supremo. Quase 90
parlamentares são investigados. A maioria pertence ao centrão, etiqueta que os
torna uma entidade quase abstrata. Seus atos, no entanto, são de carne, osso e
desonestidade.
Na terça (8), a PF deflagrou mais uma
operação que mira desvios, resultando nos crimes de organização criminosa,
captação ilícita de sufrágio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com
fim eleitoral. Não falta, como de praxe, a benesse caseira: o principal
investigado, Júnior
Mano (PSB-CE), destinou R$ 18,8 milhões para Nova Russas; a mulher
dele é a prefeita do município. Os parlamentares estão fazendo uso das emendas
impositivas para financiar campanhas —o popular caixa dois. Encastelaram-se no
poder.
Aparentemente não dão bola para o "nós
contra eles" (a exceção é o presidente da Câmara, Hugo Motta, que perde a
pose ao ouvir o apelido "Hugo Nem Se Importa"). E agora, diante da
chantagem de Trump, Motta e Alcolumbre correram para ficar em cima do muro. A
movimentação nas redes hoje ataca os privilégios. Amanhã deverá ser a corrupção
no Congresso, tema mais incômodo e decisivo na hora do voto.
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