Folha de S. Paulo
Para rebater a piada de que 'sempre volta
atrás', presidente pode usar o nosso país como exemplo
A ênfase dada pelo ministro Fernando
Haddad (Fazenda) ao revelar que o governo
já trabalha com um plano de contingência para socorrer empresas que
venham a ter prejuízos com a confirmação da sobretaxa
de 50% de Donald Trump é
o sinal mais contundente de que Lula vê como
baixíssima, para não dizer remota, a chance de negociação de um acordo até o
dia 1º de agosto.
Uma tentativa de mostrar que medidas estão sendo preparadas na hora em que o pior cenário chegar, indicando à população que o governo não está de braços cruzados em contraponto ao desfecho previsível. Sem avanços nas conversas, faz uma sutil, mas importante, virada de discurso após a fase inicial da crise de reforçar o patrocínio da família Bolsonaro na ameaça de Trump.
O governo se volta à estratégia de ampliar a
percepção de que quem fechou os canais da negociação foi a turma de Trump. Em
Brasília, pipocam informações apontando as dificuldades do governo na busca de
diálogo com Washington. Uma resposta à pressão dos empresários, que não
escondem que querem ver mais empenho do governo e menos eleição nas
negociações.
Enviar uma delegação de alto nível aos EUA,
mesmo com o risco de os negociadores serem recebidos com portas fechadas, pode
ser um bom negócio, como relatam auxiliares de Lula.
Diferentemente da humilhação, o governo
mostraria humildade. Na briga entre o grande e o pequeno, a lógica é a de que o
mais fraco sempre recebe mais simpatia.
Desta vez, a expectativa de um novo "TACO
trade" ("Trump Always Chickens Out", na sigla em
inglês), acrônimo usado pelo mercado financeiro que significa "Trump
sempre volta atrás", pode frustrar. Até mesmo como uma tentativa de o
presidente norte-americano de desafiar o "TACO". O Brasil como
exemplo.
A chegada ao "dia D" sem acordo não
significa o fim da negociação. Não por menos, o número 2 da Fazenda, Dario
Durigan, afirmou que a alta
da tributação das big techs não está sendo tratado no contexto atual do embate
comercial. Para bom entendedor, meia palavra basta.
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