Folha de S. Paulo
Trump compra briga com o
Brasil por motivações que põem em risco o futuro das relações bilaterais
A chegada da
hora do tarifaço, com exceções
importantes, não altera o fato de que o cenário das relações entre Brasil
e Estados
Unidos é de incerteza total daqui em diante. Como será o amanhã?
Da parte de Donald Trump,
é claro o intuito de dar uma canseira no Brasil, causar prejuízos políticos ao
presidente Lula (PT)
e promover ataque ao Judiciário na forma de cerco financeiro ao ministro Alexandre
de Moraes. As motivações são tão variadas quanto obscuras.
Trump está a fim de briga e Lula tem reagido no mesmo diapasão. É nítido o entusiasmo com que o petista abraça a oportunidade de obter ganho de popularidade com a posição algo delinquente do colega do Norte.
O presidente se diz aberto a
conversações, mas quando discorre sobre o tema o faz num tom de provocação ou
de ironia em relação à atuação
da família Bolsonaro que, por sua vez, atrai para si a solução do
problema em termos impossíveis de serem atendidos.
Da maneira como está posto o
impasse, ficam as partes no aguardo de quem piscará primeiro. Enquanto isso, o
mundo real da produção e do consumo se aflige com as consequências.
Empresários
e parlamentares movimentam-se em tratativas que podem desobstruir
canais de comunicação, mas não resolvem porque a batida de martelos depende de
decisões acima de suas possibilidades: localizam-se na Casa Branca, sob olhar
aturdido do Palácio do Planalto.
Ainda assim, fala-se que o
caminho agora seria o presidente Lula tomar a iniciativa de procurar Trump.
Fazer um telefonema e abrir negociação. Dito assim, parece fácil. Mais ou menos
da maneira simplória como o presidente propõe no palanque: "Tem divergência?
Então, é só ir à mesa e resolver".
Ocorre que não há mesa à
disposição, tampouco falamos de meras discordâncias a serem dirimidas com
concessões de natureza econômica. O embate é ideológico e se dá entre
adversários detentores de forças desproporcionais, correlação na qual a
construção de acordos favorece o dono da força, imprevisível e desprovido de
limites.
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