O Estado de S. Paulo
O que está por trás da falta de controle dos meios digitais é saber quem paga a conta da fiscalização
O País precisou do vídeo do influenciador
Felca para conhecer a realidade exibida no relatório Hiding in Plain Sigh,
Instagram Violates the DSA by Serving as a Gateway for a Vast Network of
Pedophiles (Escondido à vista de todos: Instagram viola o DSA ao servir como
porta de entrada para uma vasta rede de pedófilos).
DSA é o Digital Services Act, a legislação da União Europeia para a internet. O relatório de 2024 é da Alliance Counter Digital Crime. A empresa que abriga tais publicações já teve tempo para tomar providências contra a exploração da pedofilia. Teria de gastar dinheiro em mecanismos de controle e para que seu algoritmo não favorecesse pedófilos ou promovesse anúncios pagos do crime organizado feitos com IA. A Meta diz não permitir e remover esse tipo de conteúdo.
Durante cinco semanas um pesquisador europeu
da Alliance achou dezenas de contas do Instagram que ofereciam links para
terminologia codificada usada por infratores a fim de identificar abuso sexual
infantil. Um centro canadense revisou uma centena dessas contas. Delas, 17
haviam desaparecido, cinco levavam a abuso sexual infantil, dez eram suspeitas
desse crime e outras 25 continham imagens de uma garota que alegava ter 18
anos, mas cujos nus tinham vazado havia mais de um ano.
O centro canadense denunciou as contas
verificadas e suspeitas à Meta, e a maioria desapareceu de imediato. Mas contas
semelhantes apareciam dias depois, às vezes com as mesmas imagens. Um rede de
3,2 milhões de seguidores, a maioria homens adultos, segue essas contas e se
seguem entre si.
Após achar uma dessas contas é fácil
encontrar outras, observando os seguidores e quem seguem. “Avaliamos que a Meta
poderia ter adotado tal prática”, diz o relatório. Embora não tenham achado
evidências de que o Instagram hospedasse material de pedofilia, a Alliance
afirma que ele facilita a disseminação de conteúdo ilegal por meio de seus
serviços, em razão do design da plataforma e de falhas na moderação de
conteúdo. “Seus algoritmos promovem e conectam pedófilos, guiando-os a outros
vendedores de conteúdo por meio de sistemas de recomendação que se destacam em
conectar aqueles que compartilham interesses de nicho.” Eis a conclusão de
2024. Felca mostrou que nada mudou. Até quando? Quem paga essa conta?
O governo e o Congresso perderam muito tempo
discutindo as liberdades de expressão e de empreender e não perceberam que elas
não podem criar oportunidades para pedófilos e facções criminosas, que usam
redes sociais, fintechs e operadoras de internet. Fiscalização e controle devem
servir para que as liberdades sejam exercidas em segurança. Ninguém está acima da
lei.
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