sábado, 2 de agosto de 2025

Tarifaço miliciano - Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Bucha de canhão na guerra de Trump contra o Brasil, filho 03 complica a sua vida e a do papai

Nem se Lula implorasse de joelhos, os Estados Unidos desistiriam. Ao atacar o Brasil, Trump desmentiu todos os clichês de comportamento que lhe são atribuídos. Não foi impulsivo, instável, desequilibrado. Agiu como um frio ditador que não volta atrás na sua palavra.

Desde a carta cafajeste de julho, a Casa Branca fechou as portas para qualquer tipo de negociação, gesto diplomático ou pragmático. Ao contrário do que ocorreu com outros países tarifados —até com a China. Como se fossem os EUA a nação agredida e não o contrário. A história do "telefona ou não telefona" nunca fez sentido.

A vantagem é que, com a guerra declarada, ficará mais fácil de entender as reais motivações do castigo econômico. Qual a relevância do Brics, das big techs, das terras raras. Mesmo com os principais produtos exportados pelo Brasil não incluídos no tarifaço (minérios, polpa e suco de laranja, aeronaves civis), o que representa um recuo estratégico na questão comercial, a pressão geopolítica vai continuar. Está na hora de o Planalto buscar novas saídas.

Agosto, garantem os supersticiosos, é mês de desgosto. Há, no entanto, uma turma eufórica, tendo orgasmos com a caneta de Trump. O problema é a tristeza que só bate depois.

Ao STF, o general Mário Fernandes admitiu o plano de assassinar Lula e o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, o de prender os "juízes supremos". Para a defesa de Bolsonaro, são duas declarações devastadoras —que desmentem a afirmação de Trump sobre perseguição política e desmoralizam a lei Magnitsky usada para punir o ministro Alexandre de Moraes. O encerramento do processo judicial contra o ex-presidente é inegociável. A discussão hoje é a respeito do tamanho da pena, se 12 ou 43 anos de cadeia.

Com o deputado Eduardo Bolsonaro, no melhor estilo miliciano, ameaçando os presidentes da Câmara e do Senado, a anistia, nem pensar. O provável é que o filho 03 perca o mandato. Se tentar voltar à terra da qual fugiu, irá responder à Justiça. Periga ter o mesmo fim do papai.

 

 

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