O Globo
Trump pune o Brasil pelo
fato de a Justiça ter processar aqueles que, como ele, tentaram dar um golpe de
Estado, e ter aprovado responsabilização das big techs
São duas as principais
razões da perseguição do governo dos Estados Unidos ao Brasil, em múltiplas
frentes, e elas não se referem a nenhuma razão comercial relevante ou
minimamente justificável, pois são apenas políticas. O país está sendo
sancionado com um tarifaço de 50%, e a Lei Magnitsky está sendo desvirtuada
para atingir Alexandre de Moraes porque o Judiciário brasileiro está
processando e condenando aqueles que, como Donald Trump, tentaram dar um golpe
de Estado.
A segunda razão é o fato de o próprio STF ter aprovado recentemente a responsabilização das big techs, quando reconheceu a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet.
Nesse contexto de uma
perseguição puramente política, engendrada num conluio entre a família
Bolsonaro e o governo Trump, o governo Lula age de forma correta ao não ter se
apressado para negociar o tarifaço. A própria lista gigante de 694 exceções à
taxação de 50% evidencia que as razões não são se contrapor a qualquer tipo de
desequilíbrio nas relações comerciais dos dois países. Aliás, as razões
comerciais simplesmente sumiram da justificativa da Casa Branca no comunicado
em que concretiza a ameaça de taxar o Brasil.
Frustra a ideia que Trump
tem de negociação --aquela em que ele faz uma chantagem e os países ou blocos
correm para ceder a sua pressão-- o fato de o governo Lula ter jogado parado.
As exceções vieram "de graça", sem necessidade do tal telefonema ou
de ouvir desaforos do republicano. O adiamento de sete dias úteis anunciado
nesta quarta-feira é a senha de que os Estados Unidos querem ser procurados
para a tal "conversa". Dado o tom de absoluto desrespeito e as
medidas inaceitáveis e inéditas contra a soberania do governo e do Judiciário
brasileiro, não parece haver termos razoáveis de negociação.
A resposta mais dura deverá
vir do Supremo Tribunal Federal. Não só Alexandre de Moraes, mas a maioria dos
ministros usará a sessão de volta dos trabalhos, na sexta-feira, para rechaçar
as sanções estabelecidas contra o ministro e reiterar que a Corte seguirá
julgando os processos com total independência.
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