Folha de S. Paulo
Nessa toada de atritos, a eleição de 2026
encontrará o país ainda preso na armadilha do fanatismo
Enquanto se discutem os efeitos da crise com os
Estados Unidos e da possível condenação de Jair
Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal
Federal, o país segue a reboque da queda de braço permanente entre os
agrupamentos liderados por Luiz Inácio da Silva (PT) e seu antecessor.
A nenhum dos dois interessa a distensão do
ambiente radicalizado no qual ambos alimentam suas performances e se mantêm
relevantes na cena.
Essa dinâmica é paralisante e ficou ainda mais solidificada agora quando a ofensiva de Donald Trump acrescentou a ela o fator externo, mostrando do que o imperialismo é capaz.
Se faltava alguma coisa para a perpetuação
dos ânimos acirrados, já não falta nada. Caímos na armadilha do fanatismo e
dela não há saída à vista.
Haveria, se os comandantes do nefasto
espetáculo se dispusessem a baixar armas e abrissem passagem para que o espaço
fosse ocupado pelo bom senso, a boa e velha moderação embalada no pragmatismo
necessário ao atendimento do que realmente importa para a vida dos brasileiros.
Será mesmo do interesse imediato da sociedade
o moto perpétuo da luta de classes, a batalha por anistia aos golpistas ou o
clamor pelo fim do foro privilegiado para deputados e senadores? Até mesmo a
defesa da soberania nacional, uma vez posta como inegociável, deixa de
mobilizar emoções para dar lugar a demandas mais objetivas e urgentes.
Na toada em que estamos, sem uma renovação de
agenda, chegaremos ao ano eleitoral reféns do mesmo dilema: o embate entre duas
forças antagônicas sustentadas por devotos, cujo propósito é a eliminação
mútua.
Neste cenário sai derrotada a possibilidade
da melhor escolha sob a ótica da boa qualificação. Perdem os que são apenas
votantes sem o vezo da militância, relegados ao papel secundário na trajetória
de condutores indesejados.
Ou essa chave é virada por impulso da
racionalidade ou quem for
eleito em 2026 vai se deparar com o mesmo Brasil tumultuado,
sem perspectivas e de evolução interditada.
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