sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Chama o Alcolumbre! Por Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

No meio do caminho entre Câmara e Supremo, anistia e blindagem passam pelo Senado

Quem diria? O mundo e o Brasil andam tão desnorteados, sem rumo, que a onda antigolpista agora é: “Alcolumbre, venha nos salvar!”. Do quê? Da enxurrada de absurdos que vêm da Câmara, embolando antipatriotismo, imoralidades e ilegalidades para trocar os interesses do Brasil por acordos que possam colocar Jair Bolsonaro, generais, almirante e deputados e senadores acima da lei, por anistia ou blindagem.

Antes de chegar ao Supremo, onde seriam (ou serão) derrotadas, a PEC da Blindagem (para livrar parlamentares de investigações sobre corrupção) e qualquer proposta de anistia ampla para o “núcleo crucial” do golpe (liderado por Bolsonaro) terão de passar pelo Senado. A esperança, a última que morre, é que os senadores segurem os abusos da Câmara.

Último presidente na ditadura, o general João Figueiredo reagia à pressão popular e institucional pelas “diretas-já” e a redemocratização com um jargão: “Chama o Pires!” Uma ameaça de por os militares na rua, já que o general Walter Pires, ministro do Exército, era da linha dura. Hoje, os golpistas não têm um Pires para chamar. Neto do então presidente, o blogueiro Paulo Figueiredo foi “chamar o Trump” contra a democracia brasileira.

Se ele e o deputado desertor Eduardo Bolsonaro chamam o Trump, os defensores da Constituição e da democracia não conseguem “recorrer ao Papa”, estão roucos de tanto “chamar o Xandão” e agora esperam, ou torcem, para que Alcolumbre tenha força suficiente para colocar o Senado como anteparo a projetos contra o STF e rechaçados pela sociedade.

Se Alcolumbre terá sucesso, não se sabe, mas o Senado sinaliza que não compactua com a sublevação insana da Câmara, comandada pelo PL e executada pelo Centrão, com o objetivo de inocentar quem não é inocente – seja Bolsonaro, militares ou os próprios parlamentares alvos de processos.

O presidente da CCJ no Senado, Otto Alencar, diz que a PEC da Blindagem não “passa de jeito nenhum, tem de ser enterrada, destruída”. E Alcolumbre, depois de longo silêncio, talvez para refletir bem, deixou claro que não é um Hugo Motta, presidente da Câmara, e não vê com bons olhos a anistia.

Mirando Eduardo Bolsonaro, Alcolumbre gritou: “Não dá para eu ver todos os dias um deputado federal do Brasil, lá nos EUA, instigando um país contra o meu País. Não dá para aceitar todas essas agressões calado”. É bom mesmo que ele grite contra a anistia e mande a blindagem para Otto Alencar, já que o governo Lula está sem voz. Não custa lembrar, porém, que o presidente do Sena dotem poder limitado eéo reidas emendas. No fundo, a PEC da Blindagem pode lhe cair muito bem. •

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.