O Estado de S. Paulo
Quem condenou generais à prisão e à desgraça não foi Alexandre de Moraes, foi Jair Bolsonaro
Quiseram os deuses, o destino, as circunstâncias e a história que fosse justamente um “mau militar”, cadete medíocre e capitão insubordinado, o agente do que nem os grandes juristas ou políticos haviam conseguido até este 2025: prisão, desonra e desgraça de oficiais das maiores patentes por tentativa de golpe de Estado. Quem condenou generais, um tenente-coronel e um almirante, além de dois delegados federais, não foi Alexandre de Moraes, foi Jair Bolsonaro.
Depois de atribulados anos de caserna e
insossas décadas de Congresso defendendo golpes, torturadores e assassinatos
políticos, Bolsonaro chegou à Presidência botando gente na rua contra a
democracia, até em plena pandemia de covid, e enchendo o Planalto de generais e
usando seu ajudante de ordens para cooptar o que chamava de “meu Exército”,
enquanto os filhos alardeavam que bastavam um cabo e um soldado para fechar o
Supremo.
A culpa maior é do “comandante em chefe”, mas
não há santos nem injustiçados entre os condenados. Enquanto outros rechaçaram
planos e intenções do capitão, e por isso foram demitidos, os membros do
“núcleo crucial” sabiam onde estavam metidos e agiram em sã consciência,
posando de machões e batendo continência para absurdos: generais Augusto
Heleno, Braga Netto e Paulo Sérgio, almirante Almir Garnier, tenente-coronel
Mauro Cid e os federais Anderson Torres e Alexandre Ramagem, agora às vésperas
de perder cargos, estrelas e liberdade.
Os que honraram a farda aderiram em 2018 ao
projeto de governo de Bolsonaro, mas não a seus planos golpistas já na
Presidência, avaliando que uma coisa era derrotar o PT depois de Rodrigo Janot
estorricar o centro, outra era usar a vitória para aventuras. Os generais Edson
Pujol, Fernando Azevedo e Silva, Santos Cruz, Silva e Luna e Otávio Rêgo
Barros, além de Luiz Eduardo Ramos, que ficou até o fim no governo, mas isolado
da trama golpista, assistiram de longe ao desfecho.
Tomás Paiva, Richard Nunes e Valério Stumpf
fizeram mais: lideraram a resistência ao golpe nas Forças Armadas, como
Alexandre de Moraes na Justiça. Não são “verdes por fora e vermelhos por
dentro”. São verde e amarelo, não rasgam a Constituição, não jogam potências
contra o Brasil nem trocam a bandeira nacional pela dos EUA.
Ao empurrar militares contra a democracia,
Jair Bolsonaro conseguiu o oposto do que pretendia: vitória dos legalistas,
condenações inéditas de golpistas e fim da impunidade que sempre alimentou
valentões que se passam por patriotas para ameaçar a Pátria. A guerra agora é
para evitar retrocessos.
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