*Condenação honra a Constituição e a democracia*
Por Editorial / O Globo12/09/2025 07h58 Atualizado agora
*Aos réus foi assegurada defesa, houve divergência, e prevaleceu a Justiça. É hora de virar a página do radicalismo*
Não há como deixar de reconhecer o caráter histórico do julgamento que condenou Jair Bolsonaro e mais sete réus por planejar e tentar pôr em marcha a ruptura da ordem institucional democrática estabelecida pela Constituição de 1988. Depois de inúmeros golpes de Estado e tentativas frustradas desde a fundação da República, pela primeira vez um ex-presidente, ex-ministros e militares de alta patente foram condenados por atentar contra a democracia no Brasil. O período mais longevo de vida democrática brasileira não apenas resistiu à intentona, mas enfim o Brasil conseguiu punir traidores da vontade popular.
Os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram que Bolsonaro, os ex-ministros Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres e Paulo Sérgio Nogueira, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o deputado federal Alexandre Ramagem e o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid são culpados. Pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, a Corte condenou Bolsonaro a 27 anos e três meses, Braga Netto a 26 anos, Torres e Garnier a 24, Heleno a 21, Nogueira a 19, Ramagem a 16, um mês e 15 dias, além da perda do mandato (Cid recebeu dois anos em regime aberto, em virtude de seu acordo de colaboração).
A todos os réus foi assegurado amplo direito de defesa. Não faltou espaço para a argumentação de seus advogados, nem para divergências entre os julgadores. O relator, ministro Alexandre de Moraes, e os ministros Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin votaram pela condenação dos oito réus pelos cinco crimes. Terceiro a votar, o ministro Luiz Fux apresentou ao longo de 13 horas na última quarta-feira uma divergência profunda dos demais colegas. Depois de argumentar que o Supremo não era o foro adequado para o julgamento, defendeu em seu voto que os réus não incorreram nos crimes de organização criminosa e dano ao patrimônio. Fux ainda votou pela aglutinação dos crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, condenando apenas Cid e Braga Netto por este último. Absolveu-os e a todos os demais réus — inclusive Bolsonaro — de todos os demais crimes.
A divergência de Fux, ainda que repleta de contradições — ele próprio condenara os réus do 8 de Janeiro por crimes semelhantes e aceitara a denúncia contra Bolsonaro e os outros acusados antes de considerar o STF inepto para julgá-los —, é a maior prova de que o julgamento foi justo. Num órgão colegiado, discordâncias são naturais e esperadas. É justamente para que não prevaleça a opinião de um único juiz que casos dessa complexidade e relevância devem ser submetidos a vários. Fux contemplou em seu voto todos os argumentos da defesa, garantindo aos réus o direito ao contraditório. Mas, diante da eloquência das provas, esmiuçadas pelos demais ministros, tais argumentos não prevaleceram. No confronto de opiniões, a balança da Justiça pendeu então para a condenação.
As digitais de Bolsonaro na tentativa de golpe estão por toda parte — da campanha mentirosa e premeditada para desacreditar as urnas eletrônicas às minutas jurídicas destinadas a emprestar um verniz de legalidade à intentona, apresentadas em mais de uma ocasião aos chefes militares. Há declarações gravadas em reunião ministerial, encontro com embaixadores e comícios; depoimentos dos ex-chefes das Forças Armadas; mensagens de texto, áudios, anotações e documentos impressos — uma fartura de evidências e detalhes cujo sentido está no quebra-cabeça montado pela investigação da Polícia Federal. Graças a ela, os brasileiros têm plena consciência do que aconteceu e sabem como e por que, felizmente, a democracia prevaleceu.
Terminado o julgamento, o Brasil precisa agora virar a página do radicalismo autoritário. O Supremo deu exemplo de altivez, mesmo diante da inadmissível e persistente pressão externa de Donald Trump e de outros integrantes do governo americano. É provável, diante da condenação de Bolsonaro, que novas sanções dirigidas a integrantes da Corte estejam a caminho. Mas o Brasil não pode ceder a barganhas mesquinhas. Seria uma capitulação inaceitável a votação de qualquer anistia pelo Congresso. Para além da neblina criada pela disputa política, os parlamentares precisam enxergar a realidade com nitidez.
Pesquisas de opinião mostram que o apoio à democracia é sólido no Brasil. É preciso empenho de deputados e senadores para que, findo o julgamento, o Parlamento ponha em marcha uma agenda voltada a acelerar o crescimento econômico e a melhoria de vida dos brasileiros. Anistiar os condenados equivaleria a semear novos golpes de Estado. Basta lembrar que o general Olympio Mourão Filho, o primeiro a pôr tanques nas ruas para dar o golpe em 1964, nada havia sofrido depois de ter comandado a fraude que permitiu a Getúlio Vargas dar o golpe do Estado Novo em 1937. Ou que o general e ditador Arthur da Costa e Silva antes havia sido um tenente que participou de uma tentativa de golpe em 1922, foi preso, anistiado e depois participou dos golpes de 1930 e 1964. Que o Brasil tenha a sabedoria de aprender com a própria História e consiga, como fizeram os ministros do Supremo no julgamento, continuar honrando as palavras de Ulysses Guimarães no discurso de promulgação da Carta de 1988: “A persistência da Constituição é a sobrevivência da democracia”.
Violência contra ativista político é inadmissível
Por O Globo
Assassinato de conservador nos Estados Unidos
é alerta sobre riscos da polarização — também no Brasil
O tiro covarde que matou na quarta-feira o americano Charlie Kirk, ativista de 31 anos que fundou a organização conservadora voltada ao público jovem Turning Point USA, é o episódio mais recente de uma onda de violência política que tem crescido na esteira da polarização ideológica. Kirk viajava os Estados Unidos visitando universidades para promover debates abertos com estudantes do campo oposto. Partidário de Donald Trump desde a primeira hora, era conhecido como provocador e não economizava palavras para atacar seus adversários. Mas, por mais que suas ideias pudessem ser criticáveis, toda a sua ação política se limitava às palavras e ao debate. Era o que fazia na Utah Valley University quando foi alvejado. Seu assassinato deve servir de alerta — e não apenas aos Estados Unidos.
Desde 2021, a parcela de universitários
americanos que afirmam apoiar a violência em certas circunstâncias para impedir
adversários de falar subiu de já inaceitáveis 24% para 34%, de acordo com
pesquisa da organização Fire, defensora da liberdade de expressão na academia.
No livro “Partidarismo radical americano”, referência no estudo da violência
política no país, os pesquisadores Nathan Kalmoe e Lilliana Mason constatam
“radicalismo crescente na política americana”.
O histórico recente demonstra os riscos da
intolerância. Nos últimos anos, os Estados Unidos têm testemunhado atentados em
série, tanto contra alvos conservadores quanto progressistas. Em janeiro de
2021, a turba trumpista invadiu o Capitólio tentando reverter o resultado da
eleição de Joe Biden. No ano seguinte, a casa da deputada democrata Nancy
Pelosi na Califórnia foi invadida e seu marido ferido. Desde o ano passado,
Trump escapou de um tiro e de outra tentativa de ataque, um homem ateou fogo na
casa do governador democrata da Pensilvânia, e uma deputada estadual democrata
de Minnesota e seu marido foram mortos.
O Brasil não escapa da violência associada à
polarização. No fatídico 8 de janeiro de 2023, bolsonaristas invadiram e
depredaram as sedes dos três Poderes em Brasília, também tentando reverter a
derrota de Jair Bolsonaro. Na campanha eleitoral de 2018, o próprio Bolsonaro
foi vítima de atentado. Também por aqui, as universidades têm sido palco de
conflitos e tentativas de silenciar vozes discordantes, à direita e à esquerda.
Na última terça-feira, o advogado de um ex-assessor de Bolsonaro e um vereador
do Novo foram expulsos por alunos da UFPR, onde participariam de debate sobre o
Supremo Tribunal Federal. Na semana passada, um grupo de extremistas que se
identificavam como conservadores causou tumulto no campus da USP e agrediu
estudantes de esquerda. Para um em cada dez brasileiros, revela pesquisa
inédita da ONG More in Common conduzida pela Quaest, a violência é considerada
“totalmente justificável” em certas situações.
O assassinato de Kirk mostra até que ponto
podem chegar os intolerantes incapazes de conviver em ambiente democrático. No
caso específico do Brasil, o risco deve ser tratado com a mais alta seriedade.
Especialmente no atual momento histórico, lideranças políticas devem tomar
cuidado para não incentivar atos violentos. Censurar qualquer um pelas ideias
que defende já é inaceitável. Assassiná-lo é um atentado contra as bases da
civilização humana. Nenhuma ideologia justifica qualquer agressão.
Ao blindar ‘penduricalhos’ do TCE-RJ, Alerj
deteriora situação fiscal do Rio
Por O Globo
Transformar auxílios em lei cria despesa
permanente que dificulta adesão a novo regime de recuperação
A aprovação-relâmpago, pela Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), do projeto que transforma em lei cinco
auxílios pagos a servidores do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) desfere,
ao mesmo tempo, golpes na boa gestão do serviço público e na situação fiscal do
Rio. O texto torna permanentes benefícios que podem somar até R$ 11.880,25
mensais por servidor — auxílios educação, saúde, alimentação, locomoção e
funeral. Trata-se de mais uma manobra para burlar o teto salarial imposto ao
funcionalismo por meio de verbas indenizatórias, os proverbiais
“penduricalhos”.
O movimento corporativo da Alerj foi
deflagrado depois que o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal
(STF), suspendeu o pagamento de auxílio-educação, atendendo a pedido da
Procuradoria-Geral da República (PGR), por considerar que ele viola os princípios
de legalidade, moralidade, impessoalidade e igualdade estabelecidos na
Constituição. Nada disso muda com a aprovação da lei pela Alerj.
Os valores destinados aos auxílios são
generosos: até R$ 5.242,26 por dependente em educação, R$ 3.169,72 por mês em
alimentação, reembolso de saúde de até R$ 3.950 (dependendo da idade), além de
R$ 468,27 para locomoção e R$ 3.154,43 em auxílio-funeral. A Alerj gravou na
lei despesas que, mesmo quando justificáveis, devem ser avaliadas sob critérios
de necessidade e impacto fiscal. O custo anual chegaria facilmente a R$ 100
milhões supondo 2 mil servidores contemplados (há cerca de 2.400 no TCE).
O recurso abusivo a “penduricalhos” para
engordar salários conta com o beneplácito do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), cuja corregedoria fixou em março um limite mensal de R$ 46.366,19 —
equivalente ao teto salarial do setor público — para pagamentos a magistrados.
Na prática, dobrou o teto. É verdade que, em maio, o plenário do CNJ proibiu
novos pagamentos retroativos por decisão administrativa, exigindo sentença
judicial com trânsito em julgado. Mesmo assim, isso em nada alivia o quadro de
privilégios no Judiciário. Em 2024, os “penduricalhos” cresceram 49,3% e
somaram R$ 10,5 bilhões. É esse o péssimo exemplo seguido pela Alerj.
O Rio segue em regime de recuperação fiscal e depende do aval federal para aderir ao novo programa de renegociação das dívidas aprovado pelo Congresso, o Propag. Apesar das regras mais brandas, ele ainda impõe limites às despesas e regras de ajuste. Abrir espaço permanente aos “penduricalhos” só agravará o desafio fiscal. O pagamento dos novos auxílios deveria ser suspenso até haver uma análise independente do impacto orçamentário. É fundamental recalibrar os valores e garantir que as verbas sejam transitórias, justificadas apenas em caso de necessidade. O Rio precisa de previsibilidade para entrar no Propag e ter outra chance de reorganizar sua dívida. O TCE, pela própria missão que o define, deveria dar exemplo no trato do dinheiro público. Em vez disso, a Alerj aprovou uma lei corporativa que posterga o ajuste e cobra a conta da sociedade.
Condenação de Bolsonaro foi justa, mas pena é
exagerada
Por Folha de S. Paulo
Aspectos criticáveis do julgamento não
retiram legitimidade da decisão, que cumpriu regras constitucionais
Excesso nas punições ainda pode ser revisto;
Corte deveria facultar que prisão de Bolsonaro, cuja saúde está debilitada,
seja domiciliar
O julgamento do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) e outros sete acusados
de tramarem contra a democracia terminou
com a justa e legítima condenação dos réus. Houve, porém, exageros
no tamanho das penas e se espera razoabilidade na definição do regime em que as
prisões serão cumpridas.
Não há razão para regozijo com o desfecho
desse processo judicial. Quando um regime, para se defender da tirania, tem de
ativar remédios drásticos como o encarceramento de líderes políticos e
militares, falharam todos os mecanismos preventivos.
A alta probabilidade de a aventura terminar
na cadeia deveria ter bastado para dissuadir da conspiração seja Bolsonaro,
sejam os ex-ministros Walter Braga
Netto, Augusto Heleno, Anderson
Torres, Paulo Sérgio Nogueira,
o ex-chefe da Marinha Almir Garnier e os ex-auxiliares Mauro Cid e
Alexandre Ramagem.
Houve aspectos criticáveis no juízo. Teria
sido melhor submeter ao plenário dos 11 integrantes da corte, não à turma de 5,
a primeira acusação de um ex-presidente por tentativa de golpe na conturbada
história republicana.
Exagerou-se também na dose do castigo. É
difícil explicar à população por que o STF determinou
27 anos e três meses de prisão ao ex-presidente, sentença maior que muitas
aplicadas a homicidas. Essa anomalia já
havia ocorrido nas penas dos depredadores da praça dos Três
Poderes.
Há caminhos constitucionais para sanar esse
desequilíbrio, quer pela revisão do próprio STF —com base na premissa de que
abolição do Estado de Direito e golpe são na prática um mesmo crime, e não
dois—, quer pela aprovação de uma lei no Congresso
Nacional que desfaça essa sobreposição.
Outros estranhamentos podem ter surgido no
processo, como o de ver o advogado pessoal do atual presidente da República,
Luiz Inácio Lula da
Silva (PT),
e um de seus mais fiéis ex-ministros na banca dos julgadores. As heterodoxias e
os arroubos do relator, Alexandre de
Moraes, tampouco são ocorrências de se admirar.
Mas nada disso —é importante frisar— retira a
legitimidade do que foi decidido nesta quinta-feira (11). O Estado de Direito
se consuma na observância de suas regras, e elas foram todas cumpridas, com
margens para interpretações diversas cabíveis.
Não se deve tirar o foco do essencial —a tentativa,
da parte de um grupo vencido nas urnas, de manter-se no poder à força. A iniciativa
criminosa partiu de Bolsonaro e seguidores. O sistema de Justiça
apenas reagiu ao agravo dentro de sua competência.
Como o objetivo não é a vingança, mas a
punição proporcional ao crime para evitar que ele volte a ocorrer, a corte
deveria ouvir com atenção os argumentos da defesa de Bolsonaro para que ele cumpra
a pena em domicílio.
Não há dúvidas sobre tratar-se de condenado
com saúde comprometida em virtude do atentado sofrido na campanha de 2018.
Submetê-lo nessas condições ao presídio comum seria desumano.
Mais ensino médio integral
Por Folha de S. Paulo
Matrículas no modelo sobem 242% em oito anos;
estados precisam acelerar expansão com gestão eficiente
Pernambuco lidera o ranking (71%), seguido por Piauí (58%). Minas Gerais (15%) e Rio de Janeiro (14%), estados mais ricos, estão abaixo
Levantamento da ONG Todos pela Educação,
divulgado na segunda (8), mostra que o número de matrículas no
ensino médio integral das redes estaduais subiu 242%, entre 2016 a
2024, de 393 mil para 1,3 milhão —alcançando 21,7% dos alunos que cursavam essa
etapa do ensino no ano passado.
A quantidade de escolas de ensino médio que
ofertam o modelo também aumentou, de 1.673 para 7.153, o que representava 35,3%
das unidades em 2024.
O Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014
estipulou que, até 2024, o ensino de tempo integral deveria estar presente em
no mínimo 50% das escolas públicas do país, de forma a atender pelo menos 25%
dos estudantes da educação básica —não há meta específica para o ensino médio.
Mesmo que as taxas indicadas pelo
levantamento na última etapa da educação básica estejam abaixo dos objetivos
listados no PNE, trata-se de evolução muito bem-vinda, dados os benefícios do
ensino integral para a aprendizagem verificados em pesquisas e experiências
internacionais.
O modelo amplia a carga horária de 20 horas
semanais (4 por dia) para uma superior a 35 horas semanais (7 diárias), com
adaptação do currículo a interesses e aptidões dos alunos, o que contribui para
a redução da evasão escolar, alta no ensino médio.
Segundo
estudo de 2024, que monitorou a trajetória de mais de 1 milhão de
estudantes do ensino médio em ambas as modalidades, entre 2017 a 2022
(excluindo os anos da pandemia), os jovens do modelo integral alcançaram maior
participação no Enem,
melhores notas, mais matrículas no ensino superior e até mais vagas de
trabalho.
Na pesquisa da Todos pela Educação, só 9
estados estão acima da média nacional em matrículas (21,7%) e 6 deles estão no
Nordeste. Pernambuco lidera (71%), seguido por Piauí (58%) e Ceará (53%).
Estados mais ricos como Minas Gerais (15%) e Rio (14%) estão abaixo da média
—que é superada por dois pontos percentuais em São Paulo (24%).
Em relação à taxa de escolas que ofertam o
modelo, dá-se o mesmo, com os cinco primeiro lugares ocupados por Ceará (74%),
Piauí (71%), Pernambuco (69%), Paraíba (63%) e Bahia (54%). Já São Paulo tem
45%, e Acre, Roraima, Distrito Federal e Santa Catarina dividem a última
posição com apenas 7%.
Governos estaduais precisam perseverar na ampliação do ensino integral, que, como mostram os números, depende mais de uma gestão eficiente do dinheiro público do que da quantidade de recursos disponíveis.
Justiça histórica contra o golpismo
Por O Estado de S. Paulo
Supremo rompe com uma nefasta tradição de
leniência ao condenar Bolsonaro e seus comparsas civis e militares à prisão
pela tentativa de impedir a posse de um presidente legitimamente eleito
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro
a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, entre outros
crimes correlatos, engrandece o Brasil. Sob risco de se perder a real dimensão
do feito realizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não se pode analisar o
fim do julgamento da Ação Penal (AP) 2.668 somente à luz da punição de
criminosos que, desde os mais elevados postos da República, conspiraram contra
a Constituição. É preciso reconhecer que, malgrado os problemas jurídicos, de
resto compreensíveis ante o ineditismo do processo, e em meio a uma brutal
pressão sofrida pelo STF, a democracia brasileira passou com poucos arranhões
por seu maior teste desde o fim da ditadura militar e soube lidar com uma
ameaça real à sua existência.
Pela primeira vez, um ex-presidente da
República é condenado à prisão por insuflar e liderar uma conspiração que
pretendia impedir a posse de um presidente legitimamente eleito. Ao lado de
Bolsonaro na desonra de ingressar no rol dos culpados, três generais de quatro
estrelas e um almirante de esquadra foram igualmente condenados, rompendo-se,
assim, a nefasta tradição de leniência com militares sediciosos que conspurca a
história republicana. Desde 1889, o País conviveu com reiteradas intervenções
de fardados na vida política nacional, sempre sob o signo da impunidade. Nesse
sentido, a decisão do STF de não condenar apenas o líder civil da trama
golpista resgata uma condição indispensável para o desenvolvimento do Brasil:
na democracia, não há lugar para tutela militar sobre os destinos do País.
Tampouco há espaço para indulgência com traidores da Pátria, sejam paisanos ou
fardados.
A condenação de Bolsonaro, pode-se afirmar, é
o corolário de uma vida pública dedicada à insurreição, à violência, à mentira,
ao desrespeito às instituições e a tudo o mais que possa ser hostil à
convivência em uma sociedade livre. Como bem sublinhou o ministro relator da AP
2.668, Alexandre de Moraes, Bolsonaro foi praticamente um “réu confesso”.
Recorde-se que, em agosto de 2021, o então presidente afirmara que só via “três
alternativas” para seu futuro: “estar preso, estar morto ou a vitória (na eleição de 2022)”, deixando
claro que “a primeira alternativa não existe”. Ou seja, Bolsonaro jamais
cogitou de uma transferência pacífica de poder.
A condenação, porém, transcende a biografia
do indigitado, um sujeito que nunca ofereceu algo de bom ao Brasil e a seus
concidadãos como militar, como deputado e como presidente da República. A
decisão do STF é uma vitória da sociedade brasileira, que, a duras penas,
reconquistou as liberdades democráticas em 1985 e tem lutado para aprimorá-las
desde então. Portanto, a prisão de Bolsonaro por liderar uma tentativa de
restauração do arbítrio no País é o triunfo, do ponto de vista coletivo, do ideal
de Justiça.
É preciso registrar, ademais, a gravidade das
pressões para deslegitimar o julgamento de Bolsonaro e seus asseclas. O
presidente dos EUA, Donald Trump, sob influência de Eduardo Bolsonaro, filho do
ex-presidente, impôs sanções ao Brasil e a ministros do Supremo. Há poucos
dias, chegou a ameaçar o Brasil até com a possibilidade de intervenção militar
para livrar Bolsonaro da cadeia. Em paralelo, o grupo político do sr. Bolsonaro
empenhou-se sistematicamente em criar um clima de hostilidade em relação ao
Supremo, na expectativa de mudar o destino do ex-presidente, agora um golpista
condenado, a depender da mudança de ventos políticos. Infelizmente, não há
razão para crer que essa malta recuará, o que prenuncia tempos ainda mais
tumultuados.
Seja como for, o Supremo provou-se disposto a
cumprir seu papel, mesmo diante das mais severas adversidades. Agora, cabe à
sociedade e ao Congresso reafirmar esse pacto democrático. Não se tratou de
vingança, mas de justiça. Não se tratou de perseguição, mas de resguardo da
Constituição. O Brasil mostrou que é capaz de punir, com o rigor da lei,
aqueles que atentam contra a democracia. E que ninguém, nem mesmo um
ex-presidente da República ou militares de alta patente, está acima da lei.
Choque de realidade na Polônia
Por O Estado de S. Paulo
A aventura de Putin nos céus da Otan deveria
implodir o autoengano do Ocidente nutrido pela obsessão por ‘soluções
negociadas’. A ofensiva imperialista russa está aumentando, não diminuindo
A madrugada de 10 de setembro passado foi um
divisor de águas: 19 drones russos penetraram o espaço aéreo da Polônia, membro
da Otan, obrigando caças poloneses e holandeses a abatê-los. Foi a primeira vez
desde 1949 que aeronaves da aliança confrontaram armamentos russos em
território aliado. O premiê polonês, Donald Tusk, alertou: “Foi o momento mais
próximo de um conflito aberto desde a 2.ª Guerra Mundial”. O gesto deixou claro
o que está em jogo: a credibilidade da defesa coletiva no coração da ordem
euro-atlântica.
Moscou acusou Varsóvia de disseminar “mitos”.
Mas a escala, a origem e o momento – às vésperas do exercício Zapad, na
Bielorrússia, que tradicionalmente ensaia cenários de guerra contra a Otan – não
deixam dúvidas: foi uma operação de sondagem. Vladimir Putin buscou testar
tempo de resposta, interoperabilidade e nervos políticos da aliança, a fim de
expor velhas fissuras e, sobretudo, abrir novas. A estratégia é antiga, mas
eficaz: avançar por meio de provocações ambíguas, negar responsabilidade e
colher inteligência e dividendos psicológicos.
O padrão corresponde ao que estrategistas
apontam como a única via de sucesso para o Kremlin: manipular percepções e
vontades políticas no Ocidente. O PIB dos países da Otan é mais de 20 vezes
maior que o da Rússia, e, no campo militar, Moscou está perto dos limites
convencionais. Mas a guerra cognitiva segue sendo sua arma mais poderosa: fazer
crer que resistir seria “escalar”; que a Ucrânia “não pode vencer”; que o apoio
é custoso e arrisca uma “guerra sem fim”; que a “paz” depende de concessões
territoriais. Cada incursão tolerada fortalece essa narrativa.
Se a Otan contemporizar o ataque, Putin
concluirá que pode esticar ainda mais os limites. A lógica é clara: escalar
pouco a pouco, medir reações e transmutar o anômalo em novo normal. A Europa já
enfrentava táticas híbridas, como sabotagens, assassinatos ou ciberataques. A
investida coincide com ataques massivos à Ucrânia. Assim se constrói a erosão
gradual da dissuasão.
A resposta não pode ser tímida nem só verbal.
É preciso combinar três dimensões. Primeiro, defesa ativa: interceptar
sistematicamente qualquer incursão, reforçar o policiamento aéreo e deslocar
barreiras antiaéreas para o leste. A experiência ucraniana ensina que caças de
alto custo não podem ser a única linha de defesa contra enxames de drones
baratos. É urgente desenvolver camadas integradas de defesa, inclusive com
interceptores de baixo custo e capacidades cibernéticas.
Segundo, apoio ampliado à Ucrânia: negar à
Rússia os “santuários” de onde partem ataques implica fornecer a Kiev arsenais
de longo alcance, inteligência e meios industriais para atingir fábricas de
drones e mísseis no território russo. A vitória ucraniana é o único caminho para
frear o ímpeto agressivo de Moscou, e qualquer congelamento de linhas de frente
será só o preâmbulo da próxima escalada. Putin só parará quando for parado.
Terceiro, clareza estratégica: a Otan precisa
provar que não tolerará a criação de uma nova “zona cinzenta” em seu
firmamento, riscando linhas vermelhas – ao invés de diluí-las. Os EUA têm
responsabilidade especial. Ambiguidades, prazos vazios ou mensagens irônicas em
redes sociais encorajam mais agressões. O artigo 5.º, de defesa mútua, só terá
valor se Washington reafirmar, sem hesitações, que defenderá “cada centímetro”
do território aliado.
A investida na Polônia foi o ensaio de um
desafio maior à segurança europeia e ao sistema internacional. O episódio serve
de alerta a líderes europeus que continuam a tratar suas obrigações de defesa
com tibieza, ao contrário da Polônia, que leva a ameaça russa a sério. A
diretora de Relações Exteriores da União Europeia, a estoniana Kaja Kallas,
enunciou a verdade da qual muitos se esquivam: “A guerra da Rússia está
escalando, não acabando”.
A lição é tão antiga quanto a guerra:
fraqueza é um convite à agressão. Reagir com firmeza já não é escalar, é
dissuadir. Armar a Ucrânia e fortalecer a integridade da Otan são a única forma
de evitar que a Rússia transforme provocações em rotina, e rotinas, em guerra
aberta. O teste foi feito. A hora da verdade chegou.
Um tiro na democracia
Por O Estado de S. Paulo
Assassinato de trumpista exige que
republicanos e democratas desautorizem com vigor a violência política
O assassinato do ativista Charlie Kirk,
atingido por um tiro no pescoço durante um debate ao ar livre com estudantes da
Universidade Utah Valley, já se converteu em forte símbolo da violência
política impregnada nos EUA. Embora os atentados motivados por divergências
políticas venham se multiplicando nos últimos anos no país, esse caso é
particularmente relevante porque Kirk era um jovem trumpista que se propunha a
dialogar com quem pensa diferente. Aliás, ele foi morto exatamente no momento
em que participava de um desses eventos.
Nesse sentido, o tiro que matou Kirk feriu
gravemente a própria ideia de democracia americana, no momento em que há tantas
dúvidas sobre a saúde democrática dos EUA. Por esse motivo, mais do que nunca,
as lideranças políticas americanas, republicanas e democratas, precisam pôr a
mão na consciência e trabalhar para arrefecer os ânimos. Aceitar como
consequência natural do enfrentamento político que um adversário seja assassinado
significa que a sociedade está irremediavelmente dividida, situação em que um
dos lados considera impossível conviver com o outro.
Fundador da Turning Point USA, organização que fomentava valores
conservadores entre estudantes de ensino médio e universitários, Kirk
conquistou milhões de seguidores por debater sua ferrenha oposição ao aborto e
ao controle do acesso a armas com pessoas com visões totalmente opostas às
suas.
Defensor contumaz da Segunda Emenda da
Constituição dos EUA, que garante aos cidadãos do país o direito ao porte de
armamentos, Kirk entendia que as mortes causadas por armas eram um preço a
pagar por um bem maior, a manutenção desse direito.
Houve quem considerasse essa opinião
suficiente para tornar Kirk elegível para levar um tiro, o que obviamente é
repugnante. O ativista, que não debatia com armas, mas tão somente com ideias,
defendia apenas um direito constitucional consagrado.
Embora seja óbvio que ninguém deve ser morto
por expressar opiniões, por mais que se possa discordar delas, torna-se
obrigatório reafirmá-lo nos tempos atuais, de extrema polarização e
intolerância política não só nos EUA, mas também no Brasil e no mundo.
Kirk era um apoiador do presidente Donald
Trump, que foi quem deu a notícia da morte dele, mas nos últimos anos a onda de
violência política que assola os EUA tem vitimado tanto republicanos quanto
democratas.
Da série de atos de violência política recente nos EUA, destacam-se a invasão do Capitólio, em janeiro de 2021, incitada por Trump para tentar reverter sua derrota na eleição presidencial de 2020, e o atentado que quase matou o próprio Trump na campanha eleitoral de 2024. A violência assustadora desses dois acontecimentos, entre outros tantos, deveria ser suficiente para fazer o establishment político americano trabalhar para baixar a fervura. O assassinato de Kirk prova que, seja lá quais tenham sido as providências tomadas para reduzir as tensões nos EUA, não foram suficientes.
Democracia é conquista inegociável
Por Correio Braziliense
O julgamento e a punição dos militares que
questionaram o resultado das eleições de 2022 e tramaram um golpe para a tomada
do Poder Executivo são sinal claro de que são esses os propósitos que precisam
ser interrompidos
Um dos mais importantes julgamentos do
Supremo Tribunal Federal (STF) termina com a condenação inédita de um
ex-presidente da República e militares da alta patente das Forças Armadas e
abre a possibilidade de um reencontro com a história brasileira. É praticamente
certo que a polarização no país ganhe ainda mais força com a prisão de Jair
Bolsonaro, contaminando a disputa eleitoral do próximo ano. Espera-se também
que o bater do martelo evidencie o alto preço a ser pago em momentos de ruptura
democrática.
Jair Bolsonaro e outros sete réus foram
condenados, por quatro votos a um, por tentativa de golpe de Estado Democrático
de Direito. Durante o voto, o ministro relator, Alexandre de Moraes, afirmou
que o ex-presidente utilizou "da estrutura do Estado brasileiro para a implementação
de seu projeto autoritário de poder, conforme fartamente demonstrado nos
autos". Frustrou-se. Mas, há 61 anos, o desfecho foi diferente.
Em 1964 — no quarto aniversário de Brasília,
a nova capital —, deu-se o golpe militar. Era o início de um regime ditatorial,
marcado pela tortura e pela morte dos que defendiam o sistema democrático.
Foram 21 anos de obscurantismo, período em que as Forças Armadas frearam, por
meios violentos, os movimentos sociais e políticos. O então presidente João
Goulart foi deposto pelos militares, que comandaram o país até 1985.
O período obscuro penalizava quem
reivindicasse políticas sociais, econômicas e a reestruturação, como planejou
Goulart. A democracia estava execrada do vocabulário político. O novo regime
suprimiu quaisquer valores sociais e de respeito aos cidadãos brasileiros.
À época, um movimento pela anistia também
agitou o país. Tratou-se de parte do processo que visava restaurar a vida
democrática, permitindo a volta de exilados e perseguidos políticos. Ainda que
controversa, por também incluir agentes do regime responsáveis por torturas e
assassinatos, aquela anistia tinha como horizonte a reconstrução da democracia.
A pretendida agora e que mobiliza a oposição
no Congresso Nacional e uma parcela da população é descabida. O julgamento e a
punição dos militares que questionaram o resultado das eleições de 2022 e
tramaram um golpe para a tomada do Poder Executivo são sinal claro de que
são esses os propósitos que precisam ser interrompidos. Trata-se de uma resposta
enfática aos movimentos autoritários que assombram o Brasil e outros países do
mundo.
Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia, decana
da Suprema Corte, enfatizou que a responsabilização dos autores da tentativa de
golpe é "elemento fundamental para a pacificação nacional e a consolidação
do Estado Democrático de Direito". Ela lembrou, ainda, que é preciso
seguir atento, uma vez que "não se tem imunidade absoluta contra o vírus
do autoritarismo, que se insinua insidioso, destilando o seu veneno, a contaminar
a liberdade e os direitos humanos".
A decisão inédita do STF expressou
claramente, conforme assentou o ministro Cristiano Zanin, que a
responsabilização adequada dos agentes que atuaram pela ruptura institucional é
"elemento fundamental para a pacificação nacional e a consolidação do
Estado Democrático de Direito". Como lembrou Flávio Dino, trata-se de
"afirmação da democracia que o Brasil construiu sob o pálio da
Constituição de 1988".
Que opositores compactuem desse entendimento e respeitem o mandamento constitucional de independência e harmonia entre os Poderes da República. São inegociáveis os ditames da Constituição Cidadã bem como a democracia duramente reconquistada pelo povo brasileiro.
STF
faz história condenando réus da trama golpista
Por
O Povo (CE)
Foi
benéfica a divergência aberta por Fux. Com a discordância, cai por terra a
teoria conspiratória do bolsonarismo de que tudo já estava preparado para a
condenação unânime dos réus
O
Supremo Tribunal Federal (STF) cumpriu com a sua obrigação ao condenar, por
quatro votos a um, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus
participantes de uma trama golpista que visava impedir a posse do presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Houve
apenas um voto divergente, do ministro Luiz Fux, que votou pela condenação
apenas do tenente-coronel Mauro Cid e do general Braga Netto, por tentativa de
abolição violenta do Estado Democrático de Direito, um dos cinco crimes dos
quais eram acusados.
Esse
foi um julgamento histórico, que vai repercutir positivamente na sociedade
brasileira, pois nunca na história do País, os participantes de uma tentativa
de golpe ou por uma sublevação consumada — como aconteceu em 1964 — haviam sido
responsabilizados por atentar contra a democracia.
Do
ministro Luiz Fux já era esperada alguma divergência, principalmente quanto ao
foro para julgar os réus. No entanto, seu comportamento causou perplexidade
generalizada, à direita e à esquerda, inclusive nos advogados do ex-presidente,
que não esperavam um resultado tão favorável.
Apesar
de a leitura de seu voto demorar por mais de 10 horas, o ministro fixou-se na
teoria e foi econômico ao contestar as provas apresentadas, sem conseguir
confrontar de maneira convincente a tese do procurador-geral, Paulo Gonet.
O
ministro chegou ao ponto de questionar a democracia brasileira, ecoando o
discurso bolsonarista de que o País viveria em uma "ditadura do
Judiciário".
As
alegações de Fux, na quarta-feira, foram respondidas uma a uma na pela ministra
Cármen Lúcia e pelo ministro Cristiano Zanin na sessão de ontem, que concluiu o
julgamento.
Fux
questionou o foro do STF para julgar os réus, que para ele deveria ser na
primeira instância. No entanto, o ministro já julgou cerca de 500 casos na
Primeira Turma, nos quais eram réus integrantes da turba que depredou a sede
dos Três Poderes. Na maioria dos casos ele seguiu o entendimento do relator
Alexandre de Moraes, sem questionar o foro no STF.
Também
é incompreensível o fato de ele ter condenado Mauro Cid, ex-ajudante de ordens,
quando é impossível separá-lo daquele que lhe dava ordens, Jair Bolsonaro. Não
se trata da teoria do "domínio do fato", pois existem provas
sobrantes de que Bolsonaro preparava-se para desfechar um golpe de Estado para
manter-se no poder.
Por
outro ponto de vista, foi benéfica a divergência aberta por Fux. Com a
discordância, cai por terra a teoria conspiratória do bolsonarismo de que tudo
já estava pronto para uma condenação unânime dos réus.
O
julgamento no STF é uma prova insofismável de que a democracia brasileira,
apesar de suas falhas — como todas as outras por se tratar de um regime
perfectível — assegura o devido processo legal, o contraditório e a ampla
defesa a quem está sendo julgado.
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