Folha de S. Paulo
Se eleito presidente, governador seria fiel a
autocratas ou faria só acordão brasileiro?
Presidente americano ameaça mídia, pede
cabeças dos críticos e quer aterrorizar oposição
O resultado da eleição de 2022 deveria ser
respeitado, dizia gente do governo de Joe Biden a
gente de Jair
Bolsonaro e das Forças Armadas, em 2021 e 2022. Talvez jamais
saibamos qual o tamanho do efeito da pressão americana. Alguma mãozinha deve
ter dado, ajudando talvez a virar um ou outro voto no Alto Comando do Exército.
Agora, quem manda é Donald Trump, que arruína a república americana de acordo com o conhecido roteiro de assassinato da democracia em prestações. Os próximos presidente e Congresso do Brasil tomam posse no meio do mandato de Trump.
A maioria do próximo Congresso não deve ser
muito diferente do que atualmente é, essa casa de tolerância de
bandidagem e golpe, de "blindagem" e
"anistia". O presidente pode ser um representante do
"bolsonarismo de resultados", como diz certa elite financeira paulista
cínica sobre Tarcísio de
Freitas.
Tarcísio usa aquele boné MAGA. Foi cúmplice do ataque bolsonarista contra a
saúde pública e a decência na epidemia. Diz que Bolsonaro é inocente. Aquela
ficha corrida.
"É pragmatismo", diz o clichê sobre
o governador de São Paulo,
como dizem também pessoas muito ricas que têm nojo de bolsonaristas, mas que
acreditam no "bolsonarismo de resultados", que ajeitaria as contas
públicas, conteria impostos, privatizaria, desregulamentaria. Aquela conversa.
Sim, é pragmatismo. Sendo pragmático, até
onde iria? Quem sabe o governador se flagele em uma cela recôndita do Palácio
dos Bandeirantes, culpado de ora vender sua alma ao diabo em nome de um bem
maior, sua causa secreta. No mais, seu pragmatismo inclui bajular um adepto da
tortura, do assassinato político, do genocídio e da ditadura. Importante não é,
pois, uma fantástica vida faustiana de Tarcísio, mas a influência do homem para
quem o governador abana o bonezinho, Trump.
Na onda mais recente de ataque à república
americana, Trump ameaça
redes de TV, de propriedade de grandes conglomerados de mídia. Quer
a cabeça de críticos ou satiristas de seu governo, sob ameaça de cassar
licenças de operação (Bolsonaro fez isso com a Globo), impedir fusões e
aquisições ou de processar por valores bilionários.
Trump quer favorecer empresas amigas, de
mídia ou big techs, na compra de empresas jornalísticas e do Tik Tok. As big
techs, as "magníficas", se renderam, por medo e interesse. Trump mete
a mão em empresas de chips. Etc. É uma ameaça conglomerada. A ameaça vai da
economia à liberdade de expressão, o que fica mais fácil pelo fato de que a
"expressão" da mídia e megacorporações é cada vez mais conglomerada.
Trump quer tirar isenções fiscais e atazanar
ONGs de "esquerda", das miúdas às grandes, como as fundações Ford e
Open Society (de George Soros), além de seus doadores. Talvez qualifique
algumas como terroristas. É o próximo rapa.
Vimos isso nas extorsões
contra universidades —Columbia, Harvard e UCLA. No ataque a
grandes escritórios de advocacia, que agora temem processar o governo ou
defender inimigos de Trump, que persegue funcionários públicos, quer dominar o
Banco Central e manda tropas federais para intervir em cidades governadas por
democratas.
Até onde vai Tarcísio? Vai "apenas"
participar do recorrente acordão brasileiro, a transação que sempre dá um jeito
de livrar a cara da elite do poder? Ou vai também ser MAGA, seguir os passos de
Trump, o senhor do "líder" de Tarcísio, Bolsonaro? A conjuntura pode
favorecer a morte a crédito da democracia também por aqui.
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