quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Voto de Fux dá força para novas sanções dos EUA. Por Adriana Fernandes

Folha de S. Paulo

Reação do governo Lula, em preparação pela área técnica, precisa ser cirúrgica e na medida certa

voto do ministro Luiz Fux pedindo a anulação do julgamento da trama golpista e absolvendo Jair Bolsonaro de liderar uma organização criminosa eleva o risco de ampliação das sanções do governo Donald Trump.

A posição do ministro não muda os rumos do julgamento, mas dá força para os bolsonaristas articularem nos Estados Unidos uma dosagem mais forte da Lei Magnitsky e outras sanções contra empresas, produtos brasileiros e o governo Lula.

O mais provável é que o governo americano entenda que quem votou com o relator Alexandre Moraes seja usurpador de direitos após Fux abraçar a tese bolsonarista de que houve obstáculos processuais para a defesa do ex-presidente, como o acúmulo de cerca de 70 terabytes em documentos e provas.

Outros efeitos são esperados. Do ponto de vista interno, o posicionamento de Fux irá recrudescer a busca pela aprovação do projeto de anistia no Congresso.

Boa parte dos parlamentares está olhando para Bolsonaro não como líder futuro, mas como um mal necessário para conseguirem a PEC da Blindagem. A proposta legislativa dificulta investigações criminais contra parlamentares sem aval do Congresso e praticamente proíbe operações contra senadores e deputados.

Em tempos de investigações de corrupção com uso de emendas parlamentares, bets ilegais e uma série de operações contra a infiltração do crime organizado em setores da economia, como o financeiro, o temor de prisões ronda os gabinetes da Câmara e do Senado.

A ameaça da Casa Branca de usar o poder econômico e militar contra o Brasil aumenta a tensão de que novas sanções alcancem bancos, especialmente o estatal Banco do Brasil, outros membros do STF, ministros do governo e até mesmo o presidente Lula.

Como Trump é imprevisível, mais do que nunca a reação do governo Lula com a adoção de medidas de reciprocidade contra os Estados Unidos, em preparação pela área técnica, precisa ser cirúrgica e na medida certa.

Será uma ação de difícil equação para o governo, mas necessária.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.