Folha de S. Paulo
Hugo Motta permitiu que a Câmara se
degradasse com motim e blindagem
Maior interesse dos deputados é defender casas de aposta e outros lobbies
Milagre. Hugo Motta priorizou
um tema de consenso entre base e oposição e conseguiu aprovar um pacote de
projetos que aumenta o combate ao crime, especialmente aquele conhecido como
novo cangaço.
Os PCCs da vida, hoje sofisticadas empresas, aguardam a votação da PEC da Segurança, que inclui a Polícia Federal no enfrentamento aos bandidos infiltrados nas instituições, e da nova proposta antimáfia elaborada pelo governo, com penas mais pesadas.
A atitude de Motta
é quase nada, um suspiro de decência e trabalho, mas já é alguma coisa para
quem foi eleito com esmagadora maioria e, talvez por isso mesmo, permitiu que a
Câmara se degradasse com dois episódios que estão entre os mais indignos de sua
história: o motim com o qual deputados bolsonaristas reagiram à prisão
domiciliar do capitão e a PEC da
Blindagem.
Desde o início do ano, Motta cedeu tempo e
espaço à pauta-obsessão da anistia aos responsáveis por atos golpistas, cuja
finalidade era livrar Bolsonaro da cadeia. Permitiu a entrada em cena de
políticos que já ocupam a galeria dos fantasmas, Michel Temer, Aécio Neves e
João Paulo Cunha, não por acaso ex-presidentes da Câmara, que tentaram emplacar
uma pacificação fajuta.
Pensando bem, o que esperar de Motta? Ao
assumir o cargo, em fevereiro, recorreu a uma dupla de publicitários para
forçar uma imagem descontraída —chegou a aparecer nas redes tomando um suco
verde e se transformando no incrível Hulk. Sete meses depois, contratou por
quase R$ 5 milhões uma consultoria da Fundação Getúlio Vargas para modernizar a
comunicação no Parlamento. A ideia é mostrar interesse por temas —segurança,
educação, saúde, proteção de crianças— que passam longe das prioridades da
Câmara, entre as quais se destaca a defesa das casas de apostas.
Se Motta tem alguma preocupação além do
cabelo bem penteado, poderia dar uma resposta à sociedade sobre dois deputados
que não trabalham, estão ausentes do país, mas continuam a torrar verbas
públicas: Eduardo Bolsonaro e Carla
Zambelli.
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