sábado, 25 de outubro de 2025

Câmara alivia Eduardo e Zambelli, deputados que não trabalham, por Alvaro Costa e Silva


Folha de S. Paulo

Hugo Motta permitiu que a Câmara se degradasse com motim e blindagem

Maior interesse dos deputados é defender casas de aposta e outros lobbies

Milagre. Hugo Motta priorizou um tema de consenso entre base e oposição e conseguiu aprovar um pacote de projetos que aumenta o combate ao crime, especialmente aquele conhecido como novo cangaço.

Os PCCs da vida, hoje sofisticadas empresas, aguardam a votação da PEC da Segurança, que inclui a Polícia Federal no enfrentamento aos bandidos infiltrados nas instituições, e da nova proposta antimáfia elaborada pelo governo, com penas mais pesadas.

A atitude de Motta é quase nada, um suspiro de decência e trabalho, mas já é alguma coisa para quem foi eleito com esmagadora maioria e, talvez por isso mesmo, permitiu que a Câmara se degradasse com dois episódios que estão entre os mais indignos de sua história: o motim com o qual deputados bolsonaristas reagiram à prisão domiciliar do capitão e a PEC da Blindagem.

Desde o início do ano, Motta cedeu tempo e espaço à pauta-obsessão da anistia aos responsáveis por atos golpistas, cuja finalidade era livrar Bolsonaro da cadeia. Permitiu a entrada em cena de políticos que já ocupam a galeria dos fantasmas, Michel Temer, Aécio Neves e João Paulo Cunha, não por acaso ex-presidentes da Câmara, que tentaram emplacar uma pacificação fajuta.

Pensando bem, o que esperar de Motta? Ao assumir o cargo, em fevereiro, recorreu a uma dupla de publicitários para forçar uma imagem descontraída —chegou a aparecer nas redes tomando um suco verde e se transformando no incrível Hulk. Sete meses depois, contratou por quase R$ 5 milhões uma consultoria da Fundação Getúlio Vargas para modernizar a comunicação no Parlamento. A ideia é mostrar interesse por temas —segurança, educação, saúde, proteção de crianças— que passam longe das prioridades da Câmara, entre as quais se destaca a defesa das casas de apostas.

Se Motta tem alguma preocupação além do cabelo bem penteado, poderia dar uma resposta à sociedade sobre dois deputados que não trabalham, estão ausentes do país, mas continuam a torrar verbas públicas: Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli.

 

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