Folha de S. Paulo
Haddad deveria aproveitar negociação para
apresentar novas medidas de contenção
Chama a atenção a insistência do governo em
tentar limitar, pela terceira vez, o uso de créditos tributários de PIS e
Cofins
O ministro Fernando
Haddad (Fazenda) cobra coerência do Congresso para
votar logo ao menos um dos projetos de lei com medidas de redução nas despesas
após a derrubada
da MP de alta dos impostos.
As medidas de corte de gastos estavam misturadas com outras propostas de incremento da arrecadação e acabaram ficando para trás com a decisão dos deputados de enterrar a MP. Após a derrota, o governo decidiu dividir as medidas de compensação em dois projetos, reciclando algumas propostas para fechar o Orçamento no ano eleitoral de 2026.
Por trás da divisão, a estratégia é forçar
parlamentares que tanto cobram medidas de ajuste nas despesas a mostrar a cara.
A hora da verdade para os críticos.
Chama a atenção a insistência do governo em
tentar limitar, pela terceira vez, o uso de créditos tributários de PIS e
Cofins na compensação de impostos a pagar. A regra mais rigorosa para coibir
fraudes ficará no mesmo projeto de corte de despesas. É peça-chave no pacote
porque pode ampliar a arrecadação do governo em pelo menos R$ 10 bilhões no ano
que vem.
A primeira vez que Haddad tentou passar essa
medida foi em meados de 2024. À época houve uma gritaria do setor empresarial,
e o então presidente do Congresso, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG),
devolveu a MP, causando um enorme constrangimento ao governo. A segunda vez foi
por meio da MP de alta dos impostos. Agora, Haddad adiantou que vai encaminhar
novamente a medida para limitar a regra. A justificativa tem a ver com
compensações irregulares ou fraudulentas por parte de vários contribuintes.
A Receita
Federal calcula as perdas em R$ 11,4 bilhões.
Para além dos valores que o governo quer
arrecadar a mais, é hora de jogar luz nesse tipo de fraude praticado por
verdadeiras quadrilhas especializadas que vendem no mercado oportunidades
tributárias para as empresas.
O Congresso precisa aprovar a restrição, mas
Haddad também deveria aproveitar a nova negociação para apresentar novas
medidas de corte de despesas.
Elas por elas.

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