Folha de S. Paulo
Governador prepara um 'novo Witzel' para
substituí-lo
Delegado que comandou a matança ameaça
favoritismo do prefeito
O prefeito Eduardo Paes só
faltou se vestir de conselheiro Acácio ao comentar a operação das polícias
Militar e Civil nos complexos do Alemão e da Penha, a mais letal da história do
país, com mais de 120 mortos: "O Rio não pode ficar refém de grupos
criminosos".
Ninguém —a não ser os verdadeiros chefões do crime, que moram longe das favelas e têm a identidade protegida pelo esquema que corrompeu e se infiltrou nas instituições de Estado— pode admitir a ocupação de quase um terço das áreas da cidade, as mais desassistidas, por milicianos e traficantes.
Um exército de homens treinados por
ex-policiais e ex-militares, que portam fuzis importados legalmente por
colecionadores de armas e que, como na Guerra da Ucrânia, usam drones
lançadores de bombas. E sabem, por meio de vazamentos, o dia e a hora em que
serão atacados.
Outra coisa é tapear a verdade. A chacina
de Cláudio
Castro, durante a qual a maioria das câmaras corporais não
funcionou, teve sucesso na visão de uma parcela expressiva da sociedade —aquela
que aplaude o espetáculo de corpos encontrados sem cabeça.
Se pensarmos na sua eficiência, a operação
fracassou. Igual às que se sucedem desde os anos 1990 e jamais abalaram as
facções —o Alemão e a Penha continuam sob as ordens do Comando
Vermelho. Como propaganda política, um tiro certeiro. Agitou a
direita e a extrema direita, que estavam em baixa. Certos governadores ficaram
tão assanhados que anunciaram a criação de um "consórcio da paz",
iniciativa em que o cinismo consegue superar a marquetagem. A ideia é apontar o
governo federal como o único culpado. A batata quente está nas mãos de Lula, de
quem se espera soluções concretas.
E Paes? Sua reação tímida tem a ver com a
candidatura a governador e a aliança que ensaia com Cláudio Castro. O grupo que
este representa, no entanto, já prepara um outsider, paladino da lei e da
ordem, Wilson "Atirar na Cabecinha" Witzel revivido: o delegado
Felipe Curi, secretário da Polícia Civil que comandou a matança.
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