O Estado de S. Paulo
Ninguém levanta pirâmide como a que o Banco Master armou sem amigos influentes no poder. Nos poderes. No Banco Central? O BC, ainda que agindo bem afinal, demorou a agir. A propósito: o cronista não viu ministros do Supremo comentando o escândalo. Falam sobre todos os temas da República, inclusive aqueles a serem julgados no tribunal – e, desta vez, nada.
Dedicado patrocinador de eventos lobistas, o Master sempre soube contratar consultores. Só em “consultoria jurídica” foram empregados cerca de R$ 250 milhões em 2024. A banca tocada pela esposa de Alexandre de Moraes prestou-lhe serviços. Ricardo Lewandowski também, no intervalo entre sair do STF e se tornar ministro da Justiça de Lula. Outro consultor: Guido Mantega.
Ninguém levanta pirâmide como a do Master sem
distribuição ecumênica dos afetos, do lulopetismo de oportunidades ao
bolsonarismo de resultados. O senador Ciro Nogueira assinaria requerimento por
CPI sobre a operação entre Master e BRB? E Jacques Wagner? A história de
ascensão do banco passa pela Bahia petista e o governo de Rui Costa. A história
da tentativa de compra do Master pelo BRB – o próprio fim do governo Ibaneis
Rocha no Distrito Federal – passa por pressões que exigem investigação. O fim –
o ocaso – do governo Ibaneis não pode amainar a perseguição pelos fins do
esquema.
Cadê a mobilização por CPI? Quem colhe
assinaturas? Teria de ser apurado o caso do fundo previdenciário do Amapá, que
jogou grana de aposentadoria no Master e cujo gestor foi indicado por Davi
Alcolumbre. Teria de ser apurado o caso do Rioprevidência, fundo de pensão do
Estado do Rio de Janeiro, que, admite-se, despejou quase R$ 1 bilhão dos
servidores em letras de crédito do banco; volume que, segundo o Tribunal de
Contas do Estado, seria bem maior, mais que o dobro, num fluxo de aportes que
ignoraria os vários alertas. Dinheiros sem garantia e que viraram pó.
O cronista de súbito se lembrou de Izalci
Lucas, ora filiado ao bolsonarista PL, partido do governador fluminense Claudio
Castro. O senador pelo DF desistiu de seu pedido por criação de CPI sob a
alegação de que a compra do Master não geraria risco ao BRB. Isso foi em abril
deste 2025, quando risco já era mesmo coisa do passado; o prejuízo se impondo,
concretamente, de bilhão em bilhão: um banco estatal que comprava créditos
inexistentes de banco privado cuja liquidez escoara desde que a casa dos CDBs
fiados no FGC tinha caído; e que os compraria mesmo depois de o BC haver
proibido a aquisição do Master.
O banco sem liquidez, especialmente a partir
de 2024, e BRB e Rioprevidência lhe comprando – entre 2024 e 25 – carteiras de
créditos fantasmas e letras de crédito. Acaso? A liquidação não pode liquidar o
problema. Não serão somente crimes contra o sistema financeiro. O troço fede a
corrupções ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisa, conluio de
agentes públicos com o setor privado – e por aí vai. Vai? •

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