sábado, 22 de novembro de 2025

Onipresença Master, por Carlos Andreazza

O Estado de S. Paulo

Ninguém levanta pirâmide como a que o Banco Master armou sem amigos influentes no poder. Nos poderes. No Banco Central? O BC, ainda que agindo bem afinal, demorou a agir. A propósito: o cronista não viu ministros do Supremo comentando o escândalo. Falam sobre todos os temas da República, inclusive aqueles a serem julgados no tribunal – e, desta vez, nada.

Dedicado patrocinador de eventos lobistas, o Master sempre soube contratar consultores. Só em “consultoria jurídica” foram empregados cerca de R$ 250 milhões em 2024. A banca tocada pela esposa de Alexandre de Moraes prestou-lhe serviços. Ricardo Lewandowski também, no intervalo entre sair do STF e se tornar ministro da Justiça de Lula. Outro consultor: Guido Mantega.

Ninguém levanta pirâmide como a do Master sem distribuição ecumênica dos afetos, do lulopetismo de oportunidades ao bolsonarismo de resultados. O senador Ciro Nogueira assinaria requerimento por CPI sobre a operação entre Master e BRB? E Jacques Wagner? A história de ascensão do banco passa pela Bahia petista e o governo de Rui Costa. A história da tentativa de compra do Master pelo BRB – o próprio fim do governo Ibaneis Rocha no Distrito Federal – passa por pressões que exigem investigação. O fim – o ocaso – do governo Ibaneis não pode amainar a perseguição pelos fins do esquema.

Cadê a mobilização por CPI? Quem colhe assinaturas? Teria de ser apurado o caso do fundo previdenciário do Amapá, que jogou grana de aposentadoria no Master e cujo gestor foi indicado por Davi Alcolumbre. Teria de ser apurado o caso do Rioprevidência, fundo de pensão do Estado do Rio de Janeiro, que, admite-se, despejou quase R$ 1 bilhão dos servidores em letras de crédito do banco; volume que, segundo o Tribunal de Contas do Estado, seria bem maior, mais que o dobro, num fluxo de aportes que ignoraria os vários alertas. Dinheiros sem garantia e que viraram pó.

O cronista de súbito se lembrou de Izalci Lucas, ora filiado ao bolsonarista PL, partido do governador fluminense Claudio Castro. O senador pelo DF desistiu de seu pedido por criação de CPI sob a alegação de que a compra do Master não geraria risco ao BRB. Isso foi em abril deste 2025, quando risco já era mesmo coisa do passado; o prejuízo se impondo, concretamente, de bilhão em bilhão: um banco estatal que comprava créditos inexistentes de banco privado cuja liquidez escoara desde que a casa dos CDBs fiados no FGC tinha caído; e que os compraria mesmo depois de o BC haver proibido a aquisição do Master.

O banco sem liquidez, especialmente a partir de 2024, e BRB e Rioprevidência lhe comprando – entre 2024 e 25 – carteiras de créditos fantasmas e letras de crédito. Acaso? A liquidação não pode liquidar o problema. Não serão somente crimes contra o sistema financeiro. O troço fede a corrupções ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisa, conluio de agentes públicos com o setor privado – e por aí vai. Vai? •

 

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