segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Segurança e violência, por Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S. Paulo

A segurança e o dizer não à violência tornaram-se bandeiras eleitorais. Finalmente!

A violência foi muito tempo tolerada no Brasil, diria quase normalizada, graças aos discursos e governos petistas que não lhe deram nenhuma atenção, salvo a de sempre frisar a mesma coisa: a de que sua causa seria exclusivamente social. A repetição foi se intensificando enquanto a esquerda no poder nada fazia. Nesse processo, em que discursos-enfeite encobriam uma terrível realidade tomando conta do País, territórios foram abandonados ao narcotráfico e às milícias, além de apoderar-se de outras esferas do aparato estatal. Um “Estado” foi se formando dentro do Estado, com suas próprias regras e “polícias”, além de seus modos próprios de imposição de tributos. Esse novo tipo de “Estado” tomou para si o monopólio da violência, impondo o terror a seus habitantes, com crimes, tiroteios e estupros, controlando, assim, a distribuição de gás, de internet, de eletricidade, além de extorquir os comerciantes da região. A população desses redutos extra-estatais tornou-se subjugada, não tendo a quem apelar.

Artistas, comentaristas televisivos e radiofônicos, comunicadores complacentes com o infortúnio alheio, teciam comentários benevolentes, mesmo glamourizados, sobre tal situação. Traficantes mortos eram sempre apresentados como se civis fossem, vítimas da violência policial, normalizando, desta maneira, a vida dos que padeciam dessa dominação. A criminalização da polícia tornou-se a regra e a glamourização dos criminosos sua feição televisiva. Sempre com o apoio dos ditos “especialistas”, que nada mais são do que instrumentos de encobrimento da verdade. Abrigamse, porém, em seus condomínios, fortemente guardados por agentes de segurança privados, carros blindados para si e para suas famílias, vociferando contra a polícia e a injustiça. E, esse embuste veio a predominar na cena comunicacional.

A situação, porém, mudou com a ação policial, de tipo militar, empreendida pelo governador, Cláudio Castro, do Rio de Janeiro. Decidiu recuperar um território perdido, a exemplo do que fez a força militar na Colômbia, em governos anteriores, para vencer os guerrilheiros, eles também traficando e controlando territórios. A narcoguerrilha era o seu nome, apesar de ser aplaudida pela esquerda brasileira. As Farc no Brasil eram recebidas com tapete vermelho. De repente, para espanto do governo federal e da esquerda em geral, sobretudo PT, Psol, PCdoB, além dos “companheiros” do MST, a aprovação foi espetacular. Nos morros, acima de 85%, no Brasil e no Rio de Janeiro, acima de 60%, em uma clara manifestação de um ponto de ruptura. A população disse não à violência, numa espécie de sobressalto que deixou os “bem-pensantes” perplexos.

Lula, atordoado, nem sabe o que fazer. Antes da operação, chegou a qualificar traficantes como “vítimas” dos usuários, depois, declarou que a ação do governador foi “desastrosa”. Desastrosa foi sua atitude. Convoca, então, reuniões de ministros e governadores de esquerda para discutir a situação. A recente pesquisa Quaest mostra muito bem o aumento de sua rejeição, a queda de sua aprovação com a consequente desaprovação e o estreitamento de sua vantagem para quaisquer de seus adversários, abrindo-lhes uma avenida. O mais hilário é que continuam discutindo, fazendo às pressas projetos de lei, como se essa panaceia fosse ainda apresentar resultados. A realidade é nua e crua: o PT governou o Brasil durante 16 anos nos últimos 22. E o mais inusitado ainda: a culpa é sempre dos outros, nunca deles mesmos. Por que nada fizeram nesses 16 anos?

Os governadores de oposição, com ênfase nos presidenciáveis, logo afirmaram a sua solidariedade para com o governador carioca, com destaque para o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e Romeu Zema, de Minas Gerais, que compareceram presencialmente ao Estado. Igual atitude teve o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que emprestou o seu apoio virtualmente. Em seus respectivos Estados, estão conduzindo uma outra política de segurança, com o governador de Goiás chegando a dizer que bandido em seu Estado ou muda de profissão, ou o abandona. Todos têm consciência de que não é mais possível, nem tolerável, que a política esquerdista siga vigorando por ser ruinosa para o País.

Mais especificamente, o sobressalto expõe nitidamente que a segurança se tornou uma pauta nacional, atinente a todos os cidadãos. Não é mais pauta de pseudo-especialistas a serviço da esquerda. O encobrimento da realidade parece ter encontrado o seu limite. As pesquisas de opinião exibem o que pensam e sentem os que não tinham outros modos de se expressar. Nesse sentido, as redes sociais contribuíram para romper o controle da fala, deixando extravasar outras percepções e emoções. Todos almejam que a “normalidade” da violência seja reprimida e substituída pela normalidade da paz, infensa aos arroubos ideológicos que tão mal têm feito à Nação. A segurança e o dizer não à violência tornaram-se bandeiras eleitorais. Finalmente!

 

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