O Estado de S. Paulo
Eleitores estão mais propensos a culpar republicanos por paralisação e bloqueio de salários
Fragilidades econômicas, políticas e
jurídicas na estratégia de Donald Trump transpareceram nos últimos dias em índices,
urnase na Suprema Corte. Dados o perfil flexível do presidente americano e a
realização de eleições para o Congresso em um ano, mudanças de rumos são um
cenário provável.
O Índice de Preços ao Consumidor bateu em 3%, um ponto porcentual acima da meta do Banco Central. Nos últimos 12 meses, o café e abanana subiram 40% e 9% respectivamente, por causadas tarifas, já que não são produzidos no país. O filé aumentou 19% e acarne moída, 14%, pela combinação de queda na produção e tarifas.
Mais de 153 mil vagas foram fechadas em
outubro no mercado de trabalho, a maior redução para o mês em mais de 20 anos,
segundo a consultoria Challenger, Gray & Christmas. Do início do ano até o
fim de outubro, os empregadores anunciaram 1.099.500 cortes, aumento de 65% em
relação ao mesmo período de 2024. A redução do consumo é um dos fatores,
associada ao ajuste em relação ao boom de contratações da pandemia e à adoção
de IA.
O índice de humor dos consumidores, medido pela Universidade de Michigan, caiu no último mês de 53,6% para 50,3% – o mais baixo desde 2022, ano do surto histórico de inflação. O pessimismo se instala em grande parte da população, expresso nas urnas.
O Partido Republicano perdeu todas as
eleições importantes, para a prefeitura de Nova York, os governos de Virgínia e
New Jersey, um plebiscito sobre o redesenho de distritos eleitorais na
Califórnia e três vagas na Corte Suprema da Pensilvânia. São redutos democratas,
o que torna os resultados esperados, com exceção da Virgínia, onde o governador
republicano não conseguiu fazer sucessor. O Estado tem o maior contingente de
servidores federais – 147 mil –, o que indica que os eleitores estão mais
propensos a culpar republicanos do que democratas pelo fechamento do governo e
interrupção dos pagamentos dos salários, por falta de consenso sobre o
orçamento.
Pesquisas indicaram um deslocamento dos votos
de volta para democratas por parte de grupos que contribuíram para a eleição de
Trump há um ano: moradores dos subúrbios de alto poder aquisitivo, jovens,
latinos e negros.
Até os juízes conservadores da Suprema Corte
criticaram as razões políticas apontadas pelo governo para aplicar tarifas, e
citaram os casos de Brasil e Índia. O veredicto não saiu, mas o tom da sabatina
indicou que Trump pode perder algumas armas de sua guerra comercial. Ele terá
de rever sua estratégia.

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