quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

De Natal, um chinelo e 400 mil em dinheiro vivo. Por Thiago Amparo

Folha de S. Paulo

Numa saga contra um comercial, a direita mostra que não entende nem de figura de linguagem

O máximo que Bolsonaro pode almejar é a saidinha da cela para o banho de sol

Ao contrário de Fernanda Torres, a direita brasileira não chega ao Natal com o pé direito. Numa saga contra um comercial de chinelos, em que Torres pede que se "comece o ano novo com os dois pés", a direita mostra que não entende nem de figura de linguagem, nem da anatomia dos animais bípedes. O máximo que Bolsonaro pode almejar neste Natal é a saidinha da cela para o banho de sol.

Mesmo antes da mudança na lei que acabou com a saída temporária de Natal, relatada pelo seu filho Flavio Bolsonaro (PL-RJ), o ex-presidente, hoje presidiário não teria direito ao benefício, por estar cumprindo a sua condenação em regime fechado; o benefício é para quem cumpre pena no semiaberto. O crime de Bolsonaro de tentar roubar voto de pobre e ganhar a eleição na marra é tão grave que nem direito ao direito que seu filho aboliu ele teria.

A direita brasileira também sabe pouco de finanças. Na última sexta-feira (19), Sóstenes Cavalcante (RJ), o líder do PL na Câmara —lembre, o mesmo partido de Jair Bolsonaro— foi alvo de uma operação da Polícia Federal na qual agentes federais encontraram em um endereço ligado a ele R$ 430 mil em espécie. Segundo Sóstenes, o dinheiro diz respeito à venda de um imóvel em Minas Gerais. Com a taxa Selic nas alturas, é um mau negócio guardar dinheiro no colchão, Sóstenes, exceto se não quisesse que alguém descobrisse.

A história está, no mínimo, mal contada. A jornalistas, o líder do PL tergiversou sobre a data da compra, declarando em dado momento não saber o dia certo da venda. Suspeita-se, a ser provado, que seu motorista tenha movimentado R$ 11 milhões, em suposto esquema de lavagem de dinheiro por uma empresa de locação de carros. A operação atingiu o deputado federal, também do PL, Carlos Jordy em acusações correlatas.

Não há suficiente guerra cultural contra um chinelo capaz de esconder que parte considerável da extrema direita brasileira encerra 2025 ou na cadeia ou perto de entrar nela ou tentando livrar a si mesma da prisão dando-se de presente uma nova dosimetria do golpe.

 

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