sábado, 6 de dezembro de 2025

Eduardo Paes sai da sombra, por Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Prefeito entra de vez na campanha ao Palácio Guanabara em 2026

Principal adversário está preso, acusado de vazar informações de operação contra o CV

A impressão é que de vez em quando Eduardo Paes se lembra de que será candidato a governador do Rio de Janeiro em 2026. Na verdade, ele trabalha na sombra, como gosta.

Gato escaldado pela derrota em 2018, procura fazer alianças no interior do estado, onde sua rejeição é maior do que na capital, e, sobretudo, negociar o voto evangélico, tarefa nada fácil para quem tem um perfil abertamente carnavalesco. Em 2022, o bolsonarismo levou, à exceção do Rio, a maioria entre as mais importantes prefeituras fluminenses.

No início da semana, Paes criticou a atuação de Cláudio Castro na segurança pública. Sem citar, contudo, a operação nos complexos do Alemão e da Penha, a mais letal da história do país, que jogou o combate contra a criminalidade no centro das campanhas eleitorais do ano que vem:

"Se a segurança vai mal, a culpa é do governador do Rio e de outros estados do país. É óbvio que o governo federal e os municípios podem ajudar, mas o jogo de empurra tem de ser superado", disse Paes, num recado aos governadores de direita.

A declaração repete a época da campanha a prefeito. Na ocasião, Eduardo Paes enfrentou Alexandre Ramagem —o ex-diretor-geral da Abin condenado a 16 anos de prisão pelo STF no processo da trama golpista e hoje foragido nos Estados Unidos. Indicado por Bolsonaro, Ramagem era a aposta linha-dura da vez, um ex-delegado da Polícia Federal em cuja candidatura o PL investiu mais de R$ 21 milhões.

Fraquíssimo de voto, Ramagem decepcionou, não chegando nem ao segundo turno. Toda a culpa pela derrota humilhante recaiu sobre a gestão de Cláudio Castro, ao longo da qual as organizações criminosas cresceram e se fortaleceram.

A diferença em relação a 2022 é que Paes ainda não sabe com quem irá concorrer. Um adversário dado como certo, Rodrigo Bacellar, acaba de ser preso, acusado de vazar informações sigilosas de uma operação policial contra o Comando Vermelho. E a família Bolsonaro está em crise, pouco se importando com o estado no qual nasceu o bolsonarismo.

 

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