Folha de S. Paulo
Presidente do PL Mulher reprovou publicamente
aliança no Ceará a despeito de orientação do partido e aval de Bolsonaro
Se antes Jair conseguia tolher independência da companheira, hoje está isolado, fragilizado e depende de Michelle
Quando tinha 17 anos, Carlos Bolsonaro recebeu uma
ingrata missão do pai: derrotar a mãe, a então vereadora
Rogéria Bolsonaro, nas eleições para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Primeira mulher de Jair Bolsonaro, Rogéria se elegeu vereadora em 1992. Sua candidatura havia sido encampada pelo marido, com a premissa de que ela deveria consultá-lo e seguir suas orientações.
Em 1996 veio a reeleição e, logo depois, o
divórcio de Jair. Por entender que Rogéria já não seguia suas ordens, ele
sabotou sua campanha em 2000, lançando o próprio filho para roubar votos da
mãe.
Carlos precisou se emancipar para a disputa.
No fim, se elegeu com 16 mil votos —11 mil a mais do que Rogéria, que ficou de
fora da Câmara.
Vinte e cinco anos depois, Jair é confrontado
novamente com um movimento de
independência de sua terceira mulher, Michelle.
A despeito de orientação do PL e do aval do
próprio ex-presidente, segundo correligionários, ela reprovou em
público a aliança que vinha sendo costurada no Ceará entre o
deputado federal André Fernandes e Ciro Gomes.
Os três filhos mais velhos de Jair, Flávio,
Carlos e Eduardo, saíram juntos
ao ataque e criticaram o autoritarismo de Michelle. Ela não
recuou.
Após visita ao pai na prisão, foi
Flávio quem pediu
desculpas. Depois, o PL anunciou que estavam
suspensas as conversas com o PSDB de Gomes. Integrantes do
partido de Jair avaliam que a ex-primeira-dama ganhou a militância nas redes.
Michelle não é Rogéria. Ela se transformou em
um dos principais quadros do PL, turbinou a filiação de mulheres e conquistou o
apreço do presidente da legenda, Valdemar
Costa Neto. Vai muito bem com o público feminino conservador e os
evangélicos e tem a menor rejeição entre a família.
Jair não é mais Jair. Antes um deputado de
nicho, do baixo clero, tinha liberdade para cortar as asinhas da ex-mulher.
Agora, preso,
isolado e fragilizado, não parece ter nada a ganhar –pessoal ou
politicamente– de um rompimento com Michelle.

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