sábado, 20 de dezembro de 2025

Mimimi de Flávio Bolsonaro esbarra na rejeição espetacular. Por Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Jair sentou definitivamente em cima de seus votos

Flávio virou pesadelo para articuladores da candidatura Tarcísio

No início do mês, logo após lançar sua pré-candidatura à Presidência, seguindo as ordens dadas pelo pai de dentro da prisão, Flávio Bolsonaro provocou os descontentes: "Eu tenho um preço. Quem dá mais?".

Aberto o leilão, veio o primeiro lance. A proposta que reduz a pena de Bolsonaro e de outros condenados pelos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 foi aprovada na Câmara com rapidez e, para variar, na calada da madrugada.

Cheio de vícios e incoerências, parecendo ter sido redigido, no melhor estilo embrulha-e-manda, pelo autor da famosa minuta do golpe, o chamado PL da Dosimetria passou no Senado, com uma mãozinha da base governista.

Vem aí o veto do presidente Lula, e o projeto ainda deve ter a validade questionada no STF.

A anistia light, engendrada pelo saco de gatos chamado centrão e pela direita não bolsonarista, é insuficiente, no entanto, para neutralizar o principal trunfo eleitoral do filho 01: exigir a liberdade total do capitão, batendo na tecla da perseguição política e denunciando os abusos ditatoriais do Supremo. O mesmo mimimi que se repetiu durante 2025 inteiro, reforçado pela chantagem econômica de Trump, a qual acabou dando com os burros n’água.

Em sua ronda de entrevistas a programas de auditório —estratégia utilizada com sucesso por Bolsonaro na candidatura de 2018—, Flávio não chora nem desmaia. Adota o discurso da vitimização, com frases de sentimentalismo barato. Tem-se a impressão de que ele está falando de outra pessoa: "Meu pai não tem uma flor para ele olhar, uma planta para ele conversar".

Cai quem quer. E, pelo jeito, não é pouca gente. Recente pesquisa Genial/Quaest mostra que, com Bolsonaro sentado em cima de seus votos, o preço da aventura será alto. Para os articuladores da candidatura Tarcísio, o 01 virou pesadelo, com chances de ir ao segundo turno contra Lula. Mesmo assim, o petista aparece com dez pontos de vantagem sobre os dois adversários. O que mais atrapalha os planos de Flávio é a rejeição espetacular: 64%.

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