Folha de S. Paulo
Os anos de eleição começam cheios de
previsões, quase sempre desmentidas pelo inesperado dos fatos
As surpresas acompanham nossas disputas
presidenciais desde a primeira delas na nova era democrática
Ano eleitoral é sempre cheio de prognósticos,
assim como será o de 2026 prestes a começar. Previsões quase sempre desmentidas
pelos fatos, carrascos da reputação de adivinhos.
Alguns desses desmentidos acompanham as
eleições presidenciais desde a primeira da nova era democrática.
Quem, em janeiro de 1989, cravaria que em
dezembro a batalha
final seria travada entre dois novatos no meio de duas dezenas de candidatos
experientes tanto nas lides da ditadura quanto na trincheira de oposição ao
regime?
Fernando Collor (PRN) bateu Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deixando no ora veja gente como Ulysses Guimarães (PMDB), Mário Covas (PSDB), Paulo Maluf (PDS), Leonel Brizola (PDT) e mais 16 outros concorrentes.
Cinco anos e um impeachment depois, em 1994
seria eleito o ministro
da Fazenda que no início daquele ano tinha dúvida se conseguiria se eleger
deputado federal. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) começou a campanha com
ínfimos índices de intenção de votos nas pesquisas e ganhou de Lula no primeiro
turno.
FHC
repetiria o feito em 1998, mas não conseguiria emplacar o sucessor. O ano
de 2002 se iniciou com apostas em Roseana Sarney (PFL), cuja candidatura derreteu
junto com a exibição de fotos de dinheiro apreendido no escritório do marido.
José Serra (PSDB) seria, então, o favorito,
mas o petista virou o jogo sob os auspícios da Carta ao Povo Brasileiro e da
repaginada "Lulinha paz e amor", obras de Antonio Palocci e Duda
Mendonça.
No rebuliço político do mensalão, a
reeleição de Lula parecia impossível, mas ele não apenas conseguiu (2006)
como elegeu
(2010) e reelegeu Dilma Rousseff (PT). Nada, em 2014, indicava que ela
seria impedida em 2016.
E a virada da direita em
2018, a bordo de um deputado do baixo clero? No início do ano, Jair
Bolsonaro (PSL) era piada, o centro ainda apostava em Aécio Neves (PSDB) e
ninguém sonhava que Lula seria preso para em 2022 voltar ao poder.
Como se vê, vaticínios na política são
produtos perecíveis.

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.