Folha de S. Paulo
Chegamos ao final do ano em um cenário
ambíguo após reviravoltas
Verão será de intensas articulações políticas
para a definição das candidaturas nas eleições de 2026
O ano de 2025 foi de reviravoltas políticas
no Brasil. Chegou-se a decretar o fim do governo Lula nos
primeiros meses; com o tarifaço e
a queda
no custo dos alimentos, a popularidade
do presidente voltou a crescer em meados do ano. Chegamos ao final do
ano em um cenário mais ambíguo.
Por um lado, o anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro e a provável retirada do governador de São Paulo da corrida presidencial em 2026 foram vistos como um bom presságio para Lula. Por outro, a aprovação do Orçamento de 2026, com a obrigação de execução de grande parte das emendas no primeiro semestre, e a confirmação de que as derrubadas de vetos presidenciais atingiram patamares históricos pintam um cenário de maior dificuldade para o presidente no último ano de governo.
O ano começou sem a aprovação da Lei
Orçamentária Anual, limitando os gastos do Executivo e com muita atenção
dedicada às emendas parlamentares do orçamento. A ausência das cúpulas do
Congresso e do Judiciário no ato de 8 de Janeiro foi simbólica. Em
fevereiro, Hugo Motta foi
eleito presidente da Câmara com apoio do governo e da oposição, mesmo sem ser a
primeira opção de Arthur Lira.
Na mesma época, a aprovação de Lula atingia seu pior patamar.
Março foi marcado pela aprovação tardia do
orçamento, por mudanças na articulação política do governo e pela licença
de Eduardo
Bolsonaro para atuar nos Estados Unidos. Em abril, a recusa de Pedro
Lucas (União Brasil) em assumir um ministério pôs em dúvida o poder de atração
do Executivo, enquanto denúncias no INSS derrubaram sua cúpula.
Em maio, foi publicado o decreto do Executivo
que elevou a alíquota do IOF, derrubado pela Câmara em junho, quando também foi
aprovado o aumento do número de deputados. Em julho, Bolsonaro passou a usar
tornozeleira eletrônica, e o STF reverteu
decisão da Câmara sobre o decreto do IOF. No mesmo período, Lula recuperou
popularidade e indicou que vetaria o aumento no número de deputados.
O segundo semestre foi dominado pela escalada
judicial contra Jair Bolsonaro, os generais e outros cúmplices da tentativa de
golpe, culminando em condenações no STF e, mais adiante, na prisão domiciliar
do ex-presidente e no retorno ao regime fechado. Ao mesmo tempo, o Congresso
avançou em pautas sensíveis, como a PEC da Blindagem e mudanças no
licenciamento ambiental, enquanto operações policiais de grande impacto
recolocaram a segurança pública no centro do debate.
Lula também teve vitórias, como a aprovação
da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000 mensais e o
sucesso na negociação com Trump para a reversão das tarifas impostas ao país.
O ano se encerra com novos desgastes
institucionais no STF, sobretudo em torno do Banco Master, e com a aprovação de
um orçamento que reduz ainda mais o espaço para investimentos discricionários
do Executivo. O anúncio de Flávio como herdeiro político do pai tensiona a
relação da família Bolsonaro com o centrão e complica os planos do governador
de São Paulo.
O ano termina marcando a fragilidade do
presidente da Câmara, a covardia dos golpistas que tentam fugir do país e
reservando um verão de intensas articulações políticas para a definição das
candidaturas nacionais e estaduais, tanto do governo quanto da oposição.

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