quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Superexposição alavanca Flávio, mas rejeição alta limita competitividade contra Lula. Por César Felício

Valor Econômico

Potencial de voto traz informação relevante para avaliar desempenho do senador na pesquisa Genial/Quaest

O cruzamento mais importante da pesquisa eleitoral Genial Quaest divulgada nesta terça-feira (16) é o de potencial de voto entre os eleitores que se dizem independentes. Este segmento corresponde a 32% do eleitorado, quase o triplo dos que se dizem bolsonaristas (12%) e consideravelmente mais do que se dizem lulistas (19%). Nesta faixa, 64% dos pesquisados que assim se declaram dizem rejeitar a hipótese de votar no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e 69% rechaçam o senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ).

São indicadores em que tanto Lula quanto Bolsonaro estão relativamente próximos a seus tetos nas simulações de primeiro turno. O presidente consegue 37% no cenário que inclui mais opções e o senador obtém 23%. Dentro de suas respectivas bolhas ambos já avançaram bastante, sobretudo o presidente.

Lula já tem 97% dos votos dos lulistas e de 86% da esquerda não lulista, que é 14% do eleitorado. No caso do primogênito do ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda há algumas casas a avançar, mas poucas. Ele é desconhecido por 17% dos independentes, 7% dos bolsonaristas e 3% da direita não bolsonarista, que representa 21% do total.

A "terceira via", seja lá qual for, tem potencial para causar ruído na polarização estabelecida. A preço de hoje, alcançaria algo como 20% e com certeza levaria a eleição para um segundo turno. Em um duelo de rejeições, muito mais importante do que ser o mais votado na rodada inicial é ser o menos odiado na segunda.

No conjunto completo do eleitorado a rejeição a Lula é de 54% e a de Flavio Bolsonaro é de 60%, igual à do pai. A pesquisa não mediu outras opções dentro do clã. Vale lembrar que o momento atual da pré-campanha é o da semana de lançamento de Flávio Bolsonaro. O senador recebeu ampla exposição de mídia, muito maior que a de outras alternativas ao presidente. Isso se refletiu na queda do seu desconhecimento de 23% em agosto para 12% agora.

A pesquisa sobre avaliação e aprovação de governo traz algum alento para Lula, mas são potencialidades que ainda não se refletiram no cenário eleitoral. Há uma estabilidade nos grandes números desde outubro. No levantamento desta terça 49% desaprovam a administração e 48% a aprovam, mesmos índices registrados duas rodadas atrás. Mas a percepção de que a economia piorou caiu de 43% para 38% no último mês, enquanto o percentual dos que percebem melhora passou de 24% para 28%. É a melhor fotografia para o governo desde outubro de 2024. A se manter essa curva esse é um dado que joga a favor do incumbente em uma dinâmica de campanha.

O levantamento da Quaest mostra que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não é visto pelo eleitorado como a principal opção para a terceira via, o que faz todo sentido. O eleitorado está reagindo aos sinais que recebe. Tarcísio ao longo de todo ano se colocou como um simples coadjuvante dentro do bolsonarismo. O silencioso governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), cabe melhor neste papel. Tarcisio alcança 10% no cenário em que é colocado. Ratinho Júnior oscila de 11% a 13%.

De agosto para cá, a rejeição a Tarcísio passou de 39% para 47% enquanto o seu desconhecimento recuou de 34% para 28%. Basicamente quem procurou conhecê-lo melhor não gostou do que viu.

O percentual dos que declaram que "conhecem e votariam" no governador de São Paulo caiu de 27% para 25%, empatado com Ratinho Jr, que tem rejeição oito pontos percentuais menor.

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