Folha de S. Paulo
Bolsonaristas radicais não gostam do
governador, mas ele esteve ao lado do ex-presidente nos momentos mais críticos
Jair retribuiu indicando Flávio para
concorrer à Presidência; após três dias, Tarcísio quebrou o silêncio e falou em
outras candidaturas
Tarcísio de Freitas não agrada bolsonaristas radicais. Não se sabe por qual motivo: se porque o governador come com garfo e faca, frequenta reuniões na Faria Lima ou visita gabinetes do Supremo Tribunal Federal (ou todas as opções).
Eles alegam que o governador de São Paulo não é leal a Jair Bolsonaro. Nos momentos mais críticos, porém, ele esteve, sim, ao lado do ex-presidente —por lealdade genuína ou cálculo político.
Tarcísio estava lá durante as lives
de Bolsonaro na pandemia de Covid-19. Não
esboçou reação quando o chefe atacou as vacinas e defendeu medicamentos
ineficazes.
Também estava lá no 7
de setembro de 2021, quando Bolsonaro fez graves ameaças ao Supremo em
manifestações de rua.
Ele estava lá, de novo, em novembro de 2024,
quando o ex-presidente foi
indiciado pela PF. Disse que Bolsonaro
respeitou o resultado da eleição (não respeitou) e que a posse
aconteceu em plena normalidade (não aconteceu).
No 7 de Setembro de 2025, Tarcísio também
estava lá. Dessa vez, foi ele quem mandou
um recado para o STF: "Não vamos aceitar que nenhum ditador diga
o que temos que fazer."
Se se tornasse presidente, Tarcísio seria
mais leal do que nunca: concederia
um indulto a Bolsonaro, preso por tramar para derrubar a democracia.
As demonstrações de lealdade, porém, não
foram suficientes. Por meses a fio, Tarcísio teve
seu nome cotadíssimo para a disputa presidencial. No fim, soube por
Flávio que Jair havia escolhido
o senador. Na hora da promoção, o chefe preteriu o funcionário mais fiel em
benefício do filho.
Tarcísio silenciou por dias, evitou a
imprensa e, enfim, declarou apoio a Flávio. Disse, porém, que
haverá outras candidaturas. Antes, afirmava que a direita estaria unida. A
mudança pode ser por descontentamento ou por prever que ainda pode concorrer.
O governador também lembrou que a lealdade a
Bolsonaro é inegociável. Até aqui, não há dúvidas. Resta saber qual será seu
custo político para o futuro de Tarcísio.

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