quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Opinião do dia – Roberto Freire

Tentar impedir o livre funcionamento dos poderes da República é crime. Não é uma coisa qualquer, mas um atentado contra a democracia.

O que aconteceu hoje aqui foi que um grupo de cidadãos brasileiros veio atentar contra o livre funcionamento do Poder Legislativo e invadiu o plenário da Câmara. Para que a República brasileira não fique assistindo a esses atentados como se isso fosse algo normal numa democracia. Não é.

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Roberto Freire é deputado Federal e presidente nacional do PPS

Ex-governador Sérgio Cabral é preso em casa pela Polícia Federal

• Juiz Sérgio Moro aparece como um dos autores de mandado de prisão preventiva contra o ex-governador do Rio. Peemedebista é acusado de liderar desvio de R$ 224 milhões em propinas. A ex-primeira-dama Adriana Ancelmo será levada para depor em condução coercitiva

Cabral é preso pela Lava-Jato acusado de liderar grupo que desviou R$ 224 milhões em contratos de obras

• Em cooperação inédita, juiz Sérgio Moro também expediu mandado de prisão preventiva contra o ex-governador do Rio

Por Chico Otavio e Daniel Biasetto – O Globo

RIO - Agentes da Polícia Federal e da força-tarefa do Ministério Público Federal do Rio cumprem nesta manhã de quinta-feira dois mandados de prisão preventiva contra o ex-governador Sérgio Cabral - já preso - e outras oito pessoas ligadas ao peemedebista, acusado de liderar um grupo que desviou cerca de R$ 224 milhões em contratos com diversas empreiteiras, dos quais R$ 30 milhões referentes a obras tocadas pela Andrade Gutierrez e a Carioca Engenharia. A ex-primeira-dama Adriana Ancelmo é um dos alvos, porém, ela será levada para depor na sede da PF local em condução coercitiva.

Adriana Ancelmo, que deve ser liberada após prestar depoimento, chegou a ter o seu pedido de prisão pelo MPF analisado pela Justiça, mas negado pelo juiz Marcelo Bretas.

Os agentes entraram dentro do apartamento do ex-governador, no Leblon, Zona Sul do Rio. Até o momento dez pessoas foram presas: Cabral, Wagner Jordão Garcia, ex-assessor do ex-governador, o ex-secretário de Governo Wilson Carlos, com dois mandados de prisão também (temporária e preventiva), e outras sete pessoas.

Além de Cabral, que já está na sede da PF, são alvos da operação o ex-secretário estadual de Obras Hudson Braga, e o ex-assessor do governador Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, o Carlinhos, ex-marido de uma prima de Cabral.

Outros operadores são alvos da ação: José Orlando Rabelo e Luiz Paulo Reis.
No total, há 34 mandados de busca e apreensão em três cidades além do Rio - Mangaratiba, Paraíba do Sul e Itaipava, e outros 14 de condução coercitiva.

Todos os alvos de prisão preventiva deverão ser levados para a Superintendência da PF no Rio, e após prestarem depoimento, serão encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) para realizar exames de corpo de delito.

Ex-governador do Rio Sérgio Cabral é preso em nova fase da Lava Jato

• PF investiga o desvio de recursos públicos federais em obras realizadas pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro; prejuízo estimado é superior a R$ 220 milhões

Sérgio Cabral é preso na Operação Calicute, nova fase da Lava Jato

• Em nota, a PF informou que a investigação identificou fortes indícios de cartelização de grandes obras executadas com recursos federais mediante o pagamento de propinas a agentes estatais, incluindo o ex-governador do Rio

Julia Affonso e Fausto Macedo - O Estado de S. Paulo

A Polícia Federal, com o Ministério Público Federal e a Receita Federal, deflagram nesta quinta-feira, 17, a Operação Calicute com o objetivo de investigar o desvio de recursos públicos federais em obras realizadas pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. O prejuízo estimado é superior a R$ 220 milhões. O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), foi preso preventivamente. O peemedebista estava em sua casa, no Leblon, e foi levado pela PF sob gritos de ‘ladrão’.

'Inaceitável', afirma Temer sobre invasão da Câmara

• Em pronunciamento lido pelo porta-voz da Presidência,peemedebista condena manifestação de grupo que defendeu intervenção militar

Vera Rosa - O Estado de S. Paulo

Brasília - O presidente Michel Temer condenou nesta quarta-feira, 16, a invasão do plenário da Câmara por manifestantes. Segundo ele, ações como esta são “inaceitáveis”.

"Episódios como o de hoje são inaceitáveis e serão combatidos à luz da lei, em defesa da garantia de integridade de cada uma das instituições de Estado", afirmou em pronunciamento lido pelo porta-voz da Presidência, Alexande Parola.

Manifestantes de direita promovem quebra-quebra e invadem a Câmara

Daniel Carvalho, Ranier Bragon, Paulo Gama – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Cerca de 50 manifestantes que se diziam de direita e favoráveis a uma intervenção militar no Brasil invadiram o plenário da Câmara dos Deputados na tarde desta quarta-feira (16).

Pouco depois das 15h30, eles quebraram a porta de vidro que dá acesso ao plenário, onde o primeiro vice-presidente da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), presidia a sessão e tomaram a Mesa. Nesse instante, havia menos de dez deputados em plenário.

A bandeira do Brasil foi arrancada e jogada no chão. Houve tumulto com os policiais legislativos, que usaram armas de choque, segundo servidores que estavam no local.

De acordo com o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), no momento em que os manifestantes entraram, o tablet de um parlamentar caiu no chão e o servidor que se abaixou para pegá-lo foi chutado. "É uma situação absurda, que nunca vi no Parlamento", afirmou.

Com uma pauta de reivindicação difusa e sem líderes claramente definidos, os manifestantes gritavam "viva Sergio Moro", juiz responsável pela Operação Lava Jato, e pediam a presença de um general e do presidente Michel Temer.

Eles pregam a ditadura

Um grupo de cerca de 50 pessoas ocupou ontem por mais de três horas o plenário da Câmara para pedir uma intervenção militar e o fechamento do Congresso Nacional. Após a invasão, leram um manifesto em que acusam o governo de estar "implantando o comunismo no Brasil".

Militantes invadem Câmara para pedir intervenção militar

Por Fabio Murakawa e Raphael Di Cunto – Valor Econômico

BRASÍLIA - Um grupo de cerca de 50 manifestantes invadiu ontem o plenário da Câmara dos Deputados para exigir a intervenção militar no Brasil e o fechamento do Congresso Nacional. Os manifestantes permaneceram durante mais de três horas no local, provocando o cancelamento de uma sessão conjunta do Congresso, agendada para ontem.

Ataques ao Legislativo

• Manifestantes invadem Câmara e tentam entrar na Assembleia do Rio

Grupo de cerca de 40 pessoas quebra vidraças, ocupa plenário e sobe na Mesa da direção da Casa, sendo detido após interromper a sessão dos deputados para, numa atitude antidemocrática, pedir intervenção militar no país

No dia em que servidores do Estado do Rio voltaram a atacar a Assembleia Legislativa, onde está sendo analisado o pacote do governo Pezão para conter gastos, um grupo de cerca de 40 pessoas invadiu o plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, para protestar contra a corrupção e pedir intervenção militar no país, o que é inconstitucional. Os invasores quebraram portas, enfrentaram policiais e interromperam a sessão. A direção da Câmara determinou a prisão dos manifestantes, que foram levados para a PF. O governo condenou o ato.

Ministro pede punição exemplar a invasores

• Grupo de direita é detido após ocupar plenário da Câmara para defender intervenção militar; PF investigará

Isabel Braga, Leticia Fernandes, Manoel Ventura, Jailton de Carvalho, Catarina Alencastro e Eduardo Barreto - O Globo

-BRASÍLIA- Em invasão inédita, que durou cerca de três horas, o plenário e a Mesa da Presidência da Câmara foram ocupadas ontem por um grupo de cerca de 40 manifestantes que pedia intervenção militar. A ação foi condenada pelo Planalto, e o ministro da Defesa, Raul Jungmann, defendeu “punição exemplar”, afirmando que os métodos do grupo estão totalmente descolados da realidade do país e do papel constitucional das Forças Armadas. O setor de inteligência do Palácio do Planalto identificou os invasores como um grupo pequeno, de direita.

— Espero uma punição exemplar desses que desrespeitaram o Poder Legislativo, que representa a soberania popular. As Forças Armadas repelem energicamente qualquer ação fora do que prevê a Constituição e a democracia — disse o ministro ao GLOBO.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se recusou a negociar com os manifestantes e acionou a Polícia Federal para detê-los.

— Não vamos aceitar esse tipo de abuso e agressão ao Parlamento brasileiro. Negociação a gente faz antes dos baderneiros quebrarem o plenário da Câmara dos Deputados. Não tenho o que conversar com quem já quebrou patrimônio público, com quem já agrediu o Parlamento brasileiro. Só há um caminho a ser tomado: a prisão — disse Maia.

Parte do grupo já estava em Brasília há alguns dias

• Ação foi planejada, e integrantes chegaram aos poucos para despistar

Leticia Fernandes e Isabel Braga - O Globo

-BRASÍLIA- A segurança da Câmara foi surpreendida pelos manifestantes que invadiram o plenário de forma orquestrada na tarde de ontem. Segundo policiais legislativos, o grupo foi chegando à Casa aos poucos e em horários diferentes, desde a manhã. Para despistar, teriam se reunido em pequenos grupos em locais diferentes do Salão Verde, porta de entrada para o plenário, antes de forçarem a entrada pela porta principal. Na chegada à Câmara, todos se identificaram, mas policiais disseram que é difícil controlar para onde vai cada visitante. Antes da invasão, parte do grupo chegou a transitar livremente pelo corredor que dá acesso ao gabinete do presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), que chegou à Casa na mesma hora em que começou a invasão.

Garotinho é preso no Rio acusado de compra de votos

Por Alessandra Saraiva, Rafael Rosas e André Guilherme Vieira – Valor Econômico

RIO e SÃO PAULO - Preso preventivamente ontem pela Polícia Federal (PF), no Rio, o ex-governador do Estado e secretário de Governo da Prefeitura de Campos dos Goytacazes (RJ), Anthony Garotinho (PR), é acusado de comandar com "mão de ferro", um verdadeiro esquema de corrupção eleitoral, afirmou no mandado de prisão o juiz Glaucenir Silva de Oliveira, da 100ª Zona Eleitoral de Campos.

Para o juiz - que já havia recebido denúncia do Ministério Público Eleitoral e tornado o ex-governador réu por crime eleitoral -, Garotinho não só estava envolvido no esquema, como comandava a corrupção eleitoral, por meio de "programa assistencialista eleitoreiro e que tornou-se ilícito diante da desvirtuação da finalidade precípua".

O ex-governador foi preso de manhã, no apartamento dele, no Flamengo, Zona Sul do Rio. O caráter preventivo da detenção significa que não há prazo definido para libertação. No fim da tarde de ontem, Garotinho passou mal com pressão alta e foi hospitalizado. No dia 9 deste mês, um pedido de habeas corpus ajuizado pelos advogados dele havia sido negado pelo próprio juiz Oliveira.

Defesa de Lula diz ter certeza de condenação

• Advogados anunciaram a inclusão, na reclamação feita em comitê da ONU, de novas evidências de violações contra o ex-presidente no Brasil

Jamil Chade - O Estado de S. Paulo

GENEBRA - Os advogados de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmam dar como certa a condenação do petista nos processos relacionados à Operação Lava Jato. Em entrevista a jornalistas na Suíça, os defensores chamaram a Justiça brasileira de “primitiva”, atacaram a imprensa e sugeriram que, por causa das investigações, os Estados Unidos ficarão com o petróleo brasileiro.

“Moro age de uma forma inaceitável”, disse o advogado australiano Geoffrey Robertson, que representa Lula no caso apresentado pelo ex-presidente no Comitê de Direitos Humanos da ONU. A declaração à imprensa em Genebra foi convocada para anunciar a inclusão de novas evidências na reclamação protocolada em julho no órgão internacional.

PMDB de Pezão já tenta recuar

Após protestos violentos no primeiro dia de debate do pacote anticrise na Alerj, o PMDB, partido do governador Pezão, cobrou recuo no ajuste fiscal. A base do governo quer mudanças nas medidas mais impopulares, como o aumento da contribuição previdenciária. Em frente à Alerj, manifestantes agrediram três jornalistas; entidades repudiaram.

Pressão por recuo

• Diante da reação de servidores, bancada do PMDB vai exigir de Pezão mudanças no pacote

Carina Bacelar, Rafael Galdo e Selma Schmidt - O Globo

A primeira sessão para discutir o pacote de ajustes na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), que começou com protestos violentos do lado de fora da Casa, terminou com a bancada dos 16 deputados do PMDB — partido do governo — determinada a exigir um recuo do estado em relação aos projetos. Nos bastidores, os parlamentares dizem que as propostas enviadas pelo Executivo são “mal-acabadas e malfeitas”. Hoje, os peemedebistas pretendem se reunir com o governador Luiz Fernando Pezão para tentar convencê-lo a rever pontos do conjunto de medidas. Para aliados do governo, diante da pressão dos servidores que ontem chegaram a derrubar a cerca montada no entorno da Alerj, o Palácio Guanabara terá que ceder em alguns pontos do pacote.

Governo federal teme que protestos se espalhem pelo país

• Fonte ligada a Temer diz que mobilização no Rio é ‘consistente’

Catarina Alencastro, Eduardo Barretto - O Globo

-BRASÍLIA- O presidente da República, Michel Temer, acompanhou com preocupação o noticiário sobre a manifestação em frente à Assembleia Legislativa (Alerj). Segundo um de seus assessores, a situação do estado aflige Temer porque, para o presidente, os protestos no Rio se tornaram “crônicos” e podem inspirar atos semelhantes em outros estados. Já o tumulto ocorrido na Câmara dos Deputados, em Brasília, foi classificado pelo Palácio do Planalto como “um incidente isolado”.

— A situação mais preocupante, sem dúvida, é a do Rio de Janeiro, que tem um movimento já consistente, crônico, de servidores contra as reformas propostas pelo governo do estado. Aqui, em Brasília, foi uma coisa pontual, um incidente isolado — disse um interlocutor do presidente.

Apesar de, na avaliação da equipe de Temer, ainda ser cedo para a avaliação de um eventual desdobramento da invasão à Câmara, o serviço de inteligência da presidência fez uma pesquisa sobre os participantes do ato. A análise indicou que o protesto foi realizado por um grupo restrito, com posições políticas de direita.

Meirelles diz que governo vai reduzir projeção do PIB de 2017

• Para ministro, eleição de Trump torna mais urgente aprovar reformas

Bárbara Marcolini, Henrique Gomes Batista - O Globo

NOVA YORK E WASHINGTON - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse ontem, em evento com investidores em Nova York, que será divulgada na próxima semana uma projeção de crescimento do PIB do próximo ano menor do que o 1,6% previsto originalmente, mas garantiu que o país voltará a crescer em 2017. Segundo o ministro, dados recentes mostram que muitas companhias precisam de mais tempo para se recuperar. De acordo com Meirelles, com a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA, torna-se mais importante a aprovação de medidas para alavancar a economia brasileira.

Pequena indústria sofre para pagar 13º salário

• Com queda no faturamento, quase sete em cada dez fabricantes de menor porte dizem ter dificuldades para bancar benefício de fim de ano

Douglas Gavras - O Estado de S. Paulo

Como reflexo da queda do consumo e a retração do faturamento, quase sete em cada dez micro e pequenas indústrias paulistas enfrentam dificuldades para pagar o 13º salário dos funcionários neste ano. Para 17% delas, a situação é ainda mais grave e já se trabalha com a perspectiva de atrasar o repasse do benefício. Os dados são de um levantamento do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi). As empresas paulistas correspondem a cerca de 40% do total de micro e pequenos fabricantes do País, segundo o Simpi.

A fabricante de parafusos Tec Stam é uma das que terá de postergar o pagamento de fim de ano dos empregados. “É uma situação muito constrangedora. A segunda parcela, que deveríamos repassar para a equipe até dezembro, só vamos conseguir pagar em fevereiro, com recursos próprios”, diz Humberto Gonçalves, sócio da firma.

O barato de 2016 - José Roberto de Toledo

- O Estado de S. Paulo

Ao autodoação de candidatos a prefeito teve efeito marginal na eleição de 2016, a primeira em que as doações empresariais foram proibidas. Os números não respaldam o argumento de que essa nova regra favoreceu os candidatos que podiam doar mais para si próprios. O problema da legislação é outro: a falta de limite absoluto do que os multimilionários podem investir na eleição.

Antes, porém, é preciso medir o efeito positivo da nova regra.

A proibição das doações de empresas é a mudança mais importante da regulação das eleições no Brasil em muito tempo. Seu principal efeito foi uma redução drástica do custo das campanhas. Em 2016, os candidatos a prefeito arrecadaram um terço do que haviam conseguido em 2012. Descontada a inflação, a redução foi de 67%. É fantástico.

Pelas regras válidas até 2012, era para a eleição deste ano ter movimentado R$ 3,8 bilhões. Saiu R$ 2,5 bimais barata. No mínimo, ficou mais difícil para candidatos comprarem votos – de um lado – e para empresas com interesses nos governos locais investirem em troca de favores com os futuros prefeitos. Diminuíram drasticamente as oportunidades para corrupção.

Vai que cola - Ranier Bragon

-Folha de S. Paulo

Toda vez é a mesma história. Algum escândalo ou outro fenômeno "não republicano" estoura e lá vem uma "reforma política".

Que o sistema político precisa de mudança não há controvérsia. Mas, por mais que incautos queiram acreditar que a maioria dos 594 congressistas esteja preocupada com a crise de representatividade, com o desencanto do eleitor ou com outra razão mais ou menos altiva, a boa notícia é que eles estão preocupados.

Bastante, eu diria. O problema é que o sufoco no coraçãozinho do chão de fábrica da Câmara e do Senado passa longe do "nobre" que eles usam para se referir uns aos outros. O medo é o de não se reeleger em 2018 depois que o Supremo proibiu empreiteiras, bancos e assemelhados de abastecer as campanhas.

A bandeira da desordem - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• Se as regras do jogo não são respeitadas e a desordem se instala, a bandeira da ordem surge nas mãos de quem tem mais força para empunhá-la

Um grupo de manifestantes de extrema-direita, que defende a instauração de uma nova ditadura militar, invadiu ontem o plenário da Câmara e o manteve ocupado por várias horas, depois de quebrar a porta de vidro do plenário e enfrentar a Polícia Legislativa. Na véspera, dia da Proclamação da República, o grupo havia feito um protesto no gramado em frente ao Congresso. A ação coincidiu com a tentativa de nova invasão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, por policiais revoltados com o pacote fiscal do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que somente foi contida pela ação do batalhão de choque da Polícia Militar fluminense.

O cenário Rio - Míriam Leitão

- O Globo

O tempo ficou curto para que os estados evitem, em suas finanças, o cenário do Rio. A crise é uma combinação de erros: aumento descontrolado de gastos com pessoal, registro estatístico falho das despesas, uso de empréstimos e de outras receitas atípicas para pagamentos de salários. A recessão provocada pelo Governo Federal aprofundou o desequilíbrio que aconteceria de qualquer forma.

O governo Dilma incentivou esse quadro de descontrole quando deu uma sequência de avais para que os estados se endividassem. A recessão provocou a redução das despesas. Por isso a crise ficou mais aparente agora. A secretária de Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão, lembra que a nova matriz econômica flexibilizou a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e permitiu que os estados tomassem empréstimos com o aval do Tesouro. Com isso, receitas atípicas foram usadas para pagamento não só de investimentos, mas de salários.

A revolta dos que não têm partido - Vinicius Torres Freire

- Folha de S. Paulo

Os aloprados que invadiram o plenário da Câmara temperam com pitadas de ideias podres o caldo da crise brasileira, que tem dado umas fervidas nestes dias. Não entorna pelo país inteiro. Mas preocupa.

É fácil desconsiderar o bando que expulsou deputados federais de suas cadeiras a fim de pedir golpe militar. Quem teve o lazer ou o trabalho de assistir à TV na tarde desta quarta-feira (16) via imagens dos aloprados se alternando, por exemplo, com o caso muito mais sério da revolta dos servidores do Rio.

No entanto, aloprados da extrema-direita voltaram a dar a cara nas ruas desde o Junho de 2013 até a campanha da deposição de Dilma Rousseff. Um deputado inominável do PSC do Rio elogia a tortura em plenário e reivindica o legado da ditadura militar. O PSC é o partido do líder do governo na Câmara, André Moura, aliás padrinho de algumas das mumunhas para dar folga a corruptos públicos e privados.

Loteamento à Temer - Maria Cristina Fernandes

- Valor Econômico

• Assessor especial da Presidência nunca foi nomeado

No fim da manhã de ontem o telefone tocou num gabinete no terceiro andar do Palácio do Planalto onde despacha o assessor especial do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Sandro Antonio Scodro.

A secretária informou que o assessor, mais conhecido pelo sobrenome, Mabel, tomado de empréstimo de sua antiga fábrica de biscoitos, não estava. Naquele momento, disse, despachava com o presidente.

O despacho não constava da agenda oficial do presidente Michel Temer. Até aí, nada demais. Assessores especiais entram e saem dos gabinetes deste e de quaisquer presidentes sem registro oficial. Assim o fazem o chefe do Gabinete Pessoal, José Yunes, titular, até a posse do presidente, de um escritório de advocacia em São Paulo, e Rodrigo Rocha Loures, ex-deputado federal pelo PMDB, herdeiro da empresa de alimentos Nutrimental e colaborador de Temer desde a Vice-Presidência.

Eis os culpados - Carlos Alberto Sardenberg

- O Globo

• O Rio de Janeiro é o exemplo limite do que pode acontecer, mas quase todos os estados caminham para o mesmo buraco

Imagine uma empresa ou uma família que estão gastando mais do que arrecadam e, pior, encontram-se numa dinâmica em que as despesas sobem todos os anos acima das receitas. Imagine ainda que uma das despesas represente 60% do total gasto. Segue-se que:

1) a empresa ou a família precisam fazer um ajuste;

2) esse ajuste deve incluir aumento de receita e corte de despesas;

3) o corte deve incidir mais fortemente na despesa maior, certo?

Pois é essa a situação dos governos estaduais. No ano passado, gastaram R$ 542,5 bilhões (despesa primária, não financeira). Desse total, a parcela maior (60%) foi para o pessoal. Como o nome diz, trata-se aqui de todos os pagamentos a pessoas, incluindo funcionários ativos e inativos, civis e militares, do Executivo, Legislativo e Judiciário. Aqui tem de salários a benefícios, de aposentadorias a todos os tipos de auxílio, de horas normais e extras a gratificações.

O motivo do fracasso da política fiscal de Dilma - Ribamar Oliveira

- Valor Econômico

• Impacto sobre o PIB de subsídios e desonerações é nulo

O governo da ex-presidente Dilma Rousseff realizou uma forte política fiscal anticíclica no período de 2011 a 2014, mas ela não foi suficiente para sustentar o crescimento econômico. Ao contrário, a economia brasileira continuou em sua tendência de desaceleração, que terminou na pior recessão da história do país. Qual foi a razão para a baixa resposta aos grandes estímulos fiscais concedidos durante tantos anos?

Recente estudo dos economistas Rodrigo Orair, Sergio Gobetti e Fernando de Faria Siqueira obteve evidências que reforçam a ideia de que o insucesso da estratégia de Dilma e Guido Mantega, então ex-ministro da Fazenda, foi a mudança no mix da política fiscal do período, pois o governo reduziu os investimentos e aumentou os gastos com subsídios, desonerações tributárias e outras itens, que não têm quase nenhum impacto sobre o PIB.

Farinha pouca, meu pirão primeiro - *Bolívar Lamounier

- O Estado de S. Paulo

• Embora só agora vá perceber isso, há muito o Brasil está impregnado pelo ‘trumpismo

Os conflitos que dividem as sociedades atuais podem ser classificados em três tipos. Há os baseados em clivagens relativamente fixas, como a raça, a religião ou diferenças linguísticas. Há os baseados em divisões ideológicas, notadamente na contraposição entre direita e esquerda. E há conflitos econômico-redistributivos: a onipresente luta entre indivíduos, empresas e setores para manter ou aumentar sua participação no output total da sociedade.

Esses três tipos se interligam e superpõem de várias formas. A intensidade de cada um varia de uma sociedade para outra, ou de um período histórico para outro. A intensidade conjunta dos três também varia, ou seja, certas sociedades e certos períodos são mais conflituosos do que outros.

A revolta dos ‘deploráveis’ - Demétrio Magnoli

- O Globo

O Iluminismo está em crise. Não estou certo se cabe uma análise política de um fenômeno como Trump. Estamos em outro terreno, podemos chamá-lo de realismo mágico, de antropologia, de qualquer outra coisa. E o pior é que parece haver um desprezo generalizado dos cidadãos comuns, uma revolta clara contra tudo que pode ser classificado como elite intelectual ou jornalística.

John Carlin, autor do diagnóstico, é o refinado jornalista britânico que escreveu “Playing the Enemy”, a narrativa de como Nelson Mandela promoveu a reconciliação racial na África do Sul por meio da Copa do Mundo de Rúgbi. Contudo, diante do “fenômeno Trump”, um Carlin aturdido rende-se às facilidades da arrogância. Classificar o resultado eleitoral nos EUA como “realismo mágico”, rejeitando a hipótese de uma análise política, é praticamente o mesmo que repetir uma frase desastrosa proferida na campanha por Hillary Clinton, quando ela crismou como “deploráveis” os eleitores do adversário. A soberba dos dois, e de tantos outros, evidencia uma fratura maior, de natureza cultural e geográfica.

O intocável – Editorial/O Estado de S. Paulo

Há uma semana, foi lançada em São Paulo mais uma campanha pela imunidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atualmente réu em três processos relacionados a casos de corrupção. O nome do movimento – “Por um Brasil justo para todos e para Lula” – não deixa margens a dúvida quanto à sua natureza. Não basta ser justo com todos. Com Lula, é preciso um pouco mais. Trata-se de mais uma tentativa de manipular valores e princípios democráticos, como a igualdade de todos perante a lei e a presunção de inocência, para fins muito distantes dos ideais democráticos. Querem o velho e imoral tratamento privilegiado para o ex-presidente.

Justiça para todos, sim, mas que para Lula seja reservada uma especial justiça, que não lhe traga constrangimentos nem muito menos ouse questionar o seu comportamento com a fria métrica legal. Sim, todos são iguais perante a lei e devem se submeter à justiça, mas Lula – parecem dizer os promotores da campanha – deve ser mais igual que os outros. Mais que por justiça, o tom do clamor é por uma desigual condescendência.

O caráter autoritário dos ataques ao Legislativo -Editorial/O Globo

• Grupos organizados demonstraram ontem o mais categórico e absoluto desrespeito às instituições da democracia — regime que, aliás, lhes concede o direito de protestar

Merecem o mais veemente repúdio os ataques ao Legislativo protagonizados ontem, no Rio e em Brasília, por grupos organizados. No Rio, policiais, bombeiros e servidores da previdência estadual cercaram e tentaram invadir, mais uma vez, a Assembleia. Protestavam contra o atraso de salários e medidas propostas pelo governo fluminense para atenuação da crise. Confrontaram a força encarregada da segurança do patrimônio público.

Enquanto isso, em Brasília, outro grupo invadia o plenário da Câmara. Interrompeu a sessão e cercou deputados. O grupo era difuso na origem e na motivação do protesto. Organizado, ocupou o plenário com gritos por uma “intervenção militar”. Mais insólito, impossível.

Charada na Câmara – Editorial/Folha de S. Paulo

A fragmentação partidária e o excesso de heterogeneidade na base de apoio ao governo federal continuam a fazer seus estragos na condução dos negócios de Estado no Brasil.

O presidente Michel Temer (PMDB), oriundo da sigla que bem simboliza a tradicional ausência de coesão, enfrenta o problema de sempre. Todos torcem para que não cometa os mesmos erros da antecessora, Dilma Rousseff (PT), cuja inabilidade com o Congresso só agravou a corrosão das práticas políticas pela ganância e pelo oportunismo em seu partido.

Não bastasse a urgência de reerguer a atividade econômica e estancar o desemprego no país, agora no cenário de incerteza agravado com a eleição de Donald Trump nos EUA, Temer ainda tem de resolver o imbróglio da eleição na presidência da Câmara em fevereiro.

Pressão dos Estados por recursos ameaça ajuste fiscal – Editorial/Valor Econômico

Em busca de dinheiro para tentar escapar de situação pré-falimentar, os Estados estão pressionando o governo federal por ajuda e, mais uma vez, recorrendo ao Supremo Tribunal Federal para conseguir mais recursos. O STF mandou a União depositar em juízo o dinheiro da multa referente à repatriação de recursos, cuja repartição os 23 Estados que foram à Justiça acreditam ter igualmente direito - pouco mais de R$ 4,4 bilhões. Os Estados já receberam igual quantia do IR dos recursos no exterior que foram declarados. Mas, como cavaram fundo o buraco das dívidas, ainda assim faltará dinheiro. O presidente Michel Temer parece disposto a ceder a algumas demandas estaduais, mas o espaço para isso é exíguo se a União quiser cumprir as metas fiscais.

Em uma decisão política, o presidente pediu à equipe econômica que encontre uma saída para que os Estados possam pagar o 13º salário do funcionalismo. Como o ministro da Fazenda não emite dinheiro e a União não deveria se sentir confortável com um déficit de R$ 170 bilhões no ano, só restaria aos Estados parcelar os salários ou enquadrar sua folha de pagamentos ao dinheiro disponível, demitindo funcionários. O tipo de mágica a ser encontrado para evitar protestos nos Estados definirá a força da intenção do governo em conduzir o aperto nas contas públicas prometido pela PEC 241, já aprovada na Câmara e em vias de ser votada no Senado.

Implosão fiscal e recessão mais demorada reforçam urgência de reformas. E a Lava-Jato - Jarbas de Holanda

Uma primeira quinzena de novembro marcada, desde o início, pela piora da situação fiscal e, de uma semana para cá, por implicações negativas para os cenários macro e microeconômico do resultado do pleito presidencial dos EUA. Seguem-se dois ingredientes básicos (com suas consequências econômicas e sociais) dessa conjuntura. 1º - Virtual falência do governo do estado do Rio (de que é emblemática a prisão hoje cedo de Sérgio Cabral), com o acúmulo dos atrasos de pagamento ao funcionalismo e cortes até de serviços essenciais de saúde e segurança pública.

Quadro extremamente crítico que começa a reproduzir-se nas administrações de vários estados e de milhares de municípios. Produto de longa mistura de gigantismo das máquinas governamentais, com o salto ano a ano das despesas com servidores ativos e inativos. Distorção turbinada nos últimos dez anos pela agenda populista do lulopetismo, e agravada pelos efeitos da recessão na forte queda das receitas. 2º - Revisão, para baixo, das estimativas do mercado e do próprio governo Michel Temer sobre a recuperação da economia e a reversão do desemprego.

Difícil ser Funcionário – João Cabral de Melo Neto

Difícil ser funcionário
Nesta segunda-feira.
Eu te telefono, Carlos
Pedindo conselho.

Não é lá fora o dia
Que me deixa assim,
Cinemas, avenidas,
E outros não-fazeres.

É a dor das coisas,
O luto desta mesa;
É o regimento proibindo
Assovios, versos, flores.

Eu nunca suspeitara
Tanta roupa preta;
Tão pouco essas palavras —
Funcionárias, sem amor.

Carlos, há uma máquina
Que nunca escreve cartas;
Há uma garrafa de tinta
Que nunca bebeu álcool.

E os arquivos, Carlos,
As caixas de papéis:
Túmulos para todos
Os tamanhos de meu corpo.

Não me sinto correto
De gravata de cor,
E na cabeça uma moça
Em forma de lembrança

Não encontro a palavra
Que diga a esses móveis.
Se os pudesse encarar…
Fazer seu nojo meu…