sábado, 10 de junho de 2017

Opinião do dia – Roberto Freire

A árdua tarefa de reerguer o Brasil e reconduzir o país aos trilhos do crescimento, a cargo do governo de transição, deve ser compartilhada por todos os que temos espírito público, responsabilidade e compromisso com o futuro. Independentemente do recrudescimento da grave crise política e moral que o país enfrenta neste momento, é preciso reunir forças em torno das reformas em tramitação no Congresso Nacional, propostas modernizadoras que nos levarão a um novo patamar de desenvolvimento. Superar a verdadeira herança maldita deixada por Lula e Dilma não é fácil, mas estamos no caminho certo e temos a obrigação de avançar.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS, “A ‘herança maldita’ e o futuro”, Diário do Poder, 9/6/201.

TSE mantém Temer na Presidência por 4 votos a 3

Com voto decisivo de Gilmar, TSE absolve Temer e Dilma

Ministro desempata julgamento e diz que 'não se pode substituir um presidente a qualquer hora'; por 4 votos a 3, Corte rejeita a cassação da chapa de 2014

Breno Pires | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Em um discurso a favor da “estabilidade institucional”, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, deu o voto decisivo para desempatar o julgamento e livrar o presidente Michel Temer de ter o mandato de cassado em sessão do tribunal nesta sexta-feira, 9. O placar terminou em 4 a 3. O resultado manteve também os direitos políticos da ex-presidente Dilma Rousseff.

Próximo ao Palácio do Planalto, Gilmar argumentou que “não se substitui um presidente da República a toda hora, ainda que se queira”. Para ele, isso não se trata de “fricote processualístico”, mas sim do equilíbrio do mandato. “A Constituição valoriza a soberania popular, e não de acordo com a nossa vontade. A cassação de mandatos deve acontecer em situações inequívocas”, disse.

O presidente do TSE voltou a repetir que não é papel da corte resolvera crise política. Segundo Gilmar, ele disse a parlamentares que lhe procuraram nas últimas semanas, que se eles quisessem “impichar” o presidente, que fizessem pelas “vias normais”, pois o “tribunal não é instrumento para disputas políticas”.

Para Planalto, resultado representa funcionamento das instituições democráticas

Porta-voz da Presidência afirma que presidente concluiu que a justiça prevaleceu 'de forma plena e absoluta'

Carla Araújo e Tânia Monteiro, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O porta-voz do Palácio do Planalto, Alexandre Parola, disse nesta noite de sexta-feira, 9, que o presidente Michel Temer recebeu o resultado do processo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que absolveu a chapa Dilma-Temer, “como um sinal de que as instituições nacionais continuam a garantir o bom funcionamento da democracia brasileira. Houve amplo debate e prevaleceu a justiça, de forma plena e absoluta”, declarou Parola.

O porta-voz disse ainda que Judiciário se manifestou “de modo independente”. “Cada um de nós acatará com sobriedade, humildade e respeito a decisão do TSE.”

Após TSE, Planalto se volta para o Congresso

Vaivém do PSDB abre espaço para ‘baixo clero’ do Centrão crescer no governo Temer

Vera Rosa | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Depois do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a estratégia montada pelo Palácio do Planalto é uma ofensiva contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e os rumos da Lava Jato. Para “desconstruir” Janot e também o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Temer espera contar com o Congresso, na tentativa de impedir o avanço de provável denúncia contra ele.

A absolvição do presidente pelo TSE não significa o fim da crise. O governo precisará de pelo menos 172 votos na Câmara para barrar a esperada acusação do Ministério Público. Em conversa reservada, um ministro próximo do presidente disse ao Estado que a maioria dos deputados, com receio da Lava Jato, não vai fortalecer Janot nem Fachin nessa ‘‘batalha’’. Temer é investigado por corrupção passiva, obstrução de Justiça e participação em organização criminosa.

Temer não responda perguntas da Polícia Federal

Temer diz não à PF de novo, pede arquivamento de inquérito e afirma que sofre ‘abusos e agressões’

Presidente acuado pela delação da JBS na Operação Patmos, que o põe sob suspeita de corrupção, organização criminosa e obstrução da Justiça, silencia, não responde a interrogatório e ataca em blocos o conteúdo das indagações da Polícia Federal

Fausto Macedo, Julia Affonso, Fábio Serapião e Vera Rosa | O Estado de S. Paulo

O presidente Michel Temer disse não à Polícia Federal. Em petição entregue nesta sexta-feira, 9, ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o peemedebista ataca em 14 páginas as 82 perguntas que lhe foram dirigidas pela PF nos autos do inquérito da Operação Patmos, que o põe sob suspeita de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa no caso JBS.

A petição por Temer é subscrita pelo criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira, um veterano da advocacia com larga experiência nos tribunais superiores.

Temer pede arquivamento de inquérito

Temer pede arquivamento de inquérito e diz que não vai responder às perguntas

Naira Trindade | O Estado de S. Paulo

A defesa do presidente Michel Temer enviou para o Supremo Tribunal Federal pedido de arquivamento de inquérito e disse que Temer não vai responder às 82 perguntas da Polícia Federal.

“Desde já, e antecipando alguma das razões que trazem dificuldade para o Sr. Presidente da República responder às perguntas da autoridade policial, deve ser salientado, como se fez acima, que diversos questionamentos dizem respeito a fatos estranhos às funções presidenciais; outros referem-se a períodos não cobertos pelo seu mandado; alguns ao relacionamento entre terceiras pessoas. Note-se, que muitos deles partem da premissa do cometimento induvidoso de delitos e não objetivam perquirir a verdade, mas sim revelar meras circunstâncias de crimes que já estariam provados”, escreveu Antonio Mariz, em um dos 48 pontos do despacho.

“Culto Ministro, todas as considerações acima possuem o condão de mostrar as razões que levaram o Sr. Presidente a não responder ao questionário feito. Sem embargo do sentimento de injustiça e do sofrimento pessoal e de seus familiares, permanece pronto a atender quaisquer demandas de Vossa Excelência e do Excelso Supremo Tribunal Federal, tendo e passando a certeza de que dará continuidade à obra a qual se propôs: Contribuir eficazmente para a construção da Nação dos nossos sonhos”, continuou o advogado.

Gilmar desempata e TSE absolve Michel Temer por quatro a três

Por 4 a 3, TSE absolve chapa de 2014 e livra Temer de cassação

Marina Das, Camila Mattoso, Leticia Casado, Angela Boldrini | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O plenário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) absolveu nesta sexta-feira (9) o presidente Michel Temer no processo de cassação da chapa formada por ele e Dilma Rousseff nas eleições de 2014.

Foram 4 votos a 3 contra a cassação no processo aberto a pedido do PSDB, derrotado naquela disputa. Com o resultado do julgamento, o presidente, que concorreu como vice de Dilma, se mantém no cargo.

Depois de nove horas –entre quinta e sexta-feira– fazendo a leitura de seu voto, o relator da ação, ministro Herman Benjamin, pediu a cassação da chapa por abuso de poder político e econômico e disse que se recusava a fazer "papel de coveiro de prova viva".

"Me comportei como os ministros dessa Casa, os de hoje e os de ontem. Quero dizer que, tal qual cada um dos seis outros ministros que estão aqui nesta bancada comigo, eu, como juiz, recuso o papel de coveiro de prova viva. Posso até participar do velório, mas não carrego o caixão", disse.

Planalto vê instabilidade pós-TSE e mira emprego para superar crise

Bruno Boghossian | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Prevendo a manutenção do ambiente de instabilidade, apesar da vitória no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o presidente Michel Temer determinou a seus ministros que acelerem a implantação de medidas de estímulo ao emprego para tentar recuperar popularidade e respaldo político para superar a crise aberta pela delação da JBS.

Para o Palácio do Planalto, Temer superou um obstáculo com a absolvição da chapa eleitoral de 2014, mas a sucessão de acusações feitas contra o presidente pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e por delatores deve estender por meses o ambiente de insegurança em que mergulhou seu governo.

Temer e seus ministros preparam medidas de estímulo a setores específicos da economia, com o objetivo de tentar frear a alta do desemprego, incentivar a abertura de vagas e a recuperação da renda média do brasileiro.

Segundo auxiliares do presidente, esses fatores são âncoras do baixíssimo índice de popularidade de Temer, que dificilmente será revertido apenas com a superação política do escândalo da JBS.

Guerra à Lava Jato deve tomar espaço de reformas

Fortalecido, Temer defenderá reequilíbrio das instituições, com limites à atuação da Procuradoria-Geral da República

Daniela Lima – Folha de S. Paulo

Vencida a batalha no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o presidente Michel Temer e seus aliados se armam para guerra ainda mais árdua e, até agora, perdida por todos aqueles que em alguma medida a tentaram encampar: o questionamento sobre os limites da Operação Lava Jato.

Desde que mergulhou na profunda crise política que ameaça seu governo, Temer, seus auxiliares e advogados têm feito ataques ao rito e aos métodos que levaram a força-tarefa a ter elementos suficientes para acusá-lo de obstrução de Justiça e corrupção, por exemplo.

O discurso de que houve abusos e máculas no acordo de delação firmado pelos donos da JBS sustentou o presidente até aqui, mas ele pretende subir o tom. E atua, neste momento, para não fazer o movimento sozinho.

Procuradores da Lava Jato criticam ministros do TSE

Flávio Ferreira | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Os coordenadores da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba criticaram os ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que votaram pela impossibilidade do uso de provas do acordo de delação premiada da empreiteira Odebrecht no julgamento da chapa Dilma-Temer na sexta-feira (9).

Em seu perfil em uma rede social, o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima escreveu que o cientista político francês Olivier Dabène havia dito em entrevista que a sucessão de denúncias de corrupção no Brasil mostra o "cúmulo do cinismo" da classe política brasileira.

Após a citação, o procurador da Lava Jato no Paraná emendou: "Mas, na verdade, o verdadeiro cúmulo do cinismo é a cegueira intencional da maioria dos ministros do TSE em relação à corrupção exposta pelo acordo do MPF [Ministério Público Federal] com a Odebrecht".

Novos líderes precisam restaurar princípios, diz cientista político

Ana Luiza Albuquerque – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Uma das faces mais preocupantes da crise pela qual passa o Brasil é a ausência de lideranças e o esvaziamento dos partidos políticos.

É o que diz o cientista político José Álvaro Moisés, 72, diretor do núcleo de Políticas Públicas da USP (Universidade de São Paulo).

Segundo o professor, a desconfiança nas instituições –sejam o Congresso, as legendas ou a Justiça– deslegitima a democracia e cria a base social para o que chama de aventuras antidemocráticas.

Durante a entrevista, anterior à conclusão do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE, o especialista também se mostrou preocupado quanto à possibilidade do tribunal absolver o presidente. "Como isso vai recriar a confiança dos eleitores na Justiça?"

Folha - O senhor pesquisa a desconfiança das instituições há mais de uma década. Quais são as origens?

José Álvaro Moisés - A origem é um funcionamento negativo das instituições e a percepção de corrupção. Quando existe muita desconfiança por um tempo muito grande, isso deslegitima o regime democrático e cria a base social para aventuras antidemocráticas. Não é à toa que o [Jair] Bolsonaro tem 15% de intenção de votos [em outro cenário, sem o ex-presidente petista Lula e com o governador tucano Geraldo Alckmin, o deputado chega a 16% em pesquisa Datafolha realizada em abril deste ano].

TSE ignora provas

Apesar das revelações de corrupção, tribunal livra Temer de cassação por 4 a 3

Corte rejeitou documentos contra chapa liderada por Dilma; Gilmar Mendes deu o voto de Minerva

Mesmo reconhecendo crimes gravíssimos na campanha de 2014 de Dilma Rousseff e Michel Temer, o TSE absolveu os dois por 4 votos a 3. Mais cedo, pelo mesmo placar, a Corte decidira descartar as provas mais contundentes porque foram incluídas no processo após a ação inicial. O voto de Minerva foi do presidente, Gilmar Mendes. Votaram pela cassação com o relator, Herman Benjamin, os ministros Luiz Fux e Rosa Weber. Com Gilmar ficaram Napoleão Maia, Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira. Os problemas de Temer agora continuam no STF, onde responde a inquérito por corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.

Sem punição

Por 4 votos a 3, ministros do TSE ignoram provas e livram Temer da cassação

Carolina Brígido, André de Souza e Eduardo Bresciani | O Globo

BRASÍLIA - Depois de quatro dias de julgamento, e mesmo depois de reconhecer a existência de graves crimes pela chapa vitoriosa na eleição de 2014, a maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu ignorar as provas e absolveu o presidente Michel Temer e a ex-presidente Dima Rousseff.

Por quatro votos a três, os ministros deixaram de fora as evidências mais contundentes do processo, as delações de executivos da Odebrecht e dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura. Eles entenderam que elas não poderiam ser levadas em conta porque significariam uma ampliação indevida do objeto inicial do processo, aberto em dezembro de 2014. Com a decisão, Temer ganhou fôlego para tentar se manter no cargo, apesar da grave crise política instalada no país.

MP pede impedimento de ministro, e clima esquenta

Procurador questiona atuação de Admar, e Gilmar diz que faltou lealdade

- O Globo

BRASÍLIA - O clima do julgamento da chapa Dilma-Temer pesou quando o vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, pediu ontem ao plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o ministro Admar Gonzaga fosse impedido de atuar no processo. Dino lembrou que Admar foi advogado da campanha de Dilma Rousseff em 2010, tendo inclusive assinado a prestação de contas. Por unanimidade, os ministros do tribunal rejeitaram a proposta. O episódio foi o estopim para provocar a indignação do presidente da Corte, Gilmar Mendes. Para ele, a questão foi levantada como tentativa de constranger o tribunal.

— É preciso ter lealdade processual. É preciso que o Ministério Público assuma o seu papel e respeite o tribunal. Não se pode coagir o tribunal ou fazer o jogo de mídia. Vossa excelência trouxe uma questão que apareceu hoje nos blogs — protestou Gilmar.

— Sempre atuei observando o princípio da lealdade institucional — respondeu Dino.

Temer comemora ‘independência’ do Judiciário

Porta-voz diz que presidente viu ‘bom funcionamento da democracia’; Maia e Eunício defendem reformas

Cristiane Jungblut e Júnia Gama | O Globo

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer comemorou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Logo após a sessão do TSE que livrou o presidente da cassação do mandato, o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, considerou que a Corte agiu de forma “independente”:

— O presidente recebeu a decisão do TSE como um sinal de que as instituições nacionais continuam a garantir o bom funcionamento da democracia brasileira. Houve amplo debate e prevaleceu a Justiça de forma plena e absoluta. O Judiciário se manifestou de forma independente. Cada um de nós acatará com sobriedade, humildade e respeito a decisão do TSE. Como chefe do Executivo, o presidente da República seguirá em parceria com o Congresso Nacional, honrando seu compromisso de trabalhar para que o Brasil retorne ao caminho do desenvolvimento e do crescimento, com mais oportunidade para todos.

Defesa de Temer: perguntas da PF são ‘acinte à dignidade’

Presidente se recusa a responder questões e pede arquivamento do caso

Júnia Gama | O Globo


BRASÍLIA - Em um documento de 14 páginas endereçado ao ministro relator da operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, advogados do presidente Michel Temer informaram que ele não vai responder às mais de 80 perguntas formuladas pela Polícia Federal na investigação que tem o peemedebista como alvo. Temer pede o arquivamento do inquérito. O prazo final para as respostas às perguntas venceu ontem, depois que Fachin atendeu ao pedido da defesa e concedeu mais 48 horas a Temer, que é investigado por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à Justiça.

O texto é repleto de ataques à PF e ao Ministério Público e também de elogios a Michel Temer. Os advogados Antonio Claudio Mariz de Oliveira e Sérgio Eduardo Mendonça, que, em determinado momento, chamam o presidente de “Michael”, elencam as “dificuldades” que ele teria em responder aos questionamentos da PF. Entre os motivos, estão o fato de não ter sido ainda concluída a perícia nas gravações entregues pelo empresário Joesley Batista, da JBS. Os advogados alegam ainda que alguns questionamentos tratam de fatos “estranhos às funções presidenciais” ou de períodos “não cobertos pelo seu mandato”.

Temer ganha fôlego, mas crise segue, dizem aliados

Após vitória no TSE, líderes de partidos da base do governo afirmam que uma eventual denúncia da PGR se manterá como ameaça sobre o presidente

Igor Gadelha | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Líderes da base aliada avaliam que o resultado do julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a favor do presidente dá um fôlego, mas não traz tranquilidade ao governo. Governistas afirmam que Temer seguirá ameaçado por eventual denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar contra ele com base na delação da JBS.

“Não acaba com a crise. Temos que monitorar se houver instabilidade para o País com fatos relevantes”, afirmou o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP). Segundo ele, além da absolvição pelo TSE, a legenda vai levar em conta os “14 milhões de desempregados” que o País tem hoje, ao decidir sobre o desembarque ou não do governo. A decisão será tomada durante reunião marcada para esta segunda-feira.

Cúpula tucana tenta evitar decisão de saída do governo

Igor Gielow | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Pressionada a desembarcar do governo Michel Temer, a cúpula do PSDB opera para evitar uma decisão final sobre o assunto em reunião marcada para a próxima segunda (12).

Após conseguir adiar o encontro que ocorreria na quinta (8), integrantes da ala mais experiente da sigla costuram uma forma de agradar aos "cabeças pretas", os deputados mais jovens e que defendem a saída imediata do governo –o PSDB tem quatro ministérios.

Inicialmente, a ideia era a de um desembarque à moda tucana: mantendo os ministros que se considerassem à vontade para ficar no cargo, dando apoio parlamentar à agenda do governo e, ao mesmo tempo, proclamando o rompimento.

Nesta sexta (9), com Temer já virtualmente livre do risco de cassação após as deliberações do dia anterior no Tribunal Superior Eleitoral, formou-se o consenso de que é melhor não haver uma decisão final na segunda.

Políticos sob vigilância

Por Laura Greenhalgh | Valor Econômico / Eu & Fim de Semana

SÃO PAULO - No romance "Ardil 22", de 1961, o escritor americano Joseph Heller (1923-1999) lida com paradoxos ao demonstrar como se fazem as armadilhas, as situações sem saída. E se vale do humor. Nesta entrevista para o Valor , a cientista política Maria Celina D'Araújo, professora da PUC-Rio, toma de empréstimo a história de Heller ao construir uma análise sobre a crise brasileira. 

Repassa o caminho da redemocratização até localizar quando o sistema político volta as costas aos princípios da Constituição de 1988, para dar passagem a campanhas milionárias, "marquetadas", em que a moeda de troca passou a ser o estelionato eleitoral - ou seja, promete-se o que não precisa ser feito. "As campanhas ficaram caras, os candidatos recorreram às empresas e descobriram que também poderiam ganhar dinheiro com isso. Criou-se o ardil 22. Quem não se corrompe, cai fora do jogo."

Hoje se percebe que a contaminação do sistema político foi ampla, como vem demonstrando a Lava-Jato - mais que uma operação, um processo irreversível da sociedade, na visão da professora. Em sua vida acadêmica, Maria Celina se debruçou sobre o funcionamento das instituições brasileiras, aprofundando-se em períodos como a era Vargas, para a qual dedicou livros, e o regime militar. É coautora da coleção "Visões do Golpe", fruto de pesquisa que realizou na Fundação Getulio Vargas, obra fundamental para se entender as engrenagens da ditadura.

Caçada eleitoral, procura-se o novo

Por Malu Delgado | Valor Econômico / Eu &Fim de Semana

Com as figuras centrais dos partidos abatidas pela Lava-Jato, instaurou-se um momento de busca de potenciais candidatos

SÃO PAULO - "E aí, quem vocês vão lançar como candidato à Presidência da República?" A pergunta é feita sempre que João Dionisio Amoêdo, o presidente do Novo - partido que obteve registro na Justiça Eleitoral em 2015 -, conversa sobre política com amigos, conhecidos e entusiastas da sigla. Amoêdo costuma reagir com um desafio: "Me dê aí dois nomes". O inquiridor, então, geralmente se silencia.

Em um Brasil instável, conflagrado politicamente e com futuro incerto, a pergunta é coro generalizado que perturba os "velhos e novos" nos partidos, na política e no eleitorado. As respostas, exatamente pelo cenário tumultuado e pela agonia paulatina do atual sistema político-eleitoral, são escassas e imprecisas. A despeito de o assunto ser a tônica dos debates internos nas legendas e nos bastidores do Congresso, não há cédula eleitoral previsível seja em 2017 ou 2018, seja por disputa indireta ou direta.

Os partidos colhem o fel da promiscuidade do sistema que muitos deles perpetuaram e ajudaram a deteriorar. Novas lideranças dificilmente emergem no cenário nacional porque as cúpulas partidárias pouco permitem a oxigenação ou a visibilidade de nomes que não interessam a seus dirigentes. Com as figuras centrais dos partidos abatidas pela Lava-Jato, instaurou-se um momento de caça eleitoral pelo país. Nomes de políticos responsáveis por gestões municipais ou estaduais exitosas e bem avaliadas pela população despontam nas legendas, da esquerda à direita, como possibilidades para disputar cargos majoritários relevantes em 2018.

Retrato do Brasil | *Almir Pazzianotto Pinto

- O Estado de S.Paulo

A crise se alastra, mas cuidado, o momento não é para aventuras irresponsáveis

“Numa terra radiosa
vive um povo triste”
Paulo Prado

Nunca foi tão verdadeira a frase de Paulo Prado, o genial escritor paulista que empenhou a inteligência, a cultura e dinheiro na tarefa de descrever o Brasil.

Nascido em 20 de maio de 1869, faleceu aos 75 anos, em 1943, deixando apurado trabalho intelectual em cujo vértice se encontra o livro Retrato do Brasil. Dotado de santo pessimismo, como escreveu Carlos Augusto Calil na Introdução à 8.ª edição, registrou o que outros não haviam conseguido ver: que o esplêndido dinamismo da raça obedece a dois grandes impulsos: a ilimitada cobiça da riqueza fácil e a luxúria praticada como culto à sensualidade sem freios.

A corrupção de que toda manhã passamos a ter notícias frescas, e com a qual nos recolhemos ao leito à noite, é personagem primordial da tragédia brasileira. Jamais, porém, havia desempenhado o papel principal. Ascendeu da posição de coadjuvante para assumir o centro do palco e ofuscar os demais atores e atrizes, reduzidos a figurantes.

Fôlego curto | Merval Pereira

- O Globo

É inegável que o presidente Michel Temer ganhou um fôlego na sua luta para permanecer à frente da Presidência da República com a vitória apertada de ontem no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nessa verdadeira corrida de obstáculos, resta ainda, porém, a ele enfrentar duras batalhas até setembro, quando, enfim, poderá nomear o novo procurador-geral da República e ter um controle mínimo do processo que se desenrola. Mas a vitória no TSE cobrará seu custo, especialmente diante da opinião pública.

Na melhor das hipóteses, o governo Temer terá que enfrentar o Ministério Público, a Polícia Federal, a Operação Lava-Jato e as várias delações que estão na agulha. E contar com o apoio do Congresso que, no entanto, pode entender que um afastamento de Temer de seis meses, em caso de um processo proposto pelo Supremo, pode ser uma maneira menos traumática para alcançar um desfecho que preserve as reformas.

A corte avestruz | Míriam Leitão

- O Globo

O país ficou nos últimos dias diante da falência do seu maior tribunal eleitoral. Não porque o resultado contrariou a “vox populi”, mas porque rasgou as leis, desprezou os fatos, jogou fora provas abundantes dos crimes que ocorreram na eleição da chapa Dilma-Temer em 2014. É impossível, como disse o ministro Luiz Fux, não ver as provas amazônicas do que houve.

Não é apenas pelo resultado que se lamenta o que houve no TSE, mas pela maneira com que se chegou a ele. Pela forma desaforada de ignorar as evidências e menosprezar a inteligência alheia. A conclusão poderia ser que era impossível condenar esta chapa por qualquer motivo crível e sólido. Mas os que foram apresentados são desprezíveis.

Data venia, Pátria amada | João Domingos

- O Estado de S.Paulo

Gilmar Mendes não pode ser comparado a Pôncio Pilatos. Ele tem lado

A mais importante sessão já feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – a que analisou a ação que propôs a cassação da chapa Dilma-Temer – deverá entrar para a História, como previsto pelos ministros da corte. Afinal, a impugnação de uma chapa vencedora de uma eleição muito disputada, polarizada, cujos resultados até hoje não foram totalmente resolvidos, e que acabou levando o País a uma crise política profunda e ainda sem saída, é uma coisa rara.

A decisão do TSE entrará para a história porque os ministros conseguiram a proeza de concluir que os fatos apurados pela própria corte foram “gravíssimos”, “que ocorreram crimes graves”, “que tudo precisa ser apurado e os responsáveis, punidos”, mas se negaram, eles, a aplicar a punibilidade.

Ataque aos ministros no dia D na Justiça Eleitoral | Eliane Cantanhêde

- O Estado de S.Paulo

Presidente salvou o mandato por um voto, mas a guerra seguramente continua

Com um placar apertado e o risco de que a mudança de um único voto pudesse inverter o resultado, houve na reta final um ataque especulativo – ou golpes baixos – contra os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contrários à cassação do mandato do presidente Michel Temer.

O mais surpreendente foi a investida do vice-procurador eleitoral Nicolao Dino contra Admar Gonzaga: de repente, já no quarto dia de julgamento, ele pediu o impedimento do ministro sob a alegação de que ele teria atuado como advogado na campanha de Dilma Rousseff em 2014. Como o ministro já era considerado voto a favor de Temer, seu impedimento causaria um complicadíssimo empate – ou impasse.

Final sem surpresas | Marcelo Coelho

- Folha de S. Paulo

Não houve maior surpresa na sessão desta sexta-feira do TSE. O resultado de 4 a 3 pela manutenção do mandato presidencial não era segredo.

No começo da tarde, o relator Herman Benjamin já tinha terminado o seu voto em favor da cassação. Mostrou irregularidades gravíssimas na campanha eleitoral de 2014, mencionando cifras milionárias e propinas confessas.

Não se tratava apenas do que dizia nas delações premiadas da Lava Jato. Herman Benjamin mostrou imagens de e-mails trocados entre Marcelo Odebrecht e seus subordinados, acertando pagamentos para o marqueteiro João Santana. Isso, em agosto de 2014 –plena campanha presidencial, portanto.

Mostrou também extratos da movimentação bancária de João Santana e de sua mulher, Mônica Moura, em contas na Suíça. Mostrou anotações manuscritas de uma funcionária da Odebrecht, acertando seus contatos com Mônica Moura.

Patuá – Julianna Sofia

- Folha de S. Paulo

Talvez seja a antipatia que a família Batista (J&F) despertou no povo brasileiro, ao escancarar atos corruptivos e zarpar faceiramente para Nova York, a origem extrassensorial para a má sorte que o grupo enfrenta nos últimos dias, com uma sequência de reveses imposta pela administração federal.

Engendrada desde a era dilmista, uma medida provisória para anabolizar punições a agentes econômicos sentenciados pelo Banco Central e pela CVM saiu das gavetas do Palácio do Planalto para as páginas do "Diário Oficial", 22 dias depois de emergir a delação da JBS.

Na CVM, existe uma dúzia de processos contra a empresa —há dúvidas sobre a aplicação das novas penalidades a fatos pretéritos. O uso da caneta presidencial não foi devidamente esclarecido para justificar a "urgência e relevância" da edição da MP agora. Por que não projeto de lei? Por que a pressa? Há risco iminente?

E agora, Temer? | Suely Caldas

- O Estado de S. Paulo

O presidente vai se agarrar no programa econômico e nas reformas para continuar sobrevivendo

O que será do Brasil nos próximos 18 meses? Nos anos 1980, foi uma década inteira perdida; na era Dilma, mais cinco anos. E agora? Justamente no momento em que surgem pálidos sinais de recuperação econômica, mais um ano e meio perdido? O País vai continuar marchando para trás? Como sobreviverão os 14,2 milhões de desempregados? E a desesperança dos jovens que buscam e não encontram emprego? Se já é alta a taxa de 11,8% de desemprego no País, para a faixa de idade entre 18 e 24 anos é muito pior: ela salta para 25,9%. O que fazer com eles? Crucial para ajudar a recuar o desequilíbrio fiscal, a reforma da Previdência tem chances de passar no Congresso? Ganhará mais remendos e encolhimentos até que se torne ineficaz para ordenar as contas públicas? E se os investimentos – ainda duvidosos – recuarem com o quadro de crise e incertezas políticas? São questões que estarão no radar dos brasileiros nestes próximos 18 meses, agora que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deu passe livre para o presidente Michel Temer continuar no comando do País e completar seu mandato. Ele conseguirá?

Sob os olhos | Cristovam Buarque

- O Globo

Recentemente, o secretário municipal de Educação de uma importante cidade falou que se sentia como encarregado da segurança escolar, dedicando parte de seu tempo para assegurar o funcionamento de suas escolas, ameaçado pela violência. No momento em que dizia isso, ele estava para decidir o fechamento de uma de suas melhores creches, por causa da ameaça de balas perdidas, tráfico de drogas e assaltos. Sua cidade não é a única. Oitenta e três por cento dos alunos do ensino médio consideram que a segurança é o maior problema de sua escola.

Um país que não consegue assegurar o funcionamento de suas escolas é um país em decadência: não conseguirá formar a inteligência que o mundo necessita para enfrentar os desafios do século XXI. A decadência se mostra também dentro da escola, mesmo quando ela consegue funcionar apesar da violência no seu exterior.

Viagem ao lado de lá | José de Souza Martins

- Valor Econômico / Eu &Fim de Semana

Quem são eles? De onde trazem seu desamparo e sua solidão? Que droga é essa que supostamente alivia dores, preenche vazios, inventa alegria, ampara os desamparados? Que dor é essa que dói mais do que a dor da droga que a alivia? Ninguém se desampara sozinho. Amparo pressupõe vínculos, família, amigos, estar junto. Quem, então, os desamparou? Por quê?

Caminharam sozinhos, com as próprias pernas, para o gueto da Cracolândia? Se não, quem os empurrou até lá? Quem os aprisionou no cerco de fumaça e pó, na loucura disfarçada do faz de conta que mata socialmente? Quem é o traficante que deles se aproveita e os descarta no lixo da vida, no monturo humano da cidade? Por que deixaram de ser amados? Que desamor é esse que enche de ramela os olhos da cidade? Quem puxou a descarga da privada da vida diante de todos nós, e não ouvimos nem vimos mesmo sendo o dejeto gente como nós?

Temer vence batalha, e TSE erra o passo – Editorial | O Globo

O presidente ultrapassa obstáculo em um julgamento em que a Justiça Eleitoral sai como grande derrotada

Era uma chance de o Tribunal Superior Eleitoral equiparar-se a outras instâncias do Judiciário identificadas com a linha de frente na luta contra a corrupção. Entre elas, o Supremo, a 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, base do juiz Sergio Moro e da força-tarefa da Lava-Jato; o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro; e Vallisney de Souza Oliveira, da 1ª Vara Federal de Brasília.

Não se pode acusar de ilegítima a decisão da Corte de inocentar a chapa Dilma-Temer. Há argumentos técnicos que embasam os 4 a 3 a favor da manutenção da chapa, com a permanência de Michel Temer no Planalto.

Mas é um contraponto forte que, entre os três votos derrotados, estejam dois ministros do Supremo, Luiz Fux e Rosa Weber, que podem se pronunciar depois que a denúncia contra Temer por corrupção for encaminhada à Corte, pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O ministro Edson Fachin, destinatário da denúncia, a enviará à Câmara, para que seja aprovada ou não, sendo necessária maioria de três quintos dos votos (60%). Se aprovada, a denúncia irá ao Pleno da Corte, em que Fux e Rosa Weber têm assento. O terceiro voto contra Temer, no TSE, foi do competente relator, ministro Herman Benjamin.

Para que juízes? – Editorial | O Estado de S. Paulo

Causou considerável alarido a decisão da maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de rejeitar, em seus votos sobre o processo contra a chapa Dilma-Temer, o conteúdo de delações de executivos da Odebrecht. De acordo com os muitos críticos desse posicionamento, os magistrados colaboraram para a “desmoralização” – essa foi a palavra mais usada – da Justiça Eleitoral, pois teriam ignorado evidências de que a campanha de Dilma Rousseff e de Michel Temer, acusada de abuso de poder político e econômico, recebeu dinheiro originado da roubalheira na Petrobrás. A virulenta reação foi coroada pelo procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da Lava Jato, que em seu perfil no Facebook chamou o voto daqueles ministros de “o verdadeiro cúmulo do cinismo”.

Balanço de riscos – Editorial | Folha de S. Paulo

Divulgada nesta sexta-feira (9), a inflação de maioconfirmou a trajetória de queda acelerada, com a qual se conta para a recuperação consistente da economia.

Em 12 meses, o IPCA acumulou variação de 3,6%, a menor taxa em uma década —recorde-se que a meta anual é de 4,5%.

A calmaria dos preços contrasta com preocupações manifestadas pelo Banco Central, na esteira da turbulência política que corroeu a credibilidade do presidente Michel Temer (PMDB).

Em nota de 31 de maio, a instituição mencionou que o "aumento da incerteza" recomendava moderação no ritmo dos cortes de sua taxa de juros, hoje de ainda elevadíssimos —considerados os padrões internacionais e a debilidade da atividade doméstica— 10,25% anuais.

A casa vazia | Graziela Melo

A casa vazia
O cão na porta
A água na cuia
A farinha no prato
O cachimbo na boca
E a boca torta.

O sol na soleira
O menino na esteira
A vontade morta.

O solão bebeu a água
Matou a árvore
Lambeu o xique-xique
Torrou a terra
Tangeu os homens
Tangeu as mulheres
Matou as cabras
Soprou as estrelas
Comeu a lua
Secou a noite...

Eeeiiita solão danado
Na solidão do homem!!!!!!

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In Graziela Melo "Crônicas, contos e poemas", p. 99 - Fundação Astrojildo Pereira - Brasília, 2008