O GOVERNO ACÉFALO E PERDIDO
Villas-Bôas Corrêa
Com o presidente Lula batendo os seus recordes de viagens e ausências, o comando do Palácio do Planalto entregue à competência da ministra-candidata, Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, com as restrições de que substituto não é titular, o governo passa a sensação desconfortável de que está perdido no emaranhado de contradições, com as más notícias dando de goleada na badalação da esforçada equipe que cuida da propaganda oficial.
De volta de Pequim e de passagem por Brasília, o presidente aproveitou a falta de assunto no seu programa semanal de rádio, para a defesa inteiramente extemporânea da candidatura do Rio para sediar a Olimpíada de 2016, também pleiteada por Tóquio, Chicago e Madri. E recitou mais uma vez a cantilena demagógica de que o Brasil está tão preparado como qualquer país para assumir a responsabilidade de organizar a Olimpíada de daqui a oito anos, depois da próxima, de 2012, em Londres, pois "não somos um país de coitadinhos".
Desculpem-se os exageros do ufanismo com sotaque demagógico. O presidente tem viajado muito para driblar o peditório de ajuda dos aliados na chocha campanha municipal para a eleição de prefeitos e vereadores. E o seu forte nunca foi estudar relatórios, conferir números e analisar estatísticas. Governa de ouvido, com a esperteza reconhecida e chutando a bola de bico para livrar-se da marcação das cobranças.
Vamos devagar com o andor. Pois aqui na ex-cidade maravilhosa – esburacada, imunda, insegura, cercada por favelas dominadas pelas gangues do tráfico de drogas, com o trânsito caótico e a saúde pública literalmente falida e candidata do presidente para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, daqui a oito anos e dois e meio mandatos presidenciais – as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), inauguradas por Lula há nove meses, ainda não saíram do papel, segundo dados oficiais do Sistema Integrado de Administração Financeira do governo federal (Siafi) que expõem a morosidade da burocracia enferrujada por falta de uso. Este ano foram empenhados no orçamento da União, R$ 266,3 milhões, dos quais apenas a esmola de R$ 9,37 milhões, 3,5% do total foram pagos até ontem.
Mais chocantes que os números são os flagrantes da falência do sistema público de saúde.
Repetem-se todos os dias nas ruas e na mídia os flagrantes de hospitais públicos em pandarecos, onde tudo falta, de médicos, enfermeiras, atendentes a remédios, enquanto nas enfermarias entupidas, com doentes deitados em esteiras, empilhados como sacos de lixo nos corredores, banheiros e em cada palmo disponível são torturados nos arremedos dos DOI-CODI da ditadura militar. Entre as causas de morte, as doenças cardiovasculares puxam a fila com o percentual de 28%. E a violência registra 90 entre 100 mortes, na faixa entre 15 e 24 anos.
As mortes pela epidemia de dengue passam de 80 e foram notificados mais de 110 mil casos da doença.
O Sistema Único de Saúde (SUS) registra no Rio o seu recorde negativo de superlotação, com o atendimento de precariedade notória.
Não é hora de contar vantagem. Os tropeços éticos do PT, as suas cólicas eleitorais, os disparates da gastança oficial, como na promoção a ministério da modesta secretária da Pesca, com a criação de mais 295 cargos de confiança ao custo de R$ 18 milhões anuais – farras de ricaço que esbanja a herança – não podem ser ocultados pela cortina rota da promessa da ex-capital, que grita por socorro, sediar as Olimpíadas de 2016.
E com a cerimônia inaugural das Olimpíadas de Pequim ainda desfilando na nossa memória.
Villas-Bôas Corrêa
Com o presidente Lula batendo os seus recordes de viagens e ausências, o comando do Palácio do Planalto entregue à competência da ministra-candidata, Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, com as restrições de que substituto não é titular, o governo passa a sensação desconfortável de que está perdido no emaranhado de contradições, com as más notícias dando de goleada na badalação da esforçada equipe que cuida da propaganda oficial.
De volta de Pequim e de passagem por Brasília, o presidente aproveitou a falta de assunto no seu programa semanal de rádio, para a defesa inteiramente extemporânea da candidatura do Rio para sediar a Olimpíada de 2016, também pleiteada por Tóquio, Chicago e Madri. E recitou mais uma vez a cantilena demagógica de que o Brasil está tão preparado como qualquer país para assumir a responsabilidade de organizar a Olimpíada de daqui a oito anos, depois da próxima, de 2012, em Londres, pois "não somos um país de coitadinhos".
Desculpem-se os exageros do ufanismo com sotaque demagógico. O presidente tem viajado muito para driblar o peditório de ajuda dos aliados na chocha campanha municipal para a eleição de prefeitos e vereadores. E o seu forte nunca foi estudar relatórios, conferir números e analisar estatísticas. Governa de ouvido, com a esperteza reconhecida e chutando a bola de bico para livrar-se da marcação das cobranças.
Vamos devagar com o andor. Pois aqui na ex-cidade maravilhosa – esburacada, imunda, insegura, cercada por favelas dominadas pelas gangues do tráfico de drogas, com o trânsito caótico e a saúde pública literalmente falida e candidata do presidente para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, daqui a oito anos e dois e meio mandatos presidenciais – as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), inauguradas por Lula há nove meses, ainda não saíram do papel, segundo dados oficiais do Sistema Integrado de Administração Financeira do governo federal (Siafi) que expõem a morosidade da burocracia enferrujada por falta de uso. Este ano foram empenhados no orçamento da União, R$ 266,3 milhões, dos quais apenas a esmola de R$ 9,37 milhões, 3,5% do total foram pagos até ontem.
Mais chocantes que os números são os flagrantes da falência do sistema público de saúde.
Repetem-se todos os dias nas ruas e na mídia os flagrantes de hospitais públicos em pandarecos, onde tudo falta, de médicos, enfermeiras, atendentes a remédios, enquanto nas enfermarias entupidas, com doentes deitados em esteiras, empilhados como sacos de lixo nos corredores, banheiros e em cada palmo disponível são torturados nos arremedos dos DOI-CODI da ditadura militar. Entre as causas de morte, as doenças cardiovasculares puxam a fila com o percentual de 28%. E a violência registra 90 entre 100 mortes, na faixa entre 15 e 24 anos.
As mortes pela epidemia de dengue passam de 80 e foram notificados mais de 110 mil casos da doença.
O Sistema Único de Saúde (SUS) registra no Rio o seu recorde negativo de superlotação, com o atendimento de precariedade notória.
Não é hora de contar vantagem. Os tropeços éticos do PT, as suas cólicas eleitorais, os disparates da gastança oficial, como na promoção a ministério da modesta secretária da Pesca, com a criação de mais 295 cargos de confiança ao custo de R$ 18 milhões anuais – farras de ricaço que esbanja a herança – não podem ser ocultados pela cortina rota da promessa da ex-capital, que grita por socorro, sediar as Olimpíadas de 2016.
E com a cerimônia inaugural das Olimpíadas de Pequim ainda desfilando na nossa memória.