quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Battisti, jeito e fala de cabo Anselmo

Por Milton Coelho da Graça

Red Rudi foi o mais famoso líder da resistência holandesa contra a ocupação alemã na II Guerra Mundial. Grandão e cabelos ruivos (que lhe deram o apelido), em todos os ataques em conjunto com comandos britânicos, ia sempre corajosamente à frente. Mas nunca era ferido e os alemães pareciam estar sempre preparados para se defenderem. A inteligência britânica o identificou como agente alemão infiltrado e foi uma bala britânica que o matou.

Cabo Anselmo foi treinado para ser agente do CENIMAR – Centro de Informações da Marinha – e se meter entre os companheiros da associação de marinheiros e fuzileiros. Era sempre o mais entusiasmado e tinha o discurso mais radical Em 1964 era o líder do movimento. Foi preso mas
logo conseguiu fugir facilmente de uma delegacia. Juntou-se a vários grupos da luta armada contra a ditadura militar e suas informações levaram à prisão, tortura e morte de vários companheiros. Ele mesmo confessou uma parte de tudo isso numa entrevista à revista IstoÉ em 1984, que deu o prêmio Esso ao repórter Otávio Ribeiro.

O italiano Cesare Battisti, condenado pela Justiça italiana por quatro homicídios e refugiado no Brasil deu também esta semana uma entrevista à revista Istoé. E cada vez tenho maior suspeita de que o Brasil precisa investigar com o maior cuidado se Battisti é mesmo um porra-louca metido a dissidente político ou um agente da P-2 (Propaganda Due, uma loja maçônica ligada a militares) ou do SIFAR (Serviço de Informações das Forças Armadas Italianas), criador ou infiltrado no PAC, um dos grupos que mataram e assaltaram na década de 70, em nome de uma revolução socialista.

Fatos:

Nenhum revolucionário com um pingo de bom senso montaria uma organização sob o nome de Proletários Armados para o Comunismo. Nos chamados “anos de chumbo” na Itália, década de 70, havia uns 20 grupos do gênero, mas nenhum tão “intencionalmente” querendo comprometer o PC (legal e segundo partido italiano desde o fim da II Guerra), e deixando tão clara a disposição de derrubar o governo com armas na mão.

Battisti afirma que nos anos 70 havia “guerra civil” na Itália. Isso é inteiramente mentiroso. A Itália tinha um governo eleito democraticamente e todas as instituições funcionavam em plena normalidade.

Na entrevista, Battisti afirma que havia “milhares de militantes” na luta armada, o que é inteiramente falso. No seu PAC, havia apenas cerca de 60. Acusa o promotor Armando Spataro de ter torturado Pietro Mutti – o companheiro que, contando com o benefício da delação premiada, o apontou como autor de quatro homicídios. Mas nem Mutti nem nenhum jornalista italiano até hoje acusou Spataro como torturador.

Battisti não explica com clareza suas atividades no México. E diz que o SDECE (serviço secreto francês) o ajudou a vir para o Brasil. Por que o SDECE ajudaria em 2004 um “revolucionário de esquerda” a fugir da justiça italiana, inclusive dando-lhe um passaporte italiano legal? Não é mais provável que tenha sido preparado pelo SIFAR e repassado aos “camaradas” franceses? Battisti também informa que, no Brasil, foi monitorado por franceses, brasileiros e até italianos. Quem, senão um coleguinha, poderia merecer tanta atenção e proteção de agentes secretos de três países? Todos companheiros de esquerda? Finalmente, a fuga dele da prisão na Itália é uma história tão esquisita como a contada pelo Anselmo sobre a fuga da delegacia

“Muitos deles, para obter favores dos tiranos, por um punhado de moedas, ou através de suborno e corrupção, estão derramando o sangue de seus irmãos.”

Emiliano Zapata (1879-1919), revolucionário mexicano, referindo-se aos madeiristas, que, a seu ver, haviam traído a causa revolucionária.

Ciência promete nos livrar dos plásticos

O homem está perto de se livrar da praga do plástico. Ele foi uma descoberta importante, facilitou e barateou muitos processos industriais, mas, com o passar do tempo, não ser reciclável e conter toxinas acabaram tornando-o um crescente e permanente problema ambiental.

Cientistas alemães acreditam entretanto que o plástico poderá ser brevemente substituído por madeira líquida – o “arboform”, derivado da linhina, componente básico da madeira (junto com a celulose e a hemicelulose, mas não utilizado na fabricação de papel). Junto a outros ingredientes, pode transformar-se numa pasta que, depois de sólida, parece madeira polida. O arboform já é usado em peças para carros – especialmente de competição – que exigem maior resistência. Só ainda não foi ampliado o seu uso, porque tem alta quantidade de enxofre. Os cientistas afirmam que ele terá uma infinidade de aplicações tão logo consigam “limpá-lo” e reduzir o conteúdo de enxofre a, no máximo, dez por cento do atual.

Para maior alegria, o arboform poderá ser reciclado pelo menos dez vezes.

Ser empresário médio não é fácil

Um empresário gaúcho, de São Leopoldo, publicou uma carta na internet, da qual reproduzo abaixo os dois parágrafos mais representativos. Dispensa qualquer comentário.

“Minha empresa, a Geremia, tem 25 anos e fabrica equipamentos para extração de petróleo, um ramo que exige tecnologia de ponta e muita pesquisa. Disputamos cada pedacinho do mercado com países fortes, como os Estados Unidos e o Canadá. Só dá para ser competitivo se eu tiver pessoas qualificadas trabalhando comigo. Com essa preocupação criei, em 1988, um programa que custeia a educação em todos os níveis para qualquer funcionário, seja ele um varredor ou um técnico.

"Este ano, um fiscal do INSS visitou a empresa e entendeu que educação é salário indireto. Exigiu o recolhimento da contribuição social sobre os valores que pagamos aos estabelecimentos de ensino freqüentados por nossos funcionários, acrescidos de juros de mora e multa pelo não recolhimento ao INSS. Tenho que pagar 26 mil reais à Previdência por promover a educação dos meus funcionários?

“Se você não tem voz para cantar nem talento para dançar, apenas mostre os seios”
Anna Semenovitch, estrela pop russa atual, com fartas glândulas mamárias


Por trás dos números, alto risco de conflitos

Os números de janeiro da balança comercial (primeira vez que as exportações superaram as importações desde 2001) e a confirmação pelo IBGE de que a nossa produção industrial em dezembro teve a maior queda mensal desde 1991 está provocando arrepios na maior parte dos empresários e economistas.

No caso da balança comercial, o Ministério da Fazenda ficou mal perante a opinião pública após a revelação de que tentou criar um mecanismo semelhante às antigas licenças de importação, simplesmente para “maquilar” os números, adiando para fevereiro o cômputo das importações dos últimos dez dias de janeiro.

As empresas estão revendo suas previsões de vendas e fluxo de caixa, os Governos – federal. estaduais e municipais – procuram reajustar seus orçamentos, os índices de inadimplência estão subindo (de empresas e pessoas físicas), o consumo das famílias tende a cair. E o fantasma do desemprego é cada vez mais visível.

Só a máquina do Estado permanece em boa parte insensível porque a estabilidade é assegurada, os vencimentos são imexíveis e irredutíveis, a busca por vantagens, favorecimentos e maior remuneração é insaciável. Parlamentares não abrem mão de receber 16 mil reais por um dia de trabalho em fevereiro e disputam sempre mais generosas prebendas; o Judiciário insiste em aumentar seus quadros e a Força Aérea considera indispensável que o país receba imediatamente novos aviões caças.

O quadro assusta e precisamos entender que é da natureza humana, em situações como essa, a filosofia “primeiro os meus, depois os teus”. Em sociedades democráticas, em que as diferenças de interesses e idéias são respeitadas – vejam o que ocorre nos Estados Unidos e na Europa – as
soluções resultam de debate mas sempre prevalecem as propostas dos interesses politicamente mais fortes mas com o cuidado de não ultrapassarem o limite tolerável pelos outros. Ou sobrevem um regime despótico (Alemanha, Itália, Brasil e outros países latino-americanos na década de 30) que em nome da “unidade nacional” esmaga todas as dissidências..

Crise econômica grave no passado produziu a miséria de milhões, milhares de falências e – riscos maiores – guerra, conflitos internos, golpes militares “em nome da Pátria".

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