quinta-feira, 30 de julho de 2009

Dirceu ataca Mercadante e diz que PT apoiará Sarney

Maria Lima e Isabela Martin
DEU EM O GLOBO

Já para tucano, Lula faz petistas no Senado de bonecos

BRASÍLIA e FORTALEZA. Depois do bombardeio desferido pelo presidente do PT, Ricardo Berzoini (PT-SP), ontem foi a vez do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu atacar a decisão da maioria da bancada do Senado — pelo menos oito dos 12 senadores petistas — de apoiar a nota do líder, Aloizio Mercadante (PTSP), defendendo o afastamento temporário do presidente José Sarney (PMDB-AP). Em seu blog, Dirceu repete Berzoini, que chamou a nota de Mercadante de “atitude infantil”, e reforça que o PT não assinará qualquer representação contra Sarney.

Dirceu se alinha à tropa de choque sarneysista, que tem dado declarações para minimizar a nota do líder petista — divulgada após a publicação, pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, de conversas de Sarney com o filho Fernando combinando a contratação do namorado da neta pelo Senado.

Dirceu: se Sarney sair, oposição ganha cargo “Ao considerar precipitada a nota assinada pelo líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP), em defesa do licenciamento do senador José Sarney (PMDB-AP), o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), deixou claro a postura do partido: o pedido é do líder e não da bancada petista, e também que o PT não assinará representação contra o presidente da Câmara Alta”, escreveu Dirceu, no blog.

Sempre citando Berzoini, Dirceu diz que o dirigente petista criticou, também, a posição dos senadores petistas e alertou para o fato de que a oposição ganhará o comando do Senado com o eventual afastamento de Sarney, pois o primeiro vice-presidente é o tucano Marconi Perillo (PSDB-GO).

Mercadante opta por não responder Há três dias apanhando calado, Mercadante manteve o silêncio.

Por meio da assessoria, mandou dizer que não responderia às críticas, que confirma o teor da nota e que aguarda nova posição da bancada em reunião prevista para terça-feira.

Mercadante tem se manifestado apenas através de sua página no Twitter. Avisa que só pensa no casamento do filho Pedro, amanhã, em São Paulo.

Em Fortaleza, a ingerência do governo nas decisões da bancada do PT no Senado foi criticada ontem pelo senador Tasso Jereissati (PSDBCE), um dos possíveis alvos do contra-ataque dos aliados de Sarney. O tucano disse ontem que a crise na Casa já poderia ter sido resolvida se não fosse a “interferência indevida e inconstitucional” do presidente Lula, que cobrou dos petistas apoio a Sarney.

Para ele, os petistas foram tratados como bonecos.

— Essa situação poderia estar resolvida se não fosse a interferência quase autoritária do Lula junto ao PT. Quando parecia que o próprio presidente (Sarney) estava disposto a sair, negociar, Lula deu a chamada enquadrada no PT.

Foi uma atitude absolutamente descabida e autoritária do presidente. E uma desmoralização para a bancada do PT, composta não por bonecos, mas por senadores.

Na terça-feira, o PSDB protocolou três representações no Conselho de Ética do Senado contra Sarney e teria sido advertido pelo senador Renan Calheiros de que o PMDB revidaria.

— Há 25 anos há ameaças de dossiês em cima de mim.

Nunca vi nenhum. Desde que fui governador do Ceará e tive que romper com um bocado de coisas. Isso entra num ouvido e sai no outro — disse Tasso, enquanto aguardava, no aeroporto de Fortaleza, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que viajou a convite do Centro Industrial do Ceará (CIC).

Fernando Henrique chama PAC 2 de propaganda Pela primeira vez no Ceará após deixar a Presidência, em 2003, Fernando Henrique chamou de propaganda a intenção de Lula de lançar no próximo ano o PAC 2: — PAC é propaganda. Pode lançar o 1, 2 e 3. É PAC, PAC, PAC. Fala, repete, repete. São projeções no vazio. Vamos saber quem vai ganhar a eleição.

O PAC é um orçamento fantasiado.

Todo mundo gosta de fazer um pouco de onda, é normal.

Nada contra.

Já Tasso foi mais duro: — O presidente Lula só pensa em eleição. Ele não tem mais nenhum programa de governo. Ele tem programas de mercado. PAC 1, PAC 2. Todos são em função das eleições.

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