sábado, 17 de outubro de 2009

REFLEXÃO DO DIA - Bobbio

"O único caminho de salvação é o desenvolvimento da democracia, na direção daquele controle dos bens da terra por parte de todos e sua distribuição igualitária, de modo que não haja mais, por um lado, os superpoderosos, e, por outro, os despossuídos".

Norberto Bobbio, 1981
Fonte: L’Unitá, 15/10/2009

Sua excelência é o candidato

Dora Kramer
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO


Os três dias de turnê eleitoral do presidente Luiz Inácio da Silva pelas cercanias do Velho Chico esclareceram uma situação até então algo enigmática: a razão da ansiedade do PMDB em fechar logo a aliança em torno de uma candidatura em tese frágil, e da tranquilidade do PT ante um cenário aparentemente adverso, em que pela primeira vez não teria Lula como candidato à Presidência da República.

Pois é, não teria, porque de fato terá. De direito, Lula está impedido de concorrer a um novo mandato consecutivo e a reação às mal disfarçadas tentativas mostraram que haveria percalços intransponíveis no caminho.

Escolheu uma candidatura anódina, materializada na figura de uma companheira fiel, sem passado, presente nem futuro no campo político-eleitoral.

Houve quem pensasse até que Lula desistira temporariamente do poder, conformando-se com a hipótese de entregá-lo por quatro anos à oposição mediante acordo prévio de não agressão, para apostar na volta em 2014, com campanha durante a Copa no Brasil e presidindo em 2016 o Brasil da Olimpíada.

Quanto à segunda parte, o cálculo confere. Já quanto à primeira, o próprio Lula tratou de esclarecer nos dias de caravana: errou quem pensou que fosse homem de desistir. Ou adepto de previsões tolinhas como as que fizeram certos tucanos, achando que transferência e retomada de poder são atos automáticos passíveis de controle.

O plano do presidente é muito mais sofisticado e agora ficou evidente: oficialmente Dilma Rousseff é a candidata - um nome na tela da máquina de votação -, mas, na prática, quem concorre no imaginário do eleitorado é ele mesmo.

Daí a decisão de estabelecer pessoalmente o contraditório com o hoje mais provável candidato do PSDB, o governador José Serra, de partir para o ataque direto à oposição, de assumir com todas as letras o desejo de fazer da eleição um plebiscito, na base do "nós"contra "eles".

Como é presidente, legalmente o representante da Nação, Lula usa o "nós" como sinônimo de Brasil. Subjacente à palavra de ordem lançada simbolicamente às margens do São Francisco está o seguinte conceito: quem estiver co(nos)co é brasileiro de fé, mas quem se aliar a "eles" põe em risco o futuro da Pátria.

O recado foi passado dia desses pela própria Dilma em reunião com um dos partidos aliados, dizendo que sua candidatura deveria ser vista como a possibilidade de um "terceiro mandato" de Lula.

Daí que ninguém deve estranhar o papel coadjuvante de Dilma nos eventos públicos nem deve se espantar se o presidente tomar conta da cena inteira. Essa é mesmo a ideia: brigar por um terceiro mandato "de fato".

Pode dar certo, mas se der errado será um vexame danado.

Formalidades

A antecipação da campanha eleitoral de 2010, nos termos em que ocorre, dizima o principal argumento dos defensores do fim do instituto da reeleição. Segundo eles, a reeleição é a raiz do problema do uso das prerrogativas de um governante para fins eleitorais.

A conduta do governo federal é a prova cabal de que o abuso do poder independe de o ocupante do cargo ser ou não o candidato na eleição subsequente.

No caso da campanha do presidente Lula para transformar a ministra Dilma Rousseff numa candidata competitiva, ocorre mesmo um fato inédito, pois na reeleição de direito Lula foi bem mais contido.

Alega-se que é impossível separar o governante do candidato. De certa forma é verdade, embora haja meios e modos de balizar comportamentos quando se observam os preceitos da impessoalidade e da probidade.

Isso depende dos controles sociais e institucionais, mas depende, sobretudo, da noção de limite entre o público e o privado do ocupante do cargo. Quando essa noção inexiste, tanto faz como tanto fez.

Gato e rato

Não pode ser vista como normal uma situação em que deputados e senadores de oposição tenham de recorrer à clandestinidade para assegurar assinaturas em requerimento para criação de uma comissão parlamentar de inquérito.

Tampouco é natural que um líder da oposição precise convencer o presidente do Congresso a marcar uma sessão do Congresso. No caso, para oficializar a criação da referida CPI.

São tantas as deformações que não se vê nada demais em mais essa distorção: esconder as assinaturas em favor da instalação da CPI do MST para "proteger" os parlamentares da pressão do governo para que as retirem, como fez na primeira tentativa de criação da CPI, antes da exibição das imagens da destruição do laranjal na fazenda da Cutrale.

Deputados e senadores eleitos, donos de imunidade parlamentar e de representação popular, precisam ser protegidos contra a ação do Palácio do Planalto.

E aí fica difícil o desempate de quem se sai pior: o gato que caça ou o rato que foge.

Hipocrisia contra hipocrisia

Fernando Rodrigues
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


BRASÍLIA - Lula e Dilma estão em campanha eleitoral aberta. Numa caravana de três dias pelo interior do país, esbaldaram-se em comícios e posando para fotos. Um avião foi colocado à disposição de jornalistas. É escrachado o caráter eleitoreiro da "vistoria" da transposição do rio São Francisco.

Em Brasília, a oposição anunciou a intenção de entrar na Justiça. Demandará uma punição contra a "campanha eleitoral antecipada". Faz parte do jogo. Está na lei.

Essa devoção postiça à ética e aos bons costumes da oposição já foi um dia do PT. O jogo se inverte conforme há alternância no poder.

Quando FHC fez a campanha em comemoração aos oito anos do Plano Real, em 2002, o PT usou o mesmo argumento hoje apropriado pelo PSDB e pelo DEM. Esse intercâmbio de posições não é apenas um campeonato mundial de hipocrisia. Trata-se de um sintoma explícito da obsolescência do modelo político adotado no Brasil.

Para resumir, a lei obriga os políticos a mentirem nos três anos e meio antes da eleição. Precisam negar interesse em disputar cargos públicos. Quando faltam seis meses para o pleito, à meia-noite, opera-se um milagre patético. Milhares de políticos passam a assumir publicamente suas candidaturas.

Essa regra só serve para favorecer os espetáculos eleitorais disfarçados, como os protagonizados por Lula e Dilma pescando no barranco do rio São Francisco. É legítimo um presidente, governador ou prefeito desejar se reeleger ou influir na eleição de seu sucessor.

Nada deveria impedir o interessado de fazer campanha fora do expediente de trabalho. Ao se assumir candidato à noite, haveria algum constrangimento extra para certos fingimentos adotados durante o dia.

Mas essa norma transparente não interessa a quase ninguém. É mais conveniente na política o jogo da hipocrisia. Quem sofre críticas hoje poderá atacar amanhã.

Café com leite

Fernando de Barros e Silva
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


SÃO PAULO - Com a entrada de Marina Silva (PV) e a presença de um Ciro Gomes (PSB) forte no páreo, Fernando Henrique Cardoso identifica certa desorganização do quadro sucessório. Mas, ao contrário de José Serra (PSDB), que apostava na polarização precoce entre petistas e tucanos, o ex-presidente vê o desmanche temporário do Fla-Flu como algo que favorece a oposição neste momento.

Apesar das incertezas que rondam 2010, FHC tem dito a interlocutores que Serra, desta vez, está condenado a ser o candidato tucano. Parece óbvio, mas não é.

Ciro, por exemplo, acredita que o governador paulista, diante da percepção das suas dificuldades para vencer o lulismo, tenderá cada vez mais a vacilar em sua pretensão presidencial, com boas chances de, no final, trocar o risco da aventura pela reeleição certa em São Paulo.

Nada disso procede, segundo a avaliação tucana. Serra cumprirá sua sentença. Primeiro, porque é a sua vez; segundo, porque não abriu espaço para que o partido pudesse preparar Aécio Neves -e agora seria tarde. As chances de Serra, porém, estão e estarão intimamente ligadas a Aécio e a Minas Gerais, onde a eleição pode ser decidida.

O Estado de Aécio -segundo maior colégio do país- concentra quase 11% do eleitorado nacional. Nas últimas duas eleições, Lula impôs derrotas humilhantes aos tucanos em Minas: 66,4% a 33,6% dos votos contra Serra (2002); 65,2% a 34,8% contra Alckmin (2006).

Mais do que ser bem tratado por Serra, Aécio desta vez precisará convencer o eleitor mineiro a votar no seu candidato -no caso, um tucano paulista que lhe terá roubado a chance de concorrer à vaga de Lula.

É por conhecer as sutilezas desse café com leite que FHC trabalha na cozinha da sucessão para que Aécio possa ser o vice de Serra -o que, ele sabe, só poderá vir a ocorrer se, em meados de 2010, quando se definem as chapas, os tucanos tiverem chances mais do que razoáveis de derrotar o filho (ou a filha) de Lula.

Lula e a Vale

Panorama Político :: Ilimar Franco
DEU EM O GLOBO

"O governo Lula deseja controlar as empresas privadas nacionais para instrumentalizá-las com fins políticos”

(Sérgio Guerra, senador (PE), presidente do PSDB, sobre o embate entre o governo e a mineradora Vale)

Previsão de Sarney desequilibra Dilma

Coisas da Política :: Villas-Bôas Corrêa
DEU NO JORNAL DO BRASIL


A mobilização de mais da metade do governo para a excursão às obras de transposição das águas do rio São Francisco para socorrer o Nordeste, nos tempos de seca, e a irrigação das plantações nas fases de bonança das chuvas abundantes foi atingida por um raio mortal: a previsão do senador José Sarney, presidente do Senado, de que a candidatura da ministra Dilma Rousseff deve ir para segundo turno.

Não é o simples palpite de um leviano nem a seta venenosa de um acerto de contas. Sarney e o presidente Lula entendem-se como aliados nas horas de tempo ameno ou nas inundações das desavenças. E o ex-presidente, que herdou o mandato espichado para seis anos do presidente Tancredo Neves, tem longa experiência de sucessos e derrotas. Saca o argumento de singela objetividade: com cinco candidatos no primeiro turno, com o horário de propaganda eleitoral em rede nacional de rádio e televisão e ainda os prováveis debates entre candidatos promovidos pelas TVs e cadeias de rádio além da internet, só um candidato que dispare e deixe os outros na poeira atingirá a maioria absoluta de metade mais um voto.

Sarney argumenta que não é o que até agora parece provável. Com a confirmação da campanha do deputado Ciro Gomes, correndo por fora e mais as candidaturas da ex-ministra, senadora Marina Silva, do Partido Verde, e a mística de uma defensora do meio ambiente e da proteção da Floresta Amazônica, a candidatura da senadora Heloísa Helena e o peso-pesado do candidato da oposição, provavelmente o governador paulista José Serra ou a possível alternativa do governador Aécio Neves, de Minas, só um fato novo levaria a candidata de Lula á eleição no primeiro turno. Daí em diante, o imprevisível. Mas, como entra pelos olhos, a popularidade de Lula seria arranhada, não tão gravemente como o da sua candidata Dilma Rousseff, que estrearia com um desempenho decepcionante.

E todo esforço de ética questionável, da maratona da caravana do presidente Lula, com a ministra Dilma Rousseff e uma alegre caravana para um giro a pretexto de acompanhar as várias frentes de obras do governo, pode errar o alvo e o tiro sair pela culatra. O prefeito de Pirapora, Warmilom Braga, do DEM, foi informado em cima da hora do cancelamento da visita da caravana do presidente Lula às obras do PAC em Pirapora, cidade vizinha a Buritizeiro, às margens do rio São Francisco. Para um prefeito de uma cidade do interior, o bolo presidencial é desmoralizante.

E para um presidente – que voa para todos os cantos do mundo, que nasceu em Garanhuns, PE, onde viveu até os 7 anos, quando migra para São Paulo, passa por necessidades até a matrícula no curso de torneiro mecânico no Serviço Nacional de Indústria (Senai) e começa a vertiginosa ascensão como líder sindical, fundador do PT, deputado federal – não se compreende o desleixo ou a leviandade com que sua agenda de viagens é montada e quase sempre alterada.

A entrevista de José Sarney à Folha de S. Paulo e os percalços da excursão com a ministra Dilma e comitiva devem roubar algumas horas do seu sono na volta aos lençóis domésticos.

Mas Lula tem jogo de cintura e está apostando todas as fichas na tática da polarização entre a ministra Dilma e um candidato de oposição. A presença de Ciro Gomes na peregrinação pelo Nordeste em caravana eleitoral de luxo, com governadores, ministros, parlamentares, prefeitos e candidatos, é a pedra da vez para a tentativa de polarização, quando a popularidade recordista de Lula selaria a vitória. Ciro Gomes, pelo que não confirma nem desmente, pelo menos está examinando o convite de Lula para ser o candidato a vice-presidente na chapa de Dilma, arrastando sua votação, que é considerável não apenas no Ceará mas por todo o Norte e Nordeste.. Um político com carreira respeitável e que desequilibraria a oposição ainda sem a chapa fechada. De certo, apenas o governador de São Paulo, o tucano José Serra, para presidente.
Para vice, o governador mineiro Aécio Neves negaceia, com o forte argumento que seria a chapa que não somaria votos.

A viagem da maior caravana eleitoral antes do prazo constitucional para a propaganda eleitoral é uma parada de risco. Mas quem vai discutir com o presidente com 80% de aprovação e a popularidade blindada que tem resistido a todos os testes?

Chavismo por aqui?

Cesar Maia
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


CADA DIA MAIS , políticos brasileiros -ditos- de esquerda perdem a inibição de elogiar Chávez. Um dos elementos da estabilidade política brasileira foi o PT na Presidência da República e o exercício do poder dentro das regras do jogo.

O PT tem dois vetores. De um lado, o sindicalismo, social-liberal por natureza, na dialética empregado-empregador, e pela sólida posição da CUT em sindicatos de bens duráveis de consumo, não estatizáveis. Em crises, reduzem-se os impostos. Do outro lado, a esquerda -dita- de origem revolucionária, que controlou a direção do partido até o "mensalão", quando caiu, arrastando a anterior. A partir daí, os sindicalistas assumiram a direção do partido.

O comando do PT pelo sindicalismo e a presença hegemônica em postos-chave do governo, do presidente aos fundos de pensão, conselhos do FGTS e do FAT, são um duplo poder. O Bolsa Família caiu como uma luva por sua marca social-liberal de igualação do ponto de partida. Com isso, associa a distância sindicalismo e marginalizados.

Aliás, a transposição de líderes sindicais a dirigentes partidários foi criticada por Lênin em seu "O Que Fazer" (1902). E Marx e Engels nunca integraram os marginalizados ao proletariado e repetiam que o lumpemproletariado era a massa de manobra do capital ("Manifesto", 1848).

Os poderes, partidário e governamental, assumidos pelos sindicalistas da CUT, do ponto de vista da estabilidade política, não gera riscos, por sua natureza social-liberal. Porém, como forma de sinalizar aos militantes do PT um sentido tático nas ações de governo, usa-se a política externa em relação ao hemisfério Sul. Por sorte, Chávez radicalizou na frente, e a parte visível da política externa brasileira foi a moderação do presidente. Por mais sinais chavistas dados pelo co-chanceler-sul, o Brasil foi empurrado para o centro por Chávez.

Quando Lula indicou uma candidata da -dita- esquerda revolucionária para presidente, criou uma sensação de descontinuidade no caso de vitória. Mas os meses foram mudando essa sensação, e veio um certo alívio. Até a informação de que o coordenador-geral da sua campanha será o co-chanceler-sul, ostensivamente mesclado ao chavismo.

O desdobramento pós-eleitoral dos coordenadores-gerais de campanha é sempre uma posição destacada no governo (Sergio Motta, Dirceu-Palocci). Dessa forma, o que se pode esperar dessa decisão, de proximidade orgânica com o chavismo, é a certeza disso, e desde agora. Uma notícia preocupante para os que têm a democracia como estratégia, e não só como tática.

À beira do colapso, diálogo se estende

Roberto Simon,
Enviado Especial, Tegucigalpa
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO


Sem conseguir convencer governo de facto a aceitar sua restituição ao cargo, Zelaya renova outra vez seu ultimato

Com o prazo final imposto pelo presidente deposto Manuel Zelaya expirado em 24 horas, negociadores das duas facções rivais de Honduras passaram o dia de ontem sem um consenso sobre qual poder da república deve decidir a questão da restituição. Diante do impasse - e a garantia dos representantes do governo de facto de que o diálogo persiste -, Zelaya decidiu estender uma vez a negociação, desta vez até a meia-noite de segunda-feira. Minutos antes, na cidade boliviana de Cochabamba - onde participa da reunião de cúpula da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) -, a chanceler do governo de Zelaya, Patricia Rodas, disse que estava "definitvamente rompido" o diálogo.

Zelaya garantiu ao Estado que a extensão das negociações não representa "um prazo adicional". "Segunda-feira eles apresentarão uma oferta, a qual veremos com cuidado."

O negociador zelaysta Víctor Meza disse a jornalistas que uma proposta definitiva, segundo a qual a volta de Zelaya seria decidida pelo Congresso, já havia sido formalmente apresentada. Caberia agora somente ao governo de facto de Roberto Micheletti aceitar ou não a oferta.

Os golpistas, porém, insistem que seja da Suprema Corte - a mesma que determinou a destituição de Zelaya - a última palavra. "O Poder Executivo não pode tomar decisões do Judiciário", disse Rafael Ponce, emissário do governo de facto. Em um diálogo de surdos, Zelaya voltou a dizer que a Corte Suprema "foi parte integral do golpe".

"Mas o diálogo não foi suspenso", garantiu Vilma Morales, negociadora de Micheletti. John Biehl, funcionário da Organização dos Estados Americanos (OEA) que observa o diálogo, garantiu ao Estado que a instituição interamericana "não impõe limite de tempo" à negociação.

Os dois lados reúnem-se a portas fechadas há uma semana para negociar os 12 pontos da Proposta de San José. Elaborado pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, o documento serve de base para o diálogo.

Todos os temas da proposta já teriam sido acertados, com exceção do principal deles: a volta de Zelaya, derrubado por militare em 28 de junho, ao poder.

IMPACIÊNCIA

Sob pressão do lado golpista, zelaystas apelaram para o futebol para tentar emplacar a restituição - tema que trava a negociação desde terça-feira. Num gesto altamente simbólico, o capitão da seleção hondurenha, Amado Guevara, enviou uma camisa autografada a Pichu, filha de Zelaya, para que ela a entregasse ao presidente deposto na embaixada brasileira.

Após 27 anos, Honduras classificou-se na quarta-feira para a Copa de 2010, vitória que levou Micheletti a decretar feriado nacional. "Espero que esse gesto dê força ao acordo e desejamos que o nosso presidente legítimo retorne imediatamente ao cargo", disse Flor Guevara, mãe do novo herói nacional. Foi ela quem deu a camisa a Pichu.

Embaixo do brasão, lia-se a dedicatória: "Para o senhor presidente, de seu amigo Amado." "Confio em Deus e no povo.

Micheletti tentou usar a vitória no futebol para aliviar a tensão. O desfile dos jogadores por Tegucigalpa terminou na Casa Presidencial e o líder de facto recebeu a seleção com lágrima nos olhos. Veículos da imprensa que apoiam o governo de facto acusaram zelaystas de boicotar a seleção. O gesto de Guevara, no entanto, foi uma afronta à estratégia do regime de Micheletti.

MORTOS E FERIDOS (Poema)

Graziela Melo

Com força
O mar
Bate
Na terra!

Bela,

A fúria
Da espuma,

Num gesto
Que
Se consuma

Lavando
A areia,

Molhando
O vento,
Soprando
O ar!!!

Horrenda,
A fúria

De homens,

Pequenos
De coração!!!

Se crendo,
Donos
Da terra...

Derrubam
Outros
Na guerra,

Sem pena

Nem
Compaixão!!!!

Polêmica entre surdos

Brasília-DF :: Luiz Carlos Azedo
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE


Qual é a diferença programática entre os governistas Dilma Rousseff (PT) e Ciro Gomes (PSB) e os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves(MG)? Para o establishment nacional, por enquanto, é mais ou menos como trocar o assim pelo assado, pois o governo Lula realizou as tarefas que havia herdado do governo anterior. Deu uma guinada neokeynesiana depois da crise econômica, como os demais governos do mundo. A atual retórica nacional-desenvolvimentista do PT é semelhante àquela da reeleição de Lula, em 2006, quando carimbou na oposição a pecha de “privatizadora e entreguista”.

A oposição apoiou a política econômica “social-liberal” do governo Lula durante todo o primeiro mandato. Constrangida, colaborou com a atual política anticíclica para evitar “o quanto pior, melhor”. Mas deixou a sensação de que o governo lhe tomou as bandeiras e não foi capaz de erguer novos estandartes, muito menos resgatar os antigos. Do ponto de vista do eleitor, qual será a diferença? O presidente Lula desafia os adversários a comparar o seu governo com o anterior, mas os tucanos fogem desse confronto. Serra afirma que não é hora de fazer campanha eleitoral e que nem sequer decidiu ser candidato. Aécio tira por menos e só que saber de discutir o “pós-Lula”.

Crítica

Quem faz a crítica ao projeto nacional-desenvolvimentista do governo Lula é a senadora Marina Silva do Acre, candidata do PV, que defende uma alternativa de desenvolvimento socioambiental. É a antítese do modelo de desenvolvimento proposto pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que resgata o antigo Plano Nacional de Desenvolvimento do governo Geisel. Além da simpatia do meio empresarial comprometido com a questão ambiental, no Brasil e no Exterior, Marina seduz os setores do movimento social organizado ligados aos ambientalistas e às comunidades eclesiais de base.

Comitiva

O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (foto), apesar de velho amigo de Dilma Rousseff, não pretende arrefecer a marcação sobre seus passos como candidata governista. Cobra da Casa Civil informações sobre os gastos com a caravana de Lula no São Francisco: “Ao todo, nove cozinheiros e 20 garçons obsequiaram uma farta mesa aos convidados, em três restaurantes distintos — um com capacidade para atender a 72 pessoas e outros dois capazes de abrigar 64 pessoas cada um”, destaca o novo requerimento do deputado. Aníbal questiona ainda como ocorreu a construção de um heliponto e uma sala de imprensa com 14 laptops no acampamento que ofereceu 50 vagas para pernoites dos profissionais de imprensa que cobriam a visita.

Lula encarna Silvio Santos

André Duarte
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE

No capítulo final da visita ao sertão, presidente transforma entrega de casas em Pernambuco num misto de show de calouros e bingo

O apresentador Silvio Santos quis ingressar na política ao tentar emplacar, sem sucesso, a sua candidatura a Presidência da República nas eleições de 1989. Ontem, em pleno sertão pernambucano, o presidente Lula pareceu ter encarnado a personalidade folclórica do magnata da TV ao comandar uma solenidade de entrega de 55 casas num povoado (1)afastado da zona rural entre Salgueiro e Cabrobó. Além de quebrar o protocolo — fato corriqueiro nas suas agendas públicas —, o petista atacou de mestre de cerimônia ao inverter os rumos do evento na Vila Produtiva do Junco, que faz parte do projeto de transposição do Rio São Francisco. Quando a solenidade ainda estava no começo, Lula causou surpresa ao tomar um microfone sem fio para anunciar que iria dispensar o discurso para comandar pessoalmente o sorteio de todas as casas.

Num misto de locutor de bingo e humorista, o presidente sorteou os bilhetes, chamou as famílias para receberem as chaves no palco, inventou apelidos aos sorteados e até orientou a segurança sobre como coordenar o esquema de circulação das pessoas. Na prática, o sorteio serviu apenas para definir em que casa ficaria cada uma das famílias beneficiadas. O cerimonial da Presidência planejava apenas que os primeiros sorteados subissem ao palco para o recebimento de chaves simbólicas, economizando tempo para os discursos oficiais.

Acompanhado dos ministros Geddel Vieira de Lima (Integração Nacional) e Franklin Martins (Comunicação Social) e dos governadores Eduardo Campos e Cid Gomes (Ceará), Lula pediu que cada um deles anunciasse o nome de um sorteado. Coube ao deputado federal e presidenciável Ciro Gomes (PSB), que também foi ao local como convidado, chamar o segundo sortudo. Até o cinegrafista de uma produtora de TV foi convocado.

Os beneficiados, a maioria agricultores, ouviram comentários irreverentes do presidente. “Cumprimenta todo mundo, meu filho”, orientou o petista a um rapaz que tinha acabado de receber as chaves. A sucessão de informalidades não parou por aí, sendo algumas delas com referências políticas. Lula pediu para sortear a casa de número 13: “O número 13 tem a ver comigo e com o Zagallo (ex-técnico de futebol, conhecido por ser supersticioso com o 13)”, justificou.

Aos olhos dos moradores da região que acompanharam o evento, a tática parece ter funcionado. “Meu filho, esse homem é uma bênção de Deus”, elogiou a aposentada Maria Pereira, que recebeu as chaves da casa nova das mãos do anfitrião. Antes da chegada do presidente à vila, ela passou mal e chegou a ser socorrida por uma equipe médica de plantão por conta do calor. “É o herói do Brasil”, derreteu-se outro futuro morador, ao tomar o microfone de Lula para elogiá-lo.

1 - Quase prontas

Junco é uma das 18 vilas produtivas rurais que estão sendo erguidas para o reassentamento de 794 famílias que tiveram que deixar suas antigas casas em função da construção dos canais da transposição do Rio São Francisco. Oito vilas estão em Pernambuco. As 55 casas do Junco têm 99 metros quadrados e já estão construídas. Faltam, contudo, as ligações de água encanada e de energia elétrica.

O número

55 Número de casas entregues simbolicamente no evento de ontem

Língua afiada
Após uma inspeção às obras de concretagem do Eixo Norte da transposição do Rio São Francisco, o presidente Lula da Silva, em rápida entrevista, aumentou o tom das críticas ao PSDB e ao governador de São Paulo, José Serra. Ao ser questionado sobre as críticas feitas pela oposição ao caráter eleitoreiro da viagem, Lula afirmou: “A pior coisa é a ociosidade. Um bando de homens sem ter o que fazer é uma desgraça”. Na entrevista, Lula afirmou: “Eles devem olhar o que estão fazendo. Mas também não vou esperar que a oposição reconheça o que estou fazendo”, completou.

Pouco antes, em discurso para uma plateia de trabalhadores no canteiro de obras do projeto de transposição do Rio São Francisco, o presidente já havia rebatido críticas da oposição, embora sem citar nomes. Ele reclamou que muitos oposicionistas não deixam claro o que realmente desejam para o governo. “A oposição é como jogador num banco de reservas. Diz que é amigo de quem está jogando, mas está torcendo para o outro se machucar ou tomar cartão vermelho”, disse.

Diferentemente do dia anterior, no entanto, o governador de São Paulo, José Serra, preferiu um tom de neutralidade. O pré-candidato do PSDB à Presidência disse que não travará um debate eleitoral porque não está em campanha. “O presidente Lula falou em termos eleitorais e não vou fazer um debate eleitoral por dois motivos: porque ele não é candidato a presidente no ano que vem e porque eu não defini se serei candidato ou não”, afirmou.

Apesar das pressões dentro e fora do PSDB, o tucano permanece irredutível na ideia de definir o candidato tucano à Presidência somente no ano que vem. “Estou trabalhando como governador e vou continuar assim até o começo do ano que vem, quando vou decidir os meus rumos eleitorais”.

Para bispo, "revitalização do rio é marolinha"

Matheus Magenta
Da Agência Folha, em Salvador
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Crítico da transposição das águas do rio São Francisco, o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, 63, disse que o projeto é um "tsunami" e que as obras de revitalização do rio promovidas pelo governo federal são "marolinhas" -termo que o presidente Lula usou para se referir aos reflexos da crise econômica global no Brasil. Cappio fez duas greves de fome contra a transposição, em 2005 e 2007. Nos últimos dias, quando uma comitiva presidencial visitou a região -passando também por Barra-, o bispo não estava na cidade. Mas organizou à distância um protesto no dia da visita de Lula.

FOLHA - O sr. acha que a visita do presidente a Barra foi provocação, para mostrar que as obras estão em andamento apesar das críticas?

DOM LUIZ FLÁVIO CAPPIO - Quero usar as próprias palavras do presidente, quando ele falou que a crise econômica era uma marolinha para o Brasil. O projeto de transposição segue como um tsunami violento. Está lá o Exército desmatando tudo, passando por cima de vilas e aldeias, de roças e de gado, para garantir o trabalho. E as obras de revitalização, que são essenciais para a vida do rio São Francisco, são marolinhas, coisas insignificantes.

FOLHA - A Presidência convidou o sr. para ir ao evento?

CAPPIO - Se me ligaram, eu não sei porque não estava aqui. E, mesmo que eu fosse convidado, eu não iria porque não participaria de uma mentira.

FOLHA - Por que "mentira"?

CAPPIO- O que o presidente veio fazer em Barra foi apenas um marketing de mídia para mostrar para o Brasil e para o mundo algo que não existe, uma farsa, uma mentira. O projeto de revitalização não acontece. Foi mais uma de suas grandes mentiras sobre esse projeto. Foi apenas um show.

FOLHA - Apesar de não estar no município, o sr. organizou um protesto. Por que os sinos da igreja tocaram o dobre fúnebre?

CAPPIO - Foi a única maneira de homenagear aquele que está matando o rio em nome da ganância.

FOLHA - O presidente Lula?

CAPPIO - Sim. Durante a minha vida toda fiz tudo para colocar Lula na Presidência. Mas, infelizmente, uma vez que ele se tornou presidente, ele passou a governar o Brasil pensando nas grandes elites, como esse projeto de transposição que garante apenas a segurança hídrica de grandes projetos de irrigação. Se o projeto realmente levasse água a quem precisa, eu seria o primeiro a apoiá-lo.

FOLHA - O andamento do projeto representa uma vitória do governo?

CAPPIO - É vitória não da democracia, mas de uma postura ditatorial do presidente. A sociedade civil brasileira quis discutir o projeto, mas ele jamais aceitou. Ele impõe a transposição à revelia da sociedade.

FOLHA - O projeto de revitalização é suficiente para recuperar o rio?

CAPPIO - É muito pouco, não atinge o essencial. Esses projetos de saneamento básico são importantes, mas não significam uma revitalização do rio. O que deveria ser feito é garantir a revitalização de todas as nascentes dos afluentes do rio, das lagoas, das regiões que geram vida ao rio. A maioria delas está morta. E não apenas em 300 km, mas em toda sua extensão. Quem fala sobre esses números não conhece realmente o rio.

FOLHA - Dilma Rousseff afirmou que os críticos não conhecem o rio.

CAPPIO - Que conhecimento que a Dilma tem do rio São Francisco? O que ela sabe é de ouvir falar. Chega de mentir para o povo. Nós tivemos aqui na Barra um show. Foi um show de política em véspera de eleição. Tenho pena de pessoas que se deixam enganar com aquilo.

Mendes e Gurgel rebatem críticas de Lula

Andréa Michael
Da Sucursal de Brasília
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Presidente do STF e procurador-geral contestam acusação de que atrasos em obras são "irresponsabilidade" de órgãos de fiscalização

Para ministro do Supremo, fala de Lula, em viagem pelo São Francisco, faz parte do "momento de palanque que o presidente está vivendo"

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, e o procurador-geral da República, Roberto Monteiro Gurgel, rebateram ontem as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos órgãos de fiscalização e ao Poder Judiciário, a cuja "irresponsabilidade" Lula atribuiu a demora na execução de obras necessárias ao país.

"Não me parece que as críticas sejam devidas. O Judiciário só age por provocação. A União e suas autarquias dispõem de quadros preparados para enfrentar quaisquer questões nas quais, eventualmente, venham a detectar algum tipo de desvio", disse Mendes.

Em viagem a São Paulo, o presidente do STF afirmou à Folha que "isso às vezes faz parte deste momento de palanque que o presidente está vivendo". À noite, em entrevista à rádio Jovem Pan, ao ser indagado sobre o fato de Lula estar levando com frequência a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) a eventos do Executivo federal, Mendes disse que o governo parece estar "testando" a Justiça Eleitoral.

Na contramão do que disse Lula, Mendes afirmou, mais cedo, que o Judiciário tem trabalhado para diminuir o divórcio entre o tempo de concessão de medidas liminares (de urgência) e a apreciação do mérito (julgamento efetivo da causa), como maneira de mostrar à sociedade uma Justiça cada vez mais "eficiente e ativa".

Primeira entrevista

Já no entendimento do procurador-geral, "é natural que o administrador público se sinta incomodado com a atuação de órgãos que, de alguma maneira, levem ao retardamento da execução de projetos".

Em sua primeira entrevista à imprensa desde que tomou posse, em julho, Gurgel, 54, disse que "o Ministério Público não é nem pode ser contra qualquer tipo de empreendimento, seja público ou privado, mas é seu dever exigir a observância das normas". "Agora, se isso vier a significar o prolongamento do tempo de execução de uma obra, é algo que o próprio legislador constituinte de 1988 quis e devemos respeitar", disse.

Questionado sobre as reportagens da Folha acerca da ingerência do empresário Fernando Sarney sobre o Ministério de Minas e Energia, atropelando a autoridade do titular da pasta, Edison Lobão, respondeu que, "se houver indício que envolva autoridades com foro especial, isso será comunicado à autoridade competente" -o próprio Gurgel, no caso.

Assim como seus antecessores, Gurgel vai defender no STF o poder de investigação do Ministério Público, uma polêmica discussão cuja votação aguarda apreciação há sucessivos mandatos. Ele não pretende fazer campanhas institucionais, apenas um trabalho de convencimento no STF.

Para Gurgel, "caso se entenda que o Ministério Público não dispõe deste poder, a sociedade brasileira terá uma instituição manca". Gurgel participou ontem, em Brasília, de lançamento de site do Ministério Público voltado para o público infantil

''Não vou fazer debate eleitoral'', responde Serra

Silvia Amorim,
Enviada Especial, São José Dos Campos
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO


Tucano diz que evitará bate-boca porque Lula não é candidato em 2010 e ele próprio ainda não se decidiu

Um dia depois de ser acusado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de estar preparando o discurso de campanha para 2010, por causa da crítica às ações do governo de combate à seca no Nordeste, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse ontem que não travará um debate eleitoral porque não está em campanha. "O presidente Lula falou em termos eleitorais e eu não vou fazer um debate eleitoral por dois motivos: porque ele não é candidato a presidente no ano que vem e porque eu não defini se serei candidato ou não", afirmou.

A acusação de antecipação da campanha, disparada diversas vezes por Serra contra o PT, foi endereçada ontem a Lula. Sem responsabilizá-lo diretamente, como promete fazer o PSDB, o governador insinuou que o presidente já se coloca como se as eleições tivessem iniciado. "Debater esse assunto agora significaria entrar numa discussão eleitoral, coisa que eu não vou fazer", avisou.

Apesar das pressões dentro e fora do PSDB, o tucano permanece irredutível na ideia de definir o candidato tucano à Presidência somente no ano que vem. "Estou trabalhando como governador e vou continuar assim até o começo do ano que vem, quando vou decidir os meus rumos eleitorais."

QUEDA DE BRAÇO

Serra, que disputa com o governador de Minas, Aécio Neves, a vaga de presidenciável pelo PSDB, teme virar alvo dos adversários cedo demais. Por isso adia o quanto pode um anúncio da pré-candidatura. O assunto foi alvo de sondagem do PSDB paulista. Pesquisas qualitativas revelaram que o eleitor tende a ver com antipatia anúncios fora de época, principalmente quando o candidato está governando.

A intenção de não levar adiante um embate público com Lula sobre programas de irrigação no Nordeste tem como pano de fundo a preocupação com um eventual desgaste político, já que o presidente tem carisma e alto índice de popularidade.

O governador garantiu que consegue separar sem dificuldades campanha e governo. "No meu caso não tem problema. Aqui no meu discurso não há nenhuma mensagem eleitoral." Indagado se Lula conseguia fazer o mesmo, Serra desconversou. "Que cada um fale por si." Para ele, a imprensa é a primeira a fazer confusão.

No seu pronunciamento, durante a entrega de uma duplicação de parte da Rodovia Tamoios, em São José dos Campos, o governador não se limitou a falar da obra inaugurada. "O pedágio na Ayrton Senna com a concessão caiu mais de 40%, de R$ 22,10 para R$ 12,60", destacou o tucano.

COMPARAÇÕES

Ao falar das ações do seu governo na educação e saúde, ele não deixou de fazer comparações com iniciativas federais. "Nós criamos em São Paulo uma rede de hospitais de reabilitação; 10% da população de São Paulo têm problemas de mobilidade. Vamos fazer nove unidades no Estado. É uma inovação na política de saúde. Existe uma rede federal, mas que será menor do que a nossa", ressaltou.

O PSDB organiza hoje em Goiânia um debate sobre inclusão social e emprego. Serra e Aécio devem participar. O governador paulista tem reservado os fins de semana para eventos partidários e viagens, especialmente ao Nordeste, onde o PSDB enfrenta grande desvantagem em relação ao PT.

PSDB vê ''arapuca'' no desafio de Lula

Christiane Samarco, Brasília
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO


Cúpula diz que rival é Dilma e tucano não cairá na armadilha de aceitar provocação para brigar com presidente

A cúpula do PSDB considera as provocações eleitorais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao governador paulista e pré-candidato do partido a Presidência, José Serra, uma arapuca. "O Lula escalou o Serra para confrontar os 80% de apoio popular que tem, mas com ele o Serra não vai brigar. O confronto de 2010 é com a Dilma", avisa o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). "Nesta armadilha o Serra não cai", completa o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA).

Os tucanos não têm dúvida de que a estratégia do Planalto nessa nova fase da pré-campanha, com a ministra Dilma Rousseff ( Casa Civil) liberada da quimioterapia para viajar Brasil afora, é "chamar o Serra para a briga". Entendem que, para alavancar a candidatura petista, Lula assume a linha de frente e usa sua popularidade como forma de desgastar o tucano em um embate irreal, contra alguém que não está na corrida presidencial.

CACOETE

"Ele não perdeu o cacoete de candidato", analisa Jutahy. O deputado alega compreender a dificuldade que Lula tem para "desencarnar" de uma candidatura sustentada ao longo dos últimos 25 anos, desde a redemocratização, mas devolve a provocação. Afirma que "o povo é mais sábio" e já entendeu que a candidata é a ministra Dilma, e não o presidente.

Expoente da ala serrista do PSDB, Jutahy insiste que Serra seguirá governando São Paulo e conhecendo a realidade do País, "sem entrar na arapuca da baixaria e do bate-boca".

Um dirigente do PT que acompanha a ofensiva do Planalto em favor da pré-candidata petista revela que o presidente Lula age orientado por pesquisas eleitorais. Estes levantamentos mostrariam, segundo alardeiam, que o Serra é o melhor adversário para o PT em uma campanha polarizada, com o qual o Planalto trabalha.

RINGUE

Diante desse quadro, os petistas entendem que as provocações do presidente são úteis para estimular o tucano a entrar na corrida sucessória. "É exatamente por isso que o Lula tem puxado o Serra para o ringue", diz o senador Delcídio Amaral (PT-MS). "Agora, é esperar para ver se a briga começa já, ou fica para depois."

A cúpula do PSDB reconhece que já está passando da hora para a oposição se recompor e reavaliar a tática da pré-campanha. "Essa viagem do Lula pelo São Francisco serviu para mostrar que o Planalto não vai ter limite na ação publicitária para a campanha da Dilma", afirma Sérgio Guerra. Os tucanos admitem que precisam se organizar porque o enfrentamento terá de ser feito. Advertem, contudo, que essa não é uma tarefa do Serra. Ao menos não, por enquanto.

No que depender do governador paulista, o enfrentamento não se dará antes de fevereiro do ano que vem. Apesar da pressão do tucanato e de dirigentes do DEM para que ele assuma logo sua candidatura, Serra não está sozinho na resistência à antecipação do jogo sucessório.

Reunida em Brasília na quinta-feira, a Executiva Nacional do DEM pôs em pauta a "angústia" com a falta de um candidato da oposição para se contrapor a Dilma, que tem buscado o apoio de partidos aliados ao governo.

PARALISIA

"Podíamos procurar o PTB, mas não estamos habilitados a articular porque não temos candidato", queixa-se o tesoureiro do DEM, Saulo Queiroz. "Enquanto aguardamos paralisados, a Dilma conversa cada dia com uma bancada", lamenta o tesoureiro, engrossando o coro do presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ).

O DEM de São Paulo, ao contrário, não pressiona Serra a se definir. Prefere ganhar tempo para trabalhar uma candidatura alternativa a Geraldo Alckmin para o governo paulista. O partido está fechado com a campanha de Serra para presidente, mas também estimula a candidatura do secretário estadual da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, para entrar na corrida ao Palácio dos Bandeirantes, depois das brigas de Alckmin com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM).

Oposição não trabalha sob pressão do governo, diz Freire

Valéria de Oliveira
DEU NO PORTAL DO PPS

A oposição não deve entrar no timing do governo, que tem problemas sérios para emplacar sua candidata e passa por cima da lei, gasta dinheiro público em campanha eleitoral e se desdobra para fazer sua candidata superar Marina (Silva) e Ciro (Gomes). Assim o presidente do PPS, Roberto Freire, respondeu às pessoas que estão "angustiadas" ao assistir à antecipação da propaganda oficial em torno da ministra Dilma Roussef. "Não proponho que fiquemos deitados em berço esplêndido. Devemos agir sob o primado da lei".

Na próxima terça-feira, os partidos de oposição mais uma vez vão entrar na Justiça contra campanha eleitoral extemporânea com uso do dinheiro público. Freire cobrou das instituições responsáveis pela fiscalização da lei eleitoral que ajam para coibir ações como as que ocorreram nas viagens a Pernambuco e Norte de Minas, a pretexto de visitar obras da transposição do Rio São Francisco.

Angústia

"A desfaçatez do governo cria uma certa angústia naqueles que temem por a oposição não estar fazendo o mesmo; eu defendo a tranqüilidade, a calma, porque nós temos dois excelentes candidatos, entre os quais existe uma ótima relação, e as três forças que os apóiam não fazem exigência de lugar na chapa", disse Freire.

Na opinião dele, os pré-candidatos José Serra, governador de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais, não devem incorrer nas ilegalidades que a oposição critica. "A oposição quer respeito à lei; nós não temos uma candidata ruim para entrar nesse desespero que o governo está, passando por cima de tudo; nada justifica isso". A preocupação é natural, diz Freire. "Mas temos de usar a razão: quem está mal na pesquisa é Dilma. Por isso essa sanha em gastar o dinheiro do contribuinte em prol da candidatura dela, o que é um insulto à nação".

Segundo Freire, o governo está "frenético" na exposição de Dilma, e, "nesta hora, que é de governar, fica inaugurando pedra fundamental, fazendo festa e gastando gogó". Enquanto isso, diz o presidente do PPS, problemas graves como o vazamento das provas do Enem, as "idas e vindas da taxação da poupança, a inconcebível retenção do Imposto de Renda - com o beneficiamento de Lula de forma abjeta - e a intromissão na Vale expõem as deficiências de uma administração que é feita apenas de publicidade".

Serra afirma que não fará debate eleitoral com Lula

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse ontem que não vai entrar em um debate eleitoral com o presidente Lula respeito das obras de transposição do Rio São Francisco porque nenhum dos dois, nem ele nem Lula, são candidatos à Presidência no ano que vem.

Serra havia criticado o projeto de Transposição do governo federal por não incluir investimentos em irrigação que beneficiem as populações que vivem às margens do rio. Na quinta-feira, Lula ironizou a declaração do tucano. Disse que não sabia que Serra tinha alguma preocupação com o Nordeste e que suas críticas são discurso de campanha.

“O presidente Lula falou em termos eleitorais. Eu não vou fazer um debate eleitoral com o presidente Lula. Por dois motivos: porque ele não é candidato a presidente no ano que vem e porque eu não defini se serei candidato ou não”, disse Serra, durante inauguração de obra viária em São José dos Campos.

“Essa decisão (da candidatura) só será feita pelo meu partido e por mim no ano que vem. Eu não sou candidato, estou trabalhando, como vocês veem aqui, como governador, e vou continuar assim até o primeiro trimestre do ano que vem, quando vou decidir os meus rumos eleitorais”, disse Serra.

O governador paulista é cotado para disputar a Presidência pelo PSDB. As críticas dele foram feitas no momento em que Lula visitava as obras com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), a preferida do presidente para a sua sucessão em 2010.

Maciel faz críticas à maratona de Lula

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Fugindo ao seu estilo, o senador pernambucano disse acreditar que a visita de Lula ao Sertão “tem um caráter de campanha eleitoral”

Acostumado a manter uma postura diplomática, distanciando-se de polêmicas, o senador Marco Maciel (DEM) declarou ontem que os atos promovidos pelo presidente Lula, ao visitar o canteiro de obras da Transposição do Rio São Francisco, em Pernambuco, tiveram uma conotação eleitoreira. “Eu acho que tem um caráter de campanha eleitoral. É lógico que se associa a visita às obras que não estão concluídas ainda. E isso, naturalmente, dá lugar a uma grande discussão sobre o tema”, falou.

O ex-vice-presidente e pré-candidato à reeleição deu essa declaração ontem, no plenário do Senado. Após um discurso sobre programas de educação à distância, foi indagado pela imprensa sobre as críticas que foram feitas por vários membros da oposição, entre eles o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), contra Lula, em função de uma suposta antecipação da campanha eleitoral. Para a oposição, o presidente está aproveitando atos de gestão pública para promover, principalmente, a sua pré-candidata a presidente, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), visando o pleito do próximo ano. Na chamada “Caravana da Transposição”, o petista também deu espaço ao presidenciável do PSB, deputado federal Ciro Gomes.

Maciel acrescentou que confia na consciência do eleitor, que classifica como “arguta”, para identificar o melhor candidato. O senador, no entanto, aponta que a indefinição da oposição atrasa o contato da população com o futuro candidato tucano à Presidência, que terá apoio do DEM. “Se nós não temos as definições, os processos políticos não se desenvolvem como gostaríamos que acontecesse”, afirma o parlamentar.

Líderes do partido do senador – DEM – ficaram irritados, em especial, com a visibilidade conquistada por Dilma durante viagem ao Sertão do Estado, em companhia de Lula. Na oposição, o clima é que o PSDB perde tempo ao não firmar a candidatura. O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), reconheceu que seria bom se a oposição já tivesse um candidato.

'Pobre oposição, não tem o que fazer'

Chico de Gois
Enviado especial • Cabrobó (Pe)
DEU EM O GLOBO

Lula rebate críticas sobre custo e uso político de viagem com ataques a adversários

Um dia depois de ironizar a preocupação com o Nordeste manifestada pelo governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar a oposição, na última etapa da sua viagem pelo Rio São Francisco. Em entrevista, disse que a oposição não tem o que fazer, ao ser perguntado sobre o pedido de informações do PSDB e do DEM sobre os gastos com a viagem.

Mais cedo, discursando em palanque montado no canteiro de obras do Lote 1, Lula afirmou que o papel da oposição é ver defeito em seu governo.

— Pobre da oposição, que não tem o que fazer. Acho que a ociosidade é uma das desgraças da humanidade.

Bote um bando de homens juntos, sem ter o que fazer... é a desgraça — criticou. — Então, eles, ao invés de ficarem olhando o que eu estou fazendo, deveriam olhar o que eles estão fazendo. Seria mais fácil. Deveriam se lembrar do tempo em que eles governaram. A gente não pode ficar fazendo a discussão num nível menor. Mas não espero que a oposição reconheça o que nós fizemos. Não é o papel (dela).

Lula lembrou que já foi oposição, e que também criticava o governo: — Vocês se esquecem que fui oposição durante muito tempo. E falava mal de governo com a mesma facilidade com que eles falam mal de mim.

Com uma diferença: nós estamos fazendo o que eles não fizeram.

O presidente negou caráter eleitoreiro nos atos públicos. Para ele, não há problema em uma empresa dispensar os funcionários por algumas horas para ouvir o presidente, como aconteceu durante a sua visita e da comitiva — inclusive os pré-candidatos à sua sucessão Dilma Rousseff (PT) e Ciro Gomes (PSB) — pela região do São Francisco. E comparou os adversários ao jogador reserva que espera o titular ser expulso ou se machucar para poder entrar em campo.

— Quando a gente chega à Presidência, não tem o direito de ficar respondendo às críticas. Porque o papel da oposição é esse. A oposição é como jogador que está no banco de reservas e diz que é amigo do que está jogando, mas está doidinho para que o que está jogando tome um cartão vermelho ou se machuque para ele entrar no lugar. O papel da oposição é ver defeito.

Para Lula, os atos políticos que fez durante a viagem, com direito a palanque, claque e ladeado por dois pré-candidatos aliados à Presidência em 2010, não significam ações eleitoreiras. Comparou os seus atos públicos como presidente às assembleias de quando era sindicalista.

— Qual a diferença de eu fazer um ato de inauguração de uma reunião com trabalhadores que estão recebendo salário da empresa e pararam por algumas horas para ver o presidente da República? Onde tem a diferença de um comício? E completou: — Eu poderia fazer uma assembleia de trabalhadores, um ato público. Eu, sinceramente, acho que não cometi nenhum ato falho. Vou continuar falando.

Para mim, juntei mais de uma pessoa, se tiver duas, é um ato público, três é um comício, 50 já é uma assembleia grande, daquelas que eu fazia em São Bernardo do Campo.

Lula voltou a repetir que a oposição não quer o sucesso do país: — A oposição não quer que as coisas deem certo. O papel da oposição é ficar lá xingando e falando coisas, e o nosso papel é trabalhar, trabalhar e trabalhar, porque é isso que vamos mostrar quando terminar nosso mandato.

‘Quem quiser sair do anonimato trabalhe’

Ao comentar a declaração do senador Jarbas Vasconcelos (PMDBPE), que afirmou que o presidente está se tornando um mentiroso contumaz por ter dito que o peemedebista não o acompanhava em visita a obras quando era governador de Pernambuco, Lula reagiu: — Ninguém vai sair do anonimato às minhas custas. Quem quiser sair do anonimato trabalhe. Apresente proposta, discuta o Brasil.

'Eles vão ter de devolver cada centavo gasto'

Luiza Damé
DEU EM O GLOBO

Oposição diz que vai recorrer ao TSE por viagem "eleitoreira" e chama Lula de arrogante e pouco democrático

BRASÍLIA. Líderes da oposição reagiram aos ataques do presidente Lula, chamando o governo de corrupto e arrogante, além de pouco democrático.

A oposição também se municia para recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo que o governo seja obrigado a devolver o dinheiro gasto na caravana de Lula e comitiva às obras do Rio São Francisco. Para a oposição, a visita representa campanha eleitoral antecipada paga com dinheiro público.

O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), disse que a oposição cumpre seu papel, mas o governo e o presidente não conseguem conviver democraticamente com as críticas: — Ainda bem que existe oposição para fazer o governo recuar no conto do vigário da devolução do Imposto de Renda. Para mostrar que só 3,6% das obras do São Francisco foram pagas.

O presidente está confundindo oposição com subserviência. Quem não respeita a oposição não merece viver na democracia.

O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), foi irônico ao saber das declarações de Lula, e comparou-o ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que sufoca com violência qualquer foco de oposição. Para Caiado, nos últimos dias, o presidente desrespeitou o Tribunal de Contas da União (TCU), o Judiciário e a oposição.

— Ele deve ter sido contaminado pelo vírus bolivariano, o mesmo do Hugo Chávez — disse Caiado, para quem Lula, além de desrespeitar as instituições, é “arrogante, truculento e corrupto”: — A oposição tem uma limitação real: não temos a prerrogativa da Polícia Federal para prender os homens corruptos deste governo.

Ele é que não tem o que fazer, diz presidente do PSDB Para o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a reação de Lula mostra que a oposição está no caminho certo: — As palavras do presidente são exatamente a representação de quem não tem o que falar nem o que fazer.

O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), preparou novo requerimento de informações à Casa Civil sobre os gastos da viagem de Lula e comitiva para recorrer ao TSE: — Ele abriu a guarda. A viagem é político-eleitoreira e paga com recursos públicos. Mas eles vão ter de devolver cada centavo gasto.

Aníbal disse que o ataque de Lula à oposição só poderia ser uma piada e uma forma de defesa antecipada. Para ele, o presidente foi fazer turismo no São Francisco, porque há pouco o que vistoriar em termos de obra.

O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que a assessoria do partido está reunindo provas, como vídeos da caravana, para embasar uma ação no TSE. Segundo ele, sem essas provas, o partido não recorrerá à Justiça: — Nitidamente, o presidente montou um palanque eleitoral.

As críticas de Lula ao TCU e à lei de licitações — apontadas por ele como responsáveis pelo atraso das obras do São Francisco e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) — também tiveram respostas no plenário do Senado.

— Será possível que o presidente Lula não tem ninguém que lhe aconselhe a evitar pronunciamento após almoço demorado? O que o presidente está fazendo é um absurdo — disparou Heráclito Fortes (DEM-PI).

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) propôs que a Comissão de Fiscalização e Controle do Senado realize uma sessão especial para analisar a questão, com a participação do TCU, governo e representantes do Judiciário e da sociedade.

Colaborou: Adriana Vasconcelos