sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Vinícius de Moraes :: A rosa de Hiroxima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

Anistia: para presidente do STM, posição de Vannuchi é retrógrada

DEU EM O GLOBO

"Rever a lei é de uma inconstitucionalidade absurda", diz Carlos Alberto Soares

BRASÍLIA. O presidente do Superior Tribunal Militar (STM), o civil Carlos Alberto Marques Soares, disse que o ministro Paulo Vannuchi, dos Direitos Humanos, adota uma posição retrógrada ao defender punição para militares que atuaram no regime militar. Carlos Alberto Soares saiu em defesa do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e dos comandantes das três Forças, que reagiram ao Programa Nacional dos Direitos Humanos. Para o presidente do STM, a possibilidade de rever a Lei de Anistia, prevista no programa, é absurda e inconstitucional.

- O ministro Jobim está corretíssimo. Rever a Lei de Anistia é de uma inconstitucionalidade absurda. Foi uma lei que serviu para um determinado momento do país e não pode, anos depois, ter outra finalidade - disse Soares.

Soares foi mais a um a reagir em meio à crise que opôs os ministros militares a Vannuchi por causa do programa de direitos humanos. Os comandantes militares e Jobim ameaçaram entregar os cargos. O presidente do STM afirmou que o Brasil não deve seguir o caminho de outros países sul-americanos que julgaram e puniram militares responsáveis por ditaduras.

- Não sou de direita nem de esquerda. Mas, seguir o que fizeram Argentina, Chile e Uruguai (que condenaram militares) é ir na contramão da história. A posição do ministro Vannuchi é retrógrada, de 30 anos atrás. Não é momento mais para isso. O Brasil é outro.

Soares, diferentemente dos militares, defende que as arbitrariedades ocorridas durante a ditadura, como perseguições, tortura e mortes sejam esclarecidas.

- Rever fatos políticos, para efeito de História, é claro que defendo. Pode se rever tudo.

Ninguém é favorável à tortura. Mas não se pode confundir História com direito. A Lei de Anistia produziu efeitos numa época e todo mundo a aceitou.

A primeira versão do Programa de Direitos Humanos previa a extinção do STM. Durante os debates, os militares, com atuação forte do Ministério da Defesa, excluíram essa proposta.

- O argumento de que julgamos pouco não convence. Não vamos trocar qualidade por quantidade. A Justiça Militar é a mais antiga do país. Provou sua independência na época da revolução de 64, quando foi o primeiro tribunal a conceder uma liminar em habeas corpus.

Soares é o primeiro ministro oriundo da magistratura a presidir o STM. Relatou, em 1999, reabertura do caso do Riocentro, episódio em que dois militares tentaram explodir bombas num show musical no Rio, em abril de 1981, e acabaram vítimas dos artefatos.

Eliane Cantanhêde:: Os caras e as caras de 2010

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA -
Acabou a brincadeira. Em 2010, é guerra. Guerra que os tucanos querem que seja entre Dilma Rousseff e José Serra e que os petistas forçam para ser entre os governos Lula e FHC. Ou seja: a oposição tem o candidato mais forte, e o governo, o melhor discurso.

O foco da eleição não está em nenhum dos candidatos. Está em Lula, um ex e futuro candidato, cheio de manha, de soberba, de garra, com o controle da campanha de Dilma, manipulando o futuro de Ciro Gomes, constrangendo a sua ex-ministra Marina Silva e mirando FHC para ricochetear em Serra.

Lula disputou em 1989, 1994, 1998, 2002 e 2006. Perdeu três, ganhou duas e faz um grande teste nesta sexta vez em que subirá ao palanque, não mais como candidato, mas como padrinho. Se Dilma vencer, ele poderá estar novamente encabeçando uma chapa em 2014. Se ela perder também.

Mas não custa fazer justiça neste primeiro dia de um ano tão eletrizante: o elenco de candidaturas é mais que um sinal; é uma prova de quanto o Brasil vem evoluindo desde os anos 1980, antes mesmo do início formal da redemocratização.

Serra, Dilma, Marina e, menos um pouco, a incógnita Ciro (que queria tudo e pode ficar sem nada) têm credenciais, história, imagem limpa e experiência administrativa, representam ideias e setores.

São, enfim, bons candidatos. O eleitor tem produtos de qualidade na prateleira, terá tempo para analisá-los, confrontá-los e escolher qual será melhor para o país de hoje e para o país de amanhã.

Só não esqueça que serão eleições gerais, hora de votar em governadores, senadores e deputados federais e estaduais, aqueles que, ou vão empurrar o Brasil e os brasileiros para frente, ou vão continuar assombrando o país com seus castelos, panetones, cuecas e escândalos. Você decide.

Ótimo ano, bom voto!

PT e PSDB correm para desatar nó que ameaça ruir palanques estaduais

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Tucanos não têm candidato no RJ, CE e AM e, na seara petista, imbróglio está em SP e MG, maiores colégios eleitorais

Julia Duailibi e Pedro Venceslau

Com palanques desarticulados nos principais colégios eleitorais do País, PSDB e PT dedicam o começo do ano para desembaraçar os nós nos Estados onde ainda não têm estrutura eleitoral definida para dar suporte a seus candidatos à Presidência da República em 2010. O objetivo é criar vitrines regionais robustas para os prováveis postulantes ao Palácio do Planalto - a petista Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, e o tucano José Serra, governador de São Paulo. Para isso, os dois partidos pretendem fechar a costura política até março.

Os tucanos se preocupam com três Estados nos quais não há candidato definido até agora - Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas. Do lado petista, o imbróglio maior está em São Paulo e em Minas Gerais, primeiro e segundo maiores colégios eleitorais do País, respectivamente. Há ainda indefinição no Rio, Paraná, Pará e Maranhão.

Na segunda quinzena de janeiro, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e o secretário-geral do partido, Rodrigo de Castro (MG), começam a viajar pelo País. O medo é repetir 2006, quando o então candidato a presidente, Geraldo Alckmin, ficou praticamente sem campanha nos Estados.

À época, o receio de perder votos fez com que candidatos a governador evitassem fazer oposição à reeleição de Lula. "É melhor um palanque menor, mas que seja fiel ao nosso candidato a presidente. Dessa vez, não vamos admitir os erros de 2006", declarou Rodrigo de Castro. "Na campanha passada, tivemos palanque demais e campanha de menos", disse Guerra.

O Rio é o principal motivo de dor de cabeça no PSDB. Havia dois anos que se apostava no palanque com Fernando Gabeira (PV). O deputado, no entanto, prefere o Senado. Tucanos agora se dividem entre fabricar a candidatura de um parlamentar - Marcelo Itagiba, Otávio Leite ou Índio da Costa, este do DEM - ou convencer o ex-prefeito César Maia (DEM), que também quer o Senado e resiste a "ir para o sacrifício". O PT enfrenta o problema contrário.

Além do governador Sérgio Cabral (PMDB), apoiado por Lula, o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), colocou o nome no páreo para o governo.

O PSDB não tem candidato no Ceará, reduto do presidenciável Ciro Gomes (PSB). O senador Tasso Jereissati, amigo de Ciro, resiste a disputar contra o governador Cid Gomes (PSB). O PT fechou apoio a Cid, em uma frente com PMDB e PSB.

Maior vexame da eleição de 2006, o Amazonas continua sendo uma interrogação. Lá, Alckmin teve apenas 176.338 votos contra 1.159.709 de Lula. E nada diz que a situação será diferente. O partido ensaia um flerte com Amazonino Mendes (PTB), mas foca na reeleição do senador Arthur Virgílio.

No Distrito Federal, os tucanos perderam o palanque do governador José Roberto Arruda, envolvido no mensalão do DEM. Não está descartado o apoio ao ex-governador Joaquim Roriz (PSC) ou, num cenário menos provável, palanque próprio com Maria de Lourdes Abadia.

Paraíba e Rio Grande do Sul também estão indefinidos. No primeiro caso, ala do ex-governador Cássio Cunha Lima no PSDB apoia Ricardo Coutinho (PSB), prefeito de João Pessoa. Outra quer lançar o senador Cícero Lucena. No Rio Grande do Sul, Yeda Crusius quer se reeleger, mas a cúpula prefere o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB).

FRONTE PETISTA

O maior problema para o PT está em São Paulo, onde o PSDB governa de 1995. A alternativa Ciro Gomes, construída por Lula, desperta cada vez mais desconfiança. "O tempo da candidatura Ciro se esgota e o PT toma a frente para lançar candidatura própria", disse o líder petista na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP). O cenário está indefinido entre o deputado Antonio Palocci, a ex-prefeita Marta Suplicy e o prefeito de Osasco, Emidio de Souza. Ventilou-se o nome do senador Aloizio Mercadante, que quer a reeleição.

Em Minas, o ex-prefeito Fernando Pimentel e o ministro Patrus Ananias colocaram seus nomes.
A cúpula do PT quer evitar uma prévia e não vê com maus olhos o apoio ao ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB). Há ainda enrosco no Pará, onde a governadora Ana Júlia Carepa vive às turras com o PMDB, de Jader Barbalho. E no Maranhão, onde parte do PT resiste a apoiar Roseana Sarney. No Paraná, há indefinição para petistas e tucanos. Ambos cortejam o palanque do senador Osmar Dias (PDT) - mas o PSDB tem dois nomes, Álvaro Dias e Beto Richa.

Na Bahia, Lula mostra otimismo e Serra usa twitter

DEU EM O GLOBO

Presidente diz que descansará agora para aguentar ano eleitoral

SALVADOR. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Marisa Letícia, acompanhados de filhos e netos, chegaram por volta de 11h de ontem à Base Naval de Aratu, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, onde fica a praia de Inema, escolhida por Lula e seus familiares para passar o réveillon. Na sua chegada à capital baiana, o presidente disse que pretende descansar bastante durante dez dias, lembrando que 2010 será um ano eleitoral e que ele pretende participar ativamente da campanha.

Ao desembarcar, recepcionado pelo governador Jaques Wagner e pela primeira-dama Fátima Mendonça, o presidente fez um pronunciamento de otimismo para 2010:

- Tenho a convicção de que 2010 será um dos melhores anos da história do Brasil. E só não digo o melhor porque cada um acha que o ano melhor é o que foi bom só para ele. Mas tenho a certeza de que, para o Brasil, 2010 será um ano excelente. Temos obras sendo realizadas em todos os estados e em quase todas as cidades. A economia vai de forma excepcional.

Depois de dizer que o povo brasileiro merece ter um ano excepcional como ele acha que 2010 será, o presidente disse que sua intenção, durante os próximos dez dias, será apenas descansar. Lula não vai participar de festas enquanto estiver em terras baianas.

- Até porque 2010, além de ser um ano bom, será um ano de muita política e eu pretendo entrar nesta luta - disse o presidente.

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), principal nome da oposição para a disputa presidencial de 2010, também optou pela Bahia para passar o réveillon, mas escolheu como refúgio a casa da sua filha Verônica Serra, num condomínio de alto luxo em Trancoso, no Sul do estado. Ele chegou ao condomínio Alto do Segredo na quarta-feira e pretende ficar até domingo, divertindo-se na companhia dos netos e da mulher, Monica.

Serra não se separou da "febre" do momento, o twitter, através do qual tem se comunicado com as mais de 154 mil pessoas que o acompanham. Depois de informar aos seus seguidores que está passando o fim do ano na Bahia, o governador disse que se divertiu assistindo ao filme Gilda, um clássico que celebrizou a atriz Rita Hayworth.

Desempenho em SP traz alívio à oposição

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Oposicionistas estão atrás nas pesquisas em 6 dos 8 maiores colégios

Marcelo de Moraes, BRASÍLIA


As pesquisas de intenção de voto mostram que a liderança do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na corrida presidencial e a vantagem de Geraldo Alckmin (PSDB) na sucessão de São Paulo estão salvando a oposição de fechar o ano com um cenário eleitoral nebuloso. Segundo os levantamentos dos institutos de pesquisa, entre os maiores oito colégios eleitorais do País, os partidos de oposição aparecem em primeiro lugar apenas em São Paulo e estão em empate técnico com os governistas no Paraná.

Nos outros seis maiores Estados, porém, a oposição (PSDB, DEM e PPS) vê seus candidatos perderem ou nem sequer definiu o nome para disputar a eleição. É o caso de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará.

A eventual vitória em São Paulo salva a pele da oposição, uma vez que o Estado reúne 29,4 milhões de eleitores, mais que o dobro do total de eleitores do segundo maior, que é Minas Gerais. Nessa disputa Alckmin tem uma diferença consistente sobre Ciro Gomes, do PSB.
Segundo o Datafolha, essa vantagem seria de 50% contra 14%.

O problema mais grave acontece no Rio. Levantamento feito pelo Datafolha, divulgado no dia 21, mostra o atual governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) em primeiro, com 38%, seguido por Anthony Garotinho (PR), com 23%. Ambos apoiam a candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).

O melhor resultado de um candidato ligado à oposição é o do deputado Fernando Gabeira (PV), que aparece em terceiro com 14%. No partido da senadora e pré-candidata Marina Silva (AC), Gabeira tem proximidade política com a campanha de Serra. Ainda assim, após a divulgação da pesquisa, insistiu que será candidato ao Senado.

No Rio Grande do Sul, a situação é semelhante. A disputa está se polarizando entre o ministro da Justiça, Tarso Genro (PT), e o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), enquanto a candidatura da oposição é representada pela governadora Yeda Crusius (PSDB). Segundo o Datafolha, Tarso e Fogaça lideram com 30%.

Em Minas, o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), é o primeiro, com 31%. Antônio Anastasia, vice-governador de Aécio Neves (PSDB), surge apenas em terceiro, com 10%, batido pelo petista Fernando Pimentel, que soma 19%.

A oposição ainda enfrenta problemas com pré-candidatos que já foram hegemônicos em seus Estados. Ex-governadores, os senadores Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) ocupam apenas a segunda posição na pesquisa do Datafolha em Pernambuco e Ceará.
Na Bahia, o petista Jaques Wagner ocupa o primeiro lugar com 39%, contra 24% do democrata Paulo Souto. No Paraná, o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), aparece como a melhor opção da oposição - tem 40%, contra 38% do senador Osmar Dias, do PDT.

Contra oposição, PT adota o discurso do risco de retrocesso

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Estratégia é alertar para possível ruptura de políticas sociais de Lula em caso de derrota

Em 2002, campanha tucana usou discurso do "medo" de que possível vitória de Lula trouxesse de volta inflação e instabilidade econômica


Ana Flor, Catia Seabra

Menos de oito anos depois de ser vítima do discurso do "risco PT", em que a oposição tentava associar uma vitória de Lula à volta da inflação e à instabilidade econômica, o governo pôs em marcha uma estratégia semelhante para 2010.

Ministros, autoridades do governo e o próprio Lula passaram a embutir em suas falas pelo país alertas para a possibilidade de ruptura nas políticas econômicas e sociais caso a candidata do Planalto, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), não vença as eleições.

Em 2002, quando tucanos e aliados adotaram o discurso do "risco PT", a atriz Regina Duarte foi à TV declarar o voto a Serra, que concorria à Presidência, afirmando ter "medo" de Lula.

Hoje, a estratégia é vincular Dilma à continuidade das políticas do governo Lula, e colar, na possibilidade de vitória da oposição, o risco de retrocesso.

Em entrevista, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ter convicção de que Dilma manteria a atual política econômica -mas sobre o principal nome da oposição para enfrentá-la, o governador José Serra (PSDB), disse não ter a mesma certeza.

Diante dos bons resultados da Petrobras, o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, atribuiu o sucesso ao governo Lula e afirmou, também em entrevista, que se tivesse vencido em 2002 e 2006, "o PSDB já teria vendido parte" da empresa.

Ainda mais enfático foi o presidente Lula que, ao encontrar catadores e moradores de rua, alertou para o perigo da não continuidade de seu governo: "Não sabemos o que pode acontecer no país".

Aprovação

O expediente de associar Dilma ao sucesso do governo Lula é uma das principais estratégias de campanha. Sem nunca ter enfrentado as urnas, Dilma tem apenas o trabalho como ministra para mostrar.

O comando do PT e ministros próximos ao presidente rechaçam as expressões "terrorismo" ou "medo". Avisam, entretanto, que intensificarão a estratégia de associar Serra à administração Fernando Henrique Cardoso.

O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) afirma que é "inevitável" a comparação de projetos. "É uma linha de defesa do governo. E não é apenas continuidade, o projeto é continuar avançando", diz.

Segundo o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), o partido quer promover um debate sobre "os destinos do Brasil" -em que sobram ataques para o governo tucano.

"[Vamos discutir se o Brasil] vai ser potência mundial ou não", diz ele. "O PT defende o Estado forte, um Estado que enfrenta a crise como nós enfrentamos. Eles acham que isso é gastança", afirmou o deputado.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini, diz que a estratégia de comparação entre os governos terá o seu ápice durante o horário eleitoral. "Não queremos que o eleitor tenha medo. Mas que possa optar entre dois projetos antagônicos."

Berzoini afirma que o tucanato praticou terrorismo também em 1998 ao dizer que a eleição de Lula ameaçaria a estabilidade econômica.

Enquanto o PT investe na comparação dos governos Lula e FHC, o PSDB vai insistir no confronto dos currículos de Dilma Rousseff e José Serra. Os tucanos realçarão as realizações do tucano no governo de São Paulo e no Ministério da Saúde. Lembrarão, por exemplo, a criação dos medicamentos genéricos:

"A história de Serra é anteparo para esse debate medíocre. A estratégia [do medo] não cola em quem fez o genérico e quebrou patente", disse o deputado federal Jutahy Magalhães (PSDB-BA).

Miriam Leitão:: Desafio e promessa

DEU EM O GLOBO

A sensação é oposta. Há um ano, eram sombrias todas as previsões da economia. O Brasil e o mundo entraram no ano passado pisando em terreno recessivo, de ameaças e riscos. Neste começo de 2010 a dúvida aqui dentro é se o Brasil crescerá 5% ou 6%. O mundo voltou a crescer.

Mesmo assim há perigos, principalmente na economia mundial.

O crescimento do Brasil este ano está dado. Parte dele será efeito estatístico da comparação com uma base fraca, parte será a ampliação do consumo e investimento.

A economia entrou em 2010 com a menor taxa de juros do passado recente, com o maior percentual de crédito/PIB, com a inflação dentro da meta, deflação nos preços do atacado, desemprego em queda e reservas cambiais nunca vistas.

O cenário é bom, mas tem riscos. O crescimento da demanda se exacerbou no fim do ano e pode pressionar os preços. As cotações das commodities exportadas pelo Brasil estão em alta, o que faz bem para o comércio exterior, mas pressiona os preços internos.

Os juros de pessoa física são os mais baixos desde a estabilização, mas são de 43% ao ano num país com inflação de 4,3%. Já endividados, mas otimistas com a economia, os consumidores podem perder a noção do perigo de um crédito com juros que, mesmo parecendo baixos para nós, continuam exorbitantes. O déficit em transações correntes vai crescer.

O mercado financeiro, após ler todas as comunicações do Banco Central, concluiu que as taxas de juros podem ser elevadas para conter o excesso de demanda e a pressão de preços. E isso pode acontecer já em abril. Se o presidente do Banco Central estiver saindo para concorrer a cargo público a dúvida que fica é se o BC terá uma atuação técnica ou cederá às pressões políticas de um ano eleitoral.

O crescimento vai reverter parte da deterioração fiscal que houve em 2009.

Mesmo assim, as contas públicas preocupam porque, há vários anos, o governo tem elevado as despesas com funcionários num percentual maior do que o do crescimento do PIB. No ano passado isso ocorreu novamente mesmo com queda de arrecadação.

Elevar gasto público foi o remédio adotado no mundo inteiro, mas o Brasil aumentou contratações e salários de funcionários públicos. Essa conta ficará para os anos seguintes.

O setor privado entra no ano de 2010 com baixos estoques, o que indica que haverá aumento da produção para recomposição de estoques. Que diferença com o cenário há um ano que era de férias coletivas generalizadas! As reduções de impostos para setores escolhidos incentivaram o consumo, mas deixaram também uma conta salgada e uma dúvida: quando esses estímulos fiscais serão retirados? A mesma dúvida pesa sobre a economia mundial de forma muito intensa.

Os estímulos fiscais e monetários foram volumosos nos países desenvolvidos. Agora, o desafio será saber a hora da retirada. A grande dúvida de 2010 na economia internacional é exatamente a retirada dos benefícios fiscais e monetários. A maioria dos países já voltou a crescer, mas as economias continuam dependendo de socorro governamental. Em alguns países, mesmo com todos os estímulos, a economia ainda patina, como a Inglaterra. Isso pode ter efeitos políticos. O governo Gordon Brown depois de 13 anos de trabalhismo pode perder a eleição para os conservadores.

Há um ano o cenário era assustador. As maiores economias do mundo estavam sob risco.

Hoje não é mais assim, mas os problemas financeiros recentes de Dubai e Grécia lembram que não se pode dizer que está tudo superado. O que é um rebaixamento na Grécia comparado ao risco de desabamento da economia americana há um ano? Parece ser nada, mas é bom estar atento a alguns sinais.

As maiores economias do mundo saem da crise com uma enorme dívida pública, há vários sinais de que bolhas estão se formando, as autoridades terão que agir contra essas bolhas antes de ter certeza de que a recuperação econômica está consolidada. A administração da ressaca da crise global não será tarefa trivial.

Outra dúvida que paira sobre o Brasil e o mundo este ano é o que vai acontecer com a moeda chinesa.

O aviso do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, de que a China não cederá às pressões para valorizar a moeda, mostra que a distorção no comércio internacional continuará.

O maior exportador do mundo, a economia que mais cresceu na crise, continuará com uma moeda com um preço artificial.

Equivale a um campeão olímpico que, não contente com o próprio desempenho, decide tomar anabolizante e sem que haja um comitê olímpico para puni-lo.

No Brasil, a década que começa hoje traz grandes promessas. Com todo o avanço que houve nas últimas duas décadas o Brasil parece preparado para crescer de forma sustentada.

Há eventos já garantidos que puxarão investimentos como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Desafios do tamanho das promessas nos aguardam.

O país ainda não sabe como debelar a corrupção que corrói silenciosamente a confiança na democracia e distorce as bases dos contratos de fornecimento ao estado. Os gargalos da falta de investimento ficarão mais explícitos exatamente quando o país retomar o crescimento. O envelhecimento da população exigirá que o assunto previdência seja encarado com menos paixão e mais objetividade.

O crescimento econômico terá que respeitar as novas imposições ambientais. Pela dimensão dos desafios e promessas, esta será uma década que marcará nosso destino no mundo.

O feliz ano novo do Brasil

DEU EM O GLOBO

Após estagnação de 2009, projeções de crescimento para 2010 variam entre 5% e 6,5%

Cássia Almeida

Crescimento forte, inflação baixa, emprego em alta, mais importações que exportações e mais dinheiro externo para financiar o consumo. Assim é o Brasil desenhado por economistas em 2010. Depois de enfrentar estagnação no ano passado, reflexo da crise financeira que abalou o mundo, o país cresce rápido. As projeções giram entre 5% e 6,5%, puxadas pelos investimentos - que recuaram com força em 2009.

A busca de máquinas, equipamentos e de bens para atender o consumo interno fará as importações aumentarem. E as exportações não conseguirão acompanhar, já que a economia mundial crescerá num ritmo bem menor que o Brasil - perto de 3%. Assim, o nosso saldo na balança comercial terá uma queda drástica, na opinião de analistas, saindo de mais de US$20 bilhões em 2009 para perto de US$10 bilhões, na mais otimista das previsões.

Sem o saldo na balança para compensar a sempre deficitária conta de serviços com o resto do mundo, o déficit em transações correntes (contas entre o Brasil e o mundo) deve dobrar em 2010, ficando perto de US$40 bi. O investimento direto estrangeiro ajudará a fechar as contas.

Contas públicas não preocupam
"Ano de Pibão", resume assim Francisco Pessoa Faria, economista da LCA Consultores, a situação do Brasil este ano. A LCA prevê alta de 6% em 2010, e a economia com sinal positivo em 2009 (o resultado só sai em março), ligeiramente superior a zero:

- Um ano de recuperação do investimento e consumo puxado pelo emprego, confiança e renda. Os juros devem subir pela alta forte da demanda, mas antes, teremos o aumento dos compulsórios (dinheiro retido no Banco Central) - diz.

As contas públicas não preocupam em 2010. A arrecadação em alta equilibrará as despesas que subiram em 2009, diz Faria. Elson Teles, economista-chefe da Corretora Concórdia, apesar de concordar que a arrecadação maior melhorará as contas públicas, lembra que no período eleitoral os gastos aumentam. Teles prevê algum entrave, criado pelo aumento dos gastos do governo no ano passado.

O investimento será a vedete de 2010. As taxas de crescimento devem superar 20% no ano, mas a parcela da economia brasileira destinada a aumentar a capacidade de expansão do país só volta aos patamares de antes da crise em 2011. Este ano, a taxa deve ficar próxima de 18%, enquanto que em 2008, superou 19%.

No mercado de trabalho, o céu é de brigadeiro. No início do ano, deve haver o aumento sazonal da taxa de desemprego, mas ela deve ficar, na média do ano, em 7,5% da força de trabalho, taxa inferior aos 8% esperados para o ano passado (o número oficial só sairá no fim do mês).

As eleições pesaram pouco nesse cenário projetado pelos analistas, na opinião do economista da Tendências Consultoria, Bernardo Wjuniski, que não consegue enxergar "medidas drásticas" anunciadas pelos candidatos já confirmados: o governador José Serra (PSDB) e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).

Faria, da LCA, prevê algum ruído quando a campanha tomar as ruas, com alguma crítica em relação ao câmbio, mas nada nem perto do que houve nas eleições de 2002. Na época, a instabilidade fez dobrar a cotação do dólar. Como consequência, a economia ficou estagnada em 2003.

- Não se vê hoje ameaça de mudança na gestão da política econômica - destaca Faria.

Inflação é outro grande indicador da economia que se manterá tranquilo em 2010, com as expectativas em torno da meta fixada pelo governo de 4,5%. Os índices gerais de preço (IGPs), medidos pela Fundação Getulio Vargas, fecharam o ano em queda. Assim, reajustes de aluguéis, escolas, telefonia, energia terão reajustes baixos, já que são baseados nesses índices de inflação.

O economista Luiz Carlos Prado, da UFRJ, destaca que a população brasileira cresce num ritmo muito menor. Pelo Brasil crescer acima da média mundial, em breve, diz, a renda do brasileiro se aproximará da dos países desenvolvidos:

- O crescimento de 5% hoje corresponde, em termos de renda per capita, à expansão de 7%, 8% da época do fim do milagre, nos anos 70.

O dólar deve se valorizar ao longo do ano, principalmente perto das eleições, mas fechará 2010 perto de R$1,80, impulsionando as importações.

Vale lembrar que as projeções vão se modificando ao longo do ano. No início de 2009, a expectativa era de que o país cresceria 2,5%. Em abril, com dois trimestres seguidos com o PIB recuando caracterizando a recessão, as estimativas pioraram para -0,3%. Depois melhoraram, voltando a cair no fim do ano passado. Agora, a expectativa é de que o país fique estagnado. Em suma, projeções são apenas projeções: nem sempre se confirmam.

No mundo, expansão será lenta

DEU EM O GLOBO

Cássia Almeida

Com economia global instável, risco de novo baque permanece

O mundo que está emergindo da pior crise financeira desde os anos 30 vai crescer mais devagar, com regulação apertada sobre os mercados financeiros e países mais endividados. O crescimento esperado entre 3% e 4% no ano que vem - depois da recessão mundial estimada entre 0,8% e 1,1% deste ano - será muito desigual. Estados Unidos e Europa, onde tudo começou, andarão mais devagar, enquanto emergentes como China, Índia e Brasil puxarão o crescimento global.

A tendência, segundo economistas, é diminuir o desequilíbrio entre os EUA e a China. Os EUA, um consumidor exacerbado, suprido de dinheiro e bens pelo resto do mundo. E a China, com a moeda artificialmente desvalorizada, exportador agressivo. Apesar de exibir uma população 1,3 bilhão, só agora começa a fortalecer seu mercado interno.

Mas o risco de novo baque, nem de perto parecido com o que estourou em 2008, não está afastado. O cenário externo é instável. A intervenção forte do Estado na economia, depois da hegemonia por décadas de um sistema mais liberal, veio para ficar na opinião de alguns analistas. Mas, para outros, o governo recolhe as armas com o arrefecimento da crise.

Para Armando Castelar, economista da Gávea Investimentos, quem ganhou foi o Fundo Monetário Internacional. Esvaziado e com dívidas, recebeu capital. Ganhou importância:

- Sem dúvida quem saiu melhor da crise foram Brasil e Austrália. A China se saiu bem, mas foi afetada por ser dependente do dinamismo dos EUA e da Europa. Houve aumento do crédito doméstico e do investimento público para combater a crise.

Rússia e México são os mais afetados pela crise

Na posição contrária, Rússia e México são escolhidos por unanimidade. O primeiro, com 80% de sua economia dependente do petróleo, perdeu receita de uma hora para outra. O barril do óleo, cotado antes da crise em US$100, caiu para US$40. Com instituições frágeis, sofre com inflação alta e estagnação.

- A Rússia é o único país que ainda está cortando juros, junto com a Islândia, na contramão do resto do mundo. A inflação não cede diante da depreciação cambial - afirmou Mariam Dayub, ex-economista do Banco Mundial.

Já o México sofreu pela ligação umbilical com os EUA, assim como os países da América Central.

- No colapso foi todo mundo para o buraco. Na volta, houve a distinção de países sem problemas com a conta corrente (contas com o resto do mundo), inflação controlada, crescimento menos volátil, sistema bancário mais sólido. Países mais fechados economicamente se saíram melhor - afirmou Mariam.

O economista afirma que os governos vão se recolher depois que tudo se acalmar, mantendo apenas mais regulação no sistema financeiro:

- Não haverá uma guinada ideológica, mas um grau de controle, que era pequeno. Ficarão mais parecidos com o Brasil, que já tinha sofrido sua crise bancária nos anos 80 e 90.

Já para o professor da PUC-SP Antonio Correa de Lacerda, a maior participação do Estado veio para ficar, pelo menos, por algumas décadas, quebrando a "hegemonia do neoliberalismo dos anos 90":

- Era a execração do Estado. Na crise, ficou claro que o setor privado sozinho não funciona. Mas os impostos podem aumentar - diz.

O professor de Economia Internacional da UFRJ Luiz Carlos Prado diz que o esfriamento da crise impediu reformas mais radicais no sistema financeiro, mas que ela afastou a ideia de que é possível ter economia autorregulada. Para ele, o investimento ambiental será outro ator nessa recuperação.

Celso Ming :: Hora de apostar

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Nada de olhar pelo retrovisor; a hora é de olhar pelo para-brisa dianteiro.

E, como tantas vezes na vida, nem tudo se enxerga bem, especialmente numa manhã de bruma.

Apesar disso, dá para dizer que 2010 tem tudo para ser um bom ano econômico, o que já é bem melhor do que aconteceu no final de 2008, ainda no auge da crise, quando se tentava vislumbrar o que aconteceria em 2009. Há um ano, sim, é que as perspectivas eram dramáticas, mas tudo acabou saindo melhor do que se previa.

Desta vez, o que se pode dizer é que, apesar dos riscos que se anteveem, há bem mais confiança em relação ao desempenho econômico em 2010.

Este é o último ano do mandato Lula e, mais que tudo, um ano eleitoral. Pela primeira vez na história recente do Brasil, as pesquisas de opinião mostram que o presidente Lula arrebata mais aprovação do que em qualquer ano de seu governo. Em compensação, não há parâmetros para antever o desempenho da candidata oficial à sucessão, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, porque até agora ela não participou de nenhuma eleição. Essa circunstância, por si só, vai exigir que o governo federal mostre ainda mais serviço do que normalmente deveria mostrar num ano eleitoral. É consideração que desemboca em duas vertentes, uma boa e outra ruim. A vertente boa é a de que a economia tende a ser ainda mais turbinada, com obras públicas e decisões que deverão puxar pelo consumo. A prorrogação da redução ou até mesmo a isenção de IPI para os setores de veículos, aparelhos domésticos, móveis e materiais de construção dá uma boa ideia do que é isso. A vertente ruim é a de que aumentam os riscos de que as excessivas despesas públicas aprofundem ainda mais a deterioração da administração fiscal e obriguem o Banco Central a puxar pelos freios monetários (alta dos juros).

Mas, risco por risco, o risco mais alto é o comportamento da economia internacional. A recuperação a partir do segundo trimestre do ano passado não inspira confiança porque vem ocorrendo com aumento do desemprego, o que, por si só, levanta dúvidas sobre a sua sustentabilidade.

Não há clareza sobre os desdobramentos da crise financeira, a maior desde os anos 30. Por enquanto, a impressionante intervenção dos governos conseguiu evitar o colapso. Mas o volume de recursos que hoje circula pelos mercados é bem maior do que os recursos que havia lá por 2003 e 2004, os mesmos que foram responsabilizados por criar as bolhas que estouraram em 2008.

O risco de que apareçam novas bolhas nos mercados de commodities e de petróleo e nos ativos de risco parece elevado. Mais cedo ou mais tarde, os bancos centrais dos países ricos serão chamados a enxugar dos mercados esses recursos para desinflar as eventuais bolhas. Mas se arriscarão a tolher a recuperação econômica e a criação de empregos.

Os governos centrais dos países ricos estão atolados em dívidas. Boa pergunta consiste em saber se essa deterioração fiscal não vai solapar o já insatisfatório nível de confiança que paira sobre as até agora conhecidas como moedas fortes.

Em todo o caso, apesar dos riscos, a hora é de apostar. Quem ficar parado à espera da eliminação das incertezas estará sujeito a ficar para trás.

Governo do Irã é acusado de enviar tropas para reprimir protestos

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Polícia e Exército já estariam ocupando as ruas de Teerã; novas manifestações estão marcadas para hoje

AP, Efe E Reuters, TEERÃ

A tensão nas ruas de Teerã aumentou ontem quando fontes da oposição afirmaram que o governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad estaria movendo tropas e veículos militares para a capital com o objetivo de conter manifestações contra o governo. De acordo com o site dissidente Jaras, as forças de segurança já estariam ocupando vários pontos de Teerã.

"Centenas de militares e dezenas de veículos armados estão seguindo para Teerã", afirmou o Jaras. "Alguns veículos são usados para reprimir manifestações de rua." A ordem do governo seria tomar as ruas da capital hoje, quando são esperadas várias manifestações de opositores.

Outro site ligado ao movimento de oposição afirmou que policiais usaram ontem gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes em dois protestos na área central da capital iraniana. As informações não puderam ser confirmadas pelas agências de notícias por causa das diversas restrições impostas a jornalistas no país.

Desde domingo o Irã sofre com violentas manifestações - durante as quais pelo menos oito pessoas foram mortas. Os distúrbios já são considerados os piores desde os protestos realizados após as eleições presidenciais de 12 de junho.

Fontes afirmam que mais de 500 manifestantes foram presos desde então, entre eles vários líderes do movimento opositor. De acordo com o vice-chefe do Judiciário, Ebrahim Raisi, os detidos durante os protestos de domingo serão indiciados por violar a ordem pública e "desafiar" Deus.

Acredita-se também que muitos deles possam ser julgados por abandono da fé religiosa - um crime punível com a pena de morte no Irã -, assim como tentativa de derrubar o governo e fomentar o tumulto no país.

Em resposta às manifestações dos opositores, o governo reagiu organizando suas próprias demonstrações, nas quais partidários de Ahmadinejad pediram a execução dos líderes da oposição.

Imagens exibidas pela emissora de TV estatal mostraram grupos de partidários do governo carregando cartazes que diziam: "Estamos prontos para sacrificar nossas vidas pelo líder", em referência ao líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.

ENVOLVIMENTO

Ontem, o governo iraniano voltou a criticar a oposição e afirmou que "não demonstrará piedade" a não ser que a situação mude. O Ministério de Inteligência chegou a afirmar ter provas de envolvimento estrangeiro nas manifestações, sem revelar detalhes.

"De novo, estamos alertando os líderes da oposição para que, imediatamente, afastem-se dos inimigos estrangeiros e de grupos antirrevolucionários", afirmou, em comunicado, o ministério. "Caso contrário, eles serão confrontados sem piedade."

Graziela Melo :: Coração ferido

Filho,
Por onde andas?

Como estás?

Barba,
Já tens?

Te quero
sempre,
Te espero
Sempre...

Porque
Não vens?

Às vezes
Sinto
Como se
Estivesses
Ao meu lado...

No
ônibus,
No
Supermercado,
Na rua...

Alguma voz,
Se escuto,
Me parece
A tua...

Aí no céu,
Tem muita gente?

Bom,
Qualquer hora dessa,
Nos vemos!!!

Te cuida
Meu Anjo
Querido...

Aqui
Se despede

Uma alma
Triste,

Um coração
Ferido!!!