terça-feira, 31 de maio de 2011

Opinião – Marco Aurélio Nogueira

De repente, como se brincássemos com dominós, as peças foram caindo uma após a outra e em questão de minutos o mundo ficou diferente. Da Praça Tahrir, no Cairo, a onda chegou a outros países árabes e depois, como num passe de mágica, às praças de Madrid e de várias cidades espanholas, com ressonâncias em Berlim, Paris, Roma, Viena, Bruxelas.

Como mágica não existe em política, algo ocorreu para que a mobilização decolasse. Os motivos imediatos são distintos, se compararmos os países árabes com a Espanha. No primeiro caso, protestava-se contra regimes autoritários e restrições à liberdade. No segundo, contra "tudo o que está aí", o desemprego, os políticos, a crise econômica, o cancelamento do futuro. São motivos distintos. O que os aproxima e cria a sensação de que tudo está conectado é a rapidez dos acontecimentos, a juventude dos participantes, a internet, o desejo de liberdade.

Marco Aurélio Nogueira, professor titular de Teoria Política da UNESP. Os dominós virtuais e a democracia real. O Estado de S. Paulo, 28/5/2011.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO

Pioneira, Alemanha fechará todas as usinas nucleares
Aumento recorde de emissão de gás-estufa
Sem proteção, 14 ameaçados morrem por ano no Pará
Reconciliação chapa-branca
Senado apaga impeachment de Collor
‘Ex-favelas’ com velhos problemas
Derrota nas urnas acirra divisões no governo Berlusconi

FOLHA DE S. PAULO

Alemanha recua e abre mão de energia nuclear
PMDB cobra mais poder de decisão no governo Dilma
Impeachment foi só ‘um acidente’, afirma Sarney

O ESTADO DE S. PAULO

Com Palocci fraco, PMDB quer nova articulação política
Crédito cresce menos, mas ritmo ainda preocupa
FMI em campanha no Brasil

VALOR ECONÔMICO

Custos em alta já influem no resultado das empresas
Brasil vê ameça no aumento do tráfico no Peru
Acordos no Uruguai
Dilma revê coordenação política

ESTADO DE MINAS

Inflação de aluguéis desacelera
PT e PMDB selam a paz após crise
Consumo voraz

CORREIO BRAZILIENSE

Governo evita comentar a cruzada de FHC pela descriminalização
As aparências enganam
BC quer liberar uso de dólar no Brasil
História do Senado omite a queda de Collor

ZERO HORA (RS)

Capital pressiona Planalto pelas obras do aeroporto
OAB defende a saída de Palocci
Afinidade em Montevidéu

JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Tortura na Funase
Pãozinhosofre novo aumento até julho
Sport encara Barueri desfalcado

Reconciliação chapa-branca

Após as ameaças do ministro Palocci ao vice-presidente Temer, que estremeceram as relações entre a presidente Dilma e o vice, os dois se reencontraram, na Base Aérea de Brasília. Mas a fotografia oficial, feita pelo Palácio à medida para a ocasião, não disfarçou o mal-estar, que continua.

Dilma e Temer se reconciliam em foto oficial

CRISE NO GOVERNO

Mal-estar era visível até no silêncio dos dois, na passagem do cargo na Base Aérea; vice reuniu PMDB sobre crise

Adriana Vasconcelos e Chico de Gois

BRASÍLIA. Era para ser a imagem pública da conciliação e da prova de que o mal-estar da semana passada entre a presidente Dilma Rousseff e o vice, Michel Temer, havia ficado para trás. Mas o clima passado pelas imagens oficiais e pelo silêncio de ambos não era de entusiasmo. Antes de embarcar para o Uruguai, Dilma passou o cargo para Temer, na Base Aérea de Brasília, posando para uma foto formal, com tapinhas nas costas. Só o fotógrafo da Presidência pôde registrar a cena, e apenas uma foto foi divulgada. À noite, Temer recebeu para jantar no Palácio do Jaburu os senadores do PMDB, que levaram queixas e sugestões sobre a articulação política do governo.

Na Base Aérea, Dilma pediu que o vice fosse à reunião convocada pelo ministro da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, para discutir a violência no campo. No encontro, Temer comentou que estava superado o episódio da semana passada, quando ele, a presidente e o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) se desentenderam em meio à polêmica negociação que antecedeu a aprovação do Código Florestal, que derrotou o governo.

Hoje, Dilma e Temer devem ter uma conversa mais longa. O jantar de ontem do vice foi uma prévia do almoço que a presidente terá amanhã com a bancada do PMDB no Senado.

O desentendimento em torno do Código reforça as queixas dos senadores do PMDB em relação à articulação política do governo. A avaliação é que o modelo precisa urgentemente ser alterado, sobretudo diante da fragilização de Palocci. Mas, ao contrário do que defendem até alguns petistas, o PMDB não pedirá a substituição do ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais).

- A gente não pode reclamar do ministro (Luiz Sérgio) porque não foi dada autonomia a ele. É preciso que ele trabalhe de forma articulada com a Casa Civil - disse ontem o presidente em exercício do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).

Mesmo minimizando a briga entre Temer e Dilma, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deixou escapar que o partido identifica o ex-presidente Lula como o principal fiador da aliança com o PT.

- Essa aliança é sólida, foi feita pelo presidente Lula, ele foi o avalizador da aliança, o aproximador. Nós, no PMDB, o consideramos um aliado - afirmou Sarney, sugerindo que Lula poderá estar mais presente na interlocução política. - A presença do presidente Lula na política é coisa da sua liderança, não coisa ocasional de governo.

Os senadores do PMDB avisariam a Temer, ontem à noite, da decisão de aprovar em plenário o acordo negociado em torno do substitutivo do senador Aécio Neves (PSDB-MG) sobre a proposta que altera a tramitação das medidas provisórias. O texto original era de Sarney, mas a proposta aprovada tenta inibir abusos do governo na edição de MPs, além de garantir mais tempo ao Senado para o debate.

Dilma reclamou do acordo em almoço com os senadores do PT, alegando que não fora consultada. Mas o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), garante que procurou o Planalto. Reservadamente, reclamou que não recebeu orientações sobre a pauta.

- Eu não falei com a presidente Dilma, mas falei com o Luiz Sérgio e a Casa Civil. O texto que ia ser votado era muito pior - disse Jucá.

Os senadores do PMDB tratariam com Temer da dificuldade na ocupação de cargos de segundo e terceiro escalões. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), de oposição, não irá ao almoço com Dilma. Outros independentes da bancada, porém, confirmaram presença.

- Este é um momento para selarmos a unidade e superarmos desentendimentos. O PMDB está consciente do seu papel na governabilidade, e a semana será importante para melhorarmos a convivência. O PMDB quer colaborar. A nossa aliança sobreviveu a momentos difíceis e não deve se acabar agora - disse Renan Calheiros (AL).

FONTE: O GLOBO

PMDB cobra mais poder de decisão no governo Dilma

O PMDB quer a retomada das nomeações para o segundo escalão e a presença do vice-presidente da República, Michel Temer, no centro das decisões do governo.

A presidente Dilma foi aconselhada por aliados a fazer concessões para tentar contornar a crise provocada pelo enfraquecimento de Antonio Palocci.

Aliados cobram mais poder de decisão no governo Dilma

Com Palocci enfraquecido, Michel Temer quer maior participação e cargos

Além de Lula, ministros aconselham presidente a fazer concessões a aliado e tratar melhor o vice para conter crise

Natuza Nery, Ana Flore e Márcio Falcão

BRASÍLIA - Aliados de diferentes partidos aconselharam a presidente Dilma Rousseff a trazer o vice-presidente Michel Temer (PMDB) para o centro das decisões do governo e retomar discussões com os peemedebistas sobre cargos no segundo escalão.

Essa seria, segundo visão predominante, a melhor forma de tentar contornar a crise aberta com o enfraquecimento do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.

A pressão por mudanças não vem só do PMDB, sócio preferencial da coalizão governista e o maior insatisfeito com a maneira como o governo dialoga com sua base.

Ministros e o próprio ex-presidente Lula aconselharam a petista a fazer mais concessões aos aliados e a tratar melhor seu vice.

Ontem, Dilma transmitiu o cargo a seu vice antes de viajar para o Uruguai. Uma foto oficial do encontro, tirada na base aérea, foi divulgada com o objetivo de desfazer a ideia de que PT e PMDB não se entendem.

Em entrevista à Folha no sábado, Temer disse que iria tirar uma "foto sorridente" com Dilma na base aérea.

O retrato divulgado pela Presidência mostra, porém, um encontro bem mais formal do que ele sugerira.

Palocci perdeu força como o principal articulador político do governo depois que a Folha revelou que ele enriqueceu fazendo negócios como consultor nos quatro anos em que também exerceu o mandato de deputado e quando chefiou a campanha de Dilma à Presidência.

A crise fez o governo sofrer uma derrota séria na semana passada, na votação do novo Código Florestal, que levou PT e PMDB para lados opostos na Câmara.

Uma discussão sobre a votação entre Temer e Palocci revelou que a crise em curso tem feições mais dramáticas do que se supunha. Na conversa, com testemunhas, não faltaram troca de ofensas e até uso de palavrões.

Em reunião para discutir os conflitos agrários no país, Temer afirmou ontem que os atritos com Palocci "ficaram no passado". O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse mais tarde que na democracia é "preciso harmonizar conflitos".

Por sugestão do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, Temer foi escolhido para chefiar o grupo interministerial criado para administrar conflitos no campo.

Desde a posse de Dilma, Temer tem participado das reuniões da coordenação, mas raramente conversa com a presidente a sós. Ele não consegue contratar um assessor sem precisar do aval de Palocci, gerente da Esplanada dos Ministérios.

Durante viagem de Dilma à China, em abril, Temer reuniu ambientalistas e ruralistas para discutir o projeto do novo Código Florestal. Depois do regresso da presidente, o vice nunca mais foi chamado para debater o tema.

Antes de ser vice, Temer foi três vezes presidente da Câmara, justamente o palco da derrota na votação do projeto. É também vice-presidente licenciado do PMDB, legenda em que a bancada ruralista é muito influente.

A presidente promete fazer nos próximos dias gestos para afagar seu vice e o PMDB. Amanhã, ambos receberão em almoço os senadores da bancada. Ontem à noite foi a vez do próprio Temer se reunir com a bancada peemedebista da Casa.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Com Palocci fraco, PMDB quer nova articulação política

O PMDB quer mudanças na articulação política do Planalto e duvida da sobrevivência de Antonio Palocci na Casa civil. O diagnóstico começou a ser disseminado ontem por líderes do partido como efeito colateral do desgaste provocado pelas cobranças do governo depois da derrota na votação do Código Florestal. A cúpula peemedebista avalia que houve uma quebra de confiança na relação com o PT e a presidente Dilma Rousseff. Apesar dos esforços de reconciliação desencadeados, os peemedebistas já começam a discutir como será o reforço na interlocução política do governo. O partido entende que o rearranjo interno já está em curso e que, por isso mesmo, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, ampliou seu raio de ação e ganhou mais peso na intermediação do Planalto. Dirigentes do partido avaliam que o ministro José Eduardo Martins Cardozo (Justiça) também vai atuar, por causa de seu trânsito com o vice-presidente Michel Temer e com a base aliada do governo.

PMDB vê enfraquecimento de Palocci e cobra mudança na articulação política

Episódios da semana passada, sobretudo o aviso do chefe da Casa Civil de que ministros peemedebistas seriam demitidos, abalaram relação de confiança com o governo; Temer recebeu ontem correligionários na residência oficial e aguarda gestos de Dilma

Christiane Samarco

BRASÍLIA - O PMDB quer mudanças na articulação política do Palácio do Planalto e duvida da sobrevivência no cargo do chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. O diagnóstico, que atinge em cheio o núcleo político do governo, começou a ser propalado ontem por líderes do partido como efeito colateral do desgaste provocado pelas cobranças ásperas do Planalto ao partido depois da derrota na votação do Código Florestal. A cúpula peemedebista avalia que houve quebra de confiança na relação com o PT e a presidente Dilma Rousseff.

Foi neste clima que Michel Temer reuniu ontem a bancada do PMDB no Senado para um jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência. Dos 18 senadores do partido, apenas Jarbas Vasconcelos (PE) avisou que não compareceria. Pela manhã, a presidente entregou o cargo interinamente a Temer antes de viajar para o Uruguai.

Havia sido combinado que os dois fariam da ocasião um momento de armistício entre o PMDB e o governo após os sucessivos desencontros de articulação política da semana passada, mas a foto oficial divulgada pela Presidência mostra uma tentativa de um abraço distante.

Apesar dos esforços de reconciliação desencadeados, peemedebistas já começam a discutir como será o reforço na interlocução política do governo. O partido entende que o rearranjo interno já está em curso e que, por isso mesmo, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, ampliou seu raio de ação e ganhou mais peso na interlocução do Planalto.

Personagem. Dirigentes do partido apostam que o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, entrará em campo nos próximos dias para reforçar o time da interlocução com o Congresso. Será uma solução ad hoc, que vai durar enquanto Palocci estiver "mergulhado".

A própria viagem de Cardozo na comitiva oficial de Dilma ao Uruguai foi considerada um sintoma dessa atribuição informal. Não apenas por conversar bem com o vice Temer, mas pelo conhecimento que tem do Congresso (ele foi deputado) e pelo trânsito fácil junto aos líderes da base aliada, conquistado nos tempos de atuação parlamentar.

É neste cenário que se apresenta ao PT e ao governo o desafio de administrar a indignação dos peemedebistas por conta do telefonema de Palocci a Temer na semana passada. O ministro ameaçou demitir ministros do PMDB, depois da derrota do Executivo na votação do Código Florestal.

O script do PMDB está montado. Temer aguarda um chamado de Dilma, hoje, para uma conversa definitiva sobre a crise.

Foto. Ontem, na Base Aérea de Brasília, a presidente e seu vice conversaram por menos de cinco minutos. A assessoria palaciana, de Dilma e Temer, chegou a ventilar que ambos posariam para uma foto para demonstrar a pacificação na base e com o PMDB. Não foi o que se viu. A impressão geral, após divulgada a foto, foi de uma cena protocolar, e não da aliança pacificada.

No episódio da ameaça de demissão aos ministros do PMDB, o que mais indignou os peemedebistas foi o fato de Palocci ter acionado o viva-voz para que duas testemunhas petistas participassem da conversa com o vice: o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, e o líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP). Este é mais um ingrediente no caldeirão da crise que, na avaliação geral, só será superada se houver empenho de ambas as partes.

Lenha na fogueira. Num momento em que o governo busca arrefecer os conflitos na base, o secretário-geral da Presidência,Gilberto Carvalho, foi questionado, em entrevista à rádio Estadão/ESPN, sobre a contaminação da crise envolvendo Palocci nas ações de governo e disse que o Executivo "não depende" do Congresso para trabalhar.

"Evidente que nas relações políticas há um problema. Isso é inegável, não vamos fechar os olhos a isso. Mas quero dizer que uma coisa são essas relações, outra coisa são as ações do governo. Nós não dependemos do Congresso para seguir trabalhando", disse o ministro.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Lula vai à TV afagar PMDB e incomoda PT

No filme, que será exibido em rede nacional de rádio e tevê, ex-presidente agradece ao partido o apoio e a participação nos três governos petistas

Andrea Jubé Vianna

BRASÍLIA - Em meio aos esforços para contornar a primeira grande crise entre o governo Dilma Rousseff e seus aliados, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou uma participação especial no programa institucional do PMDB, que vai ao ar nesta quinta-feira, 2 de junho. No filme, que será exibido em cadeia nacional de rádio e tevê, Lula agradece ao partido o apoio e a participação nos três governos petistas. Se agrada ao PMDB, a presença de Lula deixou petistas, pelo menos nos bastidores, incomodados.

O ex-presidente gravou sua aparição no último sábado, em São Paulo, depois de passar a semana em Brasília em reuniões e conversas com aliados, dedicado a desencorajar os descontentes de apoiarem a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a evolução patrimonial do chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.

O líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza - que partiu para o confronto direto com peemedebistas durante a votação do Código Florestal na semana passada - disse que "acha bom" Lula aparecer no programa peemedebista, porque "o PMDB é o nosso principal aliado". O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), acha "normal" a aparição de Lula entre os peemedebistas. "Tivemos uma diferença, mas isso não afeta a nossa aliança", minimizou.

Governabilidade. O filme apresenta o PMDB como o "partido da governabilidade", ligado às grandes causas do País, como a campanha pela redemocratização e em defesa da liberdade de imprensa. O partido pega carona nas bandeiras petistas, afirmando que vários programas sociais começaram no governo do ex-presidente José Sarney (PMDB) em 1985. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, aparece como responsável pela execução do programa Luz para Todos, que levou energia elétrica a milhões de brasileiros que vivem na zona rural.

Além do vice Michel Temer e do presidente do partido, senador Valdir Raupp (RO), os ministros da Agricultura, Wagner Rossi, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, e os líderes no Senado, Renan Calheiros (AL), e na Câmara, Henrique Alves (RN), são as estrelas do programa. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), não havia sido chamado para gravar sua participação no programa até esta segunda-feira, 30.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Interferência de Lula na crise foi um erro, afirma Ciro

Para ex-ministro da Integração, se ex-presidente quiser ajudar Dilma, "que faça pelo telefone, discretamente"

Ex-deputado federal cita "presunção de inocência" e defende Palocci, mas aguarda explicações do ministro

Luís Carlos de Freitas

FORTALEZA = O ex-deputado federal Ciro Gomes (PSB) criticou ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela "interferência" na crise que envolve o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.

"O Lula tem [cometido] esse equívoco. Na minha opinião, ele cometeu um erro. Se ele quer ajudar, [que] faça isso pelo telefone, discretamente", afirmou, em entrevista ao portal cearense "Jangadeiro Online".

Segundo ele, a ida de Lula a Brasília na semana passada "liquida com qualquer capital político que a Dilma possa e deva acumular".

Para ele, o país não pode depender de um só gestor.

"Agora depende só do Lula, o Brasil? Eu sou contra isso. Depende só da Dilma, depende só do Ciro, depende só do Palocci? Que conversa é essa?", questionou.

Ciro, que foi ministro da Integração Nacional no governo Lula, entre 2003 e 2006, defendeu Palocci, mas disse aguardar explicações.

Conforme a Folha revelou, o chefe da Casa Civil multiplicou seu patrimônio por 20 nos últimos quatro anos, por meio de uma empresa de consultoria. Mas o ministro não revela quem eram seus clientes e como atuava.

"Como todo brasileiro, deve haver para ele a presunção de inocência. Estou aguardando, porque não é razoável que não haja explicações", disse Ciro.

Segundo ele, o que ocorre "é muito constrangedor" e "é preciso cabal explicação".

Na entrevista, Ciro disse ainda que há "falta de apoio do governo federal" ao Ceará. O Estado é governado por Cid Gomes (PSB), seu irmão.

Ciro também falou sobre o PSDB, partido do qual já fez parte na década de 1990. Para ele, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) vai "sabotar" a atuação do senador Aécio Neves (PSDB).

Ambos são os principais nomes do partido para a disputa presidencial em 2014.

"Serra, como um trambolho, continua aí e vai sabotar o trabalho do Aécio, o que é ruim para o Brasil.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Novos rumos:: Merval Pereira

Apesar das divergências, ou até por causa delas, o PSDB saiu de sua convenção nacional sábado passado melhor do que estava. Isso porque conseguiu não apenas expor suas diferenças de maneira aberta, o que anteriormente só aparecia por baixo dos panos ou em fofocas de bastidores, mas definir uma linha de orientação.

Ficou claro que, no momento, o grupo majoritário do partido apoia o ex-governador de Minas e atual senador Aécio Neves, e a direção política será dada a partir de agora por esse grupo.

Ao mesmo tempo em que teve que aceitar essa hegemonia, o ex-governador José Serra teve força suficiente para ganhar um papel de relevância na direção partidária, deixando explícito que sem São Paulo não é possível se pensar em um projeto viável na sucessão presidencial, assim como, nas três últimas vezes, não foi possível vencer sem o apoio de Minas.

Escantear deliberadamente uma liderança política como Serra, como setores do partido desejariam, seria suicídio, assim como não tinha o respaldo da realidade o sonho do grupo serrista de dominar o partido.

Se tentasse impor sua vontade - que primeiro foi ser presidente do partido, e por fim assumir a direção do Instituto Teotônio Vilela (ITV) para, a partir dali, fazer sua campanha para ser mais uma vez candidato a presidente -, Serra constataria que já não tem a maioria do partido a seu lado.

Pelo menos no momento.

Não chegou a haver uma disposição real de a representação paulista boicotar a convenção caso Serra não fosse aquinhoado com uma boa posição, pelo simples fato de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador paulista Geraldo Alckmin atuaram sempre de comum acordo e na base da temperança, não permitindo que predominasse a tentativa dos mais radicais, nem de um lado nem de outro.

A partir de agora, a realidade pautará as ações do partido e de cada uma de suas forças políticas. O ex-governador e candidato duas vezes à Presidência da República José Serra terá uma exposição política, se não à altura de seus sonhos, condizente com sua importância no cenário político brasileiro, de onde poderá ajudar o partido e ajudar-se, reorganizando seus contatos nas bases, à espera de uma mudança de ventos.

Já o PSDB começa uma nova fase claramente sob a liderança política do senador Aécio Neves, que manteve o controle da direção nacional e colocou no ITV o ex-senador Tasso Jereissati, recuperando para a vida pública uma das maiores lideranças do partido, e dando a ele uma tarefa a que está acostumado, com sucesso: reunir técnicos e pensadores para balizar as ações partidárias.

O senador Aécio Neves sai do embate como o provável candidato do PSDB à sucessão de Dilma Rousseff, retemperado pela vitória.

Mas também precisará demonstrar que está preparado para o papel que almeja há tanto tempo.

Com a manobra política que lhe assegurou a maioria partidária, Aécio Neves reafirmou sua capacidade de costurar acordos políticos nos bastidores, que já demonstrara em ocasiões anteriores.

Especialmente quando surgiu como fato consumado a preferência dos tucanos e de outros partidos da base em vê-lo presidente da Câmara em vez de Inocêncio de Oliveira, do então PFL, como estava combinado com o presidente Fernando Henrique.

O ex-governador José Serra, um especialista em manobras de bastidores, e político ousado e temido, negava a Aécio Neves essas habilidades, e tentou enfrentá-las, sem sucesso, nessa empreitada de agora.

A política, no entanto, volúvel como as nuvens do mineiro Magalhães Pinto, não dá a ninguém vitórias antecipadas, e nem declara a morte de véspera de qualquer político, especialmente da categoria de José Serra.

A partir de agora, ele terá de se adaptar à realidade que superou seus desejos, mas pode também aguardar em boa posição para ver como ficarão as coisas a longo prazo.

Tem tempo e paciência para tal.

Se decidir concorrer à prefeitura de São Paulo, que não era sua escolha até recentemente, Serra estará deixando o caminho livre para Aécio Neves.

O fim de sua carreira política no cargo de prefeito paulistano não é uma opção ruim, pois estará à frente do terceiro cargo mais importante politicamente do país, perdendo apenas para a Presidência da República e o governo de São Paulo.

Desse cargo, terá influência política de sobra, seja qual for o presidente eleito em 2014. Especialmente se ele for do PSDB.

Mas, se persistir na tentativa de disputar a Presidência da República, a presidência do Conselho do PSDB lhe dará uma exposição pública, e meios de manobras internas, desde que tal conselho venha realmente a funcionar.

O fato de ele ter ganhado poder deliberativo foi sem dúvida uma vitória de Serra, embora não tenha sido uma decisão de última hora como está sendo divulgado.

Já na sexta-feira estava claro que só faria sentido oferecer esse conselho a Serra se ele tivesse funções práticas. Porque seria suicídio político abrir mão de sua real contribuição ao partido.

Assim como não queriam que Serra assumisse o ITV para que não tivesse verba e autonomia para fazer dele seu palanque político, também o conselho não poderá ser usado com interesses eleitorais.

Da mesma maneira, Aécio Neves terá que se conduzir com cautela mineira para não usar a estrutura partidária em benefício próprio.

Fazer com que os interesses do partido estejam representados nos diversos estados, e levar a discussão dos temas nacionais para as bases partidárias, a partir da eleição municipal do próximo ano, será a tarefa principal da nova direção.

A candidatura de Aécio à Presidência terá que vir como decorrência desse trabalho, e não como imposição dele.

Mesmo porque as negociações mostraram que há outro líder que tem que ser levado em conta, o governador Geraldo Alckmin.

Com a ida de seu vice Afif Domingos para o PSD, Alckmin ficou um pouco preso à sua própria sucessão, para não deixar o governo nas mãos do partido de Kassab.

Mas, de novo, este é um retrato do momento. Até 2014 muita água vai rolar.

E Aécio terá de utilizar todos os truques que aprendeu na política mineira para manter a posição de favorito ao posto de candidato tucano na sucessão de Dilma Rousseff.

FONTE: O GLOBO

À moda da tucanagem:: Dora Kramer

Na hora H tudo aparentemente se ajeitou no PSDB.

O partido deixou claro que, se a eleição presidencial fosse hoje e condições alheias à mera vontade permitissem, o senador Aécio Neves seria o candidato. Mas deixou patente também que não rasga voto nem pode abrir mão de José Serra, que já disputou e levou duas eleições presidenciais ao segundo turno.

Se a situação fosse simplesinha poder-se-ia descrevê-la assim: Aécio tem a preferência do partido, Serra tem presença na sociedade.

Aniquilar um em favor do outro seria ignorar o quanto são detentores de patrimônios complementares. Por isso, uma imprudência de resultado nitidamente previsível.

Frase precisa do deputado e ex-governador da Bahia Antonio Imbassahy: "Não podemos continuar fazendo dessa soma um déficit". Referia-se também ao fato de que ambos são fortes nos dois maiores colégios eleitorais do País, hoje governados pelo PSDB: São Paulo e Minas Gerais.

O ideal, dizia-se nas rodas de conversas na convenção nacional dos tucanos de sábado último em Brasília, seria que pudessem disputar e eventualmente governar juntos. Não fosse essa uma conjunção utópica, dadas as diferenças amazônicas que os separam e a carência de apreço pessoal mútuo.

Ante a impossibilidade objetiva, o partido optou por uma acomodação com vistas a adiar, e se possível evitar, um confronto mortífero.

A divisão ficou assim estabelecida: nos dois principais postos da Executiva, a presidência e a secretaria-geral, respectivamente um simpatizante e um aliado de Aécio: Sergio Guerra e Rodrigo de Castro. Na primeira vice-presidência, um serrista: Alberto Goldman.

Na presidência do Instituto Teotônio Vilela, um antipatizante de Serra: Tasso Jereissati. O ITV não decide, mas tem verba (uns dizem R$ 10 milhões, outros R$ 6 milhões por ano), presença - ou "capilaridade", como gostam de dizer os políticos - ampla em todo o País e uma tribuna.

No Conselho Político a presidência ficou com Serra, que conseguiu mudanças importantes: um colegiado enxuto, com poder deliberativo, verba (ainda não definida), endereço, estrutura e atribuições nada desprezíveis.

Será a instância onde se decidirão as diretrizes do partido, as formas de escolha de candidatos a todas as eleições e política de alianças, fusões e incorporação a outras legendas.

O poder é paralelo ao da Executiva e ambos respondem apenas ao Diretório Nacional. O conselho é composto por Fernando Henrique Cardoso, na condição de ex-presidente da República, pelo atual presidente do PSDB Sérgio Guerra e o ex-presidente Tasso Jereissati, por Aécio Neves como representante do Congresso e por Marconi Perillo, representando os governadores.

Terá reuniões bimensais, a primeira daqui a mais ou menos dez dias, cuja pauta ainda será definida, mas já está mais ou menos delineada: um diagnóstico sobre as necessárias correções no exercício da oposição ao PT e área de influência.

E com isso estará tudo resolvido? Nem de longe.

A tensão permanece. Serristas atrás de recuperar o terreno perdido em virtude da campanha presidencial pessimamente avaliada no âmbito interno e aecistas empenhados em fixar domínio do território.

Com o seguinte discurso: Serra poderá ser até mesmo candidato à Presidência em 2014 se Aécio não quiser (ou não puder, evitam acrescentar). Mas não dando as cartas do jeito que bem entender.

Era vidro. Seja qual for o desfecho do mais recente caso Palocci, é visível a olho nu o desencanto do "grand monde" da política, imprensa e finanças com o ministro, até então o mais querido das estrelas.

Há o peso das suspeitas e o efeito da reincidência, mas conta, sobretudo, a evidência de que a habilidade política de Palocci não corresponde à fama.

Dilma Rousseff mandar confrontar o vice Michel Temer com ameaça de demissão dos ministros do PMDB é uma coisa. Palocci cumprir a ordem tal como lhe foi transmitida é sinal de outra bem diferente: ausência de cálculo e falta de discernimento.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Caem a foto e a máscara:: Eliane Cantanhêde

Sarney mandou tirar as fotos do impeachment de Collor do "túnel do tempo", corredor do Senado que resume a história brasileira em textos e imagens. Já não era sem tempo. Collor, que já foi o inimigo número um, agora é só mais um na paisagem.

Como disse Lula, com uma risada marota, o vale-tudo contra Collor é coisa do passado e foi jogo político. A garotada que foi às ruas? Cresceu, endureceu e há os que defendem piamente que não tem nada demais petista palaciano multiplicar patrimônio por 20 em quatro anos e comprar apartamento de R$ 6,6 milhões. Sem dizer como...

O Brasil reescreve a história, apaga vestígios de moralismo, recria pessoas e maquia ou apaga fotos ao velho jeitão stalinista. Os que acham tudo isso bacana dirão que o país está "amadurecendo". Outros, que se trata de um deslavado cinismo. Impera o que mais se temia desde a redemocratização: a sensação de que são todos iguais.

Além dos políticos, até seus governos parecem iguais. Vejamos agora. Com Dilma, como foi com Collor, a(o) presidente não tem traquejo político e parece engolida(o) pelos aliados, antes que pelos adversários. Com Dilma, como foi com Sarney, tudo corre solto e a(o) presidente parece à sombra de quem de fato manda. Com todo o respeito ao dr. Ulysses, Palocci é o Ulysses de Dilma. Enquanto isso, ministros e líderes fazem o que bem entendem - e batem cabeça.

Ao excluir Collor do "túnel do tempo", Sarney vai receber uma crítica daqui, outra dali, mas finalmente fez justiça. O impeachment não foi por um país melhor e mais ético, mas por pura falha técnica: a falta de sustentação política.

Collor era um autoritário autossuficiente; PC Farias não passava de um jeca deslumbrado; o Fiat Elba foi pretexto; nós, os jornalistas, caímos no conto da ética; os caras-pintadas eram só massa de manobra. Nada disso se repetirá. Os novos Collor podem ficar sossegados.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Crônica de arrogância e incompetência:: Raymundo Costa

Com a crise no pé em que se encontra, a presidente da República não mexe na posição do ministro Antonio Palocci. A menos, é claro, na contingência de um fato novo que deixe Dilma Rousseff sem outra alternativa. O chefe da Casa Civil não é ministro para ser defenestrado com seis meses de governo, por isso Dilma banca sua permanência. Mas ninguém no PT é capaz de especular sobre o futuro de Palocci no prazo de além de uma semana.

Palocci está manco por causa de sua inexplicável evolução patrimonial. Este é o fato. Já a coordenação política do governo fracassou por uma combinação de arrogância, nervosismo eleitoral e incompetência de todos os seus integrantes. O mapa da votação do Código Florestal é complexo e requer uma análise cuidadosa do governo. Mas é certo que a debilitação de Palocci escancarou uma janela de oportunidades para demandas e interesses há muito reprimidos, que mais dia menos dia iriam se manifestar no plenário da Câmara dos Deputados.

O que impressiona é ter acontecido com o Código Florestal uma votação que havia 20 dias o Palácio do Planalto sabia que iria perder. Não foi por outro motivo que os líderes governistas, orientados pela Casa Civil, pediram o adiamento da votação, semanas antes. Estavam certos, como demonstram os 80% de votos dados ao relatório de Aldo. O governo teve tempo para fazer uma retirada organizada, antes de perder a iniciativa política por conta das suspeitas levantadas sobre a origem do enriquecimento rápido de Antonio Palocci.

Culpar agora o PMDB não é uma boa política. Os pemedebistas não fizeram nada escondido, não traíram - como é reconhecido na caciquia companheira - e se a presidente da República e seu ministro da Casa Civil não conversaram com o partido, o maior da aliança governista, foi porque não quiseram. A presidente, ao contrário, preferiu ameaçar com a demissão dos ministros pemedebistas e em troca recebeu um desconcertante não do partido do vice-presidente. Palocci foi um mensageiro que tinha o poder de desarmar o petardo antes que ele explodisse no colo da presidente e não o fez. Chamar o irmão mais velho para resolver a parada revelou em close a extensão da paralisia política do atual governo.

Aparentemente, o Palácio do Planalto não acompanhou devidamente as sucessivas manifestações de unidade que o PMDB deu em votações recentes como a do projeto de reajuste do salário mínimo e aquela contrária à convocação para o ministro Palocci explicar no Congresso como seu patrimônio aumentou 20 vezes em quatro anos.

A boa avaliação da presidente, ao fim dos 100 primeiros dias de mandato, parecem ter feito mal ao governo, de acordo com juizo corrente no PT. Em vez de aproveitar o bom momento para tomar a iniciativa, apresentar medidas e consolidar posições, Dilma "se trancou", para usar a expressão empregada entre líderes do Congresso. Ela e Palocci. Acreditava-se que a popularidade recorde da presidente daria fôlego para o governo se manter ao largo das pressões grandes e miúdas por um bom tempo. Não deu e o Planalto agora corre para retomar a iniciativa perdida.

Segundo pesquisa Datafolha, ao fim dos três primeiros meses de governo Dilma contava com a aprovação de 47% dos brasileiros, uma singularidade entre os presidentes eleitos desde a redemocratização: em junho de 1990, Fernando Collor, que tomara posse em março, era considerado bom ou ótimo por 36% dos entrevistados; com três meses de mandato, Fernando Henrique Cardoso marcou 39%, enquanto Lula - presidente que bateria todos os recordes de popularidade ao final de seu governo - teve 43% de bom e ótimo.

A presidente ganhou o aplauso da opinião pública ao "enquadrar" o PMDB. Mas se trancou em palácio não só aos pemedebistas, como também a todos os partidos da chamada base aliada. Todos, inclusive o PT. Palocci, em tese a válvula de escape, adotou o mesmo comportamento, por falta de tempo ou opção própria. Os mais "compreensivos", como a cúpula do PCdoB, dizem que Palocci ficou sobrecarregado de coisas "pequenas, médias e grandes". Acuado Palocci, o governo ficou paralisado.

Há outros enfoques sobre a clausura de Palocci. Entre dirigentes petistas afirma-se que é um distanciamento seletivo, pois na prática o ministro da Casa Civil tratava de ganhar posições dentro do partido, beneficiando aliados e potenciais correligionários. O chefe da Casa Civil de um governo de sucesso nunca deve ser desprezado como possível candidato de seu partido a presidente, como Palocci aliás esperava ser na sucessão do ex-presidente Lula da Silva, em 2010.

A força da disputa interna do PT não deve ser ignorada na crise e em sua solução. Ela é maior do que expõem seus dirigentes, como comprova a decisão de não realizar uma nova eleição para a sucessão do ex-presidente do partido, José Eduardo Dutra, que renunciou ao cargo no mês de abril. O PT preferiu empurrar o problema com a barriga a desencadear uma guerra companheira, fratricida.

As eleições municipais de 2012 também causam sobressaltos no governo e na base aliada, mas especialmente no PT. A maioria dos 63 votos contrários ao relatório básico do Código Florestal teve origem petista. Paira sobre o partido o bom desempenho eleitoral de Marina Silva nas capitais e grandes cidades na eleição presidencial de 2010. O PT vislumbra a oportunidade de retomar a prefeitura de São Paulo, e para isso considera indispensável recuperar o voto perdido na classe média.

Em resumo, a atuação da presidente e de seu ministro da Casa Civil, durante a discussão e votação do Código Florestal, serviu para agregar a maioria do plenário da Câmara contra o governo, jogar a derrota no colo de Dilma Rousseff e dar um discurso a uma oposição que mal conseguia tecer um enredo para as próprias dificuldades.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Ele voltou :: Marco Antonio Villa

Em 1928, no México, foi assassinado o presidente eleito Álvaro Obregón. O assassinato gerou grave turbulência política. Obregón já tinha exercido a Presidência nos anos 1920-1924. A Constituição de 1917 proibia a reeleição mas não o retorno ao poder após um interregno. O presidente em exercício, Plutarco Elias Calles, administrou a crise, elegeu outro sucessor e se transformou no dirigente de fato nos anos 1928-1935. Esse período da história mexicana ficou conhecido como "maximato", ou seja, Calles, considerado o "chefe máximo da revolução", era o dirigente de fato do governo. Este domínio terminou quando Lázaro Cárdenas, seu afilhado político, eleito presidente em 1934, no ano seguinte rompeu com seu mentor.
A crise do governo Dilma Rousseff e o retorno de Lula ao primeiro plano da cena política nacional é o nosso maximato. Lula teve de assumir o posto de presidente de fato, pois a presidente perdeu o controle da situação. Era esperado que isto fosse acontecer mas não tão cedo, com menos de cinco meses de governo. A inexperiência política da presidente era sabidamente conhecida. Antes de 2003, nunca tinha exercido qualquer cargo de importância nacional. Desconhecia os meandros de Brasília, além de não saber negociar, conviver com a diferença e com opiniões contrárias. Foi formada em outro mundo e outra época. Para ela, ainda deve valer o centralismo democrático, a forma stalinista de administrar, que trata qualquer opinião contrária como crime ou traição.

Quando foi ministra das Minas e Energia, ou mesmo na Casa Civil, pouco fez política. Outros ministros exerceram esse papel ou o próprio presidente Lula foi o articulador do governo. Sabedor desta dificuldade, Lula escolheu a dedo o chefe da Casa Civil. Antonio Palocci seria uma espécie de primeiro-ministro e encarregado dos contatos políticos com o Congresso Nacional e com os representantes do grande capital. Contudo, Palocci se encastelou no governo e pouco apareceu. De início foi considerado que era uma atitude de esperteza política, que estava articulando nas sombras. É a velha prática brasileira de encontrar qualidade onde há nulidade. O silêncio de Palocci foi entendido como estratégia e não como a mais perfeita tradução de alguém que não tem a mínima capacidade para o exercício do cargo. E para piorar surgiram as denúncias das consultorias pagas a peso de ouro.

A confusão ficou maior quando a articulação no Congresso Nacional demonstrou sua fragilidade. O pesado líder do governo deixou de realizar o papel de elo entre a base e o Planalto. Ficou cuidando dos seus interesses partidários. O ministro da Articulação Política é absolutamente inexpressivo (a maioria dos parlamentares sequer sabe o seu nome). Dada a sua fragilidade, estranho é que tenha demorado tanto tempo para que ruísse o esquema político organizado por Lula no final do ano passado.

O mais curioso é que a crise nasceu no interior do próprio governo. Ou seja, não foi provocada em nenhum instante pela ação oposicionista. A oposição continua desarticulada, politicamente dividida e omissa. A divisão ficou mais uma vez demonstrada na convenção do PSDB. O governo até recebeu um alento, pois a reeleição de Sérgio Guerra à presidência do partido indica que a oposição peessedebista continuará tímida, quase envergonhada, sem representar perigo. O Brasil desafia a teoria política: para o governo, o problema não é a oposição mas o próprio governo.

Como contentar o PMDB? Cedendo espaço na máquina governamental que possibilite bons negócios. Rentáveis para efeito privado e péssimos para o interesse público. O governo postergou, até o momento, a partilha do butim, não pela defesa da moralidade pública. Longe disso. Está testando o partido para ver até que ponto é possível negociar. Outra dificuldade é o relacionamento com o grande capital. Aí é briga para gente grande. Não é meramente para controlar alguma licitação de compra de remédios ou de alguma estrada. Representa desenhar o futuro econômico do país, estabelecer o relacionamento dos fundos de pensão com as grandes empresas e bancos, apontar para onde deve seguir o processo de acumulação capitalista. É uma disputa dentro do PT. O antigo partido socialista hoje é o partido das grandes corporações. Daí o número de consultores petistas. De uma hora para outra, todos viraram especialistas em capitalismo.

O mais estranho é que o país segue seu ritmo normal. Como se voasse com piloto automático. Até certo ponto, a economia vai bem. Segue no vácuo do que já foi feito. Isto tem um limite. Já está no momento de traçar novo rumo. Mas como iniciar esta discussão se o governo mal consegue administrar suas contradições?

Dilma vai precisar demonstrar que comanda. Pura encenação. Coisa de ópera bufa. Nos próximos dias assistiremos à presidente em várias reuniões. Veremos também (ah, a importância das imagens...) ela, séria, numa reunião ministerial; sorrindo, quando encontrar a liderança do PMDB. Mas a crise vai continuar. Palavras não substituem as ações.

E Lula? Depois que reassumiu informalmente o governo, vai permanecer como o poder atrás do trono. Não vai se imiscuir nas questões do varejo político. Vai atuar no atacado, valorizando (como gostaria de dizer nas suas célebres metáforas futebolísticas) o seu passe. E preparando calmamente o seu retorno ao Palácio do Planalto. Já deve ter jornal preparando a edição especial do dia 1º de janeiro de 2015. A manchete? Também já está pronta. Em letras garrafais, no alto página, estará escrito: "Ele voltou."

Marco Antonio Villa é historiador.

FONTE: O GLOBO

Rio: Novo rótulo para a velha miséria

Cantagalo, Vidigal e Borel, chamados de ex-favelas pela prefeitura, ainda têm lixo e valões

Duilo Victor, Rogério Daflon e Waleska Borges

As comunidades do Pavão-Pavãozinho e do Cantagalo, na Zona Sul, e do Borel, na Tijuca, não são mais consideradas favelas pela prefeitura. A percepção dos moradores, no entanto, é bem diferente, sobretudo porque nelas a expectativa de mais investimentos com a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) acabou frustrada - algo que o próprio secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, alertou em entrevista exclusiva ao GLOBO. O Vidigal, onde há intensa presença do tráfico de drogas, também não é chamado mais de favela pela prefeitura. As localidades têm em comum o fato de terem recebido obras de infraestrutura nos últimos 20 anos, argumento usado pela administração municipal para classificá-los como bairros, assim como em mais 41 locais carentes da cidade.

"Isso não é bairro", contesta moradora

Os moradores dizem que a falta de continuidade das ações do poder público desvaloriza as melhorias. Da sua janela no Pavão-Pavãozinho, a dona de casa Elaine Barbosa Santana, de 23 anos, por exemplo, vê os encantos de Copacabana, mas, a despeito das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sofre com a falta d"água, o lixo pelas vielas, o esgoto a céu aberto, ratos e "gatos" nas ligações elétricas:

- Isso não é bairro - diz ela.

Na parte alta do Pavão-Pavãozinho, há pelo menos 20 casas feitas de madeira e outras de pau a pique. A dona de casa Sonia Alves Modesto, de 40, mora numa delas:

- Estamos largados - resumiu.

Moradores também reclamam que uma caixa d"água construída nas obras do PAC está pronta desde o fim do ano passado, mas tem vazamentos e sequer foi inaugurada.

- Pago R$18 pelo serviço de água e esgoto, mas sempre ficamos a seco - lamentou Geúsa de Oliveira.

Segundo o secretário da Associação de Moradores do Pavão-Pavãozinho, Ivan Lima, desde novembro do ano passado, a prefeitura cortou o projeto Gari Comunitário que tinha 16 pessoas na coleta do lixo. Agora, afirmou Ivan, há só seis funcionários da Comlurb. A assessoria de imprensa da empresa informou que o fim do projeto se deveu a uma decisão da Justiça.

- Estão querendo enfeitar o pavão. A verdade é que não moramos em um bairro - avaliou Ivan.

No Borel, moradores se mostram frustrados com o poder público, porque, para eles, com a chegada da UPP, as obras de infraestrutura poderiam ter vindo de maneira mais eficaz.

- Veio a UPP, mas nossas vielas estão sem iluminação, há muito esgoto e, com o fim do gari comunitário, o lixo se espalha pela Rua da Independência - disse Regina Lira.

O secretário municipal de Habitação, Jorge Bittar, afirmou que os problemas apresentados nos locais considerados ex-favelas são de manutenção, assim como em qualquer bairro.

- Quando digo que uma comunidade é bairro, não digo que ela não apresenta este ou aquele problema, mas que já apresentou investimentos globais em rede de esgoto, rede elétrica, controle de encostas e equipamentos de saúde, lazer e educação. Em Ipanema, por exemplo, se formos procurar, também vamos achar vazamento de esgoto - disse o secretário. - A atual administração, diferentemente da anterior, tem demonstrado manutenção dos investimentos nessas comunidades.

No Vidigal, a manutenção dos equipamentos do Programa Favela-Bairro, contudo, deixa a desejar. Na obra de drenagem, há muito lixo acumulado. Locais com esgoto a céu aberto e outros com o saneamento resolvido são um dos contrastes do lugar. A lavanderia, as praças e o parque ecológico, todos construídos pela prefeitura, estão em péssimo estado de conservação.

- No Vidigal, temos áreas que são iguais às dos bairros da cidade e outras totalmente abandonadas - disse o recepcionista Juliano Rigor, que cria dois filhos em meio ao esgoto, ratos e muito lixo.

Para o presidente do Instituto Pereira Passos (IPP), Ricardo Henriques, a criação de uma nova classificação dos territórios populares evidencia a necessidade de políticas diferenciadas:

- Faz sentido classificar da mesma forma tanto a localidade que tem ruas asfaltadas, segurança e acesso a luz, água e esgoto, quanto aquela em que as ruas são de barro, cortadas por valões e onde não há água encanada? Utilizando as mesmas categorias, deixamos de perceber que estes espaços precisam de ações distintas do poder público.

Na visão do presidente do IPP, nos limites das próprias comunidades urbanizadas - como o IPP classifica as ex-favelas - é possível constatar grandes contrastes:

- A região mais elevada da Santa Marta apresenta condições de vida bem mais precárias do que na área média e baixa. O mesmo pode se dizer, aliás, de regiões da chamada "cidade formal". Alguns bairros apresentam trechos onde a urbanização é deficiente e a iluminação pública inadequada, mas nem por isso são chamados de favelas.

FONTE: O GLOBO

O desafio de preservar o sucesso das UPPs – Editorial – O Globo

Em momento algum desde que as Unidades de Polícia Pacificadora começaram a ser implantadas no Rio de Janeiro prosperou a suposição de que pudesse ser um fim em si o programa de ocupação de favelas por policiais. O objetivo imediato das UPPs é cristalino: trata-se de uma ação para atacar demandas emergenciais - entre outras, a violência decorrente da criminalidade, o controle territorial por traficantes bem armados e a subjugação de populações inteiras por estes marginais, alguns inclusive encastelados na banda podre das próprias polícias. Assim, objetiva-se resgatar comunidades do jugo do crime organizado e preparar o caminho para ações de Estado, com a oferta de serviços e de iniciativas de inclusão social dos moradores. A meta estratégica é igualmente clara: tirar as favelas da marginalidade urbanística e social, e trazê-las para a normalidade da República.

Por isso, se causam preocupação as declarações de José Mariano Beltrame, de que as UPPs estão chegando a uma encruzilhada, não se devem buscar as razões do problema numa hipotética falência das unidades de intervenção. A chave para entender o sentido da entrevista do secretário de Segurança do Rio ao GLOBO está numa definição emblemática: "Nada sobrevive só com segurança. Não será um policial com um fuzil na entrada de uma favela que vai segurar, se lá dentro as coisas não funcionarem. É hora de investimentos sociais." O alerta é grave, porque toca no ponto crucial do programa das unidades pacificadoras - cuja presença nas áreas ocupadas é, por princípio, apenas a fase inicial, preparatória, de uma estratégia mais ampla, de reincorporação definitiva dessas regiões ao território da legalidade institucional.

É grave a ameaça de que um programa, até aqui bem-sucedido na área de segurança, atole nos descaminhos da omissão que sempre marcou as relações do Estado com as favelas. O risco para o qual Beltrame chama a atenção está na promessa até agora não cumprida - ou não atendida inteiramente - de uma "invasão social" do poder público, com uma rede de serviços e ações de cidadania que deveriam ocorrer em seguida à ocupação das comunidades.

A pacificação de 17 favelas, com a asfixia do tráfico de drogas e a desmobilização do crime organizado que nelas operava, é incontestável evidência do sucesso das UPPs, expresso nas estatísticas sobre a violência na cidade. Um êxito que, infelizmente, no segundo mandato do governador Sérgio Cabral estimulou o apetite clientelista de forças políticas ligadas ao aliado PT. Usando o projeto como moeda de troca fisiológica, esses grupos pressionaram o governo do estado a mudar o comando do programa na área social - o que ajuda a explicar, em parte, a lentidão das necessárias iniciativas que precisam ser empreendidas para consolidar o programa de inclusão social reclamado por Beltrame. É fundamental que se veja na advertência do secretário de Segurança um inadiável convite à ação e à integração dos organismos (estado, município, iniciativa privada) cuja participação é imperiosa nos atos de reinserção social das favelas pacificadas, e, por óbvio, naquelas por pacificar. E é crucial que os setores chamados ao compromisso o façam logo. Por enquanto, a encruzilhada à qual Beltrame se refere é um perigo virtual. Cumpre evitar que vire um real beco sem saída.

...Enquanto isso Cabral defende Palocci

O que o senhor acha da consultoria do ministro Antônio Palocci?

O Palocci é um quadro extraordinário. É sério. Me parece que ele não cometeu nenhuma ilegalidade. Falamos ao telefone, senti ele muito tranquilo. Dei a minha solidariedade e tocamos a vida. Tem sido importante para a presidenta Dilma. É querido no setor empresarial, no Congresso Nacional.

Ele não deveria divulgar a lista de clientes que teve?

É uma decisão de moto próprio. Não posso me manifestar.

O senhor viu com naturalidade pessoa-chave na campanha da presidente Dilma dar consultoria a empresários e amealhar R$20 milhões?

Ele não cometeu nenhuma ilegalidade, tá certo? Sob esse aspecto...

E o aspecto moral?

Não me peça para tratar de um assunto sobre o qual eu não tenho conhecimento mais profundo.Mas eu tenho o maior respeito por ele, acho Palocci um gestor brasileiro extraordinário

Ele será um ministro mais fraco a partir de agora?

Olha, não sou comentarista político. Tenho respeito por ele, é um gestor extraordinário que poderá contribuir muito para o Brasil.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO, 30/5/2011

Eleições municipais 2012: PPS/Rio

DIRETÓRIO MUNICIPAL DO PPS DO RIO DE JANEIRO

Em reunião realizada em 30 de maio de 2011, o Diretório Municipal do PPS/Rio aprovou as seguintes indicações:

1) O PPS da Capital reafirma seu posicionamento de oposição ao governo da Prefeitura do Rio de Janeiro.

2) Na perspectiva das eleições municipais do próximo ano, o Diretório dialogará com todos os partidos políticos no âmbito do município.

3) Quanto ao pedido de licença apresentado por Georgette Vidor para assumir a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, o Diretório resolveu aprová-lo, embora discorde do método e dos termos nele contidos, já que o pedido de licença a impede de representar o partido na administração municipal. O convite do Prefeito e a sua aceitação se deram em caráter pessoal.

Roberto Percinoto
Presidente

Palocci: Oposição vai insistir em instalar CPI

Isabel Braga

No Senado e na Câmara, tentativas de convocar Palocci para depor

BRASÍLIA. A oposição retoma hoje a estratégia de tentar convocar o ministro Antonio Palocci (Casa Civil), seja nas comissões permanentes ou por meio de CPI mista nas duas Casas, para que ele explique seu aumento patrimonial e sua atuação como consultor. Os oposicionistas contam com fatos novos para convencer parlamentares governistas a assinar. Eles não conseguiram ainda assinaturas suficientes para criar a CPI.

Até agora, na Câmara, pouco mais de cem deputados, segundo os coletores, assinaram o pedido de CPI. No Senado, o requerimento tem assinaturas de 18 senadores - 11 do PSDB, 4 do DEM, 2 do PSOL e a do peemedebista Jarbas Vasconcelos (PE). O senador Clésio Andrade (PR-MG) retirou seu nome, e o senador Itamar Franco (PPS-MG), doente, não assinou. São necessárias 171 assinaturas de deputados e 27 de senadores.

O líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA) explica que a oposição decidiu não divulgar os nomes dos que assinaram na Câmara para evitar que o governo pressione. A estratégia desta semana, diz ACM Neto, é manter a ofensiva para que Palocci se explique. A oposição apresentou requerimentos de convocação de Palocci na maioria das comissões. Na semana passada, cinco deles foram derrotados.

- A gravidade dos fatos e a necessidade de explicações continuam. Vamos manter a ofensiva em pelo menos cinco comissões, tentar ações surpresa contra o rolo compressor do governo e obstruir votações, se necessário - disse ACM Neto.

Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), fatos dos últimos dias podem fazer com que alguns senadores cumpram a promessa de assinar a CPI:

- A instauração do inquérito pelo Ministério Público, a resposta retórica de Palocci ao procurador, sem apresentar empresas nem o conteúdo das consultorias, podem levar senadores a assinar a CPI.

FONTE: O GLOBO

Serra diz que não foi derrotado na convenção tucana

Serra diz que não foi derrotado na convenção tucana

SÃO PAULO. O ex-governador José Serra (PSDB) usou ontem o Twitter para dizer que é um erro considerar que ele foi derrotado na convenção do PSDB do último sábado e considerou ser "um tiro no pé" trazer a disputa de 2014 para 2011. Para ele, não existe "esmagamento" de grupos internos no seu partido.

"Tenho insistido muito nisso: é um erro grave trazer as eventuais disputas de 2014 para 2011. Para a oposição, é o popular "tiro no pé"", disse Serra, complementando: "O esmagamento de grupos do PSDB por outros grupos do PSDB só existe no mundo virtual. Se não fosse virtual, seria vitória de Pirro", afirmou no Twitter.

Conclamando o partido à unidade, o ex-governador, eleito presidente do conselho político do partido na convenção, afirmou que os tucanos não podem se dividir: "Não podemos deixar a mentira e a intriga prosperarem, nos dividirem. Quem faz isso trabalha pelos adversários", disse no Twitter, complementando. "Temos de corresponder às expectativas de tanta gente que confiou em nós".

"Nossos adversários querem fazer crer que somos fracos. Isso não é verdade", afirmou.

FONTE: O GLOBO

Dirigente da OAB defende que Palocci se licencie

Juliano Basile

Brasília - O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (Oab), Ophir Cavalcante, defendeu, ontem, que Antonio Palocci se licencie do cargo do ministro-chefe da Casa Civil até que sejam esclarecidas as denúncias sobre as atividades de sua empresa de consultoria e a evolução de seu patrimônio. "Do ponto de vista ético-moral, seria recomendável que ele se afastasse", afirmou Ophir. Na avaliação do presidente da OAB, a crise prejudica a condução do governo. "A partir do momento em que o principal ministro da presidente Dilma Rousseff sofre acusações desse tamanho e dessa envergadura, mas não dá uma explicação satisfatória, isso, obviamente, respinga em toda a credibilidade do governo." Cavalcante também defendeu a instauração de uma CPI para investigar Palocci e criticou a blindagem que foi feita para protegê-lo.

A Procuradoria-Geral da República não vai revelar o teor das informações prestadas por Palocci sobre sua movimentação financeira. O procurador-geral, Roberto Gurgel, não tem prazo para decidir sobre o caso.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Ministros do PT são cotados para substituir Palocci

Paulo de Tarso Lyra

Brasília - Desde o início da crise envolvendo o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, apesar das informações da Presidência de que ele não será demitido, indicam-se nomes de possíveis substitutos. Os três nomes mais citados, entre os petistas e outros partidos da base são o ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento), Paulo Bernardo (Comunicações) e Alexandre Padilha (Saúde). "Claro que tem muito olho crescendo na direção do cargo", disse um articulador do PT na Câmara.

O nome mais forte nas especulações petistas é Pimentel. O titular do MDIC é amigo de longa data da presidente Dilma e militaram juntos contra a ditadura militar. Indicado pela própria presidente como um dos principais nomes da campanha presidencial do ano passado, acabou perdendo espaço com o surgimento do escândalo do dossiê contra os tucanos.

O segundo cotado para o cargo é o atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Bernardo e Dilma não eram próximos antes de 2003, mas se tornaram amigos durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Lula também gosta muito de Bernardo - até mais do que de Pimentel, já que este, quando era prefeito de Belo Horizonte, defendeu uma aliança com o PSDB de Aécio Neves para a sucessão na prefeitura e colocou o diretório nacional do PT com um pé atrás com a sua conduta.

Na semana passada, quando almoçou com senadores petistas, a residência escolhida por Lula foi a da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), mulher de Bernardo, o que reforça o prestígio do casal. Bernardo também é o favorito dos setores do PT que se sentem pouco atendidos pelo governo.

Embora não citado diretamente ao cargo, o ministro Alexandre Padilha é lembrado como alguém que teve bom desempenho como coordenador político do governo Lula, ao ocupar o Ministério das Relações Institucionais, com a ressalva de que no período não houve crise do governo com o Congresso. Padilha poderia ao antigo cargo, fortalecendo o gabinete da presidente. Durante a transição, ele chegou a ser confirmado para permanecer na Pasta. Foi para a Saúde depois de Dilma desistir do secretário estadual de Saúde do Rio, Sérgio Côrtes.

Com a situação delicada de Palocci, o PMDB aumentou a pressão por mais espaço no governo. Segundo pemedebistas, existe uma longa lista de cargos abertos e que precisam ser preenchidos.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Maldades do Barão de Itararé nos tempos do Estado Novo

Passa o morcêgo que suga passa a serpente que pica
o cágado e a tartaruga,
tudo pasa e o Vargas fica

Passa o ferro a engomadeira
Passa à gorda a gente rica,
Passa o baby a mamadeira
Tudo passa... e o Vargas fica.

Passa o trem
de Cascadura
passa o bonde
de Benfica
Passa o taxi, passa o carro
Tudo passa...  e o Vargas fica.