sábado, 6 de outubro de 2012

Candidatos elevam tom em eleição indefinida


Na antevéspera do primeiro turno da eleição para a Prefeitura de SP, os candidatos não pouparam ataques aos adversários. Celso Russomanno (PRB) usou carros de som para chamar Fernando Haddad (PT) de mentiroso. "O Haddad vem mentindo quando diz que vou aumentar o preço da passagem", diz o candidato na gravação. José Serra (PSDB) também investiu contra o petista, comparando o uso do espaço da propaganda de vereadores no último dia de horário eleitoral de TV, anteontem, a uma afronta à Justiça, como "o mensalão". "Parece desproporcional, mas o que houve foi uma transgressão frontal e acintosa às regras legais vigentes", disse. Haddad deixou os ataques por conta do ex-presidente Lula, que chamou Serra de "frágil", porque "qualquer coisa o machuca", em referência ao fato de o tucano ter sido atingido por uma bola de papel em 2010

Russomanno se blinda; campanhas de Serra e Haddad se atacam na reta final

Ricardo Chapola, Eruno Boghossian, Bruno Lupion

Nos passos finais antes do pri­meiro turno da campanha pela Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno (PRB) usou car­ros de som para voltar a cha­mar o adversário Fernando Haddad (PT) de "mentiroso". José Serra (PSDB) também in­vestiu contra o petista, compa­rando o uso do espaço da pro­paganda de vereadores no últi­mo dia de horário eleitoral de TV, anteontem, a uma afronta à Justiça tal qual "o mensa­lão". Já Haddad deixou os ata­ques para seu padrinho políti­co, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou o candidato tucano de "frágil".

Tanto ontem quanto hoje, vés­pera da eleição, os candidatos têm de respeitar uma série de res­trições da Justiça Eleitoral .

Russomanno, que está em que­da nas pesquisas, abandonou on­tem uma carreata realizada na zona leste. Ele não desceu do ji­pe para cumprimentar eleitores, como costuma fazer, e também não quis conceder entrevista.

A assessora de imprensa do candidato do PRB disse que ele tinha compromissos particula­res, motivo pelo qual não com­pletou o percurso previsto.

Ficaram seus carros de som alardeando a seguinte mensa­gem: "Oi, aqui é Celso Russo­manno. Posso falar com você so­bre transporte público? O Had­dad vem mentindo quando diz que vou aumentar o preço da pas­sagem", diz a gravação, com a voz do candidato. "O Haddad vem mentindo quando diz que vou aumentar o preço da passa­gem. A verdade é que vou redu­zir. O Bilhete Único vai conti­nuar o mesmo, R$ 3, valendo por três horas. Eu vou reduzir o pre­ço e, se você andar menos, paga menos. E ainda o ônibus vai ter ar-condicionado. Posso contar com o seu voto?", diz, no fim da gravação, repetida a cada 30 se­gundos pelos carros de som.

As críticas sobre a proposta de criar uma tarifa proporcional à distância percorrida é vista den­tro do próprio QG de Russoman­no como o principal motivo da queda nas pesquisas do candida­to. Segundo os adversários, Haddad à frente, a tarifa proporcio­nal pesaria no bolso de quem mo­ra na periferia - que pagaria o va­lor inteiro de R$ 3. Os descontos para quem percorre um caminho menor teriam de ser bancados pe­los cofres públicos municipais.

No Shopping Center Norte, ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Serra comparou o uso do horário eleitoral na TV de candidatos a vereador pelas cam­panhas de Haddad e Gabriel Chalita (PMDB) ao escândalo do mensalão, em julgamento no Su­premo Tribunal Federal. Os ad­vogados do tucano pediram à Jus­tiça Eleitoral que todos os outros " candidatos tivessem direito a até 1 minuto cada em um bloco de propaganda extra, que seria exibido hoje. O pedido foi negado.

"O sistema judiciário é um sis­tema forte, que tem que ser res­peitado. O mensalão é uma deri­vação disso. Parece despropor­cional, mas o que houve foi uma transgressão frontal e acintosa às regras legais vigentes", disse.

O tucano classificou como "mais gritante" o uso de parte do programa de candidatos a verea­dor do PT. A prática é proibida pela Justiça Eleitoral, que costu­ma aplicar como punição a per­da de tempo na transmissão se­guinte. aIsso é gravíssimo e eu acho muito importante que haja uma reparação como elemento de preservação de regras da Justi­ça", disse o candidato do PSDB.

Comício. No evento de Haddad ontem na Praça da Sé, no centro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou o candidato tu­cano. Para isso, lembrou o episó­dio em que Serra disse ter se sen­tido meio "grogue" ao ser atingi­do por um objeto numa caminha­da no Rio de Janeiro, durante a campanha presidencial de 2010.

"A gente não pode aceitar ne­nhuma provocação, porque nós sabemos que tem muito candida­to aí que até uma bolinha de pa­pel que alguém jogou na cabeça dele ele diz que foi uma agressão e culpa o PT", afirmou Lula. "En­tão, por favor, nada de brincar com bolinha de papel, nada de brincar de bolinha de isopor, na­da. Apartir de agora, nem bolinha de sabão vocês podem fazer", afir­mou o ex-presidente, que, em tom de deboche e sem citar ex­pressamente o nome do adversá­rio, disse que Serra é "frágil". "Qualquer coisa o machuca."

Lula ainda afirmou que a elei­ção paulistana é a "mais compli­cada" da qual ele já participou na cidade, pois "há um embolamento". O ex-presidente afirmou que Haddad será o mais votado no primeiro turno. O candidato petista disse ter "confiança" em chegar ao segundo turno.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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