Na antevéspera do
primeiro turno da eleição para a Prefeitura de SP, os candidatos não pouparam
ataques aos adversários. Celso Russomanno (PRB) usou carros de som para chamar
Fernando Haddad (PT) de mentiroso. "O Haddad vem mentindo quando diz que vou
aumentar o preço da passagem", diz o candidato na gravação. José Serra
(PSDB) também investiu contra o petista, comparando o uso do espaço da
propaganda de vereadores no último dia de horário eleitoral de TV, anteontem, a
uma afronta à Justiça, como "o mensalão". "Parece
desproporcional, mas o que houve foi uma transgressão frontal e acintosa às
regras legais vigentes", disse. Haddad deixou os ataques por conta do
ex-presidente Lula, que chamou Serra de "frágil", porque
"qualquer coisa o machuca", em referência ao fato de o tucano ter
sido atingido por uma bola de papel em 2010
Russomanno se
blinda; campanhas de Serra e Haddad se atacam na reta final
Ricardo Chapola, Eruno Boghossian, Bruno Lupion
Nos passos finais antes do primeiro turno da campanha pela Prefeitura de
São Paulo, Celso Russomanno (PRB) usou carros de som para voltar a chamar o
adversário Fernando Haddad (PT) de "mentiroso". José Serra (PSDB)
também investiu contra o petista, comparando o uso do espaço da propaganda
de vereadores no último dia de horário eleitoral de TV, anteontem, a uma
afronta à Justiça tal qual "o mensalão". Já Haddad deixou os ataques
para seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que
chamou o candidato tucano de "frágil".
Tanto ontem quanto hoje, véspera da eleição, os candidatos têm de respeitar
uma série de restrições da Justiça Eleitoral .
Russomanno, que está em queda nas pesquisas, abandonou ontem uma carreata
realizada na zona leste. Ele não desceu do jipe para cumprimentar eleitores, como
costuma fazer, e também não quis conceder entrevista.
A assessora de imprensa do candidato do PRB disse que ele tinha compromissos
particulares, motivo pelo qual não completou o percurso previsto.
Ficaram seus carros de som alardeando a seguinte mensagem: "Oi, aqui é
Celso Russomanno. Posso falar com você sobre transporte público? O Haddad
vem mentindo quando diz que vou aumentar o preço da passagem", diz a
gravação, com a voz do candidato. "O Haddad vem mentindo quando diz que
vou aumentar o preço da passagem. A verdade é que vou reduzir. O Bilhete
Único vai continuar o mesmo, R$ 3, valendo por três horas. Eu vou reduzir o
preço e, se você andar menos, paga menos. E ainda o ônibus vai ter
ar-condicionado. Posso contar com o seu voto?", diz, no fim da gravação,
repetida a cada 30 segundos pelos carros de som.
As críticas sobre a proposta de criar uma tarifa proporcional à distância
percorrida é vista dentro do próprio QG de Russomanno como o principal motivo
da queda nas pesquisas do candidato. Segundo os adversários, Haddad à frente,
a tarifa proporcional pesaria no bolso de quem mora na periferia - que
pagaria o valor inteiro de R$ 3. Os descontos para quem percorre um caminho
menor teriam de ser bancados pelos cofres públicos municipais.
No Shopping Center Norte, ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB),
Serra comparou o uso do horário eleitoral na TV de candidatos a vereador pelas
campanhas de Haddad e Gabriel Chalita (PMDB) ao escândalo do mensalão, em
julgamento no Supremo Tribunal Federal. Os advogados do tucano pediram à Justiça
Eleitoral que todos os outros " candidatos tivessem direito a até 1 minuto
cada em um bloco de propaganda extra, que seria exibido hoje. O pedido foi
negado.
"O sistema judiciário é um sistema forte, que tem que ser respeitado.
O mensalão é uma derivação disso. Parece desproporcional, mas o que houve foi
uma transgressão frontal e acintosa às regras legais vigentes", disse.
O tucano classificou como "mais gritante" o uso de parte do
programa de candidatos a vereador do PT. A prática é proibida pela Justiça
Eleitoral, que costuma aplicar como punição a perda de tempo na transmissão
seguinte. aIsso é gravíssimo e eu acho muito importante que haja uma reparação
como elemento de preservação de regras da Justiça", disse o candidato do
PSDB.
Comício. No evento de Haddad ontem na Praça da Sé, no centro, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou o candidato tucano. Para
isso, lembrou o episódio em que Serra disse ter se sentido meio "grogue"
ao ser atingido por um objeto numa caminhada no Rio de Janeiro, durante a
campanha presidencial de 2010.
"A gente não pode aceitar nenhuma provocação, porque nós sabemos que
tem muito candidato aí que até uma bolinha de papel que alguém jogou na cabeça
dele ele diz que foi uma agressão e culpa o PT", afirmou Lula. "Então,
por favor, nada de brincar com bolinha de papel, nada de brincar de bolinha de
isopor, nada. Apartir de agora, nem bolinha de sabão vocês podem fazer",
afirmou o ex-presidente, que, em tom de deboche e sem citar expressamente o
nome do adversário, disse que Serra é "frágil". "Qualquer coisa
o machuca."
Lula ainda afirmou que a eleição paulistana é a "mais complicada"
da qual ele já participou na cidade, pois "há um embolamento". O
ex-presidente afirmou que Haddad será o mais votado no primeiro turno. O
candidato petista disse ter "confiança" em chegar ao segundo turno.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário