terça-feira, 2 de outubro de 2012

Para Gurgel, provas contra Dirceu são 'torrenciais'


Procurador-geral da República afirma que julgamento comprova que tese do caixa dois não se sustentava

Evandro Éboli

BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, reafirmou ontem que existem provas suficientes para a condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu na ação do mensalão. Gurgel afirmou que o caso de Dirceu é diferente e que as provas, ainda que não sejam tão diretas, são torrenciais.

- Na verdade, o que eu tenho dito sempre é que não se pode exigir em relação a ele (Dirceu) o mesmo tipo de prova direta que nós temos em relação a algumas outras pessoas. Mas é uma prova indiciária, abundante, torrencial mesmo, e que respalda integralmente a acusação feita no sentido de que ele é o chefe da quadrilha - disse o procurador.

O procurador, para diferenciar o caso de Dirceu de outros, citou como exemplo um batedor de carteira.

- Quando você está falando de um batedor de carteira, você tem a prova direta. Você tem o ato do batedor colocando a mão na carteira e tirando. Quando você está falando de uma organização criminosa sofisticada, quem está no topo dessa organização evidentemente não aparece dessa forma - completou Gurgel, ao ser perguntado se não havia considerado tênues as provas contra o ex-ministro.

O procurador também comentou o veredicto até agora do julgamento, onde suas teses de acusação estão prevalecendo. Gurgel afirmou que essa tendência seja mantida até o resultado final:

- A tese formulada pelo Ministério Público tem sido, pelo menos em grande parte, confirmada e espero que fique assim até o final do julgamento.

Gurgel também falou sobre a decisão dos ministros de que o dinheiro usado no esquema, ao contrário do que pregou a defesa dos acusados, não era para despesa de campanha ou caixa dois, mas, sim, para compra de voto parlamentar no Congresso, a fim de assegurar uma base de sustentação do governo de Lula:

- Vamos aguardar a conclusão do julgamento, mas, por enquanto, isso confirma o que o Ministério Público sempre sustentou. Que a tese de defesa do caixa dois não se sustentava e não tem qualquer respaldo nas provas dos autos.

Fonte: O Globo

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