quinta-feira, 22 de novembro de 2012

CPI do Cachoeira cita 12 e vai indiciar cinco jornalistas

Entidades de imprensa defendem a independência do trabalho jornalístico

BRASÍLIA e RIO - O relatório da CPI do Cachoeira cita 12 jornalistas que, para o relator Odair Cunha (PT-MG), tiveram contato com a organização de Carlinhos Cachoeira. Ele propôs o indiciamento de cinco por formação de quadrilha, como o chefe da sucursal de Brasília da revista "Veja", Policarpo Júnior.

Na avaliação de Cunha, esses profissionais se beneficiaram de informações exclusivas passadas pela quadrilha e teriam atuado para beneficiá-la ao publicar reportagens de interesse do bando. Cunha aponta jornalistas que teriam recebido vantagens financeiras de Cachoeira mas isenta alguns deles.

O relatório divide em três categorias os profissionais: assessores de comunicação, entre os quais listou Luís Costa Pinto (ex-assessor de João Paulo Cunha quando o petista presidiu a Câmara), Jorge Kajuru e Cláudio Humberto; jornalistas-empresários, que teriam importante papel para a organização; e profissionais que mantiveram contato com a organização e, para Cunha, beneficiaram o grupo com reportagens. Nesse item, lista Policarpo Júnior, Eumano Silva ("Época") e Renato Alves ("Correio Braziliense").

Apesar de dizer que o grupo de assessores de imprensa recebeu dinheiro de Cachoeira, Cunha considera que eles estavam agindo como profissionais, ao contrário dos outros três da chamada grande imprensa, que nada receberam.

Para Cunha, "Cachoeira e seus asseclas alimentavam de informações o jornalista Policarpo e usavam as matérias assinadas e/ou pautadas pelo jornalista ou sua equipe como uma arma letal para prejudicar adversários, destruir personalidades e biografias, criar e promover de modo amiúde falsos moralistas e paladinos da ética, visando a alcançar o êxito político e econômico de sua organização criminosa."

O texto diz que Wagner Relâmpago ("DF Alerta"), Patrícia Moraes (Jornal Opção), João Unes ("A Redação") e Carlos Antonio Nogueira ("O Estado de Goiás"), indiciados por quadrilha, teriam recebido dinheiro.

Entidades de classe ouvidas pelo GLOBO defenderam a independência do trabalho jornalístico.

Para o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, "não se pode confundir um mau trabalho jornalístico com crime".
- Se há crime, tem que ser investigado, e os culpados, julgados, jornalistas ou não. O que temos até agora é uma relação promíscua entre fonte e jornalista. Um mau exercício da profissão. O que não podemos é tolher nosso direito de investigar.

A Associação Nacional dos Jornais (ANJ) também aguarda a votação do relatório final.

- Mas o que tem que ser respeitado é o trabalho jornalístico. O jornalista tem sempre que ouvir todos os lados. A relação fonte-jornalista tem que ser preservada - disse o diretor-executivo da ANJ, Ricardo Pereira.

Procurada pela reportagem, a direção da revista "Veja" disse que não se pronunciaria

Fonte: O Globo 

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