BRASÍLIA e RIO - O
relatório da CPI do Cachoeira cita 12 jornalistas que, para o relator Odair
Cunha (PT-MG), tiveram contato com a organização de Carlinhos Cachoeira. Ele
propôs o indiciamento de cinco por formação de quadrilha, como o chefe da
sucursal de Brasília da revista "Veja", Policarpo Júnior.
Na avaliação de
Cunha, esses profissionais se beneficiaram de informações exclusivas passadas
pela quadrilha e teriam atuado para beneficiá-la ao publicar reportagens de
interesse do bando. Cunha aponta jornalistas que teriam recebido vantagens
financeiras de Cachoeira mas isenta alguns deles.
O relatório divide em
três categorias os profissionais: assessores de comunicação, entre os quais
listou Luís Costa Pinto (ex-assessor de João Paulo Cunha quando o petista
presidiu a Câmara), Jorge Kajuru e Cláudio Humberto; jornalistas-empresários,
que teriam importante papel para a organização; e profissionais que mantiveram
contato com a organização e, para Cunha, beneficiaram o grupo com reportagens.
Nesse item, lista Policarpo Júnior, Eumano Silva ("Época") e Renato
Alves ("Correio Braziliense").
Apesar de dizer que o
grupo de assessores de imprensa recebeu dinheiro de Cachoeira, Cunha considera
que eles estavam agindo como profissionais, ao contrário dos outros três da
chamada grande imprensa, que nada receberam.
Para Cunha,
"Cachoeira e seus asseclas alimentavam de informações o jornalista
Policarpo e usavam as matérias assinadas e/ou pautadas pelo jornalista ou sua
equipe como uma arma letal para prejudicar adversários, destruir personalidades
e biografias, criar e promover de modo amiúde falsos moralistas e paladinos da
ética, visando a alcançar o êxito político e econômico de sua organização
criminosa."
O texto diz que
Wagner Relâmpago ("DF Alerta"), Patrícia Moraes (Jornal Opção), João
Unes ("A Redação") e Carlos Antonio Nogueira ("O Estado de
Goiás"), indiciados por quadrilha, teriam recebido dinheiro.
Entidades de classe
ouvidas pelo GLOBO defenderam a independência do trabalho jornalístico.
Para o presidente da
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, "não se pode
confundir um mau trabalho jornalístico com crime".
- Se há crime, tem
que ser investigado, e os culpados, julgados, jornalistas ou não. O que temos
até agora é uma relação promíscua entre fonte e jornalista. Um mau exercício da
profissão. O que não podemos é tolher nosso direito de investigar.
A Associação Nacional
dos Jornais (ANJ) também aguarda a votação do relatório final.
- Mas o que tem que
ser respeitado é o trabalho jornalístico. O jornalista tem sempre que ouvir
todos os lados. A relação fonte-jornalista tem que ser preservada - disse o
diretor-executivo da ANJ, Ricardo Pereira.
Procurada pela
reportagem, a direção da revista "Veja" disse que não se pronunciaria
Fonte: O Globo
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