sexta-feira, 22 de junho de 2012

OPINIÃO DO DIA – Alberto Goldman: Maluf levou cargo, não dinheiro

Sabem quem é Gilberto Carvalho? È o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, cargo de acesso direto e íntimo à presidente Dilma. O mesmo que exerceu durante o governo Lula. Sabem quem era? Foi secretário do prefeito Celso Daniel, de Santo André, que foi assassinado em condições até agora não esclarecidas. Mas era o agente do Zé Dirceu, para todas e quaisquer funções. Com seu fusquinha abastecia o então presidente do PT. Sabem o que ele disse sobre o acordo do PT com o Maluf para disputar a prefeitura de São Paulo? Que Maluf levou cargo, não dinheiro. A que se refere? Ao fato de um indicado por Maluf passar a dirigir a Secretaria de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, em função do acordo eleitoral.

Ora, se não é por dinheiro, é por que? Maluf tem algum projeto para utilizar o orçamento do órgão ( 1,7 bilhões de reais ) ? Tem algum projeto de saneamento para eliminar a falta de água potável em todo o Brasil e de promover a retirada e tratamento dos esgotos? Se não é por dinheiro é por patriotismo, por amor à causa?

FONTE: BLOG DE GOLDMAN

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Impeachment relâmpago pode cassar presidente do Paraguai
Megaconferência é modelo contestado
Imposto menor para segurar alta da gasolina
Fazenda age para impedir fim do teto salarial

FOLHA DE S. PAULO
Líder do Paraguai pode ser destituído; Dilma tenta evitar
Rio+20: ONGs fazem protesto contra texto final da conferência
Dilma contou ter sofrido encenação de fuzilamento
Agência de risco rebaixa nota dos maiores bancos americanos
Arrecadação perde fôlego e ameaça contas do governo
Indonésia diz que executará brasileiro em poucas semanas
Ofensas em redes sociais têm de ser retiradas em 24 horas

O ESTADO DE S. PAULO
Paraguai abre processo de impeachment; Dilma vê golpe
Governo ataca projeto que acaba com teto de servidores
Dilma se irrita, e ONU recua de crítica ao texto da Rio+20
ONGs falam em ‘graves omissões’
Agência baixa índice de 15 dos maiores bancos do mundo

VALOR ECONÔMICO
Em ambiente de discórdia, Abilio passa poder ao Casino
Conferência deixa como resultado um futuro incerto
Unasul tenta evitar destituição de Lugo
Governo quer limitar pensão por morte

CORREIO BRAZILIENSE
Brasil tenta salvar governo do Paraguai
Dilma não pegou em armas
Governo e OAB condenam PEC da farra salarial
Cachoeira vê liberdade cada vez mais longe
Justiça mantém condenação de Luiz Estevão
Emprego dribla a crise e volta a crescer no Brasil

ESTADO DE MINAS
Fraude de R$ 100 milhões
Ideologia desarmada
MEC quer criar estatal dirigida a concursos
Gasolina mais cara a caminho
Geração de emprego tem melhor maio desde 2002

ZERO HORA (RS)
Brasil lidera missão para reduzir crise no Paraguai

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Alerta máximo pela chuva
PSB oficializa candidatura de Geraldo Júlio
Aumento da gasolina deve sair em breve
Irritação do Brasil muda posição da ONU

2º trimestre fraco levou banco a revisar alta do PIB para 1,5%

Projeção do Credit Suisse irritou os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel

Leandro Modé

O relatório do banco Credit Suisse que rebaixou de 2% para 1,5% a projeção de crescimento para o Brasil em 2012 afirma que o novo número decorre, principalmente, de dois fatores: expansão mais fraca do que o esperado no segundo trimestre e expectativa ruim para os investimentos no ano. O texto irritou os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel.

Este último chegou a dizer que a avaliação negativa é explicada pelo fato de o banco ser europeu. "Acho que a visão que os europeus têm é necessariamente negativa por ser influenciada pelo clima de lá. A situação do mercado financeiro da Europa é muito ruim", afirmou Pimentel.

O relatório é assinado por cinco economistas brasileiros, liderados por Nilson Teixeira. Todos eles trabalham no Brasil. Ontem, Teixeira não estava disponível para entrevistas. No entanto, em uma entrevista concedida ao Estado em março, ele explicou por que o banco já estimava um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) inferior à média do mercado financeiro.

"A nossa leitura, desde o ano passado, é de que a economia passaria por uma desaceleração importante e teria uma retomada gradual. Mas o terceiro trimestre de 2011 foi ainda mais frágil do que imaginávamos e o quarto trimestre, idem", disse ele, na ocasião.

Teixeira argumentava que, para que a expansão chegasse ao nível que a média do mercado previa (ao redor dos 3%), o Brasil teria de crescer no segundo semestre em um ritmo fortíssimo, semelhante aos trimestres que antecederam a explosão da crise global, em setembro de 2008.

"Foi uma época em que havia estímulos muito fortes à economia - crédito e o próprio desempenho da economia global. Hoje, esses estímulos não estão presentes", observou.

No texto enviado a clientes esta semana, os economistas explicaram que a revisão para baixo da previsão decorreu da "redução da produção industrial em abril, da expectativa de nova contração da atividade industrial em maio e das projeções para os demais setores (da economia)".

Por isso, a projeção para a alta do PIB no segundo trimestre caiu de 0,8% para 0,5% em relação aos três primeiros meses do ano. Essa revisão mudou a expectativa para o ano todo. No primeiro trimestre, o País cresceu 0,2%.

Dados correntes. Outro fator determinante, segundo os analistas, é o desempenho dos investimentos no ano. Para o Credit Suisse, os investimentos devem crescer apenas 0,3% em 2012 na comparação com 2011. No ano passado, a alta foi de 4,7%.

"Na comparação com os últimos dez anos, essa expansão dos investimentos seria superior, apenas, às contrações de 4,6% de 2003 e de 6,7% em 2009", afirmaram eles, no texto. "Grande parte da desaceleração da demanda doméstica de 3,4% em 2011 para nossa previsão de 1,7% em 2012 seria função da forte desaceleração dos investimentos em 2012."

Os economistas ressalvaram que todas as projeções, neste ano, "são extremamente sensíveis aos indicadores correntes". Em outras palavras: se os indicadores de atividade econômica surpreenderem para cima, as estimativa para o PIB do ano pode ser revista também para cima.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Geração de vagas com carteira recua 44,5%

Em maio, foram abertos 139.679 postos formais, contra 252.067 no mesmo mês de 2011. Número é o pior desde 2009

Geralda Doca

BRASÍLIA. Enquanto a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE ainda mostra um mercado de trabalho imune à crise, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho já mostra o ritmo lento da economia. O país gerou 139.679 empregos com carteira assinada em maio, queda de 44,5% em relação ao saldo (diferença entre admissões e demissões) do mesmo período do ano passado, que foi de 252.067 postos. Este foi o pior desempenho para o mês desde 2009, quando a crise financeira internacional atingia em cheio o mercado de trabalho brasileiro. Entre janeiro e maio, a criação líquida de vagas ficou em 737.894, o que representa uma redução de quase 30% sobre o resultado obtido nos primeiros cinco meses de 2011, de acordo com informações do Caged divulgadas ontem.

Em maio, os empregos despencaram no comércio e na indústria. A desaceleração no comércio, em relação a igual período de 2011 foi de 61,48%, saindo de um saldo de 25.309 para 9.749 postos de trabalho. Na indústria, a queda foi de 52%, passando de 42.301 postos para 20.299, devido principalmente à eliminação de vagas no ramo de material de transporte, calçados e metalurgia. Apesar do aquecimento do setor, a construção civil também registrou retração de 48,5%, passando de 28.922 para 14.886 empregos.

Numa intensidade menor, houve também perda no ritmo de contratações na agricultura e no setor de serviços, que fecharam maio com saldos de 46.261 e 44.587, respectivamente. Apesar da crise, o que ajudou nas contratações na agricultura foi a safra do café e da cana-de-açúcar em Minas Gerais e em São Paulo, enquanto que nos serviços foram as contratações em hotéis, restaurantes e serviços médicos e odontológicos.

Por essas razões, São Paulo e Minas Gerais foram os estados que mais contrataram, com saldos de 52.624 e 32.684 postos, respectivamente. Em seguida, ficou o Rio, com 12.030.

Segundo o Caged, em maio o nível do emprego subiu mais no interior do que nas regiões metropolitanas. O interior respondeu por 93.453 vagas do total.

As regiões que mais se destacaram foram Sudeste (101.876 postos) e Centro-Oeste, que respondeu por 13.473.

O Caged, divulgado mensalmente pelo Ministério do Trabalho, é o resultado de informações enviadas pelas empresas do país à pasta. É o registro de todas as contratações e demissões do mercado formal.

FONTE: O GLOBO

Desemprego e salário caíram em maio. Analistas temem piora à frente

Taxa baixou de 6% para 5,8%, a menor desocupação para o mês em 10 anos

Marcio Beck

Ligeiramente abaixo das expectativas dos analistas, a taxa de desemprego medida pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas do país recuou de 6% em abril para 5,8% em maio. O índice é o menor para maio desde 2002, quando foi iniciada a série histórica. Já o rendimento médio do trabalhador teve a segunda queda seguida, de 0,1%, alcançando R$ 1.725,60, depois de cair 1,2% de março para abril.

O resultado foi considerado positivo, mas especialistas alertam que a desaceleração da economia deverá aparecer na pesquisa nos próximos meses. O gerente da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo, destacou que, em ambas as bases de comparação, o crescimento do emprego foi superior à entrada de novos trabalhadores na força de trabalho.

- O mercado está contratando mais do que está entrando gente (no mercado de trabalho), dando conta de parte do passivo de desempregados. Estamos nos aproximando dos 23 milhões de pessoas ocupadas, que é um recorde histórico. Esse crescimento, é importante lembrar, também é de qualidade. Observamos queda consistente no emprego sem carteira e aumento das vagas com carteira assinada - explicou.

Diante do cenário internacional desfavorável e do desaquecimento da economia brasileira, diz o professor da Unicamp Cláudio Dedecca, a PME mostra uma geração de empregos (119 mil vagas a mais que abril) "nada desprezível".

- Por esse lado, foi até surpreendente. Mas há uma percepção geral de que a deterioração das condições para o crescimento do país foi muito acentuada e rápida, e está para chegar uma inversão dessa queda do desemprego - afirmou Dedecca.

Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências concorda:

- São novas contratações, mesmo em um momento de incerteza, o que é muito importante diante do cenário de atividade econômica mais fraca. Mas é de se esperar alguma diminuição no ritmo, a julgar pelos outros indicadores da economia que estão demorando a se refletir no emprego - disse Bacciotti.

Por regiões, São Paulo liderou a criação de vagas com alta de 163 mil postos de trabalho, ou 1,7% de aumento em relação ao mês anterior. Já Porto Alegre, disse Azeredo, teve queda expressiva na ocupação na indústria (15 mil postos de trabalho a menos, ou 3,7% em relação a abril) e redução de 1,2% no rendimento médio real.

- Os resultados de Porto Alegre vieram muito abaixo do habitual. Precisaremos fazer outros trabalhos para investigar melhor o que está acontecendo lá - afirmou.

Construção civil cortou vagas em maio

Segundo o IBGE, seis segmentos registraram alta nas contratações em maio sobre abril, com destaque para o de Educação, Saúde e Administração Pública, com alta de 2,7%. Construção civil foi o segmento que mais cortou vagas, com queda de 2,9% de abril para maio.

A leve queda no rendimento dos trabalhadores de 0,1% foi explicada pelos especialistas como um esgotamento do "efeito da alta do salário mínimo".

- A alta do salário, em janeiro, está se refletindo apenas nos salários das novas contratações e não mais sobre o estoque de empregados - analisa o economista Caio Machado, da LCA Consultores.

FONTE: O GLOBO

Desemprego pode voltar a aumentar

Marcio Beck

Professor do Instituto de Economia da Unicamp, Claudio Dedecca acredita que o Caged está antecipando os reflexos da economia mais lenta. Ele afirma ainda que é grande a chance de a taxa de desemprego voltar a crescer.

O GLOBO: Como o senhor interpreta as diferenças entre os números do Caged e do IBGE?

CLAUDIO DEDECCA: Independentemente das diferenças nas metodologias, as tendências do emprego apontadas pelas duas pesquisas são extremamente divergentes. Exceto na construção civil, em que ambas apontam queda. Minha hipótese é que a leitura do Caged, que se refere ao acumulado do mês, está refletindo melhor o momento da economia. Como o IBGE capta apenas uma semana, dependendo de qual for a semana escolhida, informação que o IBGE não divulga, pode ser esta a explicação.

Devemos então esperar resultados piores na pesquisa do IBGE nos próximos meses?

DEDECCA: A tendência é que a PME do mês que vem já comece a captar esse movimento mais fraco da economia. Eu diria que a probabilidade de a taxa de desemprego aumentar em julho ou agosto é alta.

A diferença poderia ser um efeito da abrangência maior do Caged?

DEDECCA: Se o emprego formal está desacelerando da forma que indica o Caged, seria de se esperar que as metrópoles refletissem este movimento, pois é nelas que se concentra o emprego formal. Mas não é o aconteceu na pesquisa do IBGE, que tem essas regiões como objeto. Os dados do Caged divulgados pelo governo, infelizmente, não permitem uma comparação adequada.

FONTE: O GLOBO

Para BC, reação da economia fica para 2013

Esforço governista para tentar acelerar expansão econômica a 4,5% ao ano só deve vingar no próximo ano, avalia Banco Central

Fernando Nakagawa

BRASÍLIA - Às vésperas do anúncio da nova previsão de crescimento da economia, o Banco Central prepara o terreno para mostrar que desempenho como desejado pelo Palácio do Planalto só vai acontecer de forma plena em 2013.

Nos últimos dias, o presidente Alexandre Tombini chancelou números do mercado que preveem dinâmica mais forte da atividade no último trimestre de 2012 e, pela primeira vez, alongou o horizonte das estimativas para o próximo ano. Para o BC, o esforço do governo em acelerar a economia para 4,5% ao ano, como quer a presidente Dilma Rousseff, só vai gerar resultados completos no próximo ano.

Em discurso na terça-feira, o presidente do BC repetiu a avaliação de que a economia deve ganhar ritmo, mas com um tom diferente. "O crescimento econômico irá se acelerar ao longo dos próximos trimestres. De acordo com estimativas do próprio mercado, uma visão com a qual eu compartilho, no quarto trimestre de 2012 o Brasil estará crescendo a um ritmo de 4% na comparação com igual período de 2011", citou Tombini, em São Paulo.

Mais que concordar com analistas de que a economia deve ter velocidade de 4% ao ano no fechamento de 2012, Tombini foi além e empurrou o horizonte dos prognósticos. "E crescerá acima de 4,5% no primeiro semestre de 2013", disse, ao citar previsão de mercado com a qual concorda.

O discurso pode ser entendido como um sinal de que, para o BC, os resultados das diversas medidas para incrementar o ritmo da economia não se limitarão exclusivamente a 2012: na verdade, o efeito pleno - com crescimento a um ritmo anual de 4,5% - só deve ser alcançado no decorrer de 2013.

Mudança. A avaliação mudou nas últimas duas semanas. Em 5 de junho, na Câmara dos Deputados, Tombini dizia que "o ritmo da atividade econômica no Brasil irá se acelerar ao longo de 2012". Naquele dia, 2013 parecia mais distante. Dias depois, em 12 de junho, citou discretamente no Senado Federal as previsões do mercado de que a economia deve crescer com ritmo mais forte no final de 2012, se estendendo para 2013. Mas, na ocasião, não fez uma defesa do cenário. Apenas citou.

Desinflação. Outra mudança no discurso é relacionada aos preços. Após meses com a percepção de que a influência do cenário internacional em crise é "desinflacionária" para o Brasil, o presidente do BC mudou o tom e, agora, avalia que o impacto deve oscilar de "neutro para desinflacionário".

Uma semana antes, porém, as palavras foram um pouco diferentes no Senado: "O cenário internacional caracterizado por mercados voláteis, baixo crescimento da economia mundial e com viés desinflacionário para o País", disse. Ou seja, antes era certo que a crise desaceleraria preços no País. Agora, não há tanta certeza. As novas previsões do BC para o crescimento da economia e inflação serão divulgadas na próxima semana no Relatório Trimestral de Inflação.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

'PIB já começou ano correndo atrás'

Sem fazer previsões, economista diz que "por questões aritméticas, ritmo da economia do País está comprometido"

Vinicius Neder

RIO - O cenário do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, de que a economia chegará ao fim do ano crescendo 4% em termos anualizados, é possível, na avaliação do sócio da Gávea Investimentos, Arminio Fraga. A desvalorização do real frente ao dólar contribuirá para o aquecimento da atividade.

O ex-presidente da autoridade monetária preferiu não fazer previsões para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, mas destacou ontem que, "por uma questão aritmética", o ritmo da economia já está comprometido. Nesse quadro, há espaço para a taxa básica de juros (Selic) continuar sendo reduzida.

Arminio tampouco fez previsões de até quanto o corte na taxa pode chegar, mas defendeu uma redução da meta de inflação, de forma gradual. "Em algum momento, para ter juros mais baixos, teremos de ter uma inflação mais baixa também", afirmou o economista, após moderar na Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Já há previsões de crescimento do PIB este ano abaixo de 2%. Qual o seu cenário?

Este ano, o PIB já começou correndo atrás. É uma questão aritmética. A minha expectativa, apesar do pano de fundo global ser difícil, é de que, no segundo semestre, a economia cresça mais do que no primeiro. Obviamente, dependendo até certo ponto do que está acontecendo, especialmente na Europa e na China. Um pouco disso é cíclico, (problema) nosso, interno. O crédito cresceu um pouco rápido demais, as famílias já estão mais endividadas e não vão continuar a se endividar no mesmo ritmo. Agora, para se endividar mais, elas vão ter de esperar a renda crescer. Isso vai acontecer num ritmo ainda razoável, mas (o crescimento da renda) está desacelerando. Além disso, tem sido difícil mobilizar mais investimentos. Mas isso é uma coisa permanente para nós? Não. O Brasil vai conseguir mobilizar mais investimentos, mas não se consegue fazer isso da noite para o dia. O governo já tomou algumas providências importantes, particularmente o Banco Central, reduzindo bastante a taxa de juros. O câmbio também vai ajudar porque ele se depreciou e é fator de estímulo. Fora um cenário catastrófico global, que não é o mais provável, vejo o Brasil crescendo mais no segundo semestre. O Tombini, no discurso de anteontem, disse que acredita que a economia, na ponta, vai crescer 4%. É possível, sem dúvida.

Quais os fatores internos da desaceleração?

O mais importante é acompanhar três fatores: externo, conjuntural e estrutural. O externo está fora do nosso controle. O conjuntural está sendo objeto de resposta do Banco Central, que também é uma resposta ao externo ao mesmo tempo. Essa parte deve melhorar com o tempo. E o estrutural dá muito trabalho, mas é um desafio que hoje é consenso. Todo mundo fala sobre isso constantemente. Dessa discussão, vai sair uma resposta. Já está saindo. O governo está começando a oferecer mais concessões para o setor privado, está pensando nos temas gerais da infraestrutura do Brasil. Essa campanha para reduzir o custo do capital também pode ter algum impacto.

A Selic pode ir abaixo de 8%?

O Banco Central vai seguir perseguindo sua missão. Se for necessário reduzir mais o juro, não tenho dúvida de que isso será feito. No médio prazo, a tendência da taxa de juro no Brasil é de queda. Primeiro, porque a taxa de juro real vem caindo, e os fundamentos têm permitido isso. Seria bom se houvesse também um limite ao gasto público e não apenas ao déficit. Significaria não colocar tanta pressão na carga tributária. Em algum momento, para ter juros mais baixos, teremos de ter uma inflação mais baixa também, talvez reduzindo a meta. Não teria pressa para fazer isso e tampouco faria de uma maneira muito abrupta, mas uma redução gradual, 0,25 ponto porcentual aqui, 0,25 ali.

O sr. concorda com a análise de que o modelo de crescimento baseado no consumo está esgotado?

Parcialmente. Não discordo quando o governo diz que o consumo vai sempre ser um fator importante. Nesse sentido, a crítica não pode ser vista como voltada simplesmente para reduzir o consumo e não fazer mais nada. Pelo contrário. Mas o consumo não deve ser movido demais pela alavancagem, pelo endividamento. É preciso cuidado e o governo está atento a isso. Em segundo lugar, aí sim se trata de mudança de modelo, é preciso também enfatizar o investimento. É uma questão mais de somar do que de substituir.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Greve de servidores atinge Itamaraty e 10 órgãos do governo

Servidores querem incorporar gratificações aos salários e aposentadoria integral

Evandro Éboli

BRASÍLIA . A greve dos servidores públicos federais já atinge dez órgãos do governo e também o Itamaraty, onde oficiais de chancelaria e outros servidores de 91 embaixadas e consulados no exterior promovem uma paralisação inédita. Postos como Moscou, Londres, Paris, Roma e Nova York aderiram ao movimento grevista dos funcionários. O Sinditamaraty, sindicato da categoria, estima que metade dos três mil agentes e oficiais de chancelaria estão em greve.

Estão paralisados servidores da Funai, da Funasa, do Incra e dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Justiça, da Previdência Social, da Saúde, do Trabalho e do Arquivo Nacional. Funcionários do Hospital das Forças Armadas prometem suspender suas atividades a partir da próxima segunda-feira.

No Itamaraty, o principal pedido dos servidores é a incorporação dos adicionais ao salário, para tentar equiparar os vencimentos aos de outras categorias, além da garantia de vencimentos integrais na aposentadoria.

Hoje, um assistente de chancelaria ingressa na carreira ganhando R$ 2.915,10, enquanto um agente técnico de inteligência da Abin começa recebendo R$ 4.422,62. Enquanto o oficial de chancelaria tem salário inicial de R$ 6.299,13, o oficial técnico de inteligência, R$ R$ 11.941,08.

Os servidores da Funai também revindicam reajuste salarial e implantação do Plano de Carreira Indigenista. No Ministério da Saúde, é alta a adesão ao movimento grevista. Hoje, os funcionários do setor de saúde indígena e os do setor de compra de passagens e diárias devem aderir ao movimento.

Professores de universidades federais estão parados há quase um mês. Reunião no Ministério do Planejamento está marcada semana que vem.

FONTE: O GLOBO

PSB oficializa candidatura de Geraldo Júlio em Recife

Partido enviou ontem "carta de apresentação" às demais legendas da Frente Popular. João da Costa mantém silêncio.

PSB oficializa Geraldo Júlio

Partido envia carta às siglas aliadas em que oficializa o ex-secretário como “o melhor quadro do PSB” para a PCR

Sheila Borges

Para não repetir o erro do PT, que impôs, via Executiva nacional, o nome do senador Humberto Costa à Prefeitura do Recife, e evitar a acusação de que o PSB estaria fazendo o mesmo caminho ao colocar, na cabeça da chapa alternativa à do PT, o ex-secretário Geraldo Júlio, o governador Eduardo Campos foi aconselhado a seguir um ritual que ofeceresse, pelo menos em tese, aos partidos aliados a chance de, publicamente, avaliar e chancelar a indicação dos socialistas. Para descartar qualquer ruído, os socialistas enviaram uma carta (veja em anexo) às siglas aliadas, oficializando o nome de Júlio como “o melhor quadro do PSB” à disputa pela PCR. Isso porque houve um certo mal-estar na base quando parte da imprensa antecipou, ontem, que o Palácio já tinha decidido por Júlio, e que ele seria lançado hoje como o representante da maioria das legendas da Frente Popular, e não apenas do PSB.

“Temos a convicção de que a candidatura de Geraldo Júlio, representando a Frente Popular do Recife, assegurará a vitória das forças populares que há mais de meio século têm operado mudanças fundamentais na vida dos brasileiros, dos pernambucanos e dos recifenses. A experiência acumulada pela Frente Popular no governo do Estado, que elevou Pernambuco a novo patamar de desenvolvimento, será aprofundada na Prefeitura do Recife, em benefício da qualidade de vida de todos os segmentos sociais”, diz trecho da carta, redigida ao final de debates realizados pelos líderes do PSB durante todo o dia de ontem.

Com a oficialização de Geraldo Júlio pelo PSB, Eduardo Campos adia o lançamento formal da majoritária, que ocorrerá com pompa quando o governador retornar dos Estados Unidos, na quarta-feira (27). Eduardo viaja no domingo (24) para receber um prêmio concedido ao seu modelo de gestão administrativa, implantado, justamente, por Júlio no início do primeiro mandato (2007/2010). A carta que indica o ex-secretário foi assinada pelos outros ex-auxiliares de Eduardo que estavam escalados a ocupar a vaga: Danilo Cabral, Sileno Guedes e Tadeu Alencar. Com isso, o governador também manda um outro recado, o de que o PSB está unido em torno de Júlio, diferentemente do que acontece no PT, que não consegue superar as divergências internas para lançar Humberto Costa.

Vice

A vaga de vice deve ficar com o PCdoB, que estava aguardando essa indicação oficial para conversar internamente. A previsão é de que neste fim de semana os comunistas formalizem a parceria e apontem o nome. A senha servirá para que o prefeito de Olinda, Renildo Calheiros, que disputará à reeleição, feche um acordo com o PSB na sua vice, o que deixará o PT isolado em Olinda e no Recife.

Nesse contexto, a candidatura de Geraldo Júlio é construída a partir de dois critérios: o da unidade interna do PSB e o do debate com os outros partidos da Frente. Esses são os principais argumentos que Eduardo Campos vai colocar para o ex-presidente Lula na conversa que os dois terão por telefone até quarta-feira. Assim, Eduardo deixará claro que foi instado a ocupar o comando das articulações da sucessão do Recife, apesar de o PT administrar a PCR, por culpa dos próprios petistas.

Ao tomar essas duas posições, o presidente nacional do PSB abre o caminho para Geraldo Júlio agir sem nenhum tipo de arestas. Agora, começará um novo desafio: fazer com que Júlio possa aprender, em tempo recorde, a se comunicar com a opinião pública para que o seu estilo “gerentão” seja compreendido pelos eleitores como a alternativa que o Recife terá para “replicar” o modelo de gestão de Eduardo no Estado.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

PT silencia sobre decisão

Ayrton Maciel e Gilvan Oliveira

A cúpula estadual do PT repetiu ontem a postura que vem mantendo desde a escolha do senador Humberto Costa como candidato a prefeito do Recife pelo partido: o silêncio. Tanto Humberto quanto o presidente estadual da legenda, Pedro Eugênio, não se pronunciaram sobre a oficialização do ex-secretário Geraldo Júlio como “prefeiturável” pelo PSB. Humberto informou, via assessoria, que se manifesta hoje. Pedro Eugênio não foi localizado.

Nos bastidores da Frente Popular, porém, corria ontem a informação da “contrariedade” do ex-presidente Lula com a decisão do governador Eduardo Campos. Segundo integrante da própria Frente (não petista), Eduardo não estaria conseguindo retorno de Lula aos seus contatos. “Eduardo sempre teve a atenção do aliado, a qualquer hora. Agora, não consegue. Lula não gostou. Está incomodado com o processo, porque achava que Eduardo daria apoio imediato a Humberto. Por mais que goste de Eduardo, o candidato de Lula é Humberto”, explicou o governista, em discrição.

Mais que a fragilização da candidatura de Humberto, Lula e PT estariam entendendo a decisão de Eduardo – de escantear o PT e lançar um nome do PSB – como a sua colocação como “candidato (a presidente) em 2014”. “Lula acha que Eduardo tomou a divisão do PT local como pretexto para criar um caminho próprio”, explicou a fonte.

Um dos petistas mais próximos ao ex-presidente, o dirigente do PT nacional Francisco Rocha, Rochinha, disse desconhecer o azedamento na relação de Lula com Eduardo, mas também não negou o fato. “Não posso dizer que está havendo ou não porque não tenho essa informação. Só digo que recebi de Lula o sinal verde para tocar a candidatura de Humberto”, ressaltou.

Segundo o governista da Frente Popular, o gesto de Eduardo, em encontro com Humberto, de oferecer ao PT a vice na chapa do PSB teria gerado mal-estar e é, hoje, a maior mágoa de Lula. “Foi visto como uma tentativa de humilhação”, disse a fonte.

Disposto a enfrentar Eduardo, o PT nacional já estaria sinalizando que, na campanha eleitoral, os governos Lula assumirão os grandes investimentos no Estado (Refinaria Abreu e Lima, Fiat, Sadia/Perdigão, Hemobras, estaleiro, PAC...). E se Lula vier ao Recife, será só para o palanque de Humberto. “A eleição pode chegar a um grau de tensionamento muito forte. Há uma posição (no PT) de, o PSB concretizando o candidato, Maurício Rands (secretário de Governo) e Isaltino Nascimento (Transportes) entregarem os cargos”, revelou o governista.

Apoio

Ontem, dirigentes do PP no Recife informaram que a maioria dos pré-candidatos a vereador indicou, após reunião, que o partido deveria apoiar Humberto Costa. Dos 51, 38 são a favor. O presidente estadual do PP, deputado Eduardo da Fonte, não foi localizado para comentar. Ele já havia indicado que o PP seguiria a Frente Popular.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Em São Luís, DEM apoia PT contra chapa tucana

Aliança foi autorizada pela cúpula nacional

Reynaldo Turollo Jr.

SÃO PAULO - O DEM oficializou o apoio ao pré-candidato do PT à Prefeitura de São Luís (MA), o vice-governador do Maranhão Washington Luiz de Oliveira.

Para selar a aliança, o DEM maranhense teve de submetê-la à aprovação da Executiva Nacional, pois uma resolução da sigla proíbe o DEM de se aliar ao PT e ao PSD em cidades com mais de 200 mil habitantes e repetidora de TV.

"No Maranhão, o DEM e o PT pertencem ao mesmo grupo político desde a eleição da governadora Roseana [Sarney, do PMDB]. Nunca tivemos afinidade nenhuma com o PSDB", disse o presidente do Diretório Municipal do DEM, Ricardo Guterres.

O PSDB terá como candidato à reeleição o atual prefeito João Castelo. Nas eleições para prefeito em 2008, o DEM teve candidato próprio no primeiro turno -o hoje deputado estadual Raimundo Cutrim (PSD)- e não apoiou nenhum nome no segundo, de acordo com Guterres.

No início desta semana, o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), disse que, se a aliança se efetivasse, seria em apoio ao projeto de Roseana, e não ao do PT. A aliança entre os partidos foi selada anteontem. Segundo José Agripino, o caso de São Luís deverá ser a única "exceção" entre as capitais do país nas eleições.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Em Porto Alegre, Manuela escolhe para vice vereador do PSD

Candidata anunciou ontem que cargos de coordenação da campanha ficarão com o PSB

Em clima de descontração e preocupada em não descontentar nenhum dos partidos que a apoiam (PSB, PSD, PSC e PHS), a candidata à prefeitura de Porto Alegre Manuela D"Ávila (PC do B) anunciou ontem que o vereador Nelcir Tessaro (PSD) será o candidato a vice em sua chapa. O escolhido da candidata integrou o primeiro escalão do governo de José Fogaça (PMDB), fato que, segundo ela, não causa constrangimento.

Para Manuela, os rumos tomados pela gestão atual afastaram Tessaro, que comandou o Departamento Municipal de Habitação (Demhab), e outros vereadores, que se uniram para formar o PSD na Capital.

– Julgo que o atual governo aprofundou problemas que fizeram com que o vereador Tessaro e os vereadores que estão aqui rompessem com a administração – disse.

A candidata fez ainda elogios ao vereador Airto Ferronato (PSB) – um dos preteridos na definição do vice.

Para compensar a opção por um colega de chapa do PSD, Manuela destacou que todos os partidos terão protagonismo, mas anunciou que o coordenador político e o coordenador-geral de sua campanha serão do PSB, principal aliado: respectivamente o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque, e o presidente municipal do PSB, Antônio Elisandro de Oliveira.

FONTE: ZERO HORA (RS)

Maluf oferece vice de Haddad ao PTB

Apesar da coordenação da campanha petista ter dito que Maluf não vai ter papel importante na sucessão, deputado estaria fazendo articulações para a escolha do vice de Haddad

SÃO PAULO – O advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, pré-candidato do PTB à Prefeitura de São Paulo, revelou ontem que foi procurado pelo deputado Paulo Maluf, presidente do PP paulista, para compor a chapa com o pré-candidato petista Fernando Haddad. Apesar de a coordenação da pré-campanha de Haddad dizer que Maluf não seria protagonista na sucessão municipal, o deputado mostrou-se um articulador ativo e conversou na quarta pela manhã com D’Urso sobre a possibilidade de o petebista se unir à coligação.

“Ele me ligou para dizer que o PT me apoiava para vice de Haddad”, contou D’Urso, referindo-se a Maluf. No dia anterior, o ex-prefeito já teria procurado o presidente estadual do PTB, deputado Campos Machado, assim que soube da saída da deputada federal Luiza Erundina (PSB) da chapa. Segundo o advogado, além de Maluf, Campos Machado também foi procurado pelo presidente do PT-SP, deputado estadual Edinho Silva.

Mesmo com a pressão do PT e do PSDB para ter os 1m37 de tempo de TV do PTB, D’Urso garantiu que sua candidatura será mantida. “Hoje nossa posição é absolutamente firme”, disse. Na “guerra” pelo maior tempo de exposição na TV, D’Urso está ciente que os convites estão chegando não pelo seu nome. “Não atribuo o assédio a mim, atribuo o assédio ao partido”, comentou.

Petistas do diretório municipal reprovaram a “proatividade” de Maluf. “O PT não apoia essa iniciativa”, disse um aliado. “Se isso foi feito, foi à nossa revelia”, criticou. O presidente do diretório municipal e coordenador da pré-campanha de Haddad, vereador Antônio Donato, disse que a prioridade neste momento é fechar o arco de alianças e aguardar uma posição do PCdoB para, em seguida, discutir o vice de Haddad. Segundo Donato, não houve nenhuma oferta oficial da campanha para atrair D’Urso. “Quero primeiro ouvir Edinho”, ponderou Donato. Procurado pela reportagem, Edinho não retornou às ligações.

Como o convite não partiu do diretório municipal do PT, que vem conduzindo a pré-campanha, o núcleo da campanha de Haddad prioriza um acordo com o PCdoB. O interlocutor de Haddad junto ao PCdoB é o ex-ministro do Esporte Orlando Silva, que se reuniu ontem com o pré-candidato.

Caso seja confirmada a desistência do pré-candidato do PCdoB, vereador Netinho de Paula, o partido poderia oferecer para a vaga de vice na chapa petista à presidente estadual da sigla, Nádia Campeão, ou à deputada estadual Leci Brandão. “Não pedi para ser vice-prefeita de ninguém! Estou deputada, fazendo nosso trabalho com dignidade, consciência e transparência, mas sou artista!”, disse Leci, em seu perfil no Facebook.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Ala do PSDB exige chapa pura com Serra em SP

Sigla libera "chapão", mas quer vice em troca

SÃO PAULO - O PSDB paulistano aprovou ontem a coligação com partidos aliados na chapa de vereadores, mas pedirá em troca do gesto a indicação do nome do vice de seu candidato à prefeitura, José Serra.

O chamado "chapão" de vereadores foi liberado após horas de discussão entre dirigentes. "Isso facilita a negociação para o vice ser do PSDB", disse o líder do partido na Câmara, Floriano Pesaro.

Há semanas uma ala do PSDB vinha pregando o veto à coligação proporcional. O alvo da ação era o PSD, sigla do prefeito Gilberto Kassab, que precisa da aliança para eleger seus vereadores.

Kassab é aliado pessoal de Serra, mas é visto com desconfiança por tucanos próximos ao governador Geraldo Alckmin. O prefeito ofereceu uma série de nomes para vice de Serra, entre eles o de Alexandre Schneider, que Serra vê com bons olhos.

Agora os tucanos querem que ele desista da vice, em troca da coligação. O PSDB quer a chapa pura e prega nomes como o do coordenador da campanha de Serra, Edson Aparecido, e o de Andrea Matarazzo para o cargo.

Serra tem se mantido alheio à polêmica. O candidato deve esticar a discussão sobre a vice até a semana que vem. Ele espera a Justiça decidir se o partido de Kassab terá direito a tempo de TV.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

PDT de Niterói poderá sofrer intervenção

Por: Wellington Serrano

O prefeito Jorge Roberto Silveira (PDT) se reuniu na quinta-feira com vereadores da base do Governo, mas ainda não bateu o martelo quanto à candidatura. No entanto, ele disse que “está inclinado a se candidatar à reeleição, por achar um absurdo quererem torná-lo inelegível”, sem citar nomes.

A decisão deve ocorrer até a próxima terça-feira. Mas caso não se lance candidato ou indique um sucessor do PDT para a cabeça de chapa, alguns militantes admitem a possibilidade de haver uma intervenção na legenda.

“É uma possibilidade. Respeitamos Jorge Roberto Silveira, que está no tempo dele. A situação deverá ser considerada pela direção nacional e estadual. O partido tem autonomia”, declarou Oswaldo Maneschy, presidente da Fundação Leonel Brizola e membro da regional.

O presidente nacional do partido, Carlos Lupi, no entanto, minimiza o impasse dentro da sigla. “ Jorge Roberto há 30 anos vem sendo a principal liderança do partido. A decisão que ele tomar será respeitada”, garantiu.

Para o líder do Governo na Câmara, Carlos Macedo (PRP), o prefeito pediu mais um tempo para costurar alianças. “Ele precisa de mais alguns dias. Estamos ainda dentro do tempo perante a Justiça Eleitoral, por isso temos que pensar bastante para não errarmos”. Macedo, no entanto, admite que a demora na definição de um cabeça de chapa dificulta os acordos.

“Esta questão acaba atrapalhando a definição das coligações. O prefeito sabe que o adiamento gera ansiedade em todos nós, mas é necessário, porque ele precisa fechar as negociações”.

Registro - O secretário-geral do PDT, vereador Miguel Vitoriano, não participou da reunião, mas esteve no gabinete para colher assinaturas do prefeito para a documentação que será entregue à Justiça Eleitoral, caso ele venha a concorrer. “O prefeito quer estar com tudo pronto caso seja candidato à reeleição”, explicou Vitoriano.

Sobre o fato do prefeito ter seu nome declarado inelegível pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Miguel Vitoriano reiterou que Jorge Roberto vai recorrer. “Enquanto não houver o julgamento em primeira instância, ele é candidato. Mesmo assim, se o parecer for desfavorável, ainda podemos recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral”. 

Deputado estadual demonstra insatisfação pelo Twitter

Felipe Peixoto faz desabafo após participar de reunião onde lhe foi oferecido chance de participar de vice-prefeitura. Descontente com a proposta, ele reclamou no microblog

O PDT pode até não sair rachado da disputa com a base aliada para definir os nomes que disputarão a sucessão do prefeito Jorge Roberto Silveira, mas algumas lideranças do partido dão sinais de descontentamento.

Depois do presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, ter deixado clara sua pretensão de ver uma chapa encabeçada pelo PDT na cidade, na quinta-feira foi a vez do deputado estadual Felipe Feixoto (PDT) postar um desabafo em seu Twitter, tornando público seu descontentamento pela Internet.

“Acabo de sair de uma reunião de 5 horas com o prefeito Jorge Roberto Silveira, onde mais uma vez me foi oferecida a oportunidade da vice [prefeitura]”, postou Felipe em seu twitter, no início da madrugada de quinta-feira. “Mais uma vez deixei claro [ao prefeito] que [me] sinto com grandes possibilidades de disputar a eleição como cabeça de chapa, e mais uma vez disse não à [opção de] vice”, acrescentou Felipe, afirmando que apesar do apelo, Jorge Roberto teria optado pelo nome do ex-secretário municipal de Governo.

“O prefeito considera que na atual conjuntura o melhor candidato é o deputado Comte Bittencourt. Não depende mais de mim. Fiz a minha parte. Me coloquei à disposição do partido. Mas pelo andar da carruagem, quem quiser votar em mim para prefeito vai ter que esperar até 2016. Tudo indica que estou
fora” .

Conversa não surtiu efeito- Durante o encontro, Felipe teria tentado argumentar com o prefeito, mas sem sucesso.

“Como sabem, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, pediu ao governador Sérgio Cabral que durante 30 dias ficasse no banco de reserva, aguardando a escalação do time que irá disputar as eleições municipais em Niterói. Para isso, tive que sair da Secretaria [Estadual] de Desenvolvimento Regional no início do mês para que não ficasse inelegível nas eleições desse ano”, postou, acrescentando que desde então teria sido “convidado inúmeras vezes” para ser vice de Comte.

“Sempre deixei claro que não existe a possibilidade de disputar a vice-prefeitura. Sempre coloquei que hoje me considero preparado para a disputa. Não só preparado para disputar as eleições para prefeito, mas também para governar”, finalizou.

FONTE: O FLUMINENSE

Axel Grael será vice-prefeito de Rodrigo Neves em Niterói

Por: Soraya Batista

Candidatura do ambientalista foi anunciada durante reunião que contou com a presença do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco

PT, PV e PMDB de Niterói oficializaram na quinta-feira o nome do ambientalista Axel Grael (PV) como vice na chapa encabeçada pelo pré-candidato a prefeito Rodrigo Neves (PT), durante encontro na sede municipal do PMDB, que contou com a presença do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco.

Mais cedo Rodrigo e Axel haviam se encontrado com o governador Sérgio Cabral para discutir projetos de infraestrutura para Niterói. O governador reiterou apoio à chapa e prometeu presença na convenção do PT na cidade, em 27 de junho.

Durante o encontro, Rodrigo agradeceu ao PMDB pelo “desprendimento” ao abrir mão de indicar alguém do partido para ser o vice da chapa e apoiar o nome de Axel Grael.

“O que queria destacar é que esses partidos (PV e PMDB) têm uma completa convergência pelo compromisso com Niterói. Eu não tenho dúvida que com o Axel para vice a vitória se torna, sem dúvida alguma, uma realidade ainda mais concreta, não para o Rodrigo ou Axel, mas para o povo e a cidade de Niterói.”

Axel Grael disse ter ficado surpreso quando recebeu o convite de Rodrigo Neves, já que ele não esperava participar do processo político. Porém, após conversar com os companheiros do partido, viu a oportunidade de fazer com que a bandeira verde ocupe um lugar de destaque em Niterói.

“Estou muito orgulhoso com essa oportunidade e muito animado com essa perspectiva que a gente tem, e principalmente me sinto bastante preparado para cumprir essa responsabilidade de ajudar Niterói. Acho que finalmente a gente tem uma candidatura capaz de botar Niterói no século XXI.”

Moreira Franco lembrou que a aliança PT-PMDB não é uma experiência nova, já que nas últimas eleições para prefeito, o partido apoiou a candidatura de Rodrigo Neves. Ele também ressaltou que não foi desprendimento o que fez o partido apoiar o nome de Axel, e sim uma visão política.

“Vou citar o que orienta politicamente, o que resume tudo aquilo que nós queremos e sobretudo que nós sonhamos, que é a visão dessa candidatura. Chega de olhar para trás, chega de práticas que o tempo já as tornou carcomidas”, afirmou o ministro.

Rompimento - A indicação de Axel Grael consolidou o rompimento do PV com a base aliada do governo. O partido ocupa a secretaria de Meio Ambiente, mas entregará os cargos na próxima segunda-feira. Eurico Toledo, presidente do diretório Municipal do partido, disse que a decisão de rompimento foi devido à falta de debate com o governo.

“O tempo é agora. O PV hoje estabelece oficialmente a construção de um projeto, ele tenta buscar um relacionamento, um debate tão necessário que a cidade clama, que é a questão de trazer para o centro da discussão a pasta ambiental.

A aliança em torno de Rodrigo Neves já conta com nove partidos, incluindo o PT. Outras duas siglas também negociam para integrar o grupo: o PPL e o PTdoB, que atualmente é da base do governo municipal. O apoio deve ser oficializado no sábado, durante a convenção municipal das legendas.
Outro partido que pode integrar a aliança é o PR, que já decidiu não lançar mais a candidatura do deputado estadual Édino Fonseca (PR).

FONTE: O FLUMINENSE

Gurgel ainda examina se vai pedir que Toffoli não julgue o mensalão

José Dirceu, que é um dos 38 réus do processo, chefiou o ministro do STF

Carolina Brígido e Mariana Timóteo

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que está examinando se vai pedir o impedimento ou a suspeição do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), para participar do julgamento do mensalão. Ele afirmou que, se for o caso, fará isso no julgamento, marcado para começar em 1 de agosto. Antes, Gurgel vai esperar um pronunciamento de Toffoli sobre o assunto.

- Isso será examinado em um momento oportuno. Temos que aguardar a afirmação do ministro - disse.

Gurgel afirmou que ainda não tem convicção formada sobre a conveniência da participação de Toffoli no caso. O ministro, por sua vez, não está com pressa. Perguntado sobre o que vai fazer, respondeu:

- Ainda tenho as férias pra pensar.

Ontem, O GLOBO informou que setores do Ministério Público querem uma providência de Gurgel. Antes disso, perguntado sobre o assunto, o procurador-geral dizia que a decisão caberia só a Toffoli.

Segundo o Código de Processo Civil, um juiz deve se declarar suspeito para atuar em um caso se for amigo de uma das partes. Toffoli foi chefiado por um dos réus no processo do mensalão, o ex--chefe da Casa Civil José Dirceu, de 2003 a 2005. Além disso, Toffoli frequentava a casa de Dirceu.

A namorada de Toffoli, Roberta Rangel, foi advogada de um dos réus, o ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP), para quem fez inclusive sustentação oral no plenário do STF em agosto de 2007, quando os ministros transformaram o inquérito em ação penal.

Outra polêmica no caso surgiu com as recentes declarações do ex-ministro da Justiça do governo Lula, o advogado criminalista Márcio Thomaz Bastos, que hoje defende o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, um dos 38 réus do mensalão. Quando falava sobre corrupção e reforma política no programa "Ponto a ponto", da TV Bandeirantes, no último dia 9, ele disse que o país chegaria "ao ponto em que a democracia, pela sua prática", iria "resolver a questão" do mensalão.

"Lembremos que, no início do século passado, na Câmara dos Comuns do Reino Unido, havia um guichê onde os parlamentares recebiam o dinheiro, uma espécie de mensalão entre aspas da época", afirmou Bastos, em seguida salientando que isso não havia impedido que a Inglaterra se tornasse um "país altamente democratizado".

Essas declarações "passaram despercebidas, admitindo claramente a existência do mensalão", opinou Merval Pereira em sua coluna de ontem no GLOBO. Procurado pelo jornal, Bastos não deu declarações. A opinião entre especialistas consultados, porém, é consensual: o advogado foi infeliz em sua fala.

- Um ato falho. Ele era ministro na época em que o escândalo estourou e atuou como gerenciador daquela e de outras crises envolvendo o PT. O partido sempre lutou em negar o mensalão. Bastos acabou, assim, admitindo sua existência - disse o cientista político Rubens Figueiredo, da USP.

Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia da Unicamp, acha, porém, que tudo foi feito de "forma calculada", para banalizar um julgamento que "tanto Bastos como o PT gostariam de protelar":

- Ele é macaco velho, nada do que fala é espontâneo. Assim como Lula, tenta banalizar o mensalão, quer tirar o foco, minimizar sua importância. Afinal, defende um dos réus - diz Romano.

FONTE: O GLOBO

O ocaso de Lula :: Roberto Freire

Durante muito tempo, o PT buscou aparecer como um partido comprometido com as necessárias mudanças estruturais que o país precisava para se desenvolver de forma sustentada, além do célebre discurso ético.

Contudo, desde seu primeiro mandato, o governo Lula mostrou a que veio. A política econômica do governo FHC foi mantida. As políticas sociais foram apropriadas, mas transformadas em mero assistencialismo para cabalar votos para o neocoronelismo. Na política, Lula aliou-se a figuras antes renegadas pelo PT como Renan Calheiros e Sarney e, mais recentemente, Collor.

A denúncia do "mensalão", que será julgado no próximo mês pelo STF, como feita pelo então procurador-geral da República Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, desnudou a forma não republicana de constituição de uma "maioria" comprada com o desvio do dinheiro público e que, até hoje, causa perplexidade e desconforto entre os militantes do PT que ainda acreditavam em mudanças verdadeiras. Mas, durante todo esse período, o PT gostava de mostrar-se como uma organização democrática associada às organizações sociais.

Esse "charme democrático" levou a primeira bordoada quando o Diretório Nacional interveio no Diretório do Rio de Janeiro e forçou uma composição com "Garotinho", então candidato ao governo pelo PMDB. Desde então, Diretórios Estaduais sofreram "intervenções", sendo uma das mais notórias a havida no Maranhão em 2010, quando foram obrigados a comporem com Roseana Sarney, até a mais recente anulação das prévias no Recife, quando o candidato lulista foi derrotado.

No entanto, nada se parece com o que está acontecendo agora, em São Paulo, quando Lula atuou por cima da estrutura partidária e por "dedaço" definiu como candidato a prefeito Fernando Haddad.

Não contente em preterir a senadora Marta Suplicy, Lula envolveu-se pessoalmente para atrair Maluf, inimigo histórico das forças democráticas no país, para apoiar seu obscuro candidato.

Esse gesto foi a gota d"água para afastar a anunciada candidata a vice, Erundina do PSB.

Essa movimentação de Lula resulta de sua necessidade de ser sempre o protagonista, como demonstrado no nebuloso caso em que procurou influir no próprio Supremo Tribunal Federal (STF), tentando impedir o início do julgamento do mensalão e em seu empenho em atingir o seu desafeto, governador Marconi Perillo de Goiás com a "CPI de Cachoeira".

Ao menos a CPI desnudou o sistema de desvio de dinheiro público pela construtora Delta, que cresceu de forma assombrosa com obras do PAC em seu governo sob a coordenação da presidente Dilma, então chefe da Casa Civil.

Para garantir o apoio de Paulo Maluf e do PP, Lula contou com o auxílio luxuoso da presidente Dilma, que franqueou no Ministério das Cidades o controle da política nacional de saneamento aos partidários de Maluf.

Depois de dois mandatos presidenciais, Lula consome seu partido e transforma seus pretensos aliados em cúmplices de suas armações ilimitadas, sempre contra o espírito republicano e democrático.

Deputado federal (SP), presidente nacional do PPS

FONTE: BRASIL ECONÔMICO

Diálogo como espécie em extinção na política :: Fernando Gabeira

Algumas coisas estranhas ocorrem no Brasil. Nada apocalíptico como o sertão virando mar, o mar virando sertão. Mas desconcertantes, eu diria. Deputados da CPI do Cachoeira se encontram com Fernando Cavendish num restaurante da Avenue Montaigne, em Paris. Um homem me disse na rua: "Os deputados alegaram que foi uma coincidência. Não dá para ouvi-los. Acham que somos otários". Concordei, para encurtar a conversa (estava com pressa). Não acho que nos consideram otários. Simplesmente deixaram de fazer sentido, quebraram as pontes de comunicação, eliminaram o diálogo racional que fertiliza a política.

É o caso do presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), recusando-se a dizer como tinha sido gasto o dinheiro dado pelo governo para a construção de uma sede na Praia do Flamengo: "A UNE é uma entidade privada. Não precisa explicar como gasta seu dinheiro".

Todos sabem que recurso repassado pelo governo, ao ser aprovado no Congresso, tem uma finalidade explícita para que seu uso possa ser comprovado depois. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, ao comentar o assunto, atribuiu a cobrança de prestação de contas a uma manobra típica de ano eleitoral. É preciso ter "casca grossa", disse Paes, "a UNE é maior do que tudo isso".

A denúncia sobre o mau uso das verbas partiu do Tribunal de Contas da União (TCU) e foi publicada no O Globo. Paes dá a entender que o jornal publicou a matéria para enfraquecer as candidaturas governistas, como a dele. Na sua fantasia para jovens socialistas, começou a luta de classes do O Globo contra ele e seus camaradas da comuna de Paris, aqueles do guardanapo na cabeça.

O Supremo Tribunal Federal levou sete anos para julgar o mensalão. O ministro Ricardo Lewandowski bateu todos os recordes históricos para apresentar o relatório de um processo. Ainda assim, alguns acusados afirmam que o Supremo se precipitou ao marcar o julgamento para agosto. Neste território do mensalão, a fantasia corre solta. Luiz Carlos Barreto escreveu um artigo recente defendendo José Dirceu e citou Fidel Castro. Lembrou que na sua visita ao Brasil, conversando com socialites, Fidel, ao ouvir queixas sobre Carlos Lacerda, perguntou: ¿Por qué no lo matan? O amigo Barreto esqueceu que, na história real, tentaram matar Lacerda e criaram uma crise sem precedentes para o governo de Getúlio Vargas. Foram os precursores do que hoje chamamos aloprados.

O próprio José Dirceu, que vinha se comportando como um acusado clássico, afirmando sua inocência e desejando um julgamento rápido, despediu-se de nós. No encontro com a juventude socialista do PCdoB, disse que o julgamento representava a batalha final e que sua geração estava em causa.

Qual seria a geração de Dirceu? Os nascidos nos anos 50? Os que fizeram a luta armada? Nos anos 50 nasceu muita gente com trajetórias distintas. Na luta armada havia gente nova, como Cesar Benjamin, e idosos, como Joaquim Câmara Ferreira e Apolônio de Carvalho. Ao levar uma suposta geração para o banco dos réus, Dirceu carrega consigo um inútil colchão de ar, apenas um conforto íntimo para a longa maratona.

Quanto à batalha final da juventude do PCdoB contra amplos setores da opinião pública, haja chope e caipirinhas. O TCU lamenta que a UNE lance bebidas alcoólicas em suas prestações de contas. Numa batalha final, estarão, pelo menos, livres desse pequeno constrangimento.

Todos esses episódios marcam o fim de certa racionalidade política. É uma ilusão achar que nos consideram otários. É uma ilusão, também, supor que estão só delirando. No fundo, a escolha, por não fazer sentido, não é para se afastar do debate, mas se inserir nele de uma nova maneira. Nela, as evidência não contam, apenas as versões. Tudo é possível, se houver um batalhão de internautas pagos, empresas especializadas em influenciar redes sociais.

É uma situação nova no País. Até os militares tinham preocupação com coerência, embora, quando achavam necessário, encerrassem a discussão no porrete.

Parte do grupo que domina hoje a vida política do País resolveu falar o que quiser, no momento que escolher. Quando Cesar Maia me apoiou, muitos amigos sinceros e bem intencionados foram contra a aliança. Tinham argumentos fortes e verdadeiros que até hoje respeito. Mas a pressão mesmo foi feita na internet pelos inflamados militantes virtuais: era desprezível porque aceitei o apoio de Cesar Maia.

Agora, o sertão não virou mar nem o mar virou sertão. Mas Maluf abraçou Lula, que abraçou Maluf, celebrando uma aliança. Como se chamará essa nova entidade? Malula? Luluf? Não importa. O interessante é vê-los agora, os militantes da internet, justificando uma opção dessa grandeza. Na arquitetura política que montaram havia muita gente na mira da Polícia Federal. Era necessário alguém perseguido pela Interpol para dar um tom cosmopolita. Da cueca a New Jersey, não há fronteiras para o fluxo de dólares.

Sumiram os debates baseados na evidência. Basta antepor uma versão e os problemas se resolvem. O que adianta afirmar a impossibilidade estatística de um encontro acidental num restaurante de Paris entre deputados que investigam a Delta e o dono da empresa, Fernando Cavendish?

Esse é um modo de argumentar superado pelos novos tempos. O esforço legítimo de estabelecer o que realmente aconteceu se volta para o passado, ao qual dedicamos uma Comissão da Verdade. Se alguém se interessar, no futuro, por investigar o que se passa hoje no Brasil, provavelmente dará grandes gargalhadas. A tentação é lembrar do Festival de Besteiras que Assola o País, criado por Stanislaw Ponte Preta. Mas o momento é outro.

Quando a Delta diz que sofreu bullying empresarial, não está se importando com os humoristas. É sua versão para enriquecer o pântano, sua voz na polifonia.

Alguns interlocutores se foram de qualquer maneira. Resta esperar que um dia voltem a fazer sentido, num diálogo responsável e transparente diante de nossas tarefas nacionais, num mundo cheio de novos desafios.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Limonada :: Eliane Cantanhêde

A novidade no "affair" Lula-Maluf é a versão de que tudo foi ótimo para a candidatura de Fernando Haddad, que ganha visibilidade inédita e gratuita, aparecendo em todas as TVs, rádios, páginas de jornais e bombando na internet. Mais ou menos na linha do "falem mal, mas falem de mim".

Trata-se da velha tática de Lula de transformar o negativo em positivo, a desvantagem em vantagem.

Qualquer que seja a circunstância, ele faz do limão uma limonada. Até pode acontecer quando se fala do candidato Haddad, que ainda tem 8% no Datafolha e precisa crescer e aparecer. Mas não faz o menor sentido para o próprio Lula.

Nesse caso, ele só tem a perder. A foto nos jardins de Maluf entrou para a história e para sua própria história como um carimbo.

Além de ficar "feio", a foto é uma espécie de documento não só dos erros como das derrotas de Lula ultimamente. O nosso gênio da política tem levado vários tombos: o drible de Kassab, o gol contra no jogo com Maluf, a petulância de Marta e a lição pública de Luiza Erundina.

Lula parece tonto e, à essa altura, deve estar ainda mais obcecado pela vitória de Haddad. E ela é possível? Evidentemente que sim. Haddad tem a força natural do PT e de Lula, além de dois novos fatores: o peso crescente de Dilma e o voto malufista que ganha um rumo.

Dê no que der, uma coisa é certa: se Haddad ganhar, terá mais uma vitória fenomenal para Lula comemorar como sua; se perder, a culpa será do... julgamento do mensalão.

José Dirceu tem costas largas e Lula nunca tem culpa de nada.

O projeto do Congresso que, na prática, acaba com o teto salarial no setor público é uma manobra escandalosa. Primeiro, o Senado acaba com o 14º e 15º salários dos parlamentares. Agora, aumenta o teto. Vai dar elas por elas.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Como quem rouba:: Dora Kramer

Rápido como quem rouba, é expressão usada para definir a celeridade de atos em geral finórios.

Com todo respeito que o ato não merece, nessa categoria se enquadra a decisão de comissão especial da Câmara dos Deputados que transfere da Presidência da República ao Congresso o poder de fixar o teto salarial do funcionalismo público, e vincula os proventos dos parlamentares aos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Isso no espaço de meia hora, na semana de suspensão de atividades no Parlamento - entre as quais a CPI do Cachoeira - em função da conferência Rio+20, no momento em que o País olhava a foto de Lula reverenciando Maluf nos jardins na Rua Costa Rica enquanto o anfitrião afaga paternalmente os recém-repaginados cabelos de Fernando Haddad.

Reportagem precisa e detalhada de Denise Madueño publicada ontem no Estado mostra que, na prática, tal decisão anula as duas reformas administrativas feitas pelos governos Fernando Henrique e Lula nas esferas federal, estadual e municipal.

O Poder Executivo perde a prerrogativa de cortar valores acima do teto (hoje em R$ 26.723,13) e o Legislativo passa a dar a regra sem o desconforto de sanção ou veto por parte de quem administra o Orçamento.

Ficam livres o Congresso Nacional, as assembleias legislativas e as câmaras municipais para autorizar o acúmulo de vantagens (salários adicionais e aposentadorias, por exemplo) como bem lhes aprouver.

À exceção de quem paga a conta, saem ganhando todos os que labutam pela volta do império dos marajás. Ao Congresso, por exemplo, bastará fixar um teto "delta x" aos salários do Supremo para que tenha automaticamente assegurado o próprio reajuste sem a necessidade da desgastante discussão a respeito.

Agora mesmo tramita na Câmara projeto de aumento dos salários dos magistrados para R$ 32.147,90 com efeito retroativo a janeiro de 2012. Ou seja, aprovando a vinculação de vencimentos, suas excelências pegam o mesmo bonde.

Um escândalo que só não é mais escandaloso porque dificilmente uma coisa dessa passa por duas votações em plenário da Câmara e outras duas no Senado, em função da reação que provocará.

Sobrará apenas mais um desgaste imenso que poderia ser evitado se o Poder Legislativo, ou parte dele, não vivesse completamente apartado da sociedade, voltado para suas mesquinhas, minúsculas, degradantes e inúteis espertezas.

Só empurrando. Apesar de toda a repercussão negativa da recusa da CPI em convocar Fernando Cavendish, o PMDB continua decidido a votar contra. Principalmente se o PT resolver o mesmo. Mas, se os petistas mudarem e convocarem, os pemedebistas não carregarão sozinhos esse andor.

Falatório. Diante da foto mais famosa do Brasil vem à mente frase de Lula sobre os vídeos do então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, assessores e parlamentares recebendo maços de dinheiro de investigados pela polícia por corrupção. "As imagens não falam por si", disse ele em dezembro de 2009. O problema é que falam e falam alto.

Como falaram as imagens da dinheirama apreendida na empresa de Roseana Sarney em 2002, de Waldomiro Diniz e Carlos Cachoeira em 2004, dos dólares na cueca de dirigente petista em 2005, do funcionário dos Correios recebendo propina no mesmo ano, do pacote de R$ 1,9 milhão pego na posse dos "aloprados" em 2006.

Ah, bom. Ainda a propósito da aliança, passou batida uma declaração do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho: "Houve uma troca (de cargos), como tem havido em qualquer negociação. Não houve dinheiro".

Não lhe tendo sido perguntado se houve e como se fosse admissível pensar que tivesse havido, Carvalho aventou hipótese com jeito de ato falho.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

1min36s para demolir o Minhocão:: Maria Cristina Fernandes

O Minhocão é um viaduto que corta São Paulo de leste a oeste. Obra de Paulo Maluf em seu primeiro mandato como prefeito (1969), foi por ele batizado de Elevado Costa e Silva, em homenagem ao presidente que o indicara para o cargo.

Por lá não transitam ônibus. Foi construído para dar vazão ao crescente fluxo de veículos de uma São Paulo que não parava de crescer nos anos mais duros da ditadura. Por passar a cinco metros de prédios residenciais e encobrir quilômetros de vida urbana acabou deteriorando as regiões que cruza.

Sua construção foi o símbolo de uma era em que o poder público, fechado ao escrutínio popular, acabou loteado por interesses de empreiteiras e de uma classe média crescentemente motorizada em detrimento do investimento em transporte público.

PT e PSDB foram incapazes de colocar malufismo em xeque

Nesses mais de 40 anos, prefeitos de várias colorações já fizeram planos para implodi-lo.

O fracasso de sua demolição é a tradução mais concreta da falência de sucessivos prefeitos em tornar a cidade mais inclusiva.

O retorno à democracia não foi capaz de desbaratar os interesses que loteiam a máquina pública municipal. Talvez não seja coincidência que a única a impor alguma restrição ao funcionamento do Minhocão, tenha sido Luiza Erundina, a primeira eleita depois da ditadura.

Os polêmicos embates com as empresas de ônibus, que acabariam municipalizadas em sua gestão, lhe custariam uma condenação 20 anos depois. Erundina mandou imprimir cartazes informando à população que o serviço seria paralisado porque seus funcionários adeririam à greve nacional da CUT. Foi condenada a ressarcir os custos desses cartazes. Numa campanha nacional recolheu fundos para ressarcir o erário. E doou as sobras para uma instituição de caridade.

Seus enfrentamentos foram diretamente proporcionais à sua incapacidade de lidar com uma maioria parlamentar na Câmara dos Vereadores. De lá pra cá nenhum prefeito deixou de ter maioria. Os enfrentamentos é que escassearam.

O tempo de TV no horário eleitoral gratuito, hoje tido como instrumento mais poderoso para a conquista do poder, é a explicação para foto que reuniu Lula e Haddad a Maluf. Mas sua simbologia vai além.

Cada vez que eleitores se reúnem para escolher um prefeito depositam sua confiança de que o exercício do poder público seja mais pautado pela vontade popular do que pelos interesses incrustados na máquina pública.

PT, PSDB e suas ramificações kassabistas sucederam-se na Prefeitura de São Paulo com inovações pontuais que não foram capazes de colocar em xeque as opções de gestão urbana feitas pelo autoritarismo. Talvez porque, no mesmo período, também tenham se revezado no poder federal em gestões cujo modelo de desenvolvimento foi limitado ao foco, mais ou menos acentuado, na expansão da renda.

Maluf não é mais a sombra daquele que, em 1998, também posou para outra foto histórica. Naquele ano, empoderado pela eleição do seu sucessor na Prefeitura de São Paulo dois anos antes, disputou o governo do Estado contra a reeleição do tucano Mário Covas. Não ganhou a parada, mas teve direito a outdoors de sua foto ao lado de Fernando Henrique Cardoso, que, pelo apoio do então PPB malufista, disputou a reeleição presidencial com dois palanques em São Paulo.

O Maluf que se aliou aos tucanos e aquele que hoje se reúne aos petistas, desidratou em votos à medida que se tornou um procurado da Interpol.

Foi pela acusação de desvio para paraísos fiscais de recursos uma outra obra viária em São Paulo, desta vez numa época em que o Ministério Público já podia atuar, que Maluf acabaria condenado.

Não pode mais deixar o país. Com ordem de captura expedida pela Justiça de Nova York, está na lista de procurados da Interpol em 181 países.

Condenado ao Brasil e agraciado pela leniência judicial tupiniquim, trata de obter a cumplicidade dos partidos que se revezam no poder para passar um verniz na sua redoma de impunidade. Desta vez, o PT foi apenas um cúmplice mais rápido que o PSDB.

Numa eleição em que tantos problemas cotidianos reais estarão em pauta, as campanhas tendem a apostar que essas questões de princípios se diluam.

A questão é saber se o pós-Lula não produziu uma outra ambiência para as disputas eleitorais. A presidente Dilma Rousseff encarnou o personagem de quem não compactua com o malfeito e esta é uma das razões por que superou - e, aparentemente, desnorteou - o antecessor com seus índices de popularidade.

A confirmação de um aliado de Maluf para uma secretaria no Ministério das Cidades como moeda de troca para a aliança é a demonstração de que a popularidade de Dilma é fruto também de uma imagem cuidadosamente trabalhada por profissionais. Mas se a cobrança por decência entrou nas considerações do marketing da presidente é porque há mudanças em curso na opinião que se forma sobre o exercício do poder.

Este vetor, que já havia sido sinalizado pela votação surpreendente de Marina Silva, parece ter sido ignorado pela comunicação da campanha de Haddad, apesar de estar sendo dirigida pela mesma experimentada equipe que trabalhou para Dilma em 2010.

Haddad luta contra o desconhecimento de mais da metade do eleitorado. Por isso precisa de TV. Tem uma rejeição baixíssima, de 12%, que, pelo resistente antipetismo da cidade, tende a aumentar à medida em que for associado ao seu partido. Que a foto vai ser usada por seus adversários não parece haver dúvidas. O que não se sabe é se será capaz de aumentar substancialmente essa rejeição. E ninguém melhor que seu principal adversário, José Serra, para lhe mostrar como é mais fácil aumentar conhecimento que diminuir a rejeição.

Com o PSB e o quase garantido PCdoB, é consenso de que Haddad já teria tempo suficiente para se tornar conhecido. Resta agora saber se pelo menos pretende usar esse 1min36s para dizer se será capaz de demolir o Minhocão.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Novo contrato social:: Merval Pereira

Diante do documento final da Rio+20, que parece sem ambições maiores que a de alcançar um consenso entre os participantes, sem importar a profundidade dos compromissos assumidos, já começam vários movimentos para tentar avançar além dele, em acordos paralelos que possam suprir sua falta de perspectiva histórica.

A defesa de uma postura solidária entre as nações, defendida em entrevistas paralelas por dois pensadores da questão ambiental com uma visão política mais abrangente e menos burocrática do que a que domina a redação do documento final do encontro, parece ser o caminho para esses acordos paralelos.

Um deles é o secretário-geral adjunto da ONU Carlos Lopes, de Guiné-Bissau, encarregado da Comissão Econômica da África, que pretende retomar a tese do filósofo Jean-Jacques Rousseau de um novo contrato social para enfrentar os desafios econômicos e políticos.

O outro é o sociólogo francês Edgar Morin, presidente do Institut International de Recherche Politique de Civilisation. Os dois encontraram-se ontem em um almoço promovido pelo sociólogo brasileiro Cândido Mendes, membro da Academia Brasileira de Letras e secretário-geral da Academia da Latinidade, um organismo internacional dedicado à aproximação cultural e política entre o Oriente e o Ocidente, do qual os dois participam.

O sociólogo Edgar Morin participou de uma atividade paralela da Rio+20 na Escola Sesc de Ensino Médio na Barra da Tijuca justamente sobre "a força moral de um contrato social para o século XXI".

O resultado dos debates será levado ao Segmento de Alto Nível da Conferência. Entre os assuntos discutidos estão os desafios de uma política da humanidade, o papel dos povos e territórios frente às encruzilhadas relacionadas à agricultura, segurança alimentar, fonte de energia, às formas de produção e de consumo.

As experiências agroecológicas para produções alternativas foram tema do pioneiro em agricultura agroecológica na França, Philippe Desbrosses. Também estava presente o professor emérito da École des Hautes Etudes en Sciences Sociales, Ignacy Sachs, precursor do conceito de "desenvolvimento sustentável" a partir, na década de 1970, de um modelo ambientalmente correto de produção, distribuição e consumo de bens.

Sachs vai participar do debate com Carlos Lopes e outros para buscar os pontos de um novo pacto social para o século XXI. Lopes acredita que assim como os Objetivos do Milênio da ONU foram aprovados como maneira de superar o impasse do Protocolo de Kyoto, que os Estados Unidos não ratificaram, também novos compromissos paralelos poderão ser assumidos para evitar o fracasso da Rio+20, mais uma vez provocado pela atitude dos Estados Unidos e da China de não se empenharem na aprovação de um documento mais ousado.

Nos Objetivos do Milênio estão incorporados compromissos com as questões social, econômica e ambiental, que não podem ser dissociadas, como defende Edgar Morin, em busca de uma visão solidária dos países.

Carlos Lopes acha que a solução só chegará quando a visão econômica moderna incorporar a questão ecológica não como uma barreira, mas como uma maneira de impulsionar o desenvolvimento.

Uma das grandes questões da atual discussão é a do financiamento dos projetos e programas, devido à grave crise econômica internacional que assola o mundo desde 2008. Lopes dá a China como exemplo de uma maneira de encarar esses investimentos no longo prazo, sem uma visão imediatista que domina a economia mundial.

Segundo Edgar Morin, os países hoje estão atrelados à especulação financeira e são incapazes de ter uma visão holística dos problemas do planeta.

Carlos Lopes lembrou que, segundo o FMI, as zonas mais resilientes à crise, que crescerão mais na próxima década são precisamente aquelas que precisavam progredir mais, como a África, que é o continente que mais cresce hoje no mundo.

Mesmo que a base seja muito pequena, e, portanto, o crescimento médio de cerca de 6% possa não significar o mesmo que em outras regiões mais desenvolvidas, o fato é que a África está sofrendo uma alteração profunda em sua estrutura física, com grandes investimentos em tecnologia da informação, com uma população urbana jovem conectada com as novas tecnologias.

A China compreende esse fenômeno e, para exemplificar a grandeza dos seus investimentos, Carlos Lopes lembra que nos anos 60 do século passado a China começou aplicando U$ 1 milhão de dólares na região, e hoje tem programação de U$ 120 bilhões até 2015, investimento que foi sendo ampliado de maneira exponencial no decorrer das décadas e continuará em ritmo acelerado nos próximos anos.

Ele lamenta que o Brasil não tenha uma visão estratégica tão bem estruturada para a África como a China, independente da capacidade de investimento. Na sua visão, por enquanto o Brasil, embora compreenda a importância de apoiar o desenvolvimento da África, tem mais voluntarismo do que programa estratégico.

Ele lembra que a África tem as maiores reservas de terras aráveis do mundo ainda não aproveitadas, e o futuro da produção alimentar para a humanidade está lá e no Brasil. As experiências da Embrapa podem ser muito úteis para a agricultura na África.

Carlos Lopes vê no rascunho do documento final da Rio+20 coordenado pelo Brasil a prova do que vinha sustentando nos últimos dias: o Brasil não é um líder ambiental, apesar de estar no centro dos debates sobre o assunto desde a Rio 92 e agora a Rio+20.

FONTE: O GLOBO