quinta-feira, 26 de julho de 2012

OPINIÃO DO DIA - Eduardo Graeff :Lula e seu esqueleto

Faz uns dias, Marcos Valério teve que ser acalmado por Paulo Okamoto, faz-tudo de Lula. Agora, o advogado de Roberto Jefferson resolveu desinocentar o chefe dos chefes. Dependendo do resultado do julgamento, o pacto de silêncio entre os cúmplices do mensalão pode desandar de vez. Imagino o nervoso de Lula. É duro viver com esse esqueleto no armário…

Eduardo Graeff, blog eAgora, 25 de julho de 2012

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Rumo ao julgamento do mensalão - Delúbio vai dizer que só fazia o que PT mandava
Lucro da Vale cai à metade no semestre
Menos emprego puxa déficit no INSS
Guerra síria se aproxima de momento-chave

FOLHA DE S. PAULO
Homicídios sobem 22% na cidade de SP no 1º semestre
Para secretário da Segurança, PM é menos violenta
Trabalhador vai receber extrato de contribuição ao INSS
Vendas da Vale sobem, mas lucro cai 48% no 2º trimestre

O ESTADO DE S. PAULO
União prepara nova rodada de apoio aos Estados
R$ 100 bi em pensões
Relator da CPI dos Correios: 'PT atuou contra provas'

VALOR ECONÔMICO
Petrobras cobra conta de R$ 2,4 bi da Eletrobras
Dilma quer distância da 'Ação 470'
Corretoras sentem o peso da crise
Garimpo invade bacia do Tapajós

BRASIL ECONÔMICO
Lucro da Vale cai 48%, mas para empresa resultado é "robusto"
Fazenda detalha novas concessões
GM diz que não demite até agosto
Helibras caça talentos para triplicar quadro de pessoal

CORREIO BRAZILIENSE
Especial do mensalão - Um passo a passo do maior julgamento da nossa história
Seu bolso: Previdência antecipa 13º
Cachoeira ignora Justiça e faz juras de amor à mulher
Juízes terão mais proteção contra crime organizado
Salários do MP serão divulgados dentro de 30 dias
Dilma, a aluna de sua majestade

ESTADO DE MINAS
No dia em que é publicada lei federal para aumentar a segurança nos prédios da Justiça, repórter do EM entra com uma arma branca em três fóruns da Grande BH
Um julgamento histórico
Paralisação de caminhoneiros interdita BRs
Investimentos foram 13 vezes menores que ajuda à matriz

ZERO HORA (RS)
Pardais e lombadas já multam em 42 pontos das estradas federais
Mais de 40% dos casos de gripe A estão no Noroeste

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Planos de saúde sob pressão
Assembléias definem rumos das greves
Número positivo
Mais proteção para juízes ameaçados no exercício da profissão

Rumo ao julgamento do mensalão - Delúbio vai dizer que só fazia o que PT mandava

Advogado de ex-tesoureiro diz que ele não tomava decisões sozinho

O advogado Arnaldo Malheiros Filho, que representa o ex-tesoureiro Delúbio Soares no processo do mensalão, afirmará no STF que seu cliente era apenas um executor das decisões da Executiva nacional do PT. A tese diverge da linha de defesa de José Genoino, que presidia a legenda quando o escândalo surgiu. O ex-presidente do partido tem sustentado que ele cuidava apenas das questões políticas, deixando Delúbio com a responsabilidade sobre as questões financeiras, como os empréstimos de R$ 55 milhões contraídos por Marcos Valério em nome do PT. "Ninguém do partido poderia decidir isso sozinho. Todas as decisões eram do colegiado, da Executiva. (...) Genoino era o presidente. Delúbio não tomava decisões. Era o executor das decisões da Executiva nacional do PT", diz o advogado.

"Delúbio não tomava decisões"

Advogado do ex-tesoureiro do PT durante o mensalão diz que seu cliente apenas cumpriu ordens

Maria Lima

BRASÍLIA - O GLOBO. O senhor está preparado para, em uma hora na tribuna, convencer o pleno do Supremo da inocência de Delúbio?

ARNALDO MALHEIROS FILHO: Acho que cada um tem o seu papel. O Ministério Público vai acusar. O meu papel é conseguir mostrar o que existe e o que não existe contra Delúbio da melhor maneira possível. E que a partir daí a Justiça seja feita. Se eu não confiasse na Justiça não perderia meu tempo indo lá fazer essa defesa. Espero fazer um bom trabalho. Essa é a missão que tenho.

O que o senhor considera o ponto fraco para Delúbio: as provas existentes ou a pressão da opinião pública pela condenação?

MALHEIROS: Provas contra ele, eu não achei nenhuma. Me preocupa um pouco a politização do julgamento, que acho que não seja um bom caminho para os ministros. Quem está nesse cargo está acostumado a decidir sem ligar para a pressão da opinião pública.

O Delúbio vai entregar alguém ou assumir que fez tudo sozinho?

MALHEIROS: Desde o primeiro momento na CPI, o Delúbio nunca mudou sua versão. E não tem mais oportunidade de falar. Quem fala agora sou eu. O que precisa ficar claro é que nem ele assumiu tudo sozinho nem acusou ninguém. O perfil, o caráter do Delúbio não permite que seu dedo endureça. Ainda mais agora.

Dirigentes do PT naquela época, réus do mensalão, não querem jogar a culpa nele? O advogado de Genoino diz que seu cliente cuidava da parte política e Delúbio da financeira...

MALHEIROS: Ninguém do partido poderia decidir isso sozinho (conseguir o dinheiro para saldar as dívidas da campanha de 2003). Todas as decisões eram do colegiado, da Executiva. Nem sei se José Dirceu era da Executiva naquela época. Acho que, como ministro, se licenciou do partido. Mas Genoino era o presidente. Delúbio não tomava decisões. Era o executor das decisões da Executiva nacional do PT.

O seu cliente vai sustentar que agiu como um soldado do PT?

MALHEIROS: Ele não disse que fez tudo sozinho, nem se negou a assumir suas responsabilidades. Delúbio não quer ser julgado pelo que não fez. Mas sempre assumiu tudo que fez, que manipulou as contas do caixa dois da campanha.

Delúbio acha que pode ser condenado? Como está o espírito dele nessa fase pré-julgamento do Supremo?

MALHEIROS: Ele é um homem tranquilo. Sempre se comportou de forma muito calma e tranquila e continua assim. Continua trabalhando na imobiliária, se confortando no seio da família. Delúbio não é de reclamar de nada. É um cliente muito bom. Nas nossas conversas ele demonstra uma confiança total em mim. Deu a sua versão dos fatos e agora diz: aceito o que acharem que for melhor para mim e pronto.

Ele pode sair como o único condenado do mensalão?

MALHEIROS: Não arrisco prognósticos. A pior situação para ele é ser condenado. Mas nunca me debrucei sobre essa possibilidade. Eu sempre trabalho com a perspectiva de que Delúbio será absolvido.

FONTE: O GLOBO

Em 2008, outra versão para o empréstimo

BRASÍLIA. A versão que o advogado Arnaldo Malheiros apresenta na véspera do julgamento é diferente da que o seu cliente sustentou em depoimento à Justiça. No dia 23 de janeiro de 2008, quando se sentou no banco dos réus para dar sua versão sobre o escândalo do mensalão, Delúbio Soares disse que a direção nacional do partido na época aprovou que fossem pagas dívidas de campanha. Mas teria sido dele a ideia de acertar com Marcos Valério os empréstimos que sustentaram o repasse de dinheiro para políticos aliados de seu partido.

Ouvido pela Justiça Federal de São Paulo a pedido do Supremo Tribunal Federal, o ex-tesoureiro petista afirmou que o dinheiro seria destinado não só para petistas, mas também a partidos aliados. No total, foram R$ 55 milhões em empréstimos contraídos por Marcos Valério.

Delúbio disse que a direção nacional chegou a registrar em ata que era preciso "encontrar uma solução para os problemas com os estados", numa referência a dívidas de campanha, segundo o petista. E aí Delúbio assumiu sozinho a responsabilidade pelos empréstimos via valerioduto.

Na época, a juíza Silvia Maria Rocha, da Justiça Federal em São Paulo, que interrogava o petista, pareceu desconfiar da versão apresentada pelo réu.

- O senhor tomou a decisão sozinho? - indagou a juíza.

- A decisão de procurar um empréstimo foi minha. Eu não fiz a dívida, a decisão de pagar as dívidas junto com as pessoas que deviam foi minha, junto com as pessoas, as pessoas que eram do PT. Eu sabia que ninguém estava botando recursos no bolso. As dívidas existiam, os credores existiam - alegou Delúbio.

FONTE: O GLOBO

Fora do STF, julgamento do Rural é lento

Processo no BC contra o banco envolvido no mensalão deve ser encerrado só no fim do ano

Gabriela Valente

BRASÍLIA . Enquanto o escândalo do mensalão se encaminha para um desfecho na esfera judicial, nas instâncias administrativas do governo, ele segue parado no que diz respeito ao Banco Rural - instituição financeira que estava no centro do esquema. De acordo com fontes da área econômica, o maior processo contra o banco - no Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN) - só deve ir a julgamento no fim do ano ou até mesmo no início de 2013.

O Banco Rural recorreu ao colegiado, conhecido como "conselhinho", depois de uma decisão do Banco Central (BC) que inabilitou 15 dirigentes da instituição a operarem no mercado financeiro. Apenas a contestação da penalidade suspende a determinação da autoridade monetária e permite que acusados continuem no comando do banco.

No âmbito administrativo, 15 pessoas respondem a processo pelos empréstimos suspeitos a Marcos Valério, o operador do mensalão. Já no Supremo Tribunal Federal (STF), apenas quatro - Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Vinicius Samarane e Ayanna Tenório - terão que se defender das acusações de gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O único réu do mensalão no STF que continua a trabalhar no Banco Rural é Vinícius Samarane. Na época que estourou o escândalo, ele era diretor. Atualmente, está num dos cargos de vice-presidente. Os demais se afastaram.

O relator do caso no conselho, José Alexandre Buaiz Neto, assumiu o cargo há menos de dois meses, depois da saída de Darwin Correa por causa do fim do mandato de conselheiro indicado pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca). Além de receber a cadeira, herdou o processo contra o Banco Rural que tem cerca de cinco mil páginas. Segundo fontes, ele tem dito a colegas que precisa de tempo para conhecer os detalhes do processo, mas já pediu um estudo à área técnica do Ministério da Fazenda para ter certeza que nenhum dos crimes apontados no processo prescreverá até a virada do ano. Se os técnicos apontarem que há risco de os réus se livrarem das acusações por causa do prazo, ele estaria disposto a antecipar o julgamento.

- Imagino que esse processo pode ser julgado depois de outubro ou novembro - diz uma fonte.

Em nota, o Rural afirma que "todas as operações foram realizadas de maneira regular, respeitando a legislação e as normas do sistema financeiro". "É incabível a suposição de que se tratavam de empréstimos falsos e/ou simulados", afirma a nota do Banco Rural, que cita que a quitação dos empréstimos feita pelo PT e a decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, que reconheceu como legítimos os créditos ao empresário Marcos Valério e suas empresas, comprovam a legalidade das ações.

Na semana que vem, três dos ex-executivos do Banco Rural que serão julgados no Supremo responderão no conselhinho em outra ação: falta de recolhimento de compulsórios, que são parte dos depósitos dos clientes que todo banco é obrigado a deixar no Banco Central. São eles: Ayanna Tenório, ex-executiva do banco; o ex-vice-presidente José Salgado; e a ex-presidente da instituição Kátia Rabello.

Foi julgado outro processo administrativo, do Conselho de Controle de Atividades Financeiras contra o banco. Depois de recurso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, manteve a responsabilização imputada ao banco por facilitar saques de terceiros, como políticos e assessores.

FONTE: O GLOBO

PT tenta barrar uso eleitoral do mensalão

Partido pediu ao TSE que trabalhe para manter "equilíbrio entre forças políticas" e analise os recursos de modo ágil

Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA. Advogados ligados ao PT começaram ontem a preparar terreno para evitar que os adversários usem, na campanha eleitoral, imagens do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal. O grupo formado por seis advogados de São Paulo, entre eles o coordenador jurídico do PT, Marco Aurélio Carvalho, e o diretor da Faculdade de Direito da PUC-SP, Marcelo Figueiredo, entrou com uma petição no Tribunal Superior Eleitoral pedindo que a presidente da Corte, ministra Cármem Lúcia, trabalhe para manter "o equilíbrio entre as forças políticas em disputa" e converse com os ministros do Supremo sobre o risco de a propaganda eleitoral ser contaminada pelo processo.

- Isso não é uma deliberação partidária. Trata-se de um grupo de advogados preocupados para que não se permita que haja desequilíbrio nas eleições. A preocupação é com a possível politização dos processos judiciais e com a judicialização dos processos políticos. Havia um desejo, que virou frustração, de que o julgamento não coincidisse com o momento eleitoral. Agora, esperamos que haja celeridade no julgamento dos eventuais abusos - explicou Carvalho.

Como é impossível evitar a veiculação de imagens sobre o mensalão, o objetivo da petição é pressionar o TSE a julgar com rapidez as ações que pedirem a suspensão de imagens que atentem contra as regras eleitorais, ou que sejam consideradas ofensivas pelos petistas. A maior preocupação do PT é que o uso das imagens atrapalhe Fernando Haddad em São Paulo. Um dos réus do mensalão, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), candidato à prefeitura de Osasco, é outra grande preocupação.

O setor jurídico da legenda tem prontos vários argumentos para evitar a associação do mensalão com os candidatos. Antes do fim do julgamento, alega, as imagens poderiam ir contra a "presunção de inocência". Mas, mesmo após o STF proferir a sentença, a associação da imagem dos réus com os candidatos pode, na visão dos advogados do PT, ensejar ação por crime contra a honra ou indução ao erro.

- Se tiver algum abuso, vamos pedir para retirar - disse o coordenador jurídico do PT.

Reservadamente, grupos do PT se preparam para usar imagens dos depoimentos de tucanos na CPI do Cachoeira, se forem atacados. O grande trunfo seria a fala de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, que deve comparecer à CPI em agosto. Ex-diretor da estatal responsável pelas rodovias do governo paulista, Paulo Preto teria arrecadado doações ilegais para a campanha de José Serra à Presidência.

O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), criticou a postura do PT:

- Essa é uma ação defensiva, que só tem um objetivo: deixar o povo fora disso. Eles querem trabalhar para que ninguém tenha a capacidade de fazer seu próprio julgamento.

O presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), ironizou:

- É uma cautelar sobre a capacidade de reflexão do povo brasileiro? (...) O STF vai julgar, e isso vai ser veiculado por um mês para o país todo.

FONTE: O GLOBO

As regras da propaganda

Os programas de TV dos candidatos às eleições de outubro durante o Horário Eleitoral Gratuito poderão mostrar imagens externas de quaisquer eventos públicos, inclusive de decisões e julgamentos da Justiça. Desde que não degradem ou ridicularizem candidatos ou partidos, segundo a legislação eleitoral.

Não há, legal ou juridicamente, nada que impeça, por exemplo, que imagens do julgamento do mensalão no STF sejam usadas. Mas candidatos e partidos que se considerarem ofendidos poderão recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral. Caberá aos ministros do tribunal analisar.

Este ano, a propaganda gratuita será de 21 de agosto a 4 de outubro. Onde houver segundo turno, a propaganda eleitoral no rádio e na TV terá inicio a partir de 48 horas após a proclamação dos resultados do primeiro turno e se estenderá até 26 de outubro.

Para a TV, é obrigatório o uso da linguagem dos sinais ou legenda.

São dois os tipos de propaganda eleitoral gratuita: em bloco e inserções. Os programas (bloco) serão divulgados em duas oportunidades, de segunda a sábado: no rádio, das 7h às 7h50m e das 12h às 12h50m; na TV, das 13h às 13h50m e das 20h30m às 21h20m.

FONTE: O GLOBO

Relator da CPI dos Correios: 'PT atuou contra provas'

Relator da CPI dos Correios, que se encerrou em 2006 e embasou a denúncia formal do mensalão, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) diz ao Estado que provas não foram produzidas por causa da "blindagem" a José Dirceu. O ex-ministro, segundo ele, era protegido por tropa de choque do PT.

"Blindagem a Dirceu impediu produção de provas do mensalão na CPI dos Correios "

Sete anos depois do início das investigações, relator conta bastidores da comissão que embasou denúncia formal ao STF

Débora Bergamasco

BRASÍLIA - Relator da CPI dos Correios, investigação parlamentar ocorrida entre 2005 e 2006 que embasou a denúncia formal do mensalão, o deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR) afirma que muitas provas do escândalo não foram produzidas por causa da "blindagem" a José Dirceu. O peemedebista afirma que o ex-ministro da Casa Civil contava com uma "tropa de choque" formada por colegas de PT que barrava qualquer iniciativa.

"Faltou muita coisa, muito do que eles ficam batendo agora que "não tá provado isso, não tá provado aquilo" é porque a gente estava amarrado, não tínhamos liberdade. Hoje, por exemplo, o José Dirceu fala que ele não tem nada a ver com isso. Nós poderíamos ter feito provas muito mais contundentes em relação à evidente ascendência que ele tinha", diz o deputado.

A uma semana do início do julgamento do caso pelo Supremo Tribunal Federal, o relator conta nesta entrevista ao Estado os bastidores da comissão de inquérito e faz previsões sobre como deve acabar o principal escândalo do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Uma vez instaurada a CPI dos Correios, quais foram as maiores dificuldades dos integrantes? Sem dúvida, houve dificuldades em avançar nas investigações. Havia uma resistência muito grande para qualquer requisição de documento. A CPI dos Correios, por exemplo, nunca ouviu o José Dirceu. Imagine aí o tipo de resistência que havia.

Quem foi o personagem mais blindado nas investigações?

Com certeza foi o Dirceu. É evidente que ele tinha uma ascendência, porque, de certa forma, sempre conduziu o PT. Ele tinha uma tropa de choque.

Quem fazia parte dessa chamada tropa de choque?

Não que estivessem dentro da CPI agindo sob orientação do Dirceu, mas a tropa de choque que dificultava a evolução da investigação era foramda por (Carlos Augusto) Abicalil, (Jorge) Bittar e Ideli (Salvatti, hoje ministra de Relações Institucionais do governo Dilma Rousseff), que era senadora à época.

Olhando hoje as acusções, faltou alguma coisa que poderia ter sido pedida pela CPI?

Faltou muita coisa, muito do que eles ficam batendo agora que "não tá provado isso, não tá provado aquilo" é porque a gente estava amarrado, não tínhamos liberdade. Hoje, por exemplo, o José Dirceu fala que ele não tem nada a ver com isso. Nós poderíamos ter feito provas muito mais contundentes em relação à evidente ascendência que ele tinha.

Sobre qual dos 38 réus pesam as provas mais contundentes?

Os que conduziam tudo isso. É só pegar a linha. A defesa do Dirceu disse que ele não tinha nada. E ainda temos que acreditar? Pela agenda do Dirceu, ele recebia Marcos Valério, os caras do BMG, do Banco Rural. E ele alegou que não era ele quem montava a agenda, que não sabia quem receberia. Quer dizer que ele abriu a porta do gabinete e apareceu lá dentro o pessoal do BMG? Está nos autos. Agora um ministro do Supremo vai acreditar que ele não sabia quem recebia em seu gabinete e abria a porta e era surpreendido pelas pessoas? Falácia! Poderíamos ter quebrado mais sigilos No meio do caminho criou-se a CPI do Mensalão (sobre a qual o governo tinha ainda mais controle) e tiraram tudo da gente. A partir dela, só investigamos a origem do dinheiro e não o destino. Para onde foi? Não podíamos investigar.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

PT sugere à Justiça adiar julgamento do mensalão

Advogados da sigla afirmam ser inoportuno analisar o tema no período eleitoral

Presidente do partido divulgará vídeo em que diz que ação no STF é contra réus específicos, não contra o PT

BRASÍLIA - Estimulado por integrantes da cúpula do partido, três coordenadores do setor jurídico do PT de São Paulo entraram ontem com representação na Justiça Eleitoral para tentar convencer os ministros do Supremo Tribunal Federal da "inconveniência" de julgar agora o mensalão.

No ofício, encaminhado à presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Cármen Lúcia, que também é ministra do STF, os petistas dizem ser "inoportuno" a ocorrência do julgamento no período eleitoral.

"Tem-se o pior dos mundos: a judicialização da política e a politização do julgamento", diz o texto, que acrescenta: "É duplamente inoportuno marcar um julgamento criminal na véspera da eleição, em pleno curso da campanha. Sacrificam-se os direitos individuais e desequilibra-se o pleito, do qual o Supremo Tribunal Federal se transformará no principal protagonista".

O documento foi elaborado por Marco Aurélio Carvalho, coordenador jurídico do PT e ex-sócio do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).

O julgamento do mensalão, marcado para começar no próximo dia 2, decidirá o futuro de 38 réus, incluindo toda a ex-cúpula nacional do PT e o ex-ministro José Dirceu, um dos principais líderes do partido.

De acordo com o ministro do STF Gilmar Mendes, o ex-presidente Lula defendeu em um encontro com ele, em abril, o adiamento do julgamento. Lula nega.

A representação dos petistas, revelada pela coluna Painel, também tem o objetivo convencer a Justiça a coibir uso de imagens do julgamento na campanha.

O texto insinua a necessidade de "uma recomendação" do TSE.

"Há que se cogitar [...] senão uma recomendação, uma singela manifestação de preocupação aos ministros quanto à inconveniência de se enfrentar o julgamento em tal período."

A direção do PT negou ontem a paternidade do documento, apesar de ele ser apoiado por defensores de Dirceu e integrantes da campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo.

Paralelamente ao ofício, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgará vídeo amanhã para tentar desvincular a sigla do julgamento. "A mensagem deve mostrar que o julgamento não é do PT, mas das pessoas [os réus no processo]", disse o secretário de comunicação do PT, André Vargas.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Banco afirma que avisou o Coaf de saques de Valério

Fernando Rodrigues, Rubens Valente

BRASÍLIA - O Banco Rural informou ao Supremo Tribunal Federal que os saques em espécie feitos por empresas do publicitário Marcos Valério de Souza foram informados ao governo antes da eclosão do escândalo, em junho de 2005.

Apesar disso, diz o Rural, os órgãos de controle não levantaram suspeitas. Só houve ação após a entrevista do então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) à Folha, que deu origem ao escândalo.

De 2003 a 2005, as empresas de Valério fizeram 102 saques no Rural em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

O dinheiro era entregue, a mando de Valério a congressistas, assessores e servidores públicos.

São réus no processo uma das sócias do banco e três executivos.

O grupo disse que os saques eram informados ao Coaf (órgão de inteligência financeira vinculado ao Ministério da Fazenda) e ao Banco Central.

"Se o Coaf, principal órgão estatal de prevenção e repressão à lavagem de dinheiro, jamais questionou tais operações, não é razoável transferir responsabilidade aos administradores do banco", disse o advogado José Carlos Dias.

A Procuradoria-Geral da República afirma que o Rural informava as operações, mas sem nomes dos verdadeiros beneficiários, e que Coaf e BC eram alimentados com "informações falsas".

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Cultura do biombo :: Dora Kramer

Antes da aposentadoria em novembro, quando também termina seu curto período na presidência do Supremo Tribunal Federal, o ministro Carlos Ayres Britto gostaria de deixar formatado um compromisso de esforço entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário para assegurar a aplicação de três leis consideradas por ele essenciais no combate à "cultura do biombo" em vigor desde que o Brasil se entende por gente.

Duas delas são recentes, a Lei da Ficha Limpa e a de Acesso à Informação, mas uma já completou 20 anos e ainda não "pegou": a Lei da Improbidade Administrativa, de 1992, que define punições para agentes públicos por enriquecimento ilícito, imposição de prejuízos ao Erário e infração aos princípios de transparência, probidade, impessoalidade e moralidade que regem a administração pública.

Os escândalos recorrentes e a impunidade decorrente deles dão notícia do vácuo entre a existência da legislação e sua utilidade prática.

"Tudo o que colide com uma cultura arraigada encontra resistências que precisam ser vencidas a fim de que o interesse público prevaleça sobre a inércia das velhas práticas", diz o presidente do STF, que atualmente está no meio de um embate com tribunais de Justiça de vários Estados para fazer cumprir a determinação do Supremo de divulgação dos salários do Judiciário nos termos da Lei de Acesso à Informação.

O que ele chama de "cultura do biombo" é desequilíbrio entre os deveres cobrados ao cidadão e os direitos devidos à sociedade pelo Estado no tocante à prestação de contas de maneira eficaz e transparente.

Ayres Britto considera ideal o momento em que o Supremo tem tomado decisões relativas a mudanças de costumes para se organizar uma ofensiva institucional com a finalidade de quebrar resistências a leis que, por contrariarem práticas culturalmente arraigadas, correm o risco de cair no vazio.

A ideia dele é obter a anuência dos chefes dos Poderes Legislativo e Executivo para fazer dessas três leis objeto da terceira fase do Pacto Republicano, cujas edições anteriores resultaram da reforma do Judiciário, em 2004, e no reforço das prerrogativas no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2009.

A conferir se haverá tempo e, sobretudo, interesse de adesão à proposta.

Olho vivo. Um grupo de advogados de São Paulo oficializou pedido ao Tribunal Superior Eleitoral para que os ministros tenham especial atenção ao uso de denúncias envolvendo partidos e políticos nos programas eleitorais.

É uma preocupação do PT por causa do julgamento do mensalão, mas é tema de inquietação também no PSDB que tem o governador Marconi Perillo na mira da CPI do Cachoeira.

A intenção não é impedir a abordagem desses assuntos no horário eleitoral, até porque seria impossível dada a inexistência de controle prévio dos programas.

O objetivo dos advogados é alertar a Justiça Eleitoral para o risco de possíveis distorções que possam induzir o eleitor a conclusões sobre investigações e processo em que não foram estabelecidas condenações ou absolvições.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Memorial de Dirceu nega mensalão e atribui caixa 2 a Delúbio e ao PT

Juliano Basile

BRASÍLIA - Ao negar a existência do mensalão, José Dirceu pôs a culpa em Delúbio Soares. Num documento de onze páginas, que está sendo distribuído à imprensa, a Assessoria do ex-ministro-chefe da Casa Civil diz que o ex-tesoureiro do PT assumiu as irregularidades. "Nunca houve o chamado mensalão. O que de fato existiu foi a prática de caixa dois para cumprimento de acordo eleitoral, conduta irregular prontamente assumida por Delúbio Soares e o PT sobre a relação com partidos aliados em 2004", diz o memorial feito para jornalistas.

O texto diz que não foi comprovada a suposta compra de votos para parlamentares apoiarem o governo no Congresso. De acordo com a defesa de Dirceu, o mensalão foi uma "fantasia" criada por Roberto Jefferson, então líder do PTB, que teria sido desmentida no processo.

Réu número um do mensalão, Dirceu vai acompanhar o início do julgamento em São Paulo. Aconselhado por advogados e assessores, Dirceu desistiu de ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) e também de fazer a sua defesa aos ministros da Corte.

Advogados alertaram-no que fazer a defesa pessoalmente seria uma estratégia suicida. Essa prática é absolutamente incomum nos tribunais brasileiros. Além de ser considerada como uma ofensa ao trabalho dos advogados, defender-se pessoalmente é prática vista como arrogante, que pode transmitir a imagem de desafio direto aos julgadores. Os criminalistas são unânimes a desaconselhar os clientes a fazê-lo.

Segundo seus assessores, Dirceu deve adotar uma postura "low profile" e evitar eventos públicos durante a primeira semana de agosto. Ele deve cancelar a sua participação num debate, no sábado, sobre o Movimento de Libertação Popular (Molipo), uma das organizações que lutou contra o regime militar. O evento vai ser realizado no Memorial da Resistência de São Paulo, no bairro da Luz.

Dirceu também não vai montar um "bunker" para contestar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que vai fazer a acusação do mensalão assim que o julgamento tiver início, em 2 de agosto. As alegações de Gurgel vão ser rebatidas por meio do advogado do ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Luis de Oliveira Lima, o Juca, no dia seguinte. Como Dirceu foi colocado como réu número um do mensalão pelo Ministério Público Federal, Juca será o primeiro advogado a apresentar defesa oral aos ministros do STF. Ele deve defender Dirceu em 3 de agosto.

No momento em que o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, começar a votar as acusações contra Dirceu, o ex-ministro deve permanecer em São Paulo e assistir à sessão do STF pela televisão. A não ser que tenha um rompante, Dirceu não irá a Brasília.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Greve nas federais ainda sem acordo

Decisão final deve sair em assembleias semana que vem

BRASÍLIA . O impasse nas negociações entre o governo e os professores de universidades federais, em greve há mais de dois meses, deve continuar na reunião marcada para a noite da próxima quarta-feira, dia 1º de agosto. A Federação de Sindicatos dos Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes), que representa sete universidades, recomendará às bases a aceitação da proposta do governo que garante reajustes de 25% a 40% nos salários até 2015. Mas o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), que representa a maioria das universidades, resiste ao acordo, e, ontem à noite, o comando nacional de greve decidiu recomendar a rejeição à nova proposta do governo.

A decisão final será tomada por assembleias das universidades até a próxima semana. De acordo com o diretor do Andes, professor Josevaldo Cunha, da Universidade Federal de Campina Grande, a tendência é rejeitar a proposta feita pelo governo.

Quatro universidades filiadas ao Andes, segundo o sindicato, fizeram assembleias ontem mesmo e mantiveram a greve. Já o conselho deliberativo do Proifes irá recomendar aos professores das sete universidades federais filiadas que votem a favor da proposta do governo.

FONTE: O GLOBO

Decreto do governo libera para terceiros execução de serviços afetados pela greve

Fernando Exman, Bruno Peres, Murilo Rodrigues Alves e Lucas Marchesini

BRASÍLIA - Um dia depois de representantes da administração Dilma Rousseff e sindicalistas conversarem sobre uma eventual trégua no movimento grevista que paralisa diversas áreas do Executivo, servidores públicos e autoridades do governo federal deram ontem sinais de que as negociações sobre reajustes salariais correm risco de passar por um processo de radicalização. De um lado, o governo publicou um decreto para não ficar refém dos grevistas e conseguir executar serviços essenciais para a população. E avisou que é dever do gestor público descontar os salários dos faltosos.

No front oposto, servidores da Receita Federal anunciaram que recorrerão à Justiça contra o decreto. Já os servidores do Banco Central informaram que amanhã farão a quarta paralisação deste mês para pedir um reajuste de 23,01%, e ameaçaram deflagrar greve por tempo indeterminado caso o governo não apresente até o dia 31 uma proposta para as 19 categorias do movimento.

O decreto presidencial publicado ontem estabelece que cabe aos ministros de Estado e supervisores de órgãos federais promover convênios com Estados e o Distrito Federal para evitar que atividades essenciais à população sejam paralisadas. Um dos objetivos do Executivo é a liberação de veículos e cargas no comércio exterior. "As medidas adotadas nos termos deste decreto serão encerradas com o término da greve, paralisação ou operação retardamento e a regularização das atividades ou serviços públicos", prevê o decreto.

Segundo o advogado geral da União, ministro Luís Inácio Adams, o "destravamento" dos portos brasileiros é um dos focos do governo. "A preocupação é garantir que a economia continue a funcionar. O Brasil está em uma situação muito boa, mas está numa situação em que a realidade internacional é incerta. Então, as medidas são necessárias para garantir que o Brasil não sofra com essa realidade", afirmou Adams ao Valor. "Melhor seria se tivesse a lei de greve específica para o serviço público, mas acho que, no caso concreto, não é um paliativo. O decreto especifica ações para garantir o funcionamento de serviços considerados essenciais para o país."

Outra fonte do governo avaliou que o decreto abre caminho para a contratação de funcionários temporários para os postos desocupados pelos grevistas. O dispositivo autoriza a substituição de servidores federais por um funcionário semelhante do Estado ou município. Caso o servidor negue a missão, a possibilidade de contratação temporária estaria aberta, disse a fonte. Segundo ela, o "corporativismo" não permitirá que um grande número de auditores estaduais ou municipais assuma o trabalho de um congênere federal.

Em entrevista a jornalistas, Adams afirmou ainda que o corte de ponto de servidores públicos em greve é um debate pacificado na Justiça e entendido como uma obrigação do Estado. "Por conta de uma negociação, você pode no futuro abonar o ponto e compensar as faltas, retornando os pagamentos que foram descontados. Mas isso é uma faculdade do processo de negociação", explicou o ministro.

Os ministérios foram orientados a alertar os grevistas e fazer com que seus departamentos de recursos humanos tomem as "medidas cabíveis" em caso de falta. Os sindicalistas notaram nos sistemas internos das Pastas que o ponto de alguns dias de julho seriam cortados em agosto, e querem evitar essa medida. Está prevista para hoje uma reunião entre os sindicatos e a Secretaria de Relações de Trabalho do Ministério do Planejamento para negociar a questão.

Para os auditores da Receita Federal, o decreto fere o artigo da Constituição Federal que dá ao Ministério da Fazenda a responsabilidade de fiscalizar e controlar o comércio exterior. O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) decidiu ir à Justiça contra o Decreto nº 7.777, o qual qualificou de "arbitrário" e "inócuo". Ontem, a entidade ainda não havia decidido se protocolaria um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) ou apresentaria ações ordinárias na primeira instância da Justiça.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Greves do serviço público dificultam recuperação econômica no 2º semestre :: Jarbas de Holanda

Enquanto a greve dos professores mantém interrompido há quase dois meses e meio o ano letivo em 57 universidades geridas pelo Ministério da Educação, paralisações ampla da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) e parcial, operação-padrão, dos auditores da Receita Federal, produzem crescentes efeitos restritivos de atividades econômicas importantes. Como as dos principais portos do país e no setor de mineração. A imprensa de ontem registrou queda de 50%, na semana passada, do número de navios de carga em trânsito pelo porto do Rio de Janeiro – este e o de Vitória, basicamente de exportação de minério de ferro, os mais prejudicados pelo movimento grevista da Anvisa -, bem como uma redução significativa dos trabalhos de fiscalização sanitária e da atuação da Receita Federal nos terminais portuários de Santos e da região sul, com o aumento de filas de navios a serem atendidos e dos veículos com cargas a serem embarcadas ou para aquelas a serem recebidas. Já a greve do DNPM suspende ou retarda os pedidos de pesquisa e os processos de licença para atividades minerais. Isso num contexto bem desfavorável para as chamadas opera-ções do Brasil no exterior. As quais, de acordo com dados do Banco Central divulgados ontem, registraram em junho um saldo negativo de US$ 4,41 bilhões, que, anualizado, elevou-se a US$ 51,8 bilhões. Divulgação coincidente com o anúncio pela GM – General Motors do fechamento de suas oito fábricas paulistas de São José dos Campos.

Esse quadro agrega mais obstáculos à nova meta macroeconômica da presidente Dilma Rousseff: a reversão no segundo semestre do péssimo comportamento do PIB no primeiro, a fim de que o país possa ter este ano um crescimento de 3% ou pelo menos equivalente ao de 2011, de 2,7%, assim desmentindo as projeções da maioria dos analistas que já o avaliam abaixo de 2%. E objetivo que cumpriria também importante papel político – o de uma taxa de expansão em torno de 4% no último quadrimestre, na fase decisiva das eleições municipais. Taxa que seria explorada pelo marketing do Palácio do Planalto e das campanhas dos candidatos governistas como indicador de uma “virada” da economia já este ano.

“Virada” relevante principalmente para as disputas nos grandes centros urbanos. Onde um mix de inevitáveis efeitos sociais da persistência da desaceleração da economia (para a qual tem concorrido também o precaríssimo gerenciamento dos programas de obras federais de infraestrutura, praticamente todas sofrendo atrasos) com o impacto do julgamento do mensalão poderá ter sérias consequências para candidatos petistas mais vinculados ao ex-presidente Lula, como os de São Paulo e do Recife, e para o diretamente associado à presidente Dilma, o de Belo Horizonte. Cabendo assinalar que nas duas principais disputas – a paulistana e a da capital mineira – tais candidatos (segundo as mais recentes pesquisas do Datafolha, feitas após a formalização das alianças e das chapas) aparecem em grande desvantagem. No primeiro caso, Fernando Haddad, sob ameaça de ficar fora do 2º turno contra José Serra (o que provavelmente será revertido no chamado horário gratuito) e, no segundo, Patrus Ananias, precisando descontar 17 pontos de vantagem do adversário Márcio Lacerda, sem o que o candidato respaldado por Aécio Neves poderá liquidar o embate em apenas um turno eleitoral.

Jarbas de Holanda é jornalista

GM adia decisão sobre fábrica para agosto

Situação de 1,5 mil trabalhadores da unidade de São José dos Campos continua complicada, mas demissões estão suspensas até o dia 4

Cleide Silva, Gerson Monteiro

SÃO PAULO, S.J. DOS CAMPOS - A General Motors adiou para o início de agosto a decisão sobre o futuro da fábrica de automóveis em São José dos Campos (SP), mas a situação do 1,5 mil trabalhadores da unidade segue complicada. Dos quatro modelos fabricados até o mês passado, só restou um, o Classic que, sozinho, não deve sustentar a linha.

O diretor de relações institucionais da GM, Luiz Moan, afirmou que a Meriva deixou de ser fabricada na semana passada e que ontem foi o último dia de produção do Corsa, informação escondida até então. A produção da Zafira já havia sido interrompida no dia 12.

O complexo de São José tem oito fábricas e produz também a picape S10, motores, peças e kits para exportação. No fim do ano, iniciará a produção da nova Blazer na linha da S10, mas é um utilitário de baixa demanda.

Em reunião ontem com a direção do Sindicato dos Metalúrgicos, o secretário de relações do Ministério do Trabalho, Manoel Messias Nascimento Melo, o representante do governo do Estado, Luiz Antonio Adriano, e o prefeito Eduardo Cury, ficou acertado que a empresa não fará demissões até o novo encontro entre as partes, no dia 4.

A pedido de Melo, empresa e sindicato devem apresentar propostas de viabilidade da fábrica. Três sugestões feitas pelos sindicalistas, de concentrar 100% da produção do Classic, de voltar a produzir caminhões e de fazer localmente o importado Sonic já foram descartadas pela GM.

O Classic também é feito em São Caetano do Sul (SP) e na Argentina e vendeu, no primeiro semestre, 54,2 mil unidades, 20% a menos que em igual período de 2011. Embora tenha dito que a GM "ainda não trabalha com a hipótese de demissões", Moan afirmou que, atualmente, não há novos projetos para a fábrica.

Segundo o executivo, desde 2008, a GM ofereceu três modelos para serem fabricados no Vale - os sedãs Cobalt e Cruze e o monovolume Spin (substituto da Meriva e da Zafira), além da expansão da fábrica de motores, mas, por falta de acordo com o sindicato, os investimentos foram para São Caetano.

Luiz Carlos Prates, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos, disse que a empresa é que é inflexível nas negociações. "Eles querem maximizar o lucro e não estão olhando o lado dos trabalhadores." Segundo a entidade, os cortes na fábrica podem atingir 2 mil funcionários.

Pressão. Com o impasse, os funcionários continuam na expectativa pelo futuro. "Estamos trabalhando na pressão total, não estamos mais vivendo", comentou um montador que pediu para não ter o nome publicado. "Não posso perder esse emprego, mas estou vendo que não vai ter jeito", disse outro do setor que deve ser fechado.

Ontem, a fábrica de São José funcionou normalmente, com os 7,5 mil funcionários retornando ao trabalho, após um dia de licença remunerada dado pela GM, que temia uma ocupação da fábrica por sindicalistas.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Cabral pede votos para Paes a empresários em Londres

Depois do almoço, em entrevista coletiva, governador voltou a elogiar seu aliado

Sérgio Rangel

LONDRES - Em viagem oficial a Londres, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), pediu votos ontem para o prefeito Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição.

Ao discursar durante um almoço com executivos de grandes empresas inglesas, Cabral elogiou o prefeito carioca, que aparecera minutos antes no telão em uma mensagem exibida em vídeo.

"Vou pedir uma ajuda para os ingleses. Se vocês tiverem um amigo no Rio, peçam para ele votar no Eduardo Paes. Ele tem feito um bom trabalho. É um orgulho que o Rio tem", afirmou o governador, que está na capital inglesa para participar da abertura dos Jogos Olímpicos.

Depois do almoço, Cabral voltou a citar o prefeito. Em entrevista coletiva, ele elogiou o anúncio feito ontem por Paes em visita de campanha ao Complexo do Alemão.

Paes anunciou que pretende aumentar em R$ 250 a gratificação aos policiais militares que trabalham nas UPPs.

Na segunda-feira, uma policial foi morta por traficantes durante um ataque ao prédio de uma das UPPs instaladas no Complexo do Alemão.

Os policiais militares das UPPs já recebem R$ 500 a mais pagos pela Prefeitura do Rio.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Em campanha, Paes anuncia aumento a PMs

Prefeito diz que, se lei eleitoral permitir, aumento será imediato; para procurador, promessa configura abuso de poder político

Luiz Gustavo Schmitt

Após evento de campanha na manhã de ontem no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, o candidato à reeleição e prefeito Eduardo Paes (PMDB) disse à imprensa que vai pagar uma gratificação de s R$ 250 aos cerca de 5.500 policiais militares - que já recebem auxílio de R$ 500 - para trabalhar nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio. O anúncio, porém, contraria a legislação, segundo a Procuradoria Regional Eleitoral, já que o reajuste de salários é proibido em todo o período da campanha até a posse do prefeito eleito, em 1 de janeiro. O órgão enviou o caso para investigação do Ministério Público Eleitoral.

Paes afirmou, que, se a lei leitoral permitisse, o pagamento aos policiais seria feito "imediatamente". Disse ainda, que caso contrário, o benefício seria concedido após as eleições, mesmo que não vença o pleito, pois ainda seria prefeito da cidade, até a posse do vencedor.

- Eu vou ampliar esse valor que a gente paga aos policiais de UPP, de R$ 500, que é uma obrigação da prefeitura, para R$ 750. Espero que a lei eleitoral não me proíba de fazer isso. Se proibir, faremos isso depois da eleição. Por que, de qualquer forma, ainda serei prefeito dessa cidade - disse Paes.

Para o procurador Maurício da Rocha Ribeiro, houve abuso de poder político e uso da máquina administrativa em benefício próprio:

-- O prefeito está ludibriando o eleitor. O aumento só pode ser dado após a posse, caso seja reeleito. Ou seja, é um aumento para 2013. Isso é propaganda enganosa - disse o procurador.

À tarde, a assessoria de imprensa da prefeitura enviou e-mails a veículos de comunicação em que afirmava: "Prefeito dá aumento de 50% na gratificação de PMs que trabalham em UPP".

A Procuradoria Eleitoral classificou o fato como "conduta vedada":

- A assessoria de imprensa da prefeitura foi usada para divulgar informações de campanha?! Isso descamba para uma conduta vedada. Desde o início da eleição, (Paes) está confundindo o papel de prefeito com o de candidato - afirmou Maurício da Rocha Ribeiro.

Procurada, a assessoria de imprensa da campanha de Paes disse que não vai se pronunciar sobre a decisão do Ministério Público Eleitoral até ser notificada oficialmente, mas afirmou que a promessa foi feita na condição de prefeito, não de candidato. O prefeito disse que tomou a decisão de aumentar a gratificação dos PMs anteontem, após a morte da soldado Fabiana Aparecida de Souza, de 30 anos, vítima de um ataque de bandidos à UPP da Nova Brasília, no Complexo do Alemão, segunda-feira à noite. Mas também admitiu que o secretário estadual de Segurança Pública José Mariano Beltrame, já pleiteava o incremento do auxílio.

De acordo com o prefeito, o impacto nas contas será de R$ 15 milhões por ano, além dos R$ 30 milhões que o município já tem gasto com o benefício. Ele também classificou como "irreversível" o processo de pacificação na comunidade:.

- É uma conta que a cidade paga feliz. É a conta da paz. - afirmou o prefeito.

Apesar do anúncio do prefeito, policiais das UPPs das favelas Nova Brasília e do Morro do Alemão, inauguradas em abril, afirmaram que o pagamento das gratificações não vem sendo pago pela prefeitura.

- Até agora não recebemos os R$ 160 do vale-alimentação, nem os R$ 500 de auxílio da prefeitura e os R$ 100 de ajuda de transporte - disse um PM, que pediu para não ser identificado.

Paes: visita foi marcada antes da morte de PM

Segundo a PM, as gratificações dos homens das UPPs serão pagas a partir de setembro.

O prefeito negou que sua presença no Complexo do Alemão ontem tivesse relação com o assassinato da soldado da UPP. Disse que o café da manhã na comunidade havia sido marcado há um mês. Paes lamentou a morte da soldada :

- Isso é muito simbólico, uma menina jovem, que entrou na PM num momento diferente, e acabou sendo brutalmente assassinada. O papel da prefeitura é apoiar - disse Paes, após fazer uma homenagem e pedir uma salva de palmas à policial durante o evento da ONG Educap.

No local, Paes assistiu a um desfile de modelos de meninas e meninos da do projeto "Art Complex", que faz roupas com material sustentável como garrafas PET. O candidato posou para fotos ao lado das jovens, disse que era bonito e pediu que as meninas fizessem cara de "sensual". Nesse evento, ela estava acompanhado de Wagner Bororó, ex-presidente da Associação de Moradores da Grota e candidato a vereador pelo PSB.

FONTE: O GLOBO

'Pensei que Russomanno queria mudar', diz petista

Haddad ironiza críticas feitas por candidato do PRB; Chalita afirma que encontro de Serra com chefe de campanha adversária prejudica a política

Bruno Lupion, Felipe Frazão

O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, questionou ontem a aproximação entre o PSDB de José Serra e o PRB de Celso Russomanno. O petista sugeriu que a candidatura do adversário está mudando de rumo.

"Imaginava que a candidatura (de Russomanno) proporia uma mudança, e não a continuidade. Hoje a Prefeitura de São Paulo não é exemplo para nenhuma outra do País", disse Haddad durante caminhada pela Avenida Rio Pequeno, no Butantã, zona oeste.

Em entrevista ao Estado publicada ontem, Russomanno subiu o tom das críticas ao petista e elogiou Serra. As declarações foram dadas após o candidato do PSDB se encontrar na sexta-feira com o coordenador da campanha do PRB e presidente nacional do partido, Marcos Pereira. A reunião ocorreu no apartamento do prefeito Gilberto Kassab (PSD).

Serra e Russomanno estão empatados tecnicamente na frente da disputa pela preferência do eleitorado, segundo o Datafolha, com 30% e 26% das intenções de voto, respectivamente. Haddad está bem atrás, com 7%. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos.

O candidato do PMDB a prefeito de São Paulo, Gabriel Chalita, também criticou o encontro de Serra e Pereira. O peemedebista afirmou que a formação de candidaturas auxiliares são "lamentáveis" e que a reunião entre os adversários "foi ruim" para a política. "O Kassab está prestando um desserviço para a política. Se de fato o Russomanno está se prestando a isso (um pacto de ajuda mútua com Serra), acho lamentável. O Kassab deveria estar reunido com o governador Alckmin e com a presidenta Dilma, preocupado com o problema da violência, e não com o Marcos Pereira e com o Serra para discutir uma eventual aliança ou uma ajuda de um pro outro. Isso é ruim para a política", afirmou.

Russomanno nega ter feito acordo com Serra, mas confirma a conversa de Pereira com o candidato tucano à Prefeitura. Ontem, ele subiu o tom contra Kassab e fez críticas às medidas de sua administração na chamada Feirinha da Madrugada, no Brás, centro de São Paulo. Já o candidato Serra não participou de eventos públicos no dia de ontem.

Mensalão. Ainda ontem o candidato petista à Prefeitura de São Paulo foi questionado se espera ter que falar sobre o julgamento do mensalão nos debates televisivos, que se iniciam na próxima semana. Haddad afirmou que seu foco são os problemas da cidade, mas estará preparado para "qualquer pergunta".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Em BH, Patrus se compara a Lula

Candidato petista afirma que, assim como o governo do ex-presidente, sua administração foi um divisor de águas e vai entrar para a história de BH

Juliana Cipriani

O ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, Patrus Ananias (PT), se comparou ontem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que com a presidente Dilma Rousseff (PT) será o principal cabo eleitoral de sua campanha. Segundo Patrus, sua gestão à frente da PBH de 1993 a 1996 foi um divisor de águas na capital e vai entrar para a história belo-horizontina, assim como a passagem de Lula pela Presidência ficará marcada na política brasileira.

"O Lula realizou um governo que vai entrar para a história como o melhor governo do Brasil, especialmente no campo das políticas públicas sociais. O governo do Lula vai ficar para o Brasil como o meu governo ficou para a história de BH: um divisor de águas, um novo momento histórico", afirmou. Patrus disse que vai aproveitar a presença da principal estrela petista na campanha para reafirmar, com ele, os compromissos com a capital.

No dia seguinte em que seu adversário Marcio Lacerda (PSB) reclamou a falta de investimentos de Dilma na cidade, Patrus disse que em sua gestão, nos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), não recebia nenhum tostão do governo federal. "Não tínhamos recursos, a não ser os vinculados constitucionais da educação e saúde. Não recebemos nenhum dinheiro para implantar o restaurante popular, as cozinhas comunitárias, os centros de referência de assistência social", afirmou em encontro com religiosos.

Apesar de evitar rebater Lacerda, o candidato listou investimentos federais na cidade, como a verba do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Bolsa-Família, Minha casa, minha vida e os recursos para a Copa do Mundo. "O fato é que há uma presença do governo federal e vamos trabalhar com muita determinação, elaborar projetos, ampliar a interlocução com o governo para ampliarmos esses recursos e realizar obras, especialmente o setor de mobilidade urbana", disse.

Em encontro com representantes das pastorais e Núcleo Vicariato Social da Igreja Católica, Patrus prometeu abrir as contas da prefeitura, como determina a Lei de Acesso à Informação. "Não tenho informação de que as contas da prefeitura estejam plenamente disponibilizadas para o cidadão", afirmou. Patrus não solicitou oficialmente os dados, já que, segundo ele, ex-secretários de Lacerda estão em sua campanha.

Mais uma vez, Patrus se empenhou em obter o apoio da Igreja. O petista conversou com integrantes das pastorais com trabalhos sociais nas áreas de habitação, criança e adolescente e moradores de rua, de quem ouviu perguntas sobre suas propostas de governo. Patrus disse que sua formação política e social se deu na Igreja. O candidato mostrou conhecimento na área e falou dos trabalhos em parceria com a Igreja Católica que introduziu em sua gestão na prefeitura.

No início da tarde, Patrus se reuniu com a prefeita de Betim, que concorre à reeleição, Maria do Carmo Lara (PT), para tratar de táticas eleitorais. Os dois pretendem fazer uma campanha conjunta, já que entendem ter muitos eleitores comuns, ou seja, gente que trabalha em uma das cidades e mora na outra. "Vamos pedir voto junto. Em Betim deixo bem claro, um lado somos nós do PT, com PMDB, PDT e outros partidos grandes apoiadores da presidente Dilma, e do outro é o PSDB", disse. Sem propaganda eleitoral local na TV aberta, Maria do Carmo espera contar com a divulgação do número do partido nos programas de Patrus para ampliar sua campanha.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Tucano sugere que Kassab ajuda Patrus por ministério

Christiane Samarco

BRASÍLIA - O presidente do PSDB de Minas, deputado Marcus Pestana, acusa o prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, de ter reunido a Executiva do partido em Brasília anteontem só para produzir "um factoide e agradar à presidente Dilma Rousseff". Na ocasião, a Executiva do PSD referendou, por 14 votos a 1, a intervenção de Kassab no diretório de Belo Horizonte a fim de que o partido apoiasse a candidatura de Patrus Ananias (PT), e não a candidatura de Marcio Lacerda (PSB), aliado do senador Aécio Neves (PSDB).

"Estranho a insistência no erro e a vassalagem excessiva ao governo Dilma. Será porque ele quer ser ministro?", disse Pestana, lembrando o fato de que a Justiça Eleitoral já deu ganho de causa ao PSD regional. "Nós não tínhamos interesse nenhum em prejudicar o PSD, que está junto conosco em Minas Gerais e enxergamos como futuros aliados", afirmou.

O dirigente regional do PSDB disse ainda que "seria cômico, não fosse trágico", Kassab focar sua ação contra Aécio no mesmo dia em que o PT e o candidato do partido a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, "esculhambam a administração dele na prefeitura". Para o deputado, Kassab atua como "biruta de aeroporto" que, ao sabor dos ventos, apanha em São Paulo e "paga pedágio" em Belo Horizonte.

"Parece que ele ainda está na revolução de 32, com os fuzis voltados para o peito dos mineiros e dos gaúchos", afirmou Pestana.

Ao mesmo tempo em que elogia a postura "íntegra e firme" da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), único voto contra Kassab na reunião da Executiva, ele critica o presidente estadual do partido, Pedro Simão, que apoiou a intervenção. "O Simão não tem voto nem expressão política. Ele é um empresário dependente do governo federal, por causa do programa Minha Casa Minha Vida."

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Em Recife, Daniel nas ruas, sem Sérgio Guerra

Paulo Augusto

Ao longo do primeiro semestre, não foram poucas as especulações de que o presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra, abortaria a candidatura à Prefeitura do Recife do deputado estadual Daniel Coelho – muito por conta da boa relação que o seu partido desfruta com o PSB do governador Eduardo Campos. Tal fato não ocorreu e o candidato tucano mostra-se absolutamente animado nos atos de campanha. Chama a atenção, no entanto, um ponto: a ausência do líder do PSDB nos diversos eventos que seu correligionário vem realizando.

Desde que a campanha teve início, dia 6 deste mês, Sérgio Guerra esteve presente em apenas uma agenda pública de Daniel: a apresentação de seu programa de governo, dia 14, no Teatro Boa Vista. O que poderia parecer um problema, porém, tem sido encarado com naturalidade pelo próprio candidato a prefeito. “Ele vai participar apenas de eventos maiores, como foi o lançamento de programa de governo”, afirmou o tucano. A inauguração do “comitê sul” de Daniel Coelho, próxima quinta-feira (2), em Boa Viagem, deve ser o próximo ato em que Sérgio Guerra estará presente.

A ausência do deputado federal nos atos de seu candidato não é exclusividade do Recife. Como presidente nacional da principal legenda de oposição no País, o tucano participou das convenções dos postulantes do PSDB à prefeitura de algumas das principais capitais do País, como São Paulo (com José Serra), Campo Grande (Reinaldo Azambuja), Manaus (Arthur Virgílio) e Belém (Zenaldo Coutinho), entre outras. Mas também não tem participado de eventos de campanha de nenhum deles. Na capital pernambucana, o líder tucano deve ter uma atuação maior nos bastidores, se reunindo semanalmente com Daniel e sua equipe de campanha.

Visita

Ontem, Daniel Coelho madrugou e, às seis da manhã, realizou uma “panfletagem surpresa” em algumas vias movimentadas da cidade. Esse tipo de ato – que não consta na agenda oficial do candidato e não é divulgada com antecedência para a imprensa – deve ser uma constante durante a campanha do tucano. Em seguida, o postulante do PSDB à PCR foi até o Palácio dos Manguinhos, onde fez uma visita ao arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido. Hoje o tucano volta a realizar panfletagem às 6h, na Encruzilhada. À noite, realiza caminhada na comunidade Vila Esperança (Zona Norte).

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

PT quer Lula e Dilma no Recife, São Paulo e BH

Ex-presidente pede lista das cidades prioritárias para participar da campanha e o partido define. Humberto está na relação

SÃO PAULO – Preocupada em enfraquecer os tucanos e impor um freio no crescimento do PSB do governador Eduardo Campos, a direção nacional do PT decidiu que vai centrar todo seu poder de fogo nas disputas eleitorais de Recife, Belo Horizonte e São Paulo. Para isso, o partido contará com a presença maciça do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a participação comedida da presidente Dilma Rousseff nessas três capitais. Além da saúde de Lula, a preocupação maior dos caciques petistas é montar uma agenda para Dilma que não banalize sua imagem e não afronte os partidos da base aliada do governo federal.

Na última segunda-feira, Lula se reuniu com a cúpula do partido para pedir uma lista de cidades prioritárias onde sua presença é indispensável para a vitória nas eleições de outubro. Os líderes disseram a Lula que é preciso concentrar esforços em favor do senador Humberto Costa, no Recife (onde o PT e o PSB romperam), em Belo Horizonte (cidade em que o pessebista Márcio Lacerda, apoiado pelos tucanos, rompeu acordo com os petistas, que na última hora lançaram a candidatura de Patrus Ananias) e em São Paulo (onde o desejo de derrotar o PSDB e de retomar a prefeitura limou a candidatura da senadora Marta Suplicy em favor do novato Fernando Haddad).

Enquanto Lula estará “de corpo e alma” disputando a preferência do eleitorado com Eduardo Campos em Pernambuco, com José Serra em São Paulo e até com o senador Aécio Neves em Belo Horizonte, na capital mineira o grande duelo será entre Dilma e Aécio, numa antecipação do confronto presidencial de 2014. “Ela entrou para valer em Minas Gerais. Ali o jogo será pesado”, prevê uma liderança petista.

Em Pernambuco, os petistas estão avaliando formas de aumentar a presença de Dilma no Estado sem que ela precise participar num primeiro momento de atos da campanha de Humberto Costa. A ideia é reforçar a agenda de eventos do governo federal no Estado e usar imagens de Dilma nos materiais de campanha, deixando bem claro ao eleitor quem é o candidato de Dilma e Lula, sem necessariamente bater de frente com Eduardo. “É claro que ela vai a Recife, mas vai depender de como o Eduardo Campos vai se comportar. Ela está pensando muito nisso”, revelou o dirigente do PT. Nos bastidores, os petistas consideram Eduardo Campos como real ameaça para a reeleição de Dilma em 2014.

Para definir a participação dos dirigentes petistas na campanha, Humberto Costa e o seu vice, João Paulo, viajam hoje para São Paulo, onde se reúnem com o presidente nacional do PT, Rui Falcão. Ministros e governadores devem vir à capital pernambucana já nas próximas semanas. Na segunda, Humberto e João Paulo se reúnem com o ex-presidente Lula.

Em São Paulo, enquanto Lula pretende abrir a agenda de cobertura eleitoral das TVs grudado em Haddad (no próximo dia 6 de agosto), Dilma estará com ele apenas nas peças de propaganda.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Eleição e gênero:: Tereza Cruvinel

Na primeira eleição com uma mulher na Presidência da República, as candidaturas femininas terão o maior crescimento da história, desde 1934, quando as mulheres conquistaram o direito de votar e ser votadas. Nos último pleitos, o número de mulheres candidatas cresceu pouco e o número de eleitas foi decepcionante. Isso colocou em cheque a eficiência da cota de gênero imposta aos partidos e exigiu uma mudança de redação que, certamente, teve um peso decisivo para este desempenho, afora a contribuição simbólica, que não pode ser aferida, da presença de Dilma no Planalto.

As candidaturas femininas registradas este ano, para os dois cargos, totalizam140.418, o que representa um aumento de 73% em relação a 2008, quando foram 81.251. Com um número maior de candidatas crescem as chances de um aumento no número de eleitas. Até 2009, a regra da cota mandava que os partidos reservassem 30% das vagas de candidatos em eleições proporcionais (vereadores, deputados estaduais e federais) para as mulheres. Os partidos reservavam as vagas mas nem sempre as preenchiam. Segundo seus dirigentes, por desinteresse e baixa procura. Com mudança de redação, eles passaram a ser obrigados a preencher tais vagas.

Uma das razões do "desinteresse" tem a ver com o custo e o financiamento de campanhas. As mulheres, ainda novas na política, têm menos intimidade com os caminhos secretos das doações eleitorais. Os financiadores, por sua vez, gostam de apostar em "cavalos vencedores", candidatos que tenham um mandato, pelo menos, e grandes chances de reeleição. Com campanhas pobres e amadoras, feitas muito com empenho e pouco marketing, as mulheres têm mais dificuldades para se eleger. Somos mais cautelosas, sabemos calcular chances e riscos. Por isso, para preencher as vagas da cota feminina, alguns partidos, este ano, ofereceram alguma ajuda financeira com os recursos do fundo partidário.

A maior participação este ano continua refletindo, porém, uma distorção. As mulheres disputam muito mais a eleição proporcional que a majoritária. Entre os candidatos a prefeito, elas somam apenas 12,47% (1.909). Já as que disputam cadeiras de vereadoras são 84.792, representando 31% do total, contra 22% em 2008. E surgem também curiosas ilhas de "hegemonia local feminina". Segundo o TSE, em 45 municipios, só concorrerão candidatas mulheres.

Mesmo assim, há muito caminho pela frente. Neste Brasil que é BRICs, player luzente e sexta maior economia do mundo, a participação feminina na Câmara é de apenas 8%. Um 106º lugar mundial, com o Brasil vergonhosamente atrás de alguns países da vinhança latino-americana e até mesmo da África.

Primeiros atos

Congresso em recesso, presidente viajando, atenções se voltando inteiramente para o julgamento, pelo STF, do caso mensalão, que advogados e juristas chamam de "Ação Penal 470", a partir do próximo dia 2. Muito provavelmente, o espetáculo atravessará agosto e entrará outubro adentro, aproximando-se do dia da eleição, para desgosto do PT e de outros partidos envolvidos. Isso porque, na primeira fase, lida a acusação e apresentadas as defesas de cada réu, os ministros julgarão apenas o mérito de cada acusação, declarando o réu inocente ou culpado. Depois, virá a fase da "dosimetria" das penas. Segundo o procurador-geral, Roberto Gurgel, nesta segunda rodada cada ministro apresentará novo voto, acompanhando ou não a proposta de apenamento do relator Joaquim Barbosa.

Agora, estão todos se preparando na coxia do teatro. O primeiro a falar será o ministro-relator Joaquim Barbosa, que condensará seu voto em 15 minutos, mesmo dispondo de duas horas. Está redigindo um "resumo". A seguir, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, fará de seu tempo de 5 horas para ler a peça de acusação que ainda está escrevendo. Falam a seguir, por uma hora cada um, os advogados de defesa. Estes três atos ocuparão toda a primeira metade de agosto.

Antes tarde

Os governadores estão pedindo há mais de 15 dias mas só agora, antes de viajar, a presidente Dilma autorizou a transferência de atribuições, aos estados, de serviços que estão sendo prejudicados pelas greves de servidores. É o caso dos serviços aduaneiros e da liberação de cargas em portos e aeroportos, por agentes da Receita Federal.

A indústria, anêmica e retraída, vem sofrendo com a falta de matéria-prima em algumas praças. Em Manaus, por exemplo, as empresas já colocaram mais de 8 mil empregados em férias coletivas. O resultado é economia fria, arrecadação em queda e empregos em risco.

Há outros serviços que Dilma pode transferir aos estados até que haja algum acordo com os grevistas.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

"Apareça e cresça" :: Eliane Cantanhêde

Ao pinçar Fernando Haddad, Lula quer repetir Paulo Maluf com Celso Pitta, em 1996, e José Serra com Gilberto Kassab, em 2008, na eleição para a Prefeitura de São Paulo. Além de reviver a vitória de Dilma para o Planalto, em 2010.

Em junho de 1996, Luiza Erundina era a favorita, com 32%, seguida por Serra, com 20%. Mas quem se elegeu foi Pitta, que tinha então apenas 11%.

Em julho de 2008, Marta Suplicy liderava as pesquisas com 38%, seguida por Geraldo Alckmin, com 31%. Ganhou Kassab, então com 13%.

O que fez toda a diferença para a vitória de Dilma, de Pitta e de Kassab? Responde Mauro Paulino, do Datafolha: a combinação da propaganda eleitoral gratuita com a "descoberta", pelo eleitor, de que Lula, Maluf e Serra, respectivamente, estavam por trás dos candidatos, eram seus padrinhos. Pitta disparou para 43%, Kassab venceu com 31%.

A história das eleições também registra fenômenos opostos, como Francisco Rossi em 1996 e Maluf em 2004. Os dois foram estrelas cadentes: brilharam muito, mas rápido, e chegaram ao final com metade do que tinham antes da TV.

Por enquanto, Haddad e Chalita pedalam pela cidade para fortalecer a imagem do "novo", Russomanno cai, literal e sintomaticamente, da bicicleta e se arranha todo, Serra passa vexame ao dar uma de garotão num skate e Soninha reclama de falta de espaço. Em vez de "cresça e apareça", os candidatos estão na fase de "apareça e cresça".

Deveriam, porém, descer de suas bikes e skates para discutir o que realmente interessa. Exemplo: os dados de ontem da Secretaria da Segurança sobre homicídios no Estado e na capital, péssimos para Alckmin e Kassab. Logo, para Serra.

O debate não é sobre quem é novo ou velho, nem sobre quem é padrinho de quem, mas sobre o candidato com reais condições de combater esse quadro de calamidade. Se não é, deveria ser. Pitta e Kassab estão aí para contar essa história.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Novas e velhas polarizações:: Cláudio Gonçalves Couto

Passadas semanas do choque provocado pela infeliz fotografia de Lula e Fernando Haddad ao lado de Paulo Maluf, é possível voltar ao tema com maior distanciamento crítico. Para isto, contudo, é útil questionar o que de fato chocou a tantos na malfadada fotografia dos petistas ao lado do pepista, buscando identificar o quão politicamente consistentes são as motivações da comoção.

Uma primeira resposta seria: o que choca é a péssima reputação de Maluf no concernente à moralidade pública. Tal motivo faria sentido se os "novos" [sic] aliados de Maluf tivessem reputação imaculada quanto a este quesito. Ora, mas não é justamente o PT que vai ao banco dos réus no episódio do mensalão? Aliás, pode-se dizer que depois do mensalão petista e de seus congêneres tucano e democrata, dentre outros escândalos de corrupção, a democracia brasileira passou da idade da inocência. Com isto, diminuiu muito o diferencial negativo de Maluf em relação ao restante da classe política brasileira. Em termos relativos: Maluf já não é mais o mesmo porque ninguém é mais o mesmo quanto a reputações maculadas.

Uma segunda resposta seria: o que choca é que Maluf é antípoda ideológico do PT. Será mesmo? Poder-se-ia replicar: qual Maluf, o de 2012 ou o de 1992? O mais antigo, do discurso da "Rota na rua", certamente era um contrário ideológico do PT. E quanto mais se retroceder no tempo, maior será a antinomia. Só que, inversamente, quanto mais se avançar no tempo, menor ela será.

O antagonismo ainda prevaleceu fortemente até o final do governo de Celso Pitta, herdeiro de Maluf, mesmo porque interessava ao PT opor-se a ele por razões competitivas. Diante do desastre que foi a gestão do pupilo malufista, apresentar-se como o antimaluf era proveitoso para o PT. Não foi por outra razão que Marta Suplicy execrou Maluf o quanto pôde na campanha municipal de 2000 (chamava-o de mitômano), derrotando o pepista no segundo turno. Foi útil para sua eleição. E iniciou-se ali o ocaso do malufismo. Tanto que, logo que a prefeita petista tomou posse, vereadores malufistas (do PP ou não) bandearam-se para a base governista. Iniciou-se ali o fim do antagonismo entre PT e PP.

Tal fim deve-se em boa medida ao ocaso da liderança malufista na política nacional, paulista e paulistana. Enfraquecendo-se definitivamente em eleições majoritárias, Maluf perdeu sua ascendência sobre a direção nacional de seu partido (embora tenha-a mantido localmente) e deixou de ser um prócer da direita política para diluir-se na massa comum dos políticos fisiológicos, dispostos a hipotecar seu apoio a qualquer governo (ou coligação eleitoral) que lhes recompensar bem. Tal movimento tornou-o mais parecido ao restante de seu próprio partido, que por sua vez se tornou ainda mais semelhante à grande maioria de agremiações que um dia tiveram alguma veleidade ideológica conservadora.

Portanto, o PP de Maluf, ao qual o PT se aliou neste ano para tentar eleger Haddad, não é diferente do PL de José de Alencar e Valdemar da Costa Neto, ao qual o mesmo PT se aliou para eleger Lula em 2002; ou do PMDB de Michel Temer, José Sarney e Renan Calheiros ao qual o PT se aliou em 2010 para eleger Dilma Rousseff. Esse mesmo PMDB ao qual a agora enojada Luiza Erundina se aliou em 2004, com a benção e a foto ao lado de Orestes Quércia - que, reconheçamos, não tinha reputação muito melhor que a de Maluf.

É por isso que esse PP de Maluf, assim como todos os demais partidos até aqui mencionados, apoiaram sem peias os dois governos de Lula e o governo Dilma. Assim como apoiaram diligentemente os dois governos de Fernando Henrique Cardoso. Como bons partidos de adesão, seja no governo, seja na eleição, esses partidos acorrem aonde o poder está - e pode lhes retribuir. Por esta razão, eles não são antípodas de ninguém; pelo contrário, dispõem-se a ser aliados de qualquer um.

Nesse sentido, o malufismo - entendido como um movimento ideológico de direita, capitaneado por um líder político eleitoralmente forte - está morto. Com isto, Maluf é hoje o símbolo de um conservadorismo pretérito e de uma pilha de processos, mas é também uma liderança dominante na seção local de seu partido. Similar ao que foi Quércia no PMDB paulista, desde o início do primeiro governo estadual tucano até sua morte.

O fim do malufismo em São Paulo e o declínio pronunciado das lideranças tradicionais da direita país afora deixaram órfão um certo eleitor: aquele que repugna a esquerda e tudo o que associa à "desordem" por ela patrocinada. No que o PT se tornou, ao logo dos anos 80 e 90, a principal agremiação da esquerda, seus antípodas ideológicos colhiam facilmente o voto desse eleitorado direitista - assim, o PT ganhava com o antimalufismo, mas Maluf também ganhava com o antipetismo. Em virtude do declínio político e/ou a conversão ao adesismo puro e simples dos líderes direitistas tradicionais, ao mesmo tempo em que o PT se fortalecia ainda mais, esse eleitor passou a procurar uma nova alternativa. Nisso, cresceu o voto conservador naquele que se tornou o novo antagonista do PT (e, por consequência, da esquerda): o PSDB.

É irônico este desfecho, já que o PSDB surgiu ele mesmo de uma cisão à esquerda no velho PMDB (em boa medida num conflito com o quercismo em São Paulo) e durante alguns anos as afinidades ideológicas entre tucanos e petistas eram patentes. Contudo, a competição eleitoral levou-os mais e mais à polarização e, na busca dos eleitores, a redefinição dos campos ideológicos reforçou-se.

No que o PT, vitorioso nacionalmente, caminhou para o centro, empurrou o PSDB para a direita. Este duplo movimento veio acompanhado do realinhamento não só de eleitores, mas também da opinião pública: publicistas de lado a lado, principalmente na "blogosfera", alinharam-se à nova polarização, reforçando-a e acendendo os ânimos ideológicos do debate. A foto de Lula com Maluf importa muito menos que isto.

Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP

FONTE: VALOR ECONÔMICO