segunda-feira, 5 de setembro de 2016

E agora, o que fazer? – Marco Antonio Villa

Revista IstoÉ

Acabou. Depois de meses de embates, o impeachment de Dilma Rousseff foi aprovado. Analisando, no calor da hora, as forças políticas participantes desse processo, o resultado pode ser considerado surpreendente. O projeto criminoso de poder, sob a liderança inconteste do PT, aparentava uma solidez invejável. Por outro lado, no Congresso, as forças oposicionistas eram frágeis, desorganizadas e pouco combativas. Não acreditavam na possibilidade de enfrentar e vencer o governo. A propaganda apresentava um País que estava destinado ao eterno controle petista. Como se não houvesse mais história. E condenado à alternância entre dirigentes escolhidos a dedo por Luis Inácio Lula da Silva. Ele, então, era considerado o supra sumo do saber político.


As sucessivas vitórias nas eleições presidenciais reforçavam o mito de que o PT e Lula eram imbatíveis. Que as alianças formadas ao longo dos anos eram de tal forma sólidas que a ação oposicionista estava fadada, inevitavelmente, ao fracasso. Mais ainda, que o não reconhecimento dos supostos êxitos petistas era uma manifestação de esquizofrenia política. Nunca na história do Brasil um partido tinha estruturado uma forma de domínio tão ampla da estrutura governamental. Como se a sociedade civil estivesse asfixiada pelo Estado. Era um 1984 petista. Lula era o Grande Irmão – e com policiais da verdade espalhados por todos os cantos.

O PT tinha vencido a crise do mensalão. Não se abalou com a condenação de seus líderes históricos na Ação Penal 470. Parecia imunizado às crises e rachas, isso desde a Reforma da Previdência, ainda na primeira presidência Lula. Contudo, tudo ruiu rapidamente. É inegável a importância da operação Lava Jato que desvelou o maior esquema de corrupção da história. É inquestionável que a crise econômica aprofundou a debacle do projeto criminoso. Porém, o elemento determinante foi a participação da sociedade civil, de forma autônoma, no processo político.

Nunca a contradição do velho com o novo ficou tão evidente. A estrutura carcomida da República foi abalada pela auto-organização que criou novas formas de discussão e participação nos negócios públicos. Foi eficaz no enfrentamento e derrota do projeto criminoso. O que parecia impossível – a derrota do PT – foi possível. E agora, o que fazer?

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