quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Protesto de servidores tem confronto, comércio fechado e um detido

• Manifestantes tentam invadir Alerj, mas, desta vez, PM reage com bombas

Antônio Werneck e Gustavo Goulart - O Globo

Uma nova manifestação contra o pacote de ajustes do governo voltou a provocar, ontem, tumulto em frente à Assembleia Legislativa (Alerj). Servidores tentaram invadir o Palácio Tiradentes à tarde, mas, diferentemente do que aconteceu na terça-feira, policiais da tropa de choque da Polícia Militar reagiram e conseguiram conter a multidão. Foram usadas bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Anteontem, a PM não fez nada para impedir que centenas de funcionários da área de segurança ocupassem o plenário da Casa e depredassem móveis e portas.

Durante a confusão, o servidor Diogo de Carvalho, do Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas (Degase), foi detido. Ele foi ouvido na 5ª DP (Rua da Relação) e liberado no fim da tarde.

— É uma covardia o que fizeram hoje aqui. Usaram força desproporcional contra servidores que estavam protestando pacificamente. Vamos representar contra a ação do Batalhão de Choque na Justiça — afirmou Alzimar Andrade, do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário, que coordenava o protesto.

Os manifestantes tentaram invadir o Palácio Tiradentes por volta das 16h. O objetivo era falar com o presidente da Alerj, Jorge Picciani. Segundo Alzimar, o deputado havia prometido receber uma comissão de manifestantes. No início da tarde, entretanto, o encontro foi cancelado. Foi depois da desistência de Picciani que os servidores partiram em direção à porta principal da Alerj.

O confronto começou nesse momento. Um trecho da Avenida Presidente Antônio Carlos, diante da Alerj, ficou fechado por cerca de três horas. O comércio na região também parou de funcionar e só reabriu no início da noite. O protesto reuniu servidores da educação, médicos, funcionários do Judiciário, da saúde e do Degase.

— Estamos desde dezembro denunciando uma série de irregularidades praticadas pelo governo, que, depois de atrasar o pagamento e parcelar direitos, enviou um pacote de medidas que fere à Constituição Federal — disse Jorge Darze, presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremerj), que participou da manifestação.

CONSERTOS APÓS VANDALISMO
Mais cedo, dentro da Alerj, o dia foi de consertar os estragos causados anteontem. A porta principal do Palácio Tiradentes recebeu solda após ter tido a trava quebrada por manifestantes. O gabinete da vice-presidência, que havia sido depredado, foi limpo por faxineiras, e técnicos tentavam consertar computadores e televisores. O plenário teve estofados de cadeiras rasgados e o vidro da mesa da presidência quebrado. Quatro microfones foram furtados.

A 1ª DP (Praça Mauá) instaurou um procedimento policial para investigar o crime de dano ao patrimônio público. Foi realizada perícia no palácio, e diligências ainda estão em andamento. O policiamento em frente à Alerj está reforçado.

— Eu acho que todas as manifestações são legítimas. Agora, precisa ser ordeira, pacífica e, acima de tudo, firme. Na medida que há um desvio, automaticamente não podemos concordar — disse o deputado estadual Eliomar Coelho (PSOL).

O deputado Wagner Montes (PRB), vice-presidente da Casa, repudiou os atos de vandalismo. Para ele, a polícia deve identificar nas imagens do circuito de segurança quem realmente depredou o prédio:

— Acho que, lá no meio, tinha gente estranha ao manifesto dos policiais.

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