terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Shoppings no país fecham lojas,e vendas caem 9%

Com Natal fraco, vendas em shoppings caem 9% no ano

Fernanda Perrin | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Os shopping centers não escaparam da crise que atinge o varejo, nem o Natal conseguiu dar fôlego ao setor.

Descontada a inflação, o total de vendas em shoppings neste ano recuou 9,1%, para R$ 140,5 bilhões, de acordo com a Alshop, a associação de lojistas do ramo.

É o segundo ano consecutivo de queda nas vendas. Em 2015, o faturamento já havia caído 8,7% em termos reais.

O período de fim de ano, que costuma alavancar o movimento, não conseguiu compensar o mau desempenho. As vendas de Natal caíram 8,9% em relação à alta temporada de 2015.

"Esse foi o pior Natal que já vimos. Antes crescíamos 3% a 4% acima do PIB", afirma Luís Augusto Ildefonso, diretor de relações institucionais da Alshop.

No ano, os segmentos mais afetados foram o de móveis e artigos para o lar, o de tecnologia e comunicação e o de eletrodomésticos.

Somente produtos de perfumaria e cosméticos registraram evolução do faturamento acima da inflação. "Esse é um segmento tradicional, com valores mais acessíveis", diz Nabil Sahyoun, presidente da entidade.

O endividamento do consumidor e a escassez de crédito, com a alta dos juros, foram os responsáveis pelos resultados ruins, afirma Sahyoun. Diante desse cenário, ele afirma que a magnitude das quedas era esperada.

Já para 2017 as expectativas são positivas. Os lojistas estão otimistas com o pacote de medidas econômicas anunciado pelo presidente Michel Temer, que inclui a liberação de saque de contas inativas do FGTS, com o qual o governo acha possível injetar até R$ 30 bilhões na economia no próximo ano.

Parte das medidas que animam os empresários, porém, ainda depende de aprovação do Congresso, como a reforma da legislação trabalhista.

O presidente da Alshop não entrou em detalhes sobre a possibilidade de redução do prazo de pagamento aos lojistas pelas operadoras de cartões, que está em estudos.

A entidade diz que negocia com o governo e representantes do setor financeiro um período "equilibrado". Hoje, o intervalo entre a realização da compra e o pagamento ao lojista é de 30 dias.

Considerando o pacote completo, a Alshop espera uma retomada das vendas a partir de março, quando novas coleções chegam no segmento de vestuário.

"Os varejistas importantes [de marcas fortes] vão continuar crescendo no ano que vem, negociando melhores condições com os shoppings que estão pressionados pela vacância", diz Sahyoun.

PASSE-SE O PONTO
Mesmo com a abertura de 19 shopping centers em 2016, o setor fechou o ano com saldo negativo de 18.100 lojas, uma queda de 12,9% em relação a 2015, de acordo com dados da Alshop.

É a primeira vez desde 2004 que a entidade registra um saldo negativo na abertura de lojas. Parte delas encerrou as atividades e parte migou para o comércio de rua, segundo Ildefonso. Reflexo desse cenário, os empresários cortaram 36.659 vagas.

Além do fechamento de pontos, os novos shoppings abriram em média com 50% da capacidade de ocupação, afirma Sahyoun.

O nível alto de vacância fez os empreendimentos afrouxarem as exigências feitas aos lojistas, tendência que deve continuar em 2017.

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