terça-feira, 19 de julho de 2016

Opinião do dia – Roberto Freire

Alertamos o presidente Lula que o caminho econômico e político adotado por ele estava totalmente equivocado. Não quiseram nos ouvir, por isso saímos do governo. O PT vendeu o sonho e entregou o pesadelo. Percebemos muito cedo isso. O impeachment é o ponto final dessa estratégica política do poder.

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Roberto Freire é deputado federal por S. Paulo e presidente nacional do PPS, em Encontro do PPS-RS, Porto Alegre, 16/ 7/2016.

Lewandowski nega pedido para anular gravações com Lula

• Presidente do Supremo, porém, mandou Moro separar e manter sob sigilo interceptações com autoridades com foro

Fausto Macedo, Julia Affonso, Mateus Coutinho e Julia Lindner - O Estado de S. Paulo

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, negou pedido liminar da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para anular gravações interceptadas na Operação Lava Jato e divulgadas em março deste ano. O ministro mandou ainda o juiz federal Sérgio Moro separar e manter sob sigilo áudios de conversas entre Lula e autoridades com foro privilegiado. O presidente da Corte suspendeu o uso das conversas por Moro até que o ministro-relator Teori Zavascki analise o caso após o recesso do Judiciário, em agosto.

Dilma vê ‘golpe militar’ na Turquia e ‘parlamentar’ no Brasil

• Presidente afastada compara impeachment com situação política de país que viveu tentativa de tomada de poder

Francisco Carlos de Assis - O Estado de S. Paulo

A presidente afastada Dilma Rousseff voltou a defender nesta segunda-feira, 18, seu mandato durante evento na Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo do Campo, e a classificar de “golpe” o seu processo de impeachment. Diante de uma plateia formada por quase 500 alunos, professores e sindicalistas do ramo da Educação, Dilma começou seu discurso reforçando que o motivo do evento era debater a democracia.

“Estamos aqui discutindo a democracia que permitiu no Brasil, com seus erros e acertos, a construção da política educacional, de ciência e tecnologia, e inovação”, afirmou. Dilma disse que o Brasil vive um “golpe de Estado”, mas diferente do que aconteceu na Turquia. “Eu acredito que estamos vivendo um golpe de Estado diferente do que aconteceu na Turquia, que vive na região um problema de guerra. A Turquia sofreu um golpe tipicamente militar. É preciso que a gente raciocine sobre as diferenças entre nós e o golpe lá, porque um dos maiores argumentos dos golpistas é que nós não vivemos um golpe porque não há armas e não existem tanques nas ruas.”

Presidente do STF mantém com Sérgio Moro gravações de Lula

• No entanto, áudio deverá ficar separado e sob sigilo até decisão de Teori

André de Souza - O Globo

-BRASÍLIA- O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, determinou que as gravações de telefonemas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permaneçam na 13ª Vara Federal de Curitiba, sob responsabilidade do juiz Sérgio Moro. A decisão foi tomada em ação apresentada pela defesa de Lula, que queria que o áudio não fosse usado nas investigações da Operação Lava-Jato em curso na Justiça Federal no Paraná.

Lewandowski determinou, no entanto, que o caso seja encaminhado ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava-Jato no STF, para que tome uma decisão final quando o STF voltar do recesso, em agosto. Até lá, o conteúdo das gravações deverá permanecer em sigilo. Além disso, enquanto não houver decisão de Teori, as conversas com autoridades com foro privilegiado deverão tramitar separadamente do restante da investigação.

Como o tribunal está de recesso, coube a Lewandowski tomar uma decisão sobre a liminar, e ele não considerou os áudios ilegais, como queria a defesa.

Dilma ataca Temer por teto de gastos

• Presidente afastada foi criticada durante evento organizado por docentes no ABC

Sérgio Roxo - O Globo

-SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP)- Em ato organizado por professores de universidades públicas, a presidente afastada, Dilma Rousseff, criticou ontem o projeto do presidente interino, Michel Temer, que limita o aumento do gasto público federal à inflação por até 20 anos. Durante o evento na Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, Dilma passou pelo constrangimento de ter a sua gestão criticada por um integrante da mesa.

Para Dilma, o teto de gasto fará com que as despesas per capita caiam na Educação e na Saúde por causa da elevação anual do número de atendidos no sistema público em cada área. Na avaliação da presidente afastada, essa foi a “medida mais grave” até agora adotada pelo governo Temer

— Se o gasto é congelado pela inflação, quando entra mais gente, significa que está reduzindo o gasto per capita. O que eles chamam de teto é na verdade uma diminuição per capita do gasto em Educação no Brasil — disse a petista.

A presidente afastada afirmou que “o golpe”, do qual se diz vítima no Brasil, difere da tentativa de derrubada do governo turco semana passada:

— A Turquia sofreu um golpe tipicamente militar. Aqui, nós temos um golpe parlamentar, que alguns chamam de golpe frio. Se você imaginar que, num golpe militar você tem um machado atacando a árvore da democracia, no golpe parlamentar, você tem parasitas e fungos atacando a árvore.

A estudantes, Dilma faz paralelo entre impeachment e golpe na Turquia

Angela Boldrini – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Em evento com estudantes e representantes de associações de professores em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a presidente afastada Dilma Rousseff criticou a política do governo interino de Michel Temer e comparou seu processo de impeachment com a tentativa de golpe na Turquia.

"Um dos maiores argumentos dos golpistas é que nós não vivemos o golpe, porque não há armas, não há tanques nas ruas, não há tiroteio", afirmou a petista. Mas, segundo ela, enquanto na Turquia há um golpe "verdadeiramente militar", o Brasil vive um "golpe parlamentar".

"Lá, você tem um machado que quebra a árvore da democracia, enquanto no golpe parlamentar são parasitas atacando a árvore", afirmou ela na UFABC (Universidade Federal do ABC), nesta segunda-feira (18).

Temer quer fazer nesta semana anúncio de medidas para reanimar a economia

Por Andrea Jubé, Fabio Pupo e Thiago Resende – Valor Econômico

BRASÍLIA - A liberação da venda de terras brasileiras para estrangeiros, a securitização da dívida ativa da União e a ampliação do crédito para microempreendedores estão entre as medidas em estudo para melhorar o ambiente de negócios e reanimar a economia mais amadurecidas no governo e prestes a serem anunciadas.

A dilatação do prazo estipulado entre o lançamento do edital e a realização dos leilões nas novas concessões e facilidades para a classe média na aquisição da casa própria também avançaram. O presidente interino Michel Temer quer aproveitar o momento favorável para apressar o anúncio dessas medidas.

Se nenhum comunicado for feito hoje, após a reunião do núcleo econômico, uma parte das medidas deve ser anunciada até sexta-feira, a fim de neutralizar a divulgação do contingenciamento de recursos do orçamento deste ano. A ideia é dar uma notícia boa para amenizar uma ruim, explicou uma fonte do governo.

Após recesso, Senado deve votar projeto que legaliza jogos

• Abertura de cassinos em complexos hoteleiros tem apoio de Maia

Júnia Gama - O Globo

-BRASÍLIA- Um dos projetos polêmicos que tomará a atenção do Congresso na volta do recesso branco é o que legaliza os jogos de azar e está pronto para ser votado na pauta do Senado. Cresce o entendimento de que a parte mais “palatável” do texto se refere à abertura de cassinos em complexos hoteleiros, com previsão de investimentos bilionários no Brasil e, teoricamente, mais fáceis de fiscalizar.

Por outro lado, setores do governo defendem que a medida seja avaliada de forma ampla: com um estudo sobre a relação custo-benefício entre o que será arrecadado e o que haverá de gasto com fiscalização, antes de uma posição formal sobre o tema.

O novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ao GLOBO que defende “estruturas maiores”, notadamente os cassinos, como forma de elevar a receita com jogos. As demais formas de jogo de azar, para Maia, devem ser vistas com maior cuidado.

— O que eu defendo são essas estruturas maiores, onde os investimentos serão da ordem de R$ 1 bilhão, com cassinos e resorts. Esses, sim, podem valer a pena para o Brasil. Qualquer outra estrutura, tenho muita dúvida se vale a pena — disse.

PF aponta R$ 2,5 mi de empreiteira para escritório de Erenice

• Laudo financeiro identifica pagamento da Engevix, em 2013, para ex-ministra da Casa Civil no governo Dilma

Fabio Serapião – O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Laudo da Polícia Federal sobre as movimentações financeiras da Engevix, envolvida no esquema de cartel e corrupção na Petrobrás e em outras estatais revelado pela Operação Lava Jato, revela que a empreiteira pagou, em 2013, R$ 2,5 milhões ao escritório de advocacia da ex-ministra da Casa Civil no governo Dilma, Erenice Guerra.

O documento de nove páginas subscrito pelo perito Ricardo Andres Reveco Hurtado mapeia os principais órgãos do poder público e estatais que tiveram contratos com a empreiteira em 2008 e 2013, os repasses da empresa para políticos e partidos e os contratos com empresas de consultoria e prestação de serviços nos mesmo anos, nos quais aparece a empresa de Erenice.

Odebrecht recupera dados com provas de propina

• Entrega de documentos à Lava-Jato deve garantir acordo de delação

Ministério Público Federal exigiu recuperação dos arquivos, que têm cópias num servidor reserva na Suíça, para concluir a negociação de colaboração com a maior empreiteira do país

Encarregada de recuperar seus arquivos digitais que provam o pagamento de propina a políticos e autoridades, a Odebrecht informou ao Ministério Público Federal que esse processo será concluído em breve, o que deve garantir o acordo de delação premiada de executivos da empreiteira presos, inclusive Marcelo Odebrecht, informa Jailton de Carvalho. A recuperação de documentos contábeis do chamado “Departamento da Propina” da empresa, que se acreditava terem sido apagados, mas que estão copiados num servidor reserva na Suíça, é uma das exigências dos procuradores para fechar o acordo. A expectativa da Lava-Jato é que este seja o mais devastador acordo de delação feito nos dois anos de operação.

Provas recuperadas

• Odebrecht diz à força-tarefa que está conseguindo reaver informações de propina, e delação se aproxima

Jailton de Carvalho - O Globo

Julio Bueno deixa a Fazenda do Rio

Em meio à crise do estado, que tem dívidas e salários atrasados, o secretário de Fazenda, Julio Bueno, deixou o cargo. Ele vinha sendo críticado pelo PMDB e será substituído na pasta por Gustavo Barbosa, que presidia o Rioprevidência.

Secretário de Fazenda deixa o cargo em meio à crise estadual

• Julio Bueno, porém, ficará no governo como assessor de Dornelles

Luiz Gustavo Schmitt - O Globo

O secretário estadual de Fazenda, Julio Bueno, deixou o cargo ontem em meio a um quadro sem precedentes de crise nas finanças do Rio. Em seu lugar, assumirá o presidente do Rioprevidência, Gustavo Barbosa. A informação foi antecipada por Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO. A exoneração será publicada hoje no Diário Oficial. Bueno, no entanto, não deixará o governo: ele será assessor especial do governador interino Francisco Dornelles.

Congresso quer limitar margem do governo para conter investimentos

Por Thiago Resende, Fabio Graner e Edna Simão – Valor Econômico

BRASÍLIA - Modificações feitas pelo Congresso Nacional no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 criam um valor mínimo a ser desembolsado com investimentos. O mecanismo estabelece que não se poderá gastar menos nessa área que em 2016, corrigindo pela inflação. Na prática, o texto aprovado pela Comissão Mista de Orçamento prevê a aplicação da regra de correção prevista na proposta de emenda à Constituição (PEC) dos gastos também para os investimentos. A iniciativa diminui a margem de manobra do Executivo no Orçamento. Essa é uma das poucas despesas que o governo tem autonomia para reduzir, caso outras subam mais do que a inflação, como é esperado, por exemplo, para a Previdência.

Ainda sem a aprovação da proposta que limita os gastos federais, o governo já incorporou no projeto da LDO de 2017 a essência da ideia da equipe do presidente interino Michel Temer. Fagundes acatou o pedido do Ministério do Planejamento, determinando que o Orçamento do próximo ano seja elaborado com um teto para as despesas: os desembolsos previstos para 2016 corrigidos pela estimativa de inflação (IPCA, o índice oficial) para o mesmo ano.

Municípios entregam à Fazenda lista com demandas para renegociar dívidas

Machado da Costa – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Prefeitos e secretários de finanças municipais entregaram ao Ministério da Fazenda, na sexta-feira (15), uma lista com demandas das cidades que serão exigidas em uma possível renegociação de dívidascom a União.

Esses gestores aumentaram a pressão sobre o governo após a Fazenda fechar um acordo com os Estados que estende em 20 anos o pagamento de suas dívidas. Parlamentares se juntaram ao coro para forçar a abertura de uma negociação.

A lista pode ser resumida em cinco tópicos: extensão do prazo para pagamento da dívida; aumento de repasses federais; definição mais clara do artigo 42 da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que impede o prefeito de deixar dívidas contraídas nos últimos oito meses de mandato para o sucessor; recomposição do FPM (Fundo de Participação dos Municípios); e permissão para uso de recursos advindos de multas de trânsito para investimentos em infraestrutura viária.

FMI reduz previsão de queda do PIB do Brasil para 3,3% em 2016

Por Juliano Basile – Valor Econômico

WASHINGTON - Pela primeira vez em quatro anos, o Fundo Monetário Internacional (FMI) fez uma revisão para cima das expectativas de desempenho da economia brasileira, mas a projeção para 2016 continua sendo de recessão, agora de queda de 3,3%. A conclusão está no relatório Panorama Econômico Mundial (WEO, na sigla em inglês), divulgado nessa terça-feira. Segundo o documento, houve uma melhora nas expectativas de empresas e consumidores do país, o que deverá levar a uma queda mais moderada do Produto Interno Bruto (PIB).

Apesar de continuar negativa, a perspectiva para o Brasil representa uma melhora de 0,5 ponto em relação à projeção do mesmo relatório, em abril passado, quando a queda do PIB foi apontada em 3,8%.

Visão rudimentar - Merval Pereira

- O Globo

Comparar a tentativa de golpe militar na Turquia com seu impeachment no Brasil é uma interpretação rudimentar da História, e só traz desfavores para a presidente afastada, Dilma Rousseff. Se houvesse povo nas ruas, ela não seria golpeada, infere-se de seu raciocínio. Não é nada disso, mas mesmo que fosse, faltam povo e votos no Congresso para mantê-la no poder. Além do mais, um golpe militar é uma ruptura constitucional, enquanto o impeachment é um instrumento legal do presidencialismo.

Amais recente pesquisa do Datafolha mostra bem a situação. O presidente interino, Michel Temer, é desconhecido por quase 30% dos cidadãos e tem uma avaliação de ótimo e bom de 14%, mas, mesmo assim, 50% dos eleitores preferem que ele permaneça no Palácio do Planalto.

A favor de Dilma, apenas 32% se pronunciaram. O restante ou disse que não quer nenhum dos dois, não soube responder, ou sugeriu novas eleições. Daí inferir que metade dos eleitores não quer Temer na Presidência é um contorcionismo que chega a ser engraçado.

Estabilidade interna para estreia na China - Fernando Exman

• Recesso chega em boa hora para o Palácio do Planalto

-Valor Econômico

A eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados foi comemorada no Palácio do Planalto não apenas por ter como desfecho a vitória de Rodrigo Maia (DEM-RJ), um deputado nada hostil ao atual governo. O episódio representou o primeiro embate político do presidente interino Michel Temer contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente afastada Dilma Rousseff, do qual o pemedebista sabia que não poderia sair derrotado.

O eventual sucesso da candidatura do ex-ministro da Saúde Marcelo Castro, que votou contra o afastamento da antiga chefe contrariando os interesses de seu próprio partido, seria visto como uma fragilidade do Planalto. Era tudo o que Temer precisava evitar, num momento em que prepara uma agenda internacional a ser realizada em setembro, após a conclusão do processo de impeachment no Senado, e realiza um esforço de comunicação para tornar-se mais conhecido pela população e amplificar a divulgação das iniciativas de sua gestão.

Estilhaços no PT e no PCdoB – José Casado

• Era para ser uma sutil manobra de bastidores. Deu tudo errado e acabou na fragmentação oposicionista, com isolamento do PT e múltiplas críticas a Lula

- O Globo

Era para ser uma sutil manobra de bastidores. Bem-sucedida, submeteria Michel Temer a uma derrota humilhante na Câmara dos Deputados, usando a tropa parlamentar do governo.

Deu tudo errado. Acabou no desastre de uma fragmentação oposicionista, com visível isolamento da sua nave-mãe, o Partido dos Trabalhadores. E, desde então, seguido por vigoroso crescimento das críticas a Lula, principal liderança petista.

Na manhã de quarta-feira passada, Lula desembarcou de um sofisticado jato Gulfstream G-200, alugado, no aeroporto de Caruaru (PE). Sem comitiva de recepção, teve tempo para se concentrar em telefonemas a Brasília.

Os elefantes de Haddad – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foi eleito graças ao apoio de Lula e do PT. Quatro anos depois, os trunfos de 2012 se tornaram as principais ameaças à sua reeleição. Este é o discurso de aliados próximos ao petista, que tentará o segundo mandato em outubro.

A nova pesquisa Datafolha mostra Haddad num constrangedor quarto lugar, com apenas 8% das intenções de voto. Sua rejeição é arrasadora: 45% dos eleitores dizem que não votarão nele de jeito nenhum.

Conselheiros do prefeito atribuem o resultado desastroso ao clima político da cidade, que concentrou as maiores manifestações a favor do impeachment. "O Haddad carrega três elefantes nas costas: Lula, Dilma e o PT", diz um secretário municipal.

Projeto truncado - Celso Ming

- O Estado de S. Paulo

Quando se apresentam como antídoto ao que denominam administrações neoliberais, políticos e dirigentes do PT argumentam que ninguém lhes tira o mérito de ter promovido a ascensão para as classes médias de 40 milhões de pessoas que antes viviam em condições precárias de renda e consumo.

Embora esta seja afirmação sempre repetida sem preocupação de atestar sua sustentação, é inegável que boa parcela da população de baixa renda passou a ter acesso a uma boa beirada do mercado de consumo. Mas é uma realidade mais conhecida por símbolos do que pelo rigor estatístico, embora algo de suas dimensões também exista (veja o gráfico abaixo). Um desses símbolos foi o pote de iogurte e outro, a TV de tela plana, que passaram a fazer parte da cesta de consumo das classes de baixa renda.

Seja qual tenha sido seu alcance, essa ascensão econômica foi construída por meio do forte aumento das despesas públicas, distribuição de crédito farto e relativamente barato, reajustes de salários acima da variação da inflação e da produtividade da mão de obra e por algumas políticas sociais, como o Bolsa Família.

Melhora gradual - Míriam Leitão

- O Globo

Hoje o Banco Central inicia a primeira reunião do Copom sob a presidência de Ilan Goldfajn. É praticamente consenso que os juros não vão cair, ficando em 14,25%. Mas o mercado espera redução de um ponto percentual na taxa até o final deste ano, para chegar a 11% no final do ano que vem. Numa série de indicadores, os bancos e consultorias estão com previsões melhores do que há quatro meses.

Na taxa de juros, por exemplo, em março, os números eram 14,25% para a Selic ao fim deste ano e 12,5% ao fim de 2017. As estimativas colhidas semanalmente pelo Banco Central junto a bancos e consultorias estão mostrando uma melhora gradual. As projeções para o PIB do ano que vem eram de 0,2%, em abril; estão agora em 1,1%. A expectativa de inflação de 2017 caiu de 6% para 5,3%. Os economistas esperam o dólar menos valorizado, queda dos juros e ligeira recuperação da indústria.

Investidor estrangeiro volta a mostrar sinais de interesse – Editorial / Valor Econômico

Tudo indica que o Brasil poderá ser um dos destaques entre os alvos dos investidores internacionais na volta das férias do Hemisfério Norte, neste segundo semestre. Vários sinais emitidos nas últimas semanas indicam maior interesse do capital internacional pelos ativos dos mercados emergentes, em especial o Brasil. O mais recente veio do Institute of Internacional Finance (IIF) que reúne cerca de 500 bancos, seguradoras e administradoras de fundos e atribuiu principalmente ao Brasil o aumento de pouco mais de 10% da previsão de fluxo externo para a América Latina neste ano, entre investimento direto, renda fixa e ações, de US$ 198 bilhões para US$ 221 bilhões.

Na avaliação do IIF, o comprometimento do presidente interino Michel Temer com o ajuste da economia, avalizado pela confiança no ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e baseado no tripé de controle da inflação, câmbio flexível e disciplina fiscal, está contribuindo para reduzir aos poucos o receio do investidor internacional. O interesse é motivado também pela expectativa de recuperação da economia brasileira em 2017. A eleição do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara dos Deputados reforça a tendência na medida que sugere avanço na aprovação das propostas de ajuste fiscal do governo.

Um fio de esperança – Editorial / O Estado de S. Paulo

A porcentagem de brasileiros que têm uma expectativa positiva a respeito da economia do País é hoje 2,7 vezes maior, quase o triplo, do que em abril último. Aumentou de 14% para 38%, o patamar mais alto desde dezembro de 2014. Coerentemente com essa informação, apenas 32% dos entrevistados são a favor da volta de Dilma Rousseff à Presidência, contra 50% que preferem que Michel Temer permaneça no Palácio do Planalto, o que implica claro apoio a seu plano de recuperação econômica. Além disso, Lula da Silva seria derrotado no segundo turno das eleições presidenciais de 2018 em três cenários alternativos: nas disputas com Aécio Neves (38% a 36%), com Marina Silva (44% a 32%) e com José Serra (40% a 35%). É o que revela a pesquisa Datafolha realizada na semana passada, que ao associar uma constatação a uma previsão confirma o fim do ciclo político lulopetista, que deverá se consumar agora em agosto com a decretação do impeachment de Dilma Rousseff pelo Senado Federal.

A significativa melhora da expectativa dos brasileiros a respeito da recuperação econômica tem a ver com a confiança despertada pela equipe nomeada pelo presidente em exercício para cuidar da área. Equipe à qual ultimamente até mesmo Dilma Rousseff tem feito acenos de simpatia, na vã tentativa de conquistar apoio para sua volta ao Planalto. Mas o resultado da pesquisa é uma péssima notícia para o PT, que desde o afastamento da presidente da República responsável pelo caos em que o País está mergulhado vinha apostando no quanto pior melhor como recurso para garantir a sobrevivência, se não de Dilma – já abandonada pelo PT – pelo menos do discurso populista da legenda.

Gastos ditos sociais requerem auditoria permanente – Editorial / O Globo

• São incontáveis as evidências de que o Estado gasta muito e mal, e uma delas está no explosivo crescimento das despesas realizadas dentro da Loas

Trata-se de um chavão dizer que as crises criam oportunidades, mas é verdade. O Brasil, nos 13 anos de lulopetismo, principalmente a partir da eclosão da crise mundial em fins de 2008, aplicou, por inspiração ideológica, um receituário heterodoxo encharcado de intervencionismo estatal e, por isso, explodiu as finanças internas. Tem agora, afinal, de fazer mudanças estruturais para impedir que as despesas continuem a crescer mais que a inflação e o próprio PIB, numa corrida insana rumo ao precipício da crise fiscal. E nela de fato caiu.

O governo do presidente interino, Michel Temer, com Henrique Meirelles no Ministério da Fazenda, faz o diagnóstico correto das causas da tempestade econômica e encaminhará ao Congresso proposta de emenda constitucional para impedir a evolução real (acima da inflação) das despesas públicas. Na situação em que se encontra o país, tal indexação é bem-vinda. Um mal menor.

Contragolpe turco – Editorial / Folha de S. Paulo

Sobram motivos para que turbulências na Turquia provoquem temores no restante do planeta.

Trata-se de potência regional e membro da Otan (aliança militar ocidental), com papel crucial na guerra que se desenrola na vizinha Síria, seja como linha de frente dos ataques contra o Estado Islâmico, seja como principal destino dos milhões de refugiados do conflito.

Só se pode, assim, reagir com preocupação à malfadada tentativa de golpe de Estado que resultou num final de semana sangrento e convulsivo naquele país.

Entre a noite de sexta-feira (15) e a madrugada de sábado, uma facção das Forças Armadas, afirmando agir em defesa da democracia secular turca, fechou pontes em Istambul e atacou o Parlamento na capital, Ancara.

A reação foi rápida. Retornando às pressas das férias, o presidente Recep Tayyip Erdogan convocou a população para ir às ruas e resistir ao levante, no que foi atendido. Os confrontos entre os dois lados terminaram com um saldo trágico de cerca de 250 mortes e o sufocamento do movimento militar insurgente.

Tentativas de rompimento da ordem institucional como essa devem, por óbvio, ser condenadas com veemência. Isso, todavia, não impede que se reconheça a escalada autoritária do país sob o comando de Erdogan.

Lobos solitários são o Uber do terror - Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

A internet, ao proporcionar comunicação instantânea e ilimitada, vem apagando as fronteiras entre profissionais estabelecidos e diletantes nos mais diversos ramos de atividade. Donos de carros agora podem fazer um dinheirinho como motoristas de Uber. Proprietários de imóveis são seduzidos para atuar no setor de hotelaria através de aplicativos como o Airbnb. O terrorismo não é uma exceção.

O fenômeno dos lobos solitários (ou das pequenas alcateias apenas tenuamente ligadas a centrais do terror como a Al Qaeda ou o Estado Islâmico, para não perder a metáfora) é marca dos ataques mais recentes, como os que vimos em Nice e Orlando. Em ambos os casos, o perfil dos perpetradores não se encaixa bem no de pessoas que se radicalizam aos poucos nas mesquitas e acabam sendo doutrinadas e treinadas pelas organizações terroristas. Seus motivos para o ataque parecem acima de tudo pessoais –e a conexão religiosa soa mais como pretexto conveniente do que como causa primária.

O ‘suicídio’ da América - Arnaldo Jabor

- O Globo

A realidade está mais louca do que a ficção. Assim sendo, a ficção tem de ser muito mais louca do que a realidade. A destruição ambiental, a sordidez mercantil, a estupidez no poder, o fanatismo do terror, em suma, toda a tempestade de bosta que nos ronda está muito além de qualquer crítica. O mal é tão profundo que denunciá-lo ficou inútil.

Essa anomalia da vida atual aumenta a tradicional paranoia ocidental, principalmente nos Estados Unidos. E aí surge um estranho fenômeno que tento entender: a vontade de salvar o país e um desejo simultâneo de destruí-lo. A América parece querer suicidar-se. Por exemplo, a possibilidade de o Trump ser presidente já é um filme de horror. Se esse rato for eleito, aí sim, o mundo pode acabar.

Também na cultura americana, são impressionantes os filmes de ação e catástrofe que destroem o país ou o mundo, produzidos por Hollywood. É estranho; imaginem o cinema francês destruindo Paris sem parar, invadido por alienígenas (aliás, como os terroristas) ou o cinema brasileiro arrebentando o Pão de Açúcar e o Corcovado! Eles acham isso normal. E lucrativo. Vejam os filmes dos últimos anos: “Independence Day 1”, “Godzilla”, “Armagedom”, “Terremoto — A falha de San Andreas”, “2012”, “Impacto profundo” e tantos outros.

Más bella que las lágrimas - Louis Aragon

Mi respiro perturba la vida a cierta gente:
como vago reproche los mantiene despiertos;
tal vez porque mi canto cual un cobre estridente
pudiera despertar con su clangor los muertos.

¡Ah! si los hiere mi verso con su tonada bélica
-rugir que a sus oídos no quieren que se acerque-
es que en el arpa el treno mató la voz angélica
y resurgen los ecos pávidos de Dunkerque.

Verdad: en recordarlo mi mal gusto compendio…
Así somos algunos: en sus cuerpos quizás
perduran los mordiscos del infernal incendio
que los faros del Norte contemplaran jamás.