terça-feira, 4 de outubro de 2016

Opinião do dia – Fernando Henrique Cardoso

Houve surpresa nessas eleições?

“Surpresa, se é que foi surpresa, foi o tamanho do ‘esfarinhamento’ eleitoral do PT,”

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Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, foi presidente da República, O Estado de S. Paulo, 4/10/2016.

PSDB vai governar para 27 milhões de eleitores

Com o resultado do primeiro turno, o PSDB, que venceu em 792 cidades, sendo São Paulo a principal delas, governará para ao menos 26,8 milhões de eleitores e está perto de bater o recorde do PMDB, que em 2008 “conquistou” 28,5 milhões de eleitores.

Voo tucano PSDB pode obter domínio inédito no país

• Sigla ainda disputará 19 cidades no 2º turno e está perto de reunir, sob sua influência, o maior eleitorado da História

Bernardo Mello, Gabriel Cariello - O Globo

Os resultados do primeiro turno das eleições municipais deixaram o PSDB próximo de atingir um recorde histórico e se tornar o partido com o maior eleitorado governado nas prefeituras do país. Com as vitórias de anteontem — em 792 municípios, entre eles São Paulo —, a sigla já sabe que terá 26,8 milhões de eleitores sob sua influência a partir de 1º de janeiro de 2017. Nas últimas quatro eleições, a maior concentração de eleitores sob uma mesma legenda ocorreu em 2008, quando o PMDB conquistou cidades com 28,5 milhões de eleitores.

Para ultrapassar a marca, o PSDB precisa de vitórias em municípios que, somados, concentrem ao menos 1,7 milhão de eleitores. A meta não parece distante. Os tucanos disputarão, no fim do mês, o segundo turno em 19 cidades, sendo oito capitais — em seis delas, seus candidatos foram os mais votados no primeiro turno.

PSDB: 11 MILHÕES EM DISPUTA
Em Manaus, por exemplo, o partido liderou a disputa no 1º turno com Artur Virgílio Neto, que obteve 35% dos votos. O eleitorado da capital do Amazonas é de 1,2 milhão. Em Belo Horizonte, João Leite recebeu 33% dos votos. A capital mineira tem 1,9 milhão de eleitores. O PSDB concorre ainda em Porto Alegre, Belém, Maceió, Campo Grande, Cuiabá e Porto Velho.

Ao todo, os 55 municípios brasileiros que vão escolher seus prefeitos no segundo turno concentram um eleitorado de 32 milhões de pessoas. O PSDB disputa 11 milhões — número maior que qualquer outra legenda. O PMDB, por exemplo, ainda concorre em dez cidades, que reúnem seis milhões de eleitores.

Os peemedebistas lutam para não perder ainda mais domínio nas prefeituras do país. O primeiro turno deu 1.028 municípios ao partido, treze a mais que em 2012, mas o eleitorado total caiu. Eram 22 milhões há quatro anos. Agora, a sigla tem confirmados 17 milhões de eleitores sob sua gestão. Mesmo que vença todas as disputas em segundo turno, a legenda terá um teto de 23 milhões de eleitores sob sua influência.

— O resultado do PSDB surpreende, porque o partido mostrou ter capilaridade. O desempenho no estado de São Paulo desequilibra a seu favor. O partido conquistou a capital e municípios com densidade demográfica — explica o cientista político Paulo Baía, da UFRJ.

— O PSDB manteve, ao longo dos anos, um campo definido e minoritário na polarização com o PT. Teve uma posição clara e definida. O mesmo aconteceu em relação à crise política provocada pela cassação de Eduardo Cunha. Passou por períodos de turbulência sem ser tão afetado como os demais. Ao mesmo tempo, as citações a tucanos na Lava-Jato ainda são periféricas, ao contrário dos demais partidos. E, embora seja aliado ao governo Temer, não é o PMDB, seu principal concorrente nas prefeituras.

O terceiro partido com maior eleitores conquistados é o PSB, que venceu 414 prefeituras e somou, até agora, 9,3 milhões de eleitores. Mas o partido não manterá o patamar atual de 15 milhões, mesmo que vença as nove cidades em que ainda disputará o segundo turno.

Enquanto PMDB, PSB e PT demonstraram uma tendência de queda no seu eleitorado, outras siglas parecem ter estagnado. DEM e PSD tiveram ligeiras evoluções no quadro geral, com 6,9 e 8,8 milhões de eleitores sob influência, respectivamente. No entanto, a configuração das disputas no segundo turno não indica que eles vão avançar mais do que 1 milhão de eleitores.

— A agenda pública do país, no momento, tem um caráter econômico mais liberal, e ela foi introduzida pelo PSDB. É um partido que fala disso com convicção, porque sempre esteve próximo a essa agenda. O PMDB tenta se aproximar dela através dos ajustes promovidos por Temer, mas é um partido que, assim como o PT, sofreu muito desgaste com a Operação Lava-Jato — avalia o cientista político Marcus Ianoni, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

QUEDA DO PT NÃO IMPULSIONA ESQUERDA
A apuração dos votos apontou para uma queda brusca do PT, que perdeu 374 prefeituras e, ao menos, 20 milhões de eleitores. O partido ainda disputará segundo turno em sete cidades, cujo eleitorado soma 3 milhões de pessoas.

O declínio do PT não fez eleitores migrarem para outras legendas de esquerda. O PSOL conquistou apenas duas prefeituras e tem três candidatos no segundo turno (Rio de Janeiro, Belém e Sorocaba). Pode chegar a 6,4 milhões de eleitores sob sua influência. A Rede foi vitoriosa em cinco municípios e disputará três no fim do mês (Serra, Ponta Grossa e Macapá).

Ianoni diz que o enfraquecimento do PT coincidiu com um aumento do “perfil conservador”:

— O voto foi muito direcionado para o conservadorismo. No Rio, a maioria dos candidatos tinha perfil conservador. A tendência de Marcelo Crivella é adotar uma posição de centro-direita e conseguir esses apoios, enquanto Marcelo Freixo caminha para uma campanha mais à esquerda, na qual encontra apoio, talvez, só na Jandira (Feghali, do PCdoB).

Antipetismo leva PSDB e DEM a apoiarem PSB no Recife

• Partidos derrotados divulgam nota conjunta: ‘Brasileiro disse não ao PT ‘

“O resultado das eleições confirma que o eleitor disse não ao PT e à má gestão, corrupção institucionalizada e mentiras” PSDB e DEM no Recife Nota conjunta

Catarina Alencastro - O Globo

-RECIFE- Um dia depois do primeiro turno da eleição para a prefeitura do Recife, que inicia uma segunda etapa entre o candidato à reeleição Geraldo Julio (PSB), que recebeu 49,34% dos votos válidos, e João Paulo (PT), com 23,76%, o PSDB e o DEM, cujos candidatos foram derrotados, anunciaram apoio ao socialista. O sentimento antipetista foi o que uniu as duas legendas em torno da candidatura do afilhado político de Eduardo Campos — ele morreu num acidente de avião quando estava em campanha presidencial, em 2014.

“O resultado das eleições em todo o país confirma que o eleitor brasileiro disse não ao PT e ao seu legado de má gestão, corrupção institucionalizada e mentiras. Em respeito ao eleitor, o PSDB e o Democratas tornam pública a posição contrária à candidatura do PT no Recife e consequente apoio à candidatura do PSB”, informaram o PSDB e o DEM locais, numa nota conjunta.

Oito apoiados por Lula tiveram maus resultados

- O Globo

-SÃO PAULO- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não contribuiu para eleger os candidatos que apoiou pessoalmente na disputa deste ano. No 1º turno, o líder petista participou de atividades de campanha em 12 cidades, no Sudeste e no Nordeste, e em oito delas os concorrentes que o levaram ao palanque saíram derrotados.

A situação ocorreu com postulantes a prefeito de quatro capitais: Fernando Haddad (PT), em São Paulo; Jandira Feghali (PCdoB), no Rio; Luizianne Lins (PT), em Fortaleza; e Fernando Mineiro (PT), em Natal. Até na cidade onde vive, São Bernardo do Campo (SP), Lula não conseguiu ajudar o candidato do PT. Na véspera da eleição, ele fez uma caminhada ao lado de Tarcisio Secoli, que não foi nem ao 2º turno. Lula também participou das campanhas derrotadas de Marcio Pochmann (PT), em Campinas (SP); Professor Tito (SP), em Sumaré (SP); e Fernando Santana (PT), em Barbalha (CE).

O ex-presidente ajudou apenas um candidato de capital a chegar ao 2º turno: João Paulo (PT), em Recife. Em Ipojuca PE), Roberto Salles (PDT) teve a candidatura impugnada por improbidade uma semana após receber a visita de Lula. Na eleição de domingo, foi o mais votado, e sua situação só será definida quando o TRE julgar o recurso. E houve bons resultados, pois Lula esteve ao lado de dois vitoriosos no interior do Ceará: Zé Ailton (PP) foi eleito no Crato e Ednaldo Lavor (PDT), em Iguatu.

Prévia de duelo Com Alckmin fortalecido, Aécio admite possível racha

• Um dia após após vitória retumbante de João Doria, pupilo do governador paulista, presidente do PSDB afirmou que não se deve temer consulta às bases

Evandro Éboli - O Globo

-BELO HORIZONTE- O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, convocou ontem uma entrevista coletiva para festejar o bom desempenho de seu partido nas urnas, mas abordou também o fortalecimento do governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, que conseguiu eleger, ainda no primeiro turno, seu indicado João Doria à prefeitura da capital paulista — pela primeira vez, em 24 anos, um candidato venceu direto no primeira turno. Alckmin ganhou força na disputa para ser o presidenciável da legenda em 2018, posto almejado também por Aécio, que afirmou existir a possibilidade de um racha no partido. O senador mineiro enfatizou a importância da realização de prévias caso haja mais de um pré-candidato no partido, mas disse ser ainda cedo para discutir o tema.

Apesar de o debate sobre a realização de prévias emergir com frequência na legenda, o PSDB nunca fez consultas às bases para escolher o candidato à Presidência da República.

— É um belo caminho (as prévias), desde que bem organizada. É um processo que revitaliza um partido que não tem grandes e profundas discussões internas. E permite conhecimento maior das candidaturas — comentou Aécio, para acrescentar: — Nosso estatuto prevê as prévias, que é a oportunidade de um debate democrático.

Vitória de Doria antecipa disputa por 2018 no PSDB

• Alckmin e Aécio já falam em prévias para decidir quem será o candidato do partido à Presidência

Triunfo político do governador Geraldo Alckmin, a vitória de João Doria no primeiro turno em São Paulo trouxe à tona a rivalidade dentro do PSDB. O resultado, que fortaleceu Alckmin como possível candidato à Presidência em 2018, precipitou nos bastidores disputa que a princípio só ocorreria em 2017. Em maio, o partido elegerá sua Executiva Nacional. O comando do partido é considerado trunfo para a definição do próximo presidenciável. Além de Alckmin, o ministro José Serra e o senador Aécio Neves postulam a indicação. Anteontem, o governador introduziu o tema da sucessão ao defender prévias partidárias. Aécio foi ontem na mesma linha. “Eu, Geraldo, Serra, todos nós estimulamos esse debate. A prévia pode ser um bom caminho.” Já Serra evitou comentar o assunto. “Eu não tenho interesse (em falar de eleição). Sou ministro do governo e estou preocupado com questões de Argentina e Paraguai”, disse, durante viagem aos países vizinhos.

Eleição de Doria antecipa debate sobre 2018 no PSDB

• Vitória em SP do afilhado político de Alckmin precipita nos bastidores a discussão sobre a sucessão no comando da legenda e a vaga da sigla tucana para a disputa pelo Planalto

Pedro Venceslau Erich Decat – O Estado de S. Paulo

/ BRASÍLIA - Triunfo político do governador Geraldo Alckmin, a vitória de João Doria no primeiro turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo trouxe à tona a rivalidade no PSDB. Na legenda tucana, o resultado na maior cidade do País, que fortaleceu Alckmin como possível candidato à Presidência em 2018, precipitou nos bastidores uma disputa que, a princípio, ocorreria somente no ano que vem. Em maio de 2017, o partido vai eleger uma nova direção Executiva Nacional.

PSOL cresce nas eleições e tenta ser alternativa da esquerda ao PT

Carolina Linhares, Angela Boldrini – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Em meio a uma crise da mais tradicional liderança partidária da esquerda, o PT –que elegeu 256 prefeitos neste domingo (2), ante 644 quatro anos atrás–, o PSOL busca se firmar no pleito deste ano como sigla alternativa nesse campo político.

Nas capitais, a sigla petista lançou nomes em 19 cidades e obteve mais de 10% dos votos em 7 delas (ganhou uma no primeiro turno, Rio Branco, e só em outra, Recife, terá representante no segundo turno).

O PSOL, com estrutura bem menor, superou 10% dos votos em 5 das 22 capitais em que concorreu –está no segundo turno em duas, Belém e Rio de Janeiro.

O partido já garantiu duas prefeituras (Janduís e Jaçanã, ambas no Rio Grande do Norte), mesmo número de 2012, e disputa o segundo turno em Sorocaba, além das duas capitais.

Zé Bezerra, eleito com 55% dos votos, já fora prefeito de Janduís entre 1989 e 1992 pelo PT. Ele e um grupo de petistas tradicionais na cidade migraram para o PSOL há cerca de dois anos.

O PT terá candidatos na segunda rodada em sete municípios.

Após derrotas, Lula defende 'cara nova' para presidente do PT

Marina Dias – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Pressionado por aliados a assumir o comando do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende "uma cara nova" para o lugar do atual presidente do partido, Rui Falcão, após a derrota acachapante que o petismo sofreu nas eleições deste ano.

Segundo a Folha apurou, conselheiros próximos a Lula são contrários à ideia de que ele seja alçado à presidência do PT em 2017 e têm convencido o ex-presidente de que ele precisa se dedicar à sua defesa na Lava Jato e à elaboração de um novo projeto para a esquerda do país.

Lula, que já defendeu o nome do ex-ministro Jaques Wagner (Casa Civil) para o posto, mas desistiu diante da negativa do aliado, tem dito que é preciso "renovar" a direção petista o quanto antes para "reconectar" o PT com outros campos da esquerda, como movimentos sociais, sindicais e partidos políticos.

PT já busca frente de esquerda com PSOL

• Partido discute apoio mútuo também com PDT e PCdoB em 5 capitais no 2º turno

Ricardo Galhardo e Vera Rosa - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - A derrota avassaladora do PT na eleição de domingo fez avançar um movimento interno para a criação de uma frente eleitoral de partidos de esquerda no segundo turno. Depois de perder a Prefeitura de São Paulo e encolher significativamente em todo o País, o PT agora procura uma alternativa pela própria sobrevivência política.

O presidente do partido, Rui Falcão, se reuniu ontem com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir o posicionamento nas cidades onde haverá segundo turno. Segundo relatos de interlocutores, Falcão sugeriu que o PT anuncie apoio irrestrito ao candidato do PSOL no Rio, Marcelo Freixo, e em Belém, Edmílson Rodrigues.

A estratégia pode ser o primeiro passo para a criação de uma frente de esquerda na qual o PT, o PSOL, o PDT e o PCdoB tendem a se apoiar mutuamente nas capitais que ainda estão em disputa. O PT chegou ao segundo turno no Recife, o PDT ainda está no páreo em Fortaleza e o PCdoB, em Aracaju.

Rede naufraga no 1º teste das urnas

Com candidatos a prefeito lançados em 820 municípios, a Rede de Marina Silva elegeu apenas cinco na sua estreia em eleição.

Afundou de 820 candidatos a prefeito, Rede só elege 5

• Partido frustra expectativas em sua estreia nas urnas e racha com a saída de sete fundadores, liderados por Luiz Eduardo Soares

Mariana Sanches - O Globo

-SÃO PAULO- Considerada a maior novidade da campanha, em sua primeira participação eleitoral como um partido oficial, a Rede Sustentabilidade, cuja estrela política é Marina Silva, frustrou as expectativas nas urnas e rachou publicamente um dia depois de conhecidos os resultados. Liderados pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares, sete de seus fundadores saíram do partido, acusando a Rede de ser “estruturada sobre um vazio de posicionamentos políticos” e “politicamente dependente de Marina”, em suma “uma legião de pessoas de boa vontade e nenhum rumo”.

Das 820 cidades em que lançou candidatos, a Rede elegeu prefeitos apenas em cinco municípios, o maior deles Cabo Frio (RJ), com 186 mil habitantes. A legenda disputa o segundo turno em apenas uma capital, Macapá (AP), onde o atual prefeito, Clécio Luiz, migrou do PSOL para a Rede para tentar a reeleição. Dos seus 3.449 candidatos a vereador, apenas 180 tiveram êxito. Nenhum deles em grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte — câmaras onde calculavam obter entre um e dois vereadores, que trariam projeção à agenda do partido.

IMPEACHMENT GEROU DIVISÃO
A aposta era que Marina Silva, que em 2014 obteve 22 milhões de votos, atraísse um apoio massivo para a legenda. Não funcionou. Em sua nota pós-eleitoral, a própria direção da Rede reconheceu que seu resultado não é “numericamente relevante”.

Com críticas a Marina, sete dirigentes da Rede publicam carta de desfiliação

• Documento é assinado, entre outros, pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares

Valmar Hupsel Filho - O Estado de S. Paulo

Com críticas à forma de atuação e posicionamentos políticos da rede Sustentabilidade e sua maior expoente, a ex-ministra Marina Silva, sete dirigentes partidários divulgaram nesta segunda-feira, 3, uma carta aberta na qual anunciam a desfiliação à legenda criada há um ano. No texto, os dissidentes afirmam que a Rede “tem se estruturado sobre um vazio de posicionamentos políticos”.

“Por conta da reduzida definição política, a Rede tem se construído como uma legião de pessoas de boa vontade e nenhum rumo”, diz a carta assinada pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares, a professora Miriam Krenzinger, o sociólogo Marcos Rolim, o ambientalista Liszt Vieira, o economista Tite Borges, Carla Rodrigues Duarte e Sonia Bernardes, que era porta-voz do partido no Rio Grande do Sul.

“A sociedade brasileira não sabe o que pensa a Rede, nem consegue situá-la no espectro político-ideológico. A auto-indulgente declaração de respeito às diferenças internas não basta para dar identidade a um partido e justificar sua existência”, diz o texto.

Ao criticar diretamente Marina e a direção do partido, o texto afirma que a ex-ministra concentra as decisões sem consultar os demais membros, e a diretoria apenas as acata. “Marina possui, como todos nós, limites relevantes e não lidera a Rede para que o partido assuma definições políticas consistentes, parecendo preferir navegar em meio a uma sucessão de ambiguidades. A maioria da direção nacional a acompanha nesta preferência, como em todas as demais”.

A carta cita como exemplo a mudança de posicionamento de Marina a respeito do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e a filiação dela no PSB. “Não é sustentável um partido cuja direção vota um tema chave para a história do Brasil, o impeachment, sob o argumento explícito de que 'não podemos deixar Marina sozinha', tendo ela anunciado, na véspera, sozinha e sem consultas, sua surpreendente posição favorável, depois de declarar-se contrária ao longo de meses”.

Para os dissidentes, este o posicionamento favorável ao impeachment permitiu que muitos “oportunistas e políticos de direita identificassem na REDE um espaço fértil para seus projetos particulares”. Segundo eles, isso minou interlocução do partido com o campo no qual nasceram seus ideais, 'ao menos aqueles expressos em sua carta de fundação”.

Com isso, os assinantes da carta consideram que a Rede fará, em 2018, uma inflexão ao alinhamento ideológico conservador. “É nosso dever admitir que antevemos, para 2018, uma inflexão da REDE para o centro político, o qual, no Brasil de hoje, corresponde a alinhamento ideológico indiscutivelmente conservador”.

O Estado tentou contato com a assessoria da Rede mas até o momento não obteve retorno.

Leia abaixo a íntegra da carta:

Roberto Freire destaca desempenho dos candidatos do PPS e diz que partido vai crescer

- Portal do PPS

Ao analisar o resultado parcial das eleições deste domingo, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), destacou o desempenho dos candidatos do partido em todo País e disse que o partido vai crescer porque deve registrar o seu melhor resultado no pleito municipal. O parlamentar classificou ainda o processo eleitoral de “espetáculo da democracia” e disse que as forças que apoiaram o impeachment são os verdadeiros vitoriosos das urnas.

“O PPS nessa eleição talvez terá o seu melhor resultado. Deixa de ser um partido nanico e passa a ser um partido médio. Já ganhamos em algumas grandes cidades como Montes Claros-MG, Campos dos Goytacazes e Magé, no Rio de Janeiro. Temos boas perspectivas de vitória em Taubaté (SP) e São Bernardo do Campo (SP) no segundo turno. Isso para dar um quadro da boa presença do partido na disputa. Talvez como fruto da nossa participação decisiva, com coragem e firmeza em todo o processo de oposição aos governos Lula e Dilma e a favor do impeachment. Sem dúvida alguma um espetáculo democrático”, disse.

Freire afirmou que as eleições de 2016 foram surpreendentes em todo o Brasil e um pleito diferente dos anteriores por conta das alterações na legislação eleitoral.

Candidatos do PPS disputarão prefeituras em sete cidades do País no segundo turno

- Portal do PPS

O PPS vai disputar o segundo turno das eleições municipais de 2016 em sete cidades brasileiras, no dia 30 de outubro. São Paulo concentra o maior número de municípios em que o partido vai concorrer: Taubaté, São Bernardo do Campo e Guarujá. No Espírito Santo serão duas as cidades: Vitória e Cariacica. Os outros municípios em disputa são São Gonçalo (RJ) e Ponta Grossa (PR).

O partido disputa ainda o segundo turno em Belo Horizonte, onde o vereador Ronaldo Gontijo, do PPS, é o candidato a vice-prefeito do tucano João Leite.

De acordo com legislação eleitoral, o segundo turno ocorre quanto dois candidatos são os mais votados em cidades com mais de 200 mil eleitores, desde um deles não obtenha 50% dos votos válidos mais um. Dos 92 municípios em que era possível essa disputa, o segundo turno vai ocorrer em 55 deles.

Em São Bernardo do Campo, o deputado federal Alex Manente obteve 106.726 votos (28,41%), contra 169.310 votos (45,07%) de Orlando Morando, do PSDB. No município, o PPS elegeu três vereadores: Julinho Fuzari, Estevão Camolesi e Dr. Samuel.

Crivella e Freixo duelam por 2,4 milhões de eleitores

• Com voto pulverizado, corredor do Recreio à Zona Norte deve decidir eleição

Disputa para conquistar essa parcela do eleitorado terá estratégias diferentes: enquanto o candidato do PRB busca alianças políticas, representante do PSOL tentará desconstruir imagem do adversário

Adversários no 2º turno, Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL) farão um duelo por cerca de 2,4 milhões de eleitores, que vivem no trecho que vai do Recreio à Zona Norte e optaram, no 1º turno, por diferentes candidatos, sem um padrão consistente, revelam FÁBIO VASCONCELLOS e DANIEL LIMA. No restante da cidade, houve domínio claro de um ou outro candidato, sendo Crivella na Zona Oeste e Freixo na Zona Sul e Grande Tijuca. Para atrair esse eleitor, o candidato do PRB aposta em alianças, e o do PSOL, em desconstruir a imagem do adversário.

Mapa da mina: Corredor do Recreio à Zona Norte deve decidir eleição

• Região de 2,4 milhões de eleitores tem votos pulverizados, que serão disputados por Crivella e Freixo

Fábio Vasconcellos e Daniel Lima - O Globo

Um corredor que vai do Recreio em direção a bairros da Zona Norte, formado por cerca de 2,4 milhões de eleitores, é a área onde os dois candidatos que disputam o segundo turno do Rio deverão concentrar suas estratégias para conquistar novos eleitores. Uma análise feita a partir dos resultados do primeiro turno mostra que a geografia do voto voltou a apresentar um padrão identificado em 2008, com áreas habitadas por eleitores mais propensos a votar em um dos candidatos e a rejeitar o seu concorrente. São regiões que formam manchas com associações consistentes dos votos em Marcelo Crivella (PRB) ou em Marcelo Freixo (PSOL). No meio desses dois grandes grupos, há uma grande área em que os votos ainda podem migrar, já que os eleitores escolheram diferentes candidatos, sem um padrão entre as zonas eleitorais.

Candidatos adotam estratégias distintas por eleitorado de centro

• Crivella busca alianças formais; Freixo aposta em se diferenciar

Luiz Gustavo Schmitt, Miguel Caballero, Fernanda Krakovics, Marco Grillo – O Globo

Adversários na disputa pela prefeitura do Rio, Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL) estão em busca dos eleitores de centro, que direcionaram seus votos para Pedro Paulo (PMDB), Indio da Costa (PSD) e Carlos Osorio (PSDB) no primeiro turno. As estratégias, no entanto, são distintas: Freixo aposta que pode se diferenciar do oponente ao mostrar os nomes com os quais pretende governar; Crivella busca alianças formais, já conversou com o presidente licenciado do PSD, Gilberto Kassab, e vai procurar hoje o presidente do PSDB, Aécio Neves.

Pedro Paulo, Indio e Osorio alcançaram um terço dos votos válidos na primeira fase do processo eleitoral. As movimentações para atrair este eleitorado incluem também ajustes no discurso e gestos em direção aos candidatos derrotados, à exceção de Pedro Paulo, que não será procurado e já indicou que vai se manter neutro.

Tucanos não são adversários, são aliados, diz presidente do PMDB

• Para Romero Jucá, Temer fez a escolha correta ao não se envolver nas eleições

Ricardo Brito - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), afirmou ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que o resultado do PSDB nas eleições municipais não coloca os tucanos como o principal adversário dos peemedebistas nas eleições de 2018. Para Jucá, não deve haver “antecipação de confronto” entre os dois principais partidos aliados ao governo Michel Temer. A seguir trechos da entrevista:

• O PMDB cresceu em número absoluto de prefeituras, mas não chegou ao 2º turno em importantes capitais. Qual sua avaliação?

O PMDB manteve a posição de maior partido do Brasil, elegemos o maior número de prefeitos – 1.206 até o momento – vice-prefeitos e vereadores. Temos uma leitura que é importante não só o PMDB, mas todo o bloco partidário que aprovou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi bem votado: PMDB, PSDB, PSB, PSD e PP. O discurso do golpe acabou, porque o PT não teve essa votação nas eleições municipais, ao contrário encolheu.

No Paraguai, Temer diz que votos nulos e abstenções pressionam por reforma política

Isabel Fleck – Folha de S. Paulo

ASSUNÇÃO - Ao chegar ao Paraguai para sua primeira visita bilateral ao país nesta segunda (3), o presidente Michel Temer disse que o "número imenso" de abstenções e de votos brancos e nulos mostra a "necessidade indispensável" de passar uma reforma política no Congresso.

Temer, que já havia falado sobre essa relação em sua escala em Buenos Aires, nesta segunda (3), indica que deve aproveitar esses números para tentar avançar o debate sobre a reforma política no parlamento.

"Devo registrar uma preocupação: acabei de verificar um número imenso de abstenções, votos em branco e nulos , o que revela o que ouso dizer a indispensável necessidade de uma reforma política do país", disse Temer. "Algo que penso que o Congresso Nacional deve cuidar com muita propriedade."

Só em São Paulo, 34,7% dos eleitores aptos a votar não foram às urnas ou votaram em branco ou nulo.

Questionado sobre o desempenho de João Doria (PSDB), que venceu a eleição no primeiro turno em São Paulo, o chanceler José Serra não quis comentar. O ministro apoiava seu amigo Andrea Matarazzo nas prévias tucanas.

Temer foi recebido no aeroporto de Assunção pelo chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, e se reúne nesta noite com o presidente Horacio Cartes na residência oficial. Logo após o jantar oferecido por Cartes, Temer embarca de volta para Brasília.

Na comitiva, estão, além do chanceler José Serra, os ministros Raul Jungmann (Defesa), Alexandre de Moraes (Justiça), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) e Marcos Pereira (Desenvolvimento, Indústria e Comércio).

Também participam da viagem à Argentina e ao Paraguai os senadores Lasier Martins (PDT-RS) e Zezé Perrella (PTB-MG) e os deputados Roberto Freire (PPS-SP) e Luiz Carlos Heinze (PP-RS).

Pela manhã, um grupo de cerca de 20 paraguaios protestou em frente à embaixada brasileira contra a visita do presidente, com faixas com os dizeres "Fuera Temer golpista".

Derrotas reduzem PT a partido de 'grotões'

Por Fernando Taquari, Cristiane Agostine e Ricardo Mendonça - Valor Econômico

SÃO PAULO - Principal derrotado nas eleições de domingo, o PT tornou-se um partido com base municipal mais dependente dos chamados "grotões" do país e com menor inserção nos grandes centros. Dos 256 prefeitos eleitos pela sigla, 57,4% são de cidades com menos de 10 mil eleitores, índice só superado entre as grandes legendas pelo PMDB (60%) e PP (64,5%). Em 2012, o PT elegeu 47% de seus 636 prefeitos nessa faixa de municípios.

O encolhimento do partido nas 500 cidades com maior contingente de beneficiários do programa Bolsa Família foi menos acentuada do que no restante do país. A sigla elegeu este ano 42 prefeitos em municípios com pelo menos 80% das famílias atendidas por esse mecanismo de transferência de renda, 14 a menos que em 2012.

A perda de espaço nas regiões com maior quantidade de população abaixo da linha de pobreza se deu em meio à multiplicação de partidos desde 2012, com o surgimento de novas legendas e a ascensão de políticos tradicionais em partidos considerados nanicos. O PCdoB, por exemplo, aumentou de 11 para 27 municípios neste grupo, graças à força que passou a ter no Maranhão, atualmente governado por Flavio Dino, filiado ao partido.

Nos municípios de médio porte, com 50 mil a 200 mil eleitores, o PSDB predominou em relação aos demais partidos, com a eleição de 70 prefeitos em um total de 351 cidades com esse perfil.

Bolsa Família não impede declínio do PT
Nem mesmo o Bolsa Família, principal marca das gestões dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, foi capaz de impedir nesta eleição a perda de espaço do PT nos pequenos e médios municípios, com até 100 mil habitantes. O recuo nas cidades com o maior percentual de famílias beneficiadas pelo programa de transferência de renda, no entanto, ocorreu de forma menos acentuada do que no restante do Brasil.

FHC analisa quem venceu com a vitória de Doria

Sonia Racy – O Estado de S. Paulo

Houve surpresa nessas eleições? “Surpresa, se é que foi surpresa, foi o tamanho do ‘esfarinhamento’ eleitoral do PT,” frisou ontem Fernando Henrique Cardoso, em conversa rápida, ressaltando que a boa nova deste pleito “foi a expansão do PSDB no Brasil, especialmente em São Paulo– capital e Estado”.

Sobre a vitória de João Doria, FHC – lembrando não ter apoiado o candidato de Alckmin – ressaltou: “Como eu disse ao Dória antes das eleições, é certo que o apoio dos políticos conta muito para armar as candidaturas. Mas para a vitória, conta o desempenho. Ganhar no primeiro turno é sempre uma vitória pessoal, embora beneficie o partido”.

A avaliação do ex-presidente mostra o quão importante ele considera o esforço pessoal que o novo prefeito de SP fez para vencer o pleito. Não houve menção a Alckmin.

A que altura da corrida eleitoral Geraldo Alckmin percebeu que seu escolhido, João Doria, seria vitorioso? “O segredo está na realização de prévias eleitorais”, desconversou ontem o governador paulista. O governador admitiu, entretanto, que a meta era a de conseguir passar para o segundo turno. “Foi melhor.”

Rever a relação - Merval Pereira

- O Globo

Marcelo Crivella e Marcelo Freixo concordam em ao menos um ponto: vão propor ao TRE que o tempo na TV seja de cinco e não de dez minutos. Houve dois recados principais nas urnas das eleições municipais: o não-voto (nulos, brancos e abstenções) foi maior em muitos casos que a votação do primeiro colocado, e até mesmo dos dois primeiros, caso de Rio de Janeiro e Belo Horizonte; e ficou claramente demonstrado que a tese do golpe, embora muito popular em certos meios intelectuais, e em diversos países, não foi comprada pelo eleitor brasileiro.

Eleição enterra o golpe - Eliane Catanhêde

- O Estado de S. Paulo

• Para o governo, derrota do PT é derrota da tese do ‘golpe’ e do ‘Fora, Temer’

Amanhã, três dias depois do primeiro turno da eleição municipal, o presidente Michel Temer cumprirá uma agenda discreta, mas cheia de significados: vai ao Supremo Tribunal Federal pouco antes das 14 horas, quando são abertas as sessões, para uma cerimônia sóbria e rápida em homenagem à Constituição de 1988, que completa 28 anos.

Como político experiente, três vezes presidente da Câmara, Temer tem o lombo curtido, suporta bem os ataques e costuma ter respostas curtas e diretas para elas. Mas, além de político, ele é professor de Direito Constitucional e, se algo o tira do sério, é a acusação recorrente da oposição e dos movimentos petistas de que o impeachment foi golpe e ele é golpista. A ida ao Supremo amanhã, portanto, será um ato de fé, uma reverência à Constituição.

É a economia - Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Foi uma eleição muito estranha, cheia de surpresas e reviravoltas. Não estamos, porém, desbravando um planeta desconhecido. Permanecem alguns pontos fixos no panorama político.

O mais sólido deles é que a economia importa. O partido cujo governo nos lançou na maior recessão da história, o PT, sofreu uma derrota contundente. No pleito de 2012, elegera 644 prefeitos. Agora, obteve 256 municipalidades e participará de sete segundos turnos. Se vencesse em todos, ficaria com 263 —queda de 59%. Passa de terceira maior legenda em número de prefeituras para décima. O PT também perde em total de votos recebidos, capitais governadas, vereadores e receita que administrará.

O segundo turno - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• Com a candidatura de Lula fragilizada, as urnas apontam para a antecipação da disputa entre o PMDB e o PSDB pela sucessão de Michel Temer

Não há dúvida de que o PT foi o grande derrotado nas eleições municipais, varrido praticamente das grandes cidades do país e inclusive no seu leito de origem, São Paulo, onde ficou fora do segundo turno na capital e em São Bernardo. É difícil uma recuperação da legenda no curto prazo, a tempo de viabilizar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como alternativa de poder em 2018. Com o PT batido, a disputa do segundo turno será entre o PSDB e o PMDB.

Por que Temer não deveria ser candidato - Raymundo Costa

- Valor Econômico

• A eleição botou preço no desgaste sofrido pelo PT

Dois políticos do PMDB, um do círculo palaciano de Michel Temer e outro governador de Estado, têm apreciações muito parecidas sobre o resultado eleitoral do primeiro turno, realizado no domingo, e exatamente o mesmo prognóstico sobre o que espera os novos governantes das cidades: ou eles fazem o ajuste das contas públicas ou serão engolidos na travessia até 2018. Isso serve também e sobretudo para o presidente Temer, cuja única veleidade, na opinião de ambos, deveria ser entrar para a história, o que ele somente conseguirá se deixar prontas, ao fim do mandato, em 2018, as condições para a recuperação da economia.

Um recado nas urnas - José Casado

- O Globo

• Arrisca-se ao papel de tolo quem ver nos resultados de domingo a morte da política. Generosos, os eleitores deram ao Congresso uma nova chance para mudanças

No país do voto obrigatório, o protesto dos eleitores contra o sistema político-partidário que está aí ficou explícito ontem naquilo que se convencionou chamar de não voto. A soma do absenteísmo com votos nulos e brancos pode ser considerada uma fotografia da grave crise de representatividade. Ficou acima de 25% em 11 das 26 capitais.

O recorde foi em Belo Horizonte e no Rio: 43% dos eleitores da capital mineira e 42,4% dos cariocas negaram seu voto. O “não” também prevaleceu em Aracaju (38,9%), São Paulo e Porto Alegre (38,3%), Natal (36,7%) e Porto Velho (36,6%). No Rio, a negativa do eleitorado (42,4%) ficou próxima da soma de votos (45,9%) dos candidatos Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), que vão ao segundo turno. A fuga dos eleitores, medida pela abstenção, cresceu 39,7% em São Paulo, 38% em Porto Alegre e 35% no Rio, em relação à eleição de 2012. Os resultados aceleraram a liquefação partidária. O PMDB foi derrubado no Rio e em São Paulo. A maioria paulistana rejeitou Marta Suplicy, uma escolha do presidente Michel Temer.

A falácia dos partidos nacionais - *Murillo de Aragão

- O Estado de S. Paulo

• O anacronismo é tal que aliados no nível federal podem ser adversários no estadual e municipal

Em quase 127 anos da proclamação da República, de acordo com pesquisa da cientista política Maria Tereza Sadek, o Brasil teve nada menos que oito sistemas partidários. Nenhum deles deu certo. Mais recentemente, a história política da redemocratização brasileira tem como ponto lamentável a crescente fragmentação do sistema partidário. No início de 2016 tínhamos 36 partidos registrados oficialmente na Justiça Eleitoral, 27 deles com representação no Congresso Nacional.

A fragilidade do nosso sistema partidário motivou comentários relevantes. Recentemente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou que os partidos existiam somente no Congresso, e não na sociedade. O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos líderes da Operação Lava Jato, foi além e afirmou, durante entrevista coletiva sobre a 28.ª fase da operação, que, tendo em vista as investigações, era possível concluir que o sistema partidário brasileiro se encontra “apodrecido”.

A voz do silêncio - Míriam Leitão

- O Globo

Vinte e cinco milhões de brasileiros não compareceram para votar. Isso é uma população maior do que a da Austrália. Além disso, há os votos brancos e nulos, que só nas capitais somaram 3,7 milhões. O silêncio dos que não quiseram escolher nas eleições precisa ser ouvido. Sempre há eleitores que preferem ficar à parte, erram no momento do voto ou anulam, mas um dos recados de domingo foi o desalento.

O eleitor tem toda razão de estar descontente. Há muitos motivos para desilusão, e o país está no meio de uma crise entre representantes e representados. No mundo inteiro, há desencanto com os processos políticos tradicionais. O poder está encastelado, dominado por oligarquias partidárias, sem capacidade de entender a velocidade de transformação do mundo atual. No Brasil, há tudo isso e mais o que temos sabido nos últimos anos das tenebrosas transações dos políticos para financiar suas campanhas e, em muitos casos, enriquecer pessoalmente.

A derrocada do PT – Editorial / Folha de S. Paulo

Seja devido ao impacto devastador que a Operação Lava Jato tem provocado em figuras proeminentes do petismo —a começar do ex-presidente Lula—, seja por causa do desastroso governo Dilma Rousseff, nada marcou mais as eleições municipais deste ano do que a derrota acachapante do PT.

Partido mais sufragado em 2012, com 17,3 milhões de votos para prefeito, o PT caiu para a quinta posição nesse quesito, com 6,8 milhões, atrás de PSDB, PMDB, PSB e PSD.

Generalizada, a perda de apoio se traduziu em expressiva redução no número de cidades lideradas por petistas. Se a legenda saíra do ciclo de 2012 com 644 prefeituras, atrás apenas de PMDB e PSDB, agora despencou para 256, desempenho pior que o de nove siglas.

Depois do lulopetismo – Editorial / O Estado de S. Paulo

O PT descobriu da forma mais dolorosa quem é “sem voto” no País. A devastadora derrota em escala nacional do lulopetismo no pleito municipal constituiu mais um aval político ao impeachment de Dilma Rousseff – se isso ainda era necessário – e joga definitivamente por terra a teoria do “golpe” contra as instituições democráticas. O resultado das urnas demonstra, da forma mais democrática possível, a vigorosa rejeição dos brasileiros a um projeto de poder que jogou o País na profunda crise que hoje enfrenta. Seria imprudente, no entanto, tentar extrair da voz das urnas mais do que ela contém. Ela não sinaliza muito mais do que o repúdio ao passado e não aponta claramente um novo rumo político, perspectiva embaralhada pela enorme fragmentação político-partidária refletida no resultado geral das eleições de domingo.

Eleitorado pune lulopetismo e políticos – Editorial / O Globo

• Os esquemas de corrupção montados pelo PT atraíram a ira dos eleitores, e o alto índice de abstenções, votos nulos e brancos é sinal de uma irritação mais ampla

Nas inevitáveis listas de “vitoriosos” e “derrotados” nas eleições de domingo, conquistaram, com louvor, lugar de destaque o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, na coluna dos “ganhadores”, por ter emplacado a sua criação, João Doria, na prefeitura da capital, logo no primeiro turno, e, na turma dos “derrotados”, a dupla Lula-PT, atropelada pelas urnas. O feito de Alckmin não é pequeno. Retirou do bolso o nome de João Doria, empresário bem-sucedido do ramo de eventos, com passagem no longínquo governo do tucano Mário Covas na prefeitura paulista, e o impôs a caciques da legenda. No racha, o vereador Andrea Matarazzo, de longa quilometragem no PSDB, aspirante a candidato, perdeu a disputa interna para Dória, desfiliou-se, foi para o PSD e compôs chapa com a ex-petista Marta Suplicy, no PMDB.

PSDB sai das urnas como a maior força eleitoral – Editorial / Valor Econômico

Os eleitores rejeitaram o PT, maior força da esquerda, e também as opções que lhes foram servidas nas urnas nos pleitos municipais. Em número de votos, o PT desceu de 17,2 milhões, em 2012, para 6,8 milhões e o número de cidades sob seu comando caiu a menos da metade - de 638 para 256 -, cifra que não permite ver o desastre da brutal derrota em São Paulo. Em trajetória preocupante e ascendente vieram o absenteísmo e os votos em branco e nulos, que somaram espantosos 42,5% no Rio e 38,5% em São Paulo e Porto Alegre. O menor tempo de campanha e a penúria de recursos para quase meio milhão de candidatos, provocaram várias mudanças nas forças eleitorais, menos no desinteresse do eleitor.

Com a vitória em primeiro turno em São Paulo e boa posição em várias capitais onde tem chances de ganhar (oito), o PSDB tornou-se a maior força eleitoral do país. Recebeu 17,6 milhões de votos e terá sob sua gestão 37,5 milhões de habitantes - um triunfo inegável e uma responsabilidade ampliada. O PMDB continua dono dos pequenos e médios municípios, ao vencer a disputa em 1.029 deles, embora possa arrebatar apenas três capitais onde disputa o segundo turno em posição de vantagem: Florianópolis, Goiânia e Cuiabá. O PSD continua em trajetória de alta, com 8 milhões de votos, e saiu das urnas como quarta força eleitoral.

Fazendeiro – Ascenso Ferreira

─ Ô Maria! Maria!
Compadre Cazuza vem almoçar
amanhã aqui em casa…
Que é que tu preparaste pra ele?!
─ Eu matei uma galinha,
matei um pato,
matei um peru,
mandei matar um cevado…
─ Oxente, mulher!
Tu estás pensando que compadre
Cazuza é pinto?!
Manda matar um boi!!!