quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Opinião do dia - Montesquieu

A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios.

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Montesquieu (1689-1755), foi um político, filósofo e escritor francês. Ficou famoso pela sua teoria da separação dos poderes, atualmente consagrada em muitas das modernas constituições.

Drama do desemprego está longe de diminuir

A taxa de desemprego chegou a 11,5% em 2016. Em dezembro, 12,3 milhões de brasileiros estavam em busca de uma vaga, número recorde. Em dois anos de recessão, o total de desempregados no país aumentou em 5 milhões. E analistas preveem que, apesar dos primeiros sinais de melhora na economia, o desemprego só voltará a ficar abaixo de 10% no fim de 2019.

Desemprego sem trégua

• Taxa chegou a 11,5% em 2016. Em dezembro, 12,3 milhões de pessoas estavam em busca de vaga

Daiane Costa | O Globo

A taxa de desemprego e o número de pessoas sem trabalho no país encerraram 2016 batendo novos recordes e, na previsão de economistas, devem voltar à casa de um dígito somente em 2019. No último trimestre de 2016, 12% da força de trabalho, o equivalente a 12,3 milhões de pessoas, estavam sem emprego. Com isso, a taxa média de desemprego do ano ficou em 11,5%, contra os 8,5% registrados em 2015. Só nos últimos dois anos, a recessão deixou cinco milhões de pessoas sem trabalho no país. São brasileiros que perderam o emprego ou estavam fora do mercado e se viram obrigados a buscar uma colocação diante da queda da renda da família, mas encontraram uma economia retraída, que praticamente não contratou.

BC prevê queda da inflação a 3%

A afirmação do presidente do BC, Ilan Goldfajn, de que o Brasil poderá ter, a longo prazo, meta de inflação de 3% foi vista por analistas como estratégia para dar credibilidade à política de juros. Mas, para economistas, isso só será possível quando as reformas forem aprovadas e o país voltar a crescer.

Presidente do BC vê meta de inflação de 3% a longo prazo

• Declarações de Ilan sobre ‘swap’ cambial levam dólar a R$ 3,152

João Sorima Neto, Ana Paula Ribeiro | O Globo

SÃO PAULO- O Brasil poderá ter, a longo prazo, uma meta de inflação de 3%, semelhante à de outros países emergentes. A afirmação foi feita ontem pelo presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, durante a 2017 Latin America Investment Conference, em São Paulo, evento com investidores nacionais e estrangeiros promovido pelo banco de investimentos Credit Suisse. Especialistas ouvidos pelo GLOBO avaliam que isso é possível, mas apontam um obstáculo: o histórico de indexação da economia brasileira.

Desemprego sobe e mantém tendência para o 1º semestre

Por Camilla Veras Mota e Robson Sales | Valor Econômico

SÃO PAULO E RIO - A taxa de desemprego manteve em dezembro a trajetória de alta observada no decorrer de todo o ano de 2016. Com queda forte no nível de emprego, que há cinco trimestres móveis consecutivos recua mais de 2% sobre igual intervalo do ano anterior, o mercado de trabalho ainda não dá sinais de que seu ciclo de ajuste tenha chegado ao fim. As projeções disponíveis indicam que o desemprego continuará crescendo até o fim do segundo trimestre, encerrando 2017 em nível ainda alto, acima de 12%.

Taxa de desemprego vai a 12% e ainda deve subir mais antes de começar a cair

• Trabalho. 2016 fechou com a maior taxa da série iniciada em 2012 e com número recorde de desempregados, 12,342 milhões; IBGE, porém, vê sinal positivo, pois aumentou o contingente de pessoas procurando ocupação, o que revela certo otimismo com o mercado

Daniela Amorim | O Estado de S. Paulo

RIO - O mercado de trabalho no País encerrou o ano de 2016 com novo recorde na taxa de desemprego: 12%, o patamar mais alto já registrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O último trimestre do ano coleciona ainda outras duas piores estatísticas já apuradas: o total de desempregados bateu 12,342 milhões, enquanto o montante de trabalhadores com carteira assinada diminuiu em 1,398 milhão.

Desemprego sobe para 12% e 2016 termina com 12,3 mi de desocupados

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A taxa de desemprego no Brasil subiu para 12% no trimestre encerrado em dezembro, divulgou o IBGE na manhã desta terça-feira (31).

O dado veio acima do centro de expectativas de economistas consultados pela agência internacional Bloomberg, que esperavam desemprego de 11,9%.

A taxa é a mais elevada já registrada da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. O número de desocupados foi de 12,342 milhões no trimestre encerrado em dezembro, recorde também. Nos três meses até novembro, eram 12,132 milhões de trabalhadores sem emprego.

No quarto trimestre móvel de 2015, a taxa era de 9%. Em um ano, o número de desocupados cresceu em 3,3 milhões, aumento de 36% em relação ao mesmo período de 2015.

Fundo do poço ainda não chegou

• A taxa de desemprego só deve cair a partir do terceiro trimestre, indicando que ainda não estamos no fundo do poço

Fernando de Holanda Barbosa Filho* | O Estado de S.Paulo

O desemprego continua mostrando suas garras. O aumento extraordinário da taxa de desemprego tem relação com a baixa flexibilidade dos salários. Em momentos de crise econômica, o desequilíbrio do mercado de trabalho pode ser solucionado com redução dos salários reais (preços) ou elevação da taxa de desemprego (quantidade). A queda de salários reais (2,3%) foi relativamente pequena frente à redução do PIB brasileiro (3,6%) em 2016. 

Resposta ao desemprego - Míriam Leitão

- O Globo

O principal problema da economia brasileira hoje é o desemprego. Ele é o fruto mais amargo da grave crise na qual o país entrou por má condução da política econômica. Foi o governo Dilma que jogou o emprego nesta queda livre, mas o governo Temer não tem sabido dar uma resposta efetiva. O mercado de trabalho terá outro ano difícil em 2017, mas começará a colher algumas boas notícias.

O país passou nos últimos dois anos pela maior destruição de empregos da história recente. Só no ano passado, foram 3,3 milhões de desempregados a mais. Desde a eleição presidencial, 5,78 milhões. A taxa pulou de 6,8% no final de 2014 para 12% no fim de 2016. Na média do ano passado, ficou um pouco menor, 11,5%, mas isso não chega a reduzir o problema. Há vários sinais dessa deterioração: no emprego, na renda e no trabalho de qualidade. Segundo o IBGE, houve uma queda de 2,3 milhões de pessoas com carteira assinada. Os empregos criados no fim do ano foram temporários e sem carteira. E mesmo em período em que sazonalmente se cria mais postos de trabalho não está havendo uma recuperação da taxa.

Sorteio na Segunda Turma define relator da Lava Jato

• Substituto de Teori Zavascki deverá ser conhecido nesta quarta-feira, 1.º, antes da sessão de abertura do Judiciário; ministro Edson Fachin pede transferência da Primeira Turma para o colegiado

Rafael Moraes Moura, Breno Pires e Beatriz Bulla | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O novo relator dos processos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que vai substituir o ministro Teori Zavascki – morto em um desastre aéreo no mês passado –, será conhecido nesta quarta-feira, 1.º, depois da realização de um sorteio eletrônico entre os magistrados que integram a Segunda Turma da Corte. O colegiado poderá contar com o ministro Edson Fachin, que na noite desta terça-feira, 31, se colocou à disposição para a transferência da Primeira para a Segunda Turma.

A primeira sessão plenária do STF neste ano, na abertura do ano Judiciário de 2017, será marcada por uma homenagem a Teori. Pela manhã, antes do início da sessão, a presidente da Corte, Cármen Lúcia, deve fazer um encontro informal com os ministros para discutir novamente o assunto. Ao longo dos últimos dias, a ministra conversou com colegas do Supremo para tentar encontrar a melhor fórmula para a definição de quem vai assumir a relatoria dos processos da Lava Jato.

Fachin informa que se dispõe a mudar para Turma da Lava Jato

Letícia Casado | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O gabinete do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), informou na noite desta terça-feira (31) que ele se dispõe a mudar da Primeira para a Segunda Turma, que julga os casos da Operação Lava Jato na corte.

A mudança indica que o sorteio da relatoria da Lava Jato deve ficar entre os cinco ministros da Segunda Turma, da qual também fazem parte Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.

Fachin faz parte da Primeira Turma do Supremo e se colocou como interessado na cadeira do ministro Teori Zavascki, morto em acidente aéreo no último dia 19.

Fachin poderá ir para a turma que julga Lava-Jato

• Sorteio do relator que substituirá Teori no STF deve ocorrer hoje

Escolhido terá de decidir sobre abertura de inquéritos com base nas delações da Odebrecht

Duas semanas após a morte do ministro Teori Zavascki, o STF escolhe hoje o novo relator da Lava-Jato, que deve ser sorteado entre os integrantes da Segunda Turma. O ministro Edson Fachin se declarou à disposição para ser transferido para o grupo em substituição a Teori. Se isso ocorrer, Fachin será o quinto integrante da turma — formada hoje por Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli — e participará do sorteio do relator, a quem caberá abrir novos inquéritos contra políticos.

Em Dia D, STF define futuro da Lava-Jato

• Fachin se coloca à disposição para completar Segunda Turma, de onde sairá substituto de Teori

Carolina Brígido e André de Souza - O Globo

BRASÍLIA - Treze dias depois da morte do ministro Teori Zavascki em um acidente de avião em Paraty (RJ), o Supremo Tribunal Federal (STF) deve escolher hoje o novo relator da Lava-Jato. O novo comandante dos processos será sorteado entre os integrantes da Segunda Turma, responsável por julgar a LavaJato. Ontem, o ministro Edson Fachin disse, por meio de sua assessoria, que estava “ao dispor do tribunal para possível transferência” da Primeira para a Segunda Turma. Isso não garante a ele a relatoria, já que o sorteio será feito entre os cinco integrantes do colegiado, mas o coloca entre os possíveis nomes a assumir a tarefa.

Políticos esperam que relator separe 'joio do trigo'

Por Raymundo Costa | Valor Econômico

BRASÍLIA - A escolha do novo relator da Lava-Jato é acompanhada no Palácio do Planalto e no Congresso Nacional com a expectativa de que o Supremo Tribunal Federal possa vir a separar, nos julgamentos dos políticos, o que foi doação regular de campanha, caixa 2 e propina.

Mais que pânico ou apreensão, como tem sido divulgado, os dirigentes partidários analisam os possíveis desdobramentos da delação da Odebrecht e da escolha do novo relator. Quanto à primeira, não há ilusões: qualquer um está sujeito a aparecer nas delações, pois todos, em algum momento, bateram às portas das empreiteiras atrás de recursos. Caberá ao STF distinguir cada caso.

Na avaliação de um presidente de partido, a escolha do novo relator nada ou quase nada vai mudar na condução da Lava-Jato no Supremo. O processo ganhou vida própria. O que pode haver é um controle mais rigoroso sobre eventuais excessos na 1ª instância.

Planalto não espera mudanças na Lava-Jato
A escolha do novo relator da Lava-Jato é acompanhada no Palácio do Planalto e no Congresso com a expectativa de que o Supremo Tribunal Federal (STF) possa vir a separar, nos julgamentos dos processos dos políticos, o que foi doação regular de campanha, caixa dois e propina. A ideia da anistia não foi abandonada, mas atualmente sofre oposição mesmo de dirigentes partidários.

Eunício deve ser eleito hoje no Senado

• Com apoio da base e da oposição, senador do PMDB é defensor da agenda de reformas do governo Michel Temer, de quem se diz amigo

Ricardo Brito | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Num contraponto à tensa disputa ao comando da Câmara, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), deve se eleger nesta quarta-feira, 1.º, presidente da Casa pelos próximos dois anos. Aos 64 anos e senador de primeiro mandato, Eunício vinha costurando nas últimas semanas apoio de partidos da base aliada e da oposição, com a promessa de distribuição de cargos respeitando o tamanho das bancadas.

Empresário com a segunda maior fortuna declarada no Senado, R$ 99 milhões em 2014, o senador é defensor da agenda de reformas do presidente Michel Temer, de quem se diz “amigo” e “parceiro”.

Eunício, que também presidirá o Congresso e será o segundo na linha sucessória da Presidência, disse ao Estado que o Poder Legislativo deve debater com profundidade a reforma da Previdência e eventualmente rever a possibilidade, contida no texto, de que a aposentadoria integral só ocorrerá com 49 anos de contribuição. “Nada que entra aqui tem a obrigação de sair do jeito que chegou”, afirmou. Mas dá sinais de que trabalhará, se necessário, para garantir o calendário do governo de aprovar a reforma nas duas Casas Legislativas ainda no primeiro semestre. “Discussão rápida não quer dizer não discussão, não debate e não modificação.”

Por acordo, Eunício Oliveira manterá dinastia do PMDB no Senado

• Senador cearense terá papel-chave para aprovação de reformas de Temer

Cristiane Jungblut, Leticia Fernandes e Maria Lima | O Globo

-BRASÍLIA- No ano em que devem ser votadas reformas consideradas fundamentais pelo governo para a retomada da geração do emprego e equilíbrio das contas públicas, como as reformas trabalhista e da previdência, o Congresso deverá ser comandado pelo senador peemedebista Eunício Oliveira (CE), dando continuidade à dinastia do partido do presidente Michel Temer no comando da Casa. O PMDB tem o controle do Senado e do Congresso desde a promulgação da Constituição de 1988, sendo que, a partir de 2001, venceu todas as disputas no Senado. A eleição ocorre hoje.

Amanhã, será a vez da eleição na Câmara, onde Rodrigo Maia deve ser reconduzido ao cargo, embora dependa da decisão do Supremo Tribunal Federal, que deverá julgar ainda hoje os recursos contra sua candidatura e enfrente outras candidaturas. Tanto Maia quanto Eunício são citados em delações da Operação Lava-Jato como supostos beneficiários de propinas do Petrolão.

Senado deve confirmar hegemonia do PMDB e eleger Eunício presidente

Por Vandson Lima | Valor Econômico

BRASÍLIA - O Senado elege hoje seu novo presidente para os próximos dois anos. Ontem, os principais partidos passaram o dia em reuniões para definir posições e ocupação de postos na burocracia da Casa.

Na residência do atual presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), senadores do PMDB oficializaram, por aclamação, a candidatura de Eunício Oliveira (PMDB-CE) à sucessão do comando do poder legislativo.

Renan, por sua vez, será o líder da bancada do PMDB, posto que era ocupado justamente por Eunício. Renan chegou a cogitar o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que fará este ano as sabatinas dos indicados a ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), no lugar de Teori Zavascki, e para procurador-geral da República, no lugar de Rodrigo Janot. Mas desistiu.

PT decide apoiar nome da oposição contra Rodrigo Maia

Ranier Bragon, Daniel Carvalho, Angela Boldrini | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Após forte reação de sua base contra a possibilidade de apoio a um candidato da base de Michel Temer, a bancada do PT anunciou nesta terça-feira (31) adesão à candidatura do oposicionista André Figueiredo (PDT-CE) à presidência da Câmara.

Embora participem da principal legenda de oposição a Temer, petistas chegaram a avaliar apoiar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) com o objetivo de obter cargos na administração da Casa. Venceu, entretanto, a tese de que o partido de Dilma Rousseff não poderia endossar candidatos que integraram o movimento de destituição da petista.

A decisão de apoiar Figueiredo foi anunciada como uma tentativa de "unificar a oposição" ao governo Temer na Casa. "Estamos fazendo um gesto de unidade das forças de oposição, de esquerda", afirmou o líder do PT, Carlos Zarattini (SP).

Mais cedo, ele havia dito que o partido não votaria "em um ou outro deputado por posições políticas".

Apoio do PT à candidatura de Figueiredo na Câmara é unânime

• Petistas ressaltaram o comportamento 'solidário' do deputado Andre Figueiredo (PDT-CE) durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff; eleição para presidência da Casa está marcada para quinta-feira, 2

Daiene Cardoso | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Em votação simbólica, a bancada do PT decidiu de forma unânime abrir mão de compor a Mesa Diretora com o candidato Rodrigo Maia (DEM-RJ) e fechou apoio à candidatura de André Figueiredo (PDT-CE). Em um gesto de consolidação do bloco dos partidos de oposição, os petistas ressaltaram o comportamento solidário de Figueiredo com o PT e enfatizaram que ele foi combativo na defesa do governo da ex-presidente Dilma Rousseff. "É uma candidatura importante num momento em que é necessário marcar posição no País", disse o líder da bancada na Câmara, Carlos Zarattini (SP).

Reformas têm preocupação popular, diz Temer

Por Ricardo Mendonça | Valor Econômico

SÃO PAULO - Em palestra para investidores realizada ontem em São Paulo, o presidente da República, Michel Temer, criticou de forma indireta a ex-presidente Dilma Rousseff, de quem era vice, defendeu as reformas que estão sendo levadas por seu governo ao Congresso e afirmou que tais propostas têm preocupação popular. "Não estamos preocupados com medidas populistas. Queremos medidas populares", disse.

Temer falou durante cerca de 30 minutos no Latin America Investment Conference, evento organizado pelo Credit Suisse, que continua hoje.

Sem mencionar o nome de Dilma, Temer começou dizendo que sua gestão "herdou" uma "crise de proporção inéditas" no país, mas que conseguiu colocar o Brasil "no rumo certo".

‘Não é possível a ajuda sem a contrapartida’, diz Picciani

• O deputado que será reeleito hoje presidente da Alerj anuncia, em entrevista exclusiva, sua primeira ação no novo ano legislativo: colocar em processo de votação, já na terça-feira, a ‘federalização ou privatização’ da Cedae.

Mara Bergamaschi | O Globo

“As ações da Cedae são o ativo que temos para dar como garantia e salvar o estado”, afirma Jorge Picciani. “Sem isso, não tem empréstimo, nem plano, nem salário. E não tendo salário em dia, continuaremos na confusão. E nessa confusão, não tenho dúvidas de que, em mais três, quatro, cinco meses, vamos viver um ambiente de impeachment”, completa.

Picciani, que acompanhou as negociações em Brasília a convite do presidente Michel Temer, disse ainda que o Rio vai obter R$ 3,5 bilhões em empréstimos para pagar os salários atrasados do funcionalismo. Ele classificou a ajuda federal ao Rio como “coisa de pai para filho”. O deputado admitiu, entretanto, que continuará difícil aprovar cortes nos salários, mesmo que o STF autorize: “Nunca será uma discussão fácil nem na Alerj nem em parlamento algum do mundo”.

• O primeiro pacote do governador Pezão fracassou na Alerj. E agora, quais são as chances de aprovação das medidas?
A diferença é que antes tínhamos um pacote sem nenhuma garantia do governo do estado de que sua aprovação resolveria a grave crise do Rio. Agora, temos um plano de recuperação fiscal. O governo federal, por meio do presidente Temer e do ministro Meirelles e com a participação da presidente do Supremo, oferece ao Rio uma porta de saída: alongar nossa dívida por 20 anos, suspender a cobrança por três, até 2019, dando fôlego até o próximo governador. Mais do que isso: temos uma segunda dívida, que são com os bancos públicos e organismos internacionais, nas quais a União é só avalista. E a União está propondo até pagar os avais, se não conseguirmos. Esse plano representa R$ 62 bilhões para o Rio em três anos, é uma coisa de pai para filho. É um socorro não só ao Rio de Janeiro, mas aos demais estados que estão negociando com o governo federal. Recuperando as economias regionais, alavancamos o país. Agora, não é possível que essa ajuda seja dada sem nenhuma contrapartida.

A Lava-Jato e o algoritmo - Merval Pereira

- O Globo

O assunto mais comentado no país é o sorteio que deve definir, provavelmente hoje, o novo relator dos processos da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), em substituição ao falecido ministro Teori Zavascki.

Como tudo indica que a definição se dará entre os membros da 2ª Turma, mais o ministro Luiz Edson Fachin que se transferiria de turma para completar o grupo que julga a Lava-Jato, há incontáveis especulações sobre as chances de um ministro que tenha já se posicionado criticamente à Operação Lava-Jato, ou pelo menos tenha feito ressalvas à atuação dos procuradores de Curitiba ou ao juiz Sérgio Moro, venha a ser sorteado para o cargo, vital para definir o ritmo com que os processos serão tocados no Supremo, e o encaminhamento dos mesmos.

A delação do campeão - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• O grande segredo a ser revelado é como funcionava, no submundo da propina, a política dos “campeões nacionais” do BNDES

Preso na Penitenciária Bandeira Sampa, no complexo de Gericinó, zona oeste do Rio, ontem mesmo o ex-megaempresário Eike Batista foi levado à Superintendência da Polícia Federal, na Praça Mauá, para prestar depoimento sobre as acusações de pagamento de propina a políticos investigados pela Operação Eficiência. Seu advogado, Fernando Martins, nega a possibilidade de Eike fazer uma delação premiada, mas somente isso pode salvá-lo de uma longa pena de prisão, como as da banqueira Katia Rabelo (Banco Rural) e do publicitário Marcos Valério.

Eike pode destrinchar para a Polícia Federal e o Ministério Público Federal o seu segredo de Midas. Personagem da mitologia grega que tinha o dom de transformar tudo em ouro, o Rei de Frígia (um pedaço da Anatólia, na Turquia), segundo arqueólogos que localizaram seu túmulo, realmente existiu. Consta que Midas tinha orelhas de burro. A fronteira entre a ambição e a burrice é ambígua e sinuosa. Com certeza, foi atravessada por Eike.

Hoje é Dia do Índio – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Até o fim do dia, Eunício Oliveira deve ser eleito o novo presidente do Senado. Citado em três delações da Lava Jato, ele atende pelo apelido de "Índio" na famosa planilha da Odebrecht. Sua tribo é o PMDB, onde exerce a sugestiva função de tesoureiro.

Filho de um lavrador cearense, Eunício se tornou um prodígio nos negócios. Aos 14 anos, trabalhava no estoque de uma fábrica de biscoitos. Cinco décadas depois, voa num jatinho particular. Seu patrimônio declarado chega a R$ 99 milhões.

Temer tem cartas na manga para reformas - Fernando Exman

- Valor Econômico

• Agora, mudanças nos ministérios serão pontuais

O resultado da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, marcada para amanhã, dará a dimensão ao presidente Michel Temer de onde virão as pressões da base aliada por compensações ou um reequilíbrio de forças entre os partidos governistas no primeiro escalão do Executivo. Temer deve, no entanto, esperar para fazer mudanças mais profundas em sua equipe em um eventual momento de maiores dificuldades.

Isso pode acontecer, por exemplo, quando avaliar que o governo precisa sair da defensiva em razão do impacto da divulgação das delações dos executivos da Odebrecht ou do avanço do julgamento da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal.

Empenhos e prisões - Roberto DaMatta

- O Globo

• Eike adquiriu tudo, menos diploma universitário. E assim ficou fora do patamar básico da nobreza nacional: o degrau dos ‘doutores’ que têm tratamento diferenciado

Ainda vai levar tempo para nos recuperarmos da descoberta indiscutível de que, no Brasil, o campo político está colado a redes de velhos empenhos, os quais estremeceram muita esperança ideológica e produziram projetos impensáveis de enriquecimento particular. No tamanho e expressão, seriam equivalentes aos Planos Quinquenais soviéticos; só que foram realizados por meio de uma ética relacional. Por um casamento não previsto de burocracia com carisma e patrimonialismo. O elo entre Cabral Filho e Eike Batista — desenvolvido a partir de um foco clientelístico (Ah, moleque! Você é dos meus), populista (comigo ninguém perde) e burocrático (tudo dentro da lei) — demonstra a força da reciprocidade (e do presente) em áreas nas quais ela deveria ser disciplinada.

Um novo instrumento de política monetária - Cristiano Romero

- Valor Econômico

• Operações compromissadas vão continuar existindo

O Banco Central (BC) vai criar um novo instrumento de política monetária: o "depósito voluntário". Hoje, o BC controla a quantidade de dinheiro em circulação por meio das chamadas "operações compromissadas" - o Tesouro Nacional emite títulos públicos que vão para a carteira do BC, com compromisso de recompra. Com esses papéis, a autoridade monetária esteriliza os efeitos inflacionários da entrada de moeda estrangeira no país: compra as divisas em troca dos títulos do Tesouro, enxugando a liquidez da economia. Desta forma, regula o custo do dinheiro, isto é, a taxa básica de juros (Selic).

O uso das operações compromissadas elevou de forma significativa a dívida bruta do Governo Geral, que compreende o governo federal, o INSS, os Estados e os municípios. Neste momento, o estoque de compromissadas está em R$ 1,047 trilhão, o equivalente a 16,6% do Produto Interno Bruto (PIB).

Biênio do desemprego – Editorial | Folha de S. Paulo

Será necessária muita boa vontade para extrair alguma notícia positiva dos resultados exibidos pelo mercado de trabalho em 2016, recém-divulgados pelo IBGE. Quando muito, há sinais que alimentam a esperança de um arrefecimento no ritmo de piora.

A taxa de desocupação fechou o ano em 12%, correspondentes a 12,3 milhões de pessoas que buscaram vagas sem conseguir —contingente semelhante à população da cidade de São Paulo. O número de desempregados quase dobrou em apenas dois anos.

Resultado da renitente e brutal recessão econômica ainda não superada pelo país, a deterioração se dá em quantidade e qualidade. Desde o final de 2014, 2,5 milhões de postos com carteira assinada foram eliminados, cifra que não considera os serviços domésticos. Na indústria, a perda chegou a 2 milhões nos mesmos 24 meses.

Despesas do governo central crescem acima da inflação – Editorial | Valor Econômico

O governo central conseguiu melhorar o resultado fiscal estimado para o ano passado - um déficit de R$ 154,2 bilhões (2,4% do PIB), ante estimativa de R$ 170 bilhões. Quando o governo de Michel Temer assumiu em maio e apresentou um plano que contemplava um rombo de R$ 170 bilhões, havia a suspeita, confirmada agora, de que existia "gordura" no objetivo e ela foi providencial tanto para amortecer atritos com o funcionalismo, que receberam aumentos e elevaram a folha salarial em R$ 25 bilhões no ano, como para permitir que a aprovação da PEC dos gastos pudesse estrear em 2017 em um cenário mais favorável, com as despesas descomprimidas. No mesmo plano fiscal, nenhum superávit primário foi previsto no atual governo.

Mais que ajuste, moralização – Editorial | O Estado de S. Paulo

O governo superou mais um teste, essencial para sua credibilidade, ao fechar as contas do ano passado com um resultado pouco melhor que o prometido. Pelo compromisso, o governo central deveria encerrar o ano com um déficit primário de até R$ 170,5 bilhões. O balanço final mostrou até uma pequena folga, nada espetacular, mas politicamente importante. Um tropeço nesta altura poderia prejudicar seriamente a imagem da equipe econômica e impor um grave problema ao presidente da República.

Tendo vencido essa etapa, ele acumula três ganhos concretos na área fiscal. Conseguiu a aprovação de um teto para o gasto público, usou esse critério para montar o Orçamento de 2017 e respeitou a meta fixada para 2016. Além disso, pôs em marcha a reforma da Previdência, um empreendimento essencial, embora politicamente complicado e de resultado incerto.

A importância de uma delação de Eike Batista – Editorial | O Globo

• O empresário poderá esclarecer o toma lá dá cá em Brasília e no Rio, ajudando a compor o mais detalhado mapa da corrupção em negócios com o Estado brasileiro

O instrumento da colaboração premiada tem sido chave para o êxito da Lava-Jato e de outras investigações menos conhecidas, feitas no universo do crime de colarinho branco. Repete o que aconteceu no exterior, por este tipo de delação, na repressão a organizações criminosas. Como a do petrolão.

Lançada em março de 2014, a Lava-Jato só decolou e avançou devido a delações estratégicas: a primeira delas, a do próprio doleiro Alberto Youssef, marco zero das investigações; veio em seguida a de Paulo Roberto Costa, primeira pessoa do esquema do petrolão, enraizado na diretoria da Petrobras, a trocar informações por redução de penas; e assim transcorreu até se chegar ao maior e mais importante acordo feito até agora na Lava-Jato — entre acionistas e diretores da Odebrecht, 77 pessoas e 800 depoimentos.

Espumas do Mar - Joaquim Cardozo

Cavalos ligeiros
De eriçadas crinas
Por que sobre as ondas
Passais sem parar?
Vencendo procelas,
Ressacas em flor,
Num fulgor de estrelas
A poeira das águas
Fazeis levantar.

Espumas do mar.

Nas serenas curvas
Da carne marinha
Há sopros, há fugas
De véus a ondular;
Vestidos de rendas...
Vestidos, mortalhas
De noivas morenas
Que em noites de lua
Virão se afogar.

Virão se afogar.

Se há fomes noturnas
Mordendo e chorando,
Lívidas, remotas
Fúrias soltas no ar,
Que os lábios do vento
Se abrindo devorem
A flor de farinha
Que as vagas maiores
Irão derramar.

Espumas do mar.

Nesse fogo verde
De cinza tão branca
Que se apure um mel

De brilho sem par;
Turbinas, moendas
No giro girando
E o açúcar nascendo
Na folha das ondas
Constante a rolar.

Constante a rolar.

Sobre os seios mansos
Das baías claras
Em puro abandono
Não hei de ficar;
Saudades das ilhas,
Amor dos navios,
Segredo das águas
Nas barras dos rios
Irei desvendar.

Espumas do mar.

Em mares incertos
Irei navegar;
E direi louvores
Às velas latinas
Por bem velejar;
Louvores direi
Aos lírios de sal
E às vozes dos búzios
Que sabem cantar.

Que sabem cantar.

Teu rosto esqueci,
Teus olhos? Não sei...
Da face marcada
O espelho quebrei
De muito sonhar;
Nos laços retidos
Das águas profundas
Tesouros perdidos
Quem há de encontrar?
Espumas do mar.