• O deputado que será reeleito hoje presidente da Alerj anuncia, em entrevista exclusiva, sua primeira ação no novo ano legislativo: colocar em processo de votação, já na terça-feira, a ‘federalização ou privatização’ da Cedae.
Mara Bergamaschi | O Globo
“As ações da Cedae são o ativo que temos para dar como garantia e salvar o estado”, afirma Jorge Picciani. “Sem isso, não tem empréstimo, nem plano, nem salário. E não tendo salário em dia, continuaremos na confusão. E nessa confusão, não tenho dúvidas de que, em mais três, quatro, cinco meses, vamos viver um ambiente de impeachment”, completa.
Picciani, que acompanhou as negociações em Brasília a convite do presidente Michel Temer, disse ainda que o Rio vai obter R$ 3,5 bilhões em empréstimos para pagar os salários atrasados do funcionalismo. Ele classificou a ajuda federal ao Rio como “coisa de pai para filho”. O deputado admitiu, entretanto, que continuará difícil aprovar cortes nos salários, mesmo que o STF autorize: “Nunca será uma discussão fácil nem na Alerj nem em parlamento algum do mundo”.
• O primeiro pacote do governador Pezão fracassou na Alerj. E agora, quais são as chances de aprovação das medidas?
A diferença é que antes tínhamos um pacote sem nenhuma garantia do governo do estado de que sua aprovação resolveria a grave crise do Rio. Agora, temos um plano de recuperação fiscal. O governo federal, por meio do presidente Temer e do ministro Meirelles e com a participação da presidente do Supremo, oferece ao Rio uma porta de saída: alongar nossa dívida por 20 anos, suspender a cobrança por três, até 2019, dando fôlego até o próximo governador. Mais do que isso: temos uma segunda dívida, que são com os bancos públicos e organismos internacionais, nas quais a União é só avalista. E a União está propondo até pagar os avais, se não conseguirmos. Esse plano representa R$ 62 bilhões para o Rio em três anos, é uma coisa de pai para filho. É um socorro não só ao Rio de Janeiro, mas aos demais estados que estão negociando com o governo federal. Recuperando as economias regionais, alavancamos o país. Agora, não é possível que essa ajuda seja dada sem nenhuma contrapartida.