Participantes do 'Debate Estadão' dizem que cláusula de barreira e fim de coligações proporcionais são necessários
Adriana Ferraz e Daniel Weterman | O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Não dá mais para esperar. Analistas ouvidos nesta quinta-feira, 27, durante o 'Debate Estadão: A Reforma Política que Queremos', organizado pelo Estado em parceria com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) e o movimento Vem Pra Rua, foram unânimes em afirmar que mudanças no sistema político-partidário são urgentes, que devem ser discutidas, aprovadas e colocadas em prática a tempo das eleições de 2018. A adoção de pelo menos três regras foi consenso, com destaque para a cláusula de barreira, medida que tem por objetivo reduzir o número de partidos. As demais são o fim das coligações proporcionais e a realização de campanhas mais baratas.
Citada como essencial por todos os palestrantes, a cláusula de barreira ajudaria a reduzir a fragmentação partidária brasileira, já que com ela partidos seriam obrigados a obter um número mínimo de votos para ter representatividade no Congresso e, assim, fatia maior do Fundo Partidário. Hoje, são 35 partidos e outros 57 com pedido de autorização no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Escassez gera eficiência e abundância gera incompetência”, afirmou o líder do movimento Vem Pra Rua, Rogério Chequer.
A cláusula de barreira e o fim das coligações nas eleições proporcionais foram aprovados pelo Senado no fim do ano passado e estão em discussão em comissão da Câmara.
Para o cientista político Jairo Nicolau, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estabelecer uma cláusula que diminua a dispersão partidária e vetar a possibilidade de os partidos firmarem coligações proporcionais são medidas que deveriam ser adotadas já para 2018. “Com a tendência atual, vamos chegar a 2018 com um Congresso praticamente impossível de ser governado e com um presidente com muita dificuldade de diálogo e articulação política.”