quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Opinião do dia - Hannah Arendt

A pluralidade é a condição da ação humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto é, humanos, sem que ninguém seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a existir.

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Hannah Arendt (1906-1975) foi uma filósofa política alemã de origem judaica, uma das mais influentes do século XX

Acordo difícil | Merval Pereira

- O Globo

Reforma não tem consenso na Câmara e no Senado. A assim chamada reforma política não encontra consenso na Câmara e no Senado, que teriam que aprovar as mudanças com duas votações cada, com pelo menos 308 votos a favor na Câmara e 49 no Senado. Qualquer coisa que venha a ser aprovada esbarrará, porém, no financiamento da campanha eleitoral, pois nem o Fundão de R$ 3,6 bilhões tem condições de ser aprovado nem o financiamento privado, já aprovado na Câmara em 2015, passa pelo crivo do Senado.

Mas não há ninguém pensando em baratear a campanha para reduzir os seus custos, a não ser a longo prazo, com a adoção do voto distrital misto para 2022. O Fundão bilionário estava chamando de volta à arena política os marqueteiros, atraídos pela possibilidade de gastos mirabolantes para seus efeitos especiais. Tão especiais que acabam tendo que ser financiados em paraísos fiscais.

Opostos e descombinados | Vera Magalhães

- O Estado de S.Paulo

A “guerra fria” travada nos bastidores do PSDB entre Geraldo Alckmin e João Doria Jr. pela candidatura à Presidência em 2018 está cada dia mais difícil de disfarçar com juras de lealdade e vídeos cordiais.

O tom com que aliados do governador se referem à movimentação do prefeito já não tem a condescendência de quem vê um filho rebelde ameaçar deixar o ninho, mas a de quem assiste a um ex-pupilo dar passos indisfarçados para tentar superar o criador.

Alckmistas reagiram com indignação à veiculação de enquetes feitas pela internet que mostrariam o crescimento de Doria sobre o governador. Apontam a falta de rigor científico dos levantamentos e veem sua mera realização como arma de campanha do prefeito.

Redução de danos políticos | Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Do ponto de vista médico, o ideal é que o paciente que já tenha desenvolvido dependência de drogas se afaste delas por completo. Só que a abstinência nem sempre é possível. Nesses casos, a segunda melhor opção é a redução de danos. A ideia aqui é alterar o padrão de consumo com o objetivo de minimizar riscos e os prejuízos à saúde. Um exemplo: se o paciente vai utilizar heroína de qualquer jeito, que ao menos não compartilhe seringas, evitando a transmissão de doenças como Aids, hepatites etc.

Algo semelhante se aplica à reforma política. Parecem diminutas as chances de o Congresso aprovar um pacote de mudanças coerentes e alinhadas com o interesse público. Ao contrário, algumas das propostas em consideração e com boas chances de aprovação podem até piorar um sistema que já é ruim. Outras, como o tal do distritão misto, são tão inconsistentes em termos teóricos que é até difícil enunciar como poderiam funcionar na prática.

O velho e bom Lula de sempre | Rosângela Bittar

- Valor Econômico

Boulos lidera movimento de esquerda sem Lula

Inquietante pesquisa tem circulado de boca em boca, entre lideranças políticas, revelando que o eleitor brasileiro não quer um presidente da República com cara, história, ação ou registro político em São Paulo. Os candidatos à Presidência da República em 2018 que já se lançaram, e não são poucos e não são paulistas, estão, porém, tentando instalar-se no Estado, para criar comitês e até uma residência alternativa. Sabem que sem o eleitorado do maior colégio, nada feito. E assim tentam montar base em São Paulo, principalmente no interior, mas não são paulistas.

Michel Temer é o primeiro paulista que assume a Presidência em quase cem anos, dizem os alarmistas preocupados com os sinais do destino traçado. Geraldo Alckmin, é o exemplo citado de revés nessas conversas, não conseguiu, quando foi candidato, e não consegue ainda hoje, ser um nome nacional, ter um discurso nacional. Como teria, por exemplo, um candidato de Minas Gerais, Estado que tem, ou teria, ponte com o Brasil.

Jair Bolsonaro (PSC, agora, ou PEN, no futuro), faz de São Paulo seu hub para rodar o país. Ciro Gomes (PDT), que inclusive nasceu em Pindamonhangaba e já transferiu seu título para São Paulo, uma vez, agora pode dizer que voltou a ser político cearense mas não sai do Estado.

Notícia boa, notícia ruim | Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

A notícia boa foi a reação do mercado financeiro à decisão de que o governo pretende privatizar a Eletrobras. O Ibovespa, principal índice de ações brasileiras, fechou em alta de mais de 2%, atingindo, pela primeira vez em mais de seis anos, o patamar de 70 mil pontos. Com valorização de quase 50% nos papéis ordinários da Eletrobras, a empresa ganhou R$ 9,13 bilhões num único dia, muito mais do que renderia qualquer plano de reestruturação que fosse anunciado para melhorar seu desempenho.

Falou em vendê-la e a Eletrobras mudou significativamente de valor. As ações ordinárias, que dão direito aos acionistas de voto nas assembleias, subiram 49,3%, para R$ 21,20. Já as ações preferenciais, que permitem aos acionistas prioridade no recebimento dos lucros da empresa, avançaram para R$ 23,55 (32,08%). Os analistas de mercado exultaram com a decisão, que deixará de fora do pacote a Itaipu binacional, de propriedade do Brasil e do Paraguai, e a Eletronuclear, responsável pela produção e programas de energia nuclear.

Três poderes, uma só moral | José Aníbal

- Blog do Noblat

Enquanto a reforma política tem a urgência de ser aprovada até um ano antes da eleição de 7 de outubro de 2018 para entrar em vigor, o respeito ao limite salarial do funcionalismo público é ponto nevrálgico não só em função das contingências fiscais da União, dos estados e dos municípios, mas passo fundamental para uma efetiva moralização da República.

Sem dúvida, os agentes públicos eleitos pela população, assim como os partidos políticos, precisam retomar a conexão com a sociedade, deixar de lado interesses privados e escusos para colocar em primeiro plano o bem comum e coletivo. Por isso, é preciso rechaçar ideias como a destinação bilionária de recursos públicos para financiar campanhas eleitorais, dinheiro que deveria ser empregado em investimentos sociais, políticas de educação e saúde, transporte, segurança...

Reforma (ou contrarreforma?) Política | Paulo Kramer

- Diário do Poder

Desde a reconstitucionalização do país – e olhem que já se vão três décadas! –, a cada ano ímpar, antecedente ao de uma eleição geral ou municipal, reacendem-se os debates (quase escrevo o papo furado...) sobre Reforma Política. As atenções e as energias de congressistas e comunicadores confluem para discursos, balões de ensaio, anteprojetos, debates, audiências públicas, entrevistas e manchetes, enfim, himalaias de palavras e textos que invariavelmente partejam miudezas legislativas do tipo: normas para distribuição de 'santinhos' e afixação de cartazes, proibição de brindes e showmícios, por aí.

Nada empolgante, mas não deixa de ser compreensível. Na condição de legisladores, os políticos profissionais desfrutam de uma latitude para autorregular seu trabalho de fazer inveja a corporações como o Crea dos engenheiros, o CRM dos médicos e a OAB dos advogados. Talvez por isso mesmo os reformadores prefiram quase sempre reformar o mínimo indispensável, para assegurar o que realmente interessa – a reeleição de cada um –, a colocar em pauta dilemas 'cabeludos', a exemplo daqueles que contrapõem representatividade a governabilidade, com seu cortejo de perguntas incômodas: como os votos se transformam em cadeiras parlamentares? Quem é inelegível (os analfabetos, mais de 14 milhões de brasileiros, continuam marginalizados)? Até que ponto as coligações eleitorais se convertem em coalizões parlamentares governistas e oposicionistas? Como tudo isso afeta as relações Executivo-Legislativo e o processo de implementação das políticas públicas? Afinal, não se mexe em time que está ganhando, mesmo sob regras do jogo viciadas e obsoletas.

Diante de incertezas, aposta de políticos trará caos ao País | José Augusto Guilhon Albuquerque*

- O Estado de S.Paulo

Tudo o que se pode dizer sobre o distritão com base em fatos, é que nada se pode dizer: um tal regime nunca existiu. O sistema sempre citado vigorou na dinastia Meiji no Japão até 1912. Ah, também se cita o Afeganistão, que nem sequer é um Estado, que dirá um exemplo.

Se vai eleger detentores de mandato, beneficiar caciques, famosos, religiosos, endinheirados, extremistas, representantes do crime organizado, não se sabe: apenas que trará o caos para o País e graves consequências sobre as expectativas dos investidores.

Enquanto estiver em pauta, provocará um arrefecimento das boas expectativas com que o investidor estrangeiro vem mirando nos negócios no País. Adotado, abre-se a possibilidade de estancamento e reversão da atual política econômica. Pior, a probabilidade da Câmara ser composta por inexperientes, sem compromissos claros com os eleitores, sem vínculo mínimo com ideias ou interesses, nem com o presidente eleito, é assustadora.

Além do ganho fiscal | Míriam Leitão

- O Globo

Mudança para melhor, além do ganho fiscal. Foi o governo dizer que está pensando em sair da Eletrobras, e as ações subiram 50% num dia. Ainda que caiam um pouco para corrigir exageros, ficou claro que a avaliação geral é de que o Estado é um peso sobre a empresa. A privatização pode representar uma enorme mudança para melhor no setor de energia, e não apenas o caminho de atingir a meta fiscal.

“Temos que refletir sobre essa valorização da ação porque ela mostra como a presença do Estado aumenta a incerteza”, disse Paulo Pedrosa, secretário-executivo do Ministério das Minas Energia.

O setor está no meio de uma mudança de regulação para tentar expurgar todo o modelo desordenado e intervencionista criado pela MP 579. Não era bom antes, mas piorou bastante espalhando prejuízos e irracionalidades. Na semana passada, foi encerrada a fase de consulta pública e agora os técnicos do Ministério se dedicariam a redigir a MP do novo marco para setembro. Com a decisão de privatizar a Eletrobras, a prioridade passou a ser a MP que vai preparar a empresa para a venda. Mas o secretárioexecutivo do MME diz que a proposta do novo marco será feita e tem boa base para o trabalho:

Mola da grampola | Monica de Bolle

- O Estado de S.Paulo

Os anos Lula e Dilma foram pródigos no uso indevido de bancos públicos

Mola da grampola, rebimboca da parafuseta, ou ainda rosqueta da parafuseta. Alguém fora do círculo dos economistas está conseguindo entender o debate sobre a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP)? Fala-se de “custo de oportunidade”, de “subsídios implícitos”, santos ou não, do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), da Geni da República, o BNDES. Mas, como é de hábito no Brasil, vão ficando de lado as questões mais importantes enquanto todos se perdem nos meandros das molas das grampolas.

A primeira questão importante são os fundos de poupança forçada criados há décadas para fins diversos. O FAT, para custear o seguro-desemprego, o abono salarial, parte dos empréstimos concedidos pelo BNDES. O FGTS para garantir ao trabalhador alguma renda em caso de demissões que não sejam por justa causa, e para financiar o crédito habitacional concedido pela Caixa Econômica Federal, além de vários outros usos a que foi submetido ao longo do tempo. O FAT, hoje, rende a TJLP, taxa determinada pelo Conselho Monetário Nacional e inferior às taxas de aplicação do mercado. 

O eleitor e a política – Editorial | O Estado de S. Paulo

Alguns dos principais envolvidos no debate nacional sobre a reforma política – entre eles o relator da proposta em tramitação na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP); o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes – reuniram-se no Fórum Estadão, segunda-feira passada, para expor suas opiniões a respeito do tema. Dentre os muitos aspectos importantes ressaltados ao longo do evento, três temas dominaram as preocupações dos debatedores: financiamento de campanhas, modelo eleitoral e sistema de governo. Em todos os casos, ficou claro que há muitas ideias, mas pouco consenso – salvo o de que o atual sistema político precisa mudar.

Destaque-se, de início, a franqueza do deputado Vicente Cândido, segundo quem “a única coisa que unifica o Congresso é a vontade de se reeleger”. Ou seja, dificilmente alguma das mudanças discutidas no atual Congresso, a julgar pelo que diz o parlamentar petista, levará em conta os prazos mais longos – necessários para o amadurecimento de qualquer modelo de eleição e representação que se queira adotar. O resultado da reforma política, tal como está sendo conduzida neste momento, será mais um arremedo do que uma solução.

Privatização bem-vinda – Editorial | Folha de S. Paulo

Embora a avidez por recursos não seja a melhor conselheira em um processo de privatização, o governo dá sem sombra de dúvida um passo correto ao anunciar o intento de se desfazer da Eletrobras.

À notícia seguiu-se uma alta vertiginosa, de quase 50%, de ações da estatal negociadas em Bolsa. Os benefícios em potencial para o país, todavia, devem ir além dos antecipados pela euforia especulativa.

Em um único dia, o valor de mercado da empresa saltou para algo próximo de R$ 29 bilhões, semelhante ao que se pretende arrecadar com a desestatização. Há pela frente um complexo processo de definição das regras de venda, que precisa contemplar interesses de contribuintes e consumidores.

Sob o controle do governo, que conta com 63% do capital, a Eletrobras atua em geração, transmissão e distribuição. A empresa detém 32% da capacidade de geração de energia do país e mais de 70 mil quilômetros de linhas de transmissão. Opera também seis distribuidoras nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Privatização da Eletrobras é lado positivo da crise – Editorial | O Globo

Aperto fiscal não só leva governo a tratar de reformas que vinham sendo adiadas, como a reduzir o tamanho do Estado-empresário, essencial para a sociedade

O cenário político é intrincado, e o econômico, incerto. Mas deve-se reconhecer que a crise tem permitido que o país caminhe na direção certa, na formulação de reformas, embora, infelizmente, o enfraquecimento político do governo Temer, devido a denúncias e ao seu telhado de vidro ético, o impeça de avançar, como necessário, na aprovação, no Congresso, das mudanças na Previdência.

É certo que a queda do governo lulopetista de Dilma Rousseff facilitou a imposição da agenda das reformas, embora, mesmo ela, se continuasse no Planalto, seria obrigada a fazê-las, por simples questão de sobrevivência.

Trump perde credibilidade com improvisação permanente – Editorial | Valor Econômico

O presidente Donald Trump não para de demitir gente do primeiro escalão da Casa Branca e, a julgar por sua impulsividade, mais confusões são previsíveis, e mesmo inevitáveis. Dentro dos próprios padrões de Trump, ele se superou na semana passada, ao dizer que havia "gente boa" entre racistas e nazistas de Charlottsville, e mandar para casa um dos maiores responsáveis por sua vitória, Steve Bannon, ideólogo e estrategista-chefe. Incontrolável, o presidente diz asneiras em série com convicção, o que consolida a cada dia o quadro de franca desmoralização de sua administração.

Após os incidentes com uma morte na Virginia, Trump deu declarações escorregadias no sábado, atraindo ira e estupefação pela não condenação explícita à extrema-direita, na qual mantém boa parte de apoio. No dia seguinte, o chefe de gabinete John Kelly deu ao presidente um script do que deveria dizer e Trump condenou os "supremacistas" brancos. Dois dias depois, em uma entrevista que deveria ter como tema o programa de infraestrutura do governo, diante de um Kelly contrariado, e provavelmente surpreso, Trump reabriu a crise em potencial ao equiparar racistas da Ku Klux Klan à esquerda que se manifestava contra eles.

Impasse ameaça a reforma política

Por Raphael Di Cunto, Marcelo Ribeiro, Fabio Murakawa e Vandson Lima | Valor Econômico

BRASÍLIA - O impasse sobre a mudança no sistema eleitoral para deputados e vereadores e a criação de um fundo com dinheiro público para pagar as campanhas adiou novamente a decisão da Câmara dos Deputados sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma política. Há sério risco, dizem parlamentares, de absolutamente nada ser aprovado.

O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) admitiu à noite que não havia apoio nem para aprovar o texto-base da reforma, que ainda exigiria votação separada dos pontos mais polêmicos. A sessão foi encerrada ontem, sem acordo sequer sobre se a votação seria fatiada ou em bloco, e a análise da PEC ficou para hoje.

Deputados a favor e contra o distritão, modelo em que são eleitos os mais votados para deputado e vereador, sem considerar os votos no partido, concordam que a maioria dos deputados defende a adoção deste modelo, mas há dúvidas se o número é suficiente para a aprovação porque, por ser uma mudança na Constituição, o quórum é maior - precisa de 308 dos 513 votos.

Distritão afetaria mais Assembleias que Câmara

Rodrigo Menegat | Folha de S. Paulo

Caso aprove o distritão, a Câmara vai implementar regras que tendem a afetar mais a política estadual e municipal do que Brasília. É o que indica uma simulação feita pela Folha com dados das eleições de 2014 e 2016.

No sistema atual, os votos de um candidato são computados para ele e para seu partido. As vagas no Legislativo são distribuídas de acordo com o percentual dos votos que cada legenda recebeu.

Pelo distritão, apenas os candidatos com o maior número de votos são eleitos.

Se essas regras já valessem em 2014, aproximadamente 9% da Câmara dos Deputados, ou 45 parlamentares, não teria sido eleita. Nos Estados e municípios, o efeito seria mais sentido.

Em 20 das 27 unidades da Federação haveria mudanças maiores do que no Legislativo federal. O caso mais evidente é o do Acre, onde um quarto dos 24 deputados estaduais não teriam sido eleitos. Em mais quatro Estados (ES, AP, RR e DF) a mudança seria superior a 20%.

De acordo com Emerson Cervi, doutor em ciência política e professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná), um dos motivos é a característica da eleição para a Câmara, que concentra os candidatos mais conhecidos e com mais recursos.

"A Câmara dos Deputados, no sistema atual, se aproxima de uma eleição majoritária. Para se eleger deputado é preciso ter muito dinheiro ou outro tipo de capital, como ser conhecido via meios de comunicação ou igreja", afirma Cervi. "Nas Assembleias, é possível que candidatos contem mais com a força da legenda", diz.

Falta de acordo adia de novo votação na Câmara da PEC do distritão e do fundo eleitoral

Expectativa era de que os deputados aprovassem o texto-base e deixassem para discutir esses dois temas polêmicos nesta quarta, 23, mas sessão se encerrou sem nenhuma análise

Isadora Peron e Felipe Frazão | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - A falta de acordo sobre a mudança do sistema eleitoral para o distritão e a criação de um fundo público para financiamento de campanha adiou, mais uma vez, a votação da reforma política prevista para esta terça-feira, 22, no plenário da Câmara. A votação deve ser retomada nesta quarta-feira.

Sem conseguir chegar a um consenso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encerrou a sessão desta terça após cerca de 40 minutos, sem sequer dar início de fato à discussão da proposta.

A polêmica nesta terça-feira se deu em torno de um requerimento apresentado pelo líder do PP, deputado Arthur Lira (AL), para que a votação da PEC ocorresse de maneira “fatiada”. Pela proposta, primeiro os deputados analisariam a adoção do chamado distritão e, na sequência, a criação do fundo público para bancar as campanhas em 2018.

Pela ordem natural, primeiro seria aprovado o texto-base da proposta e depois analisado os destaques, com o fundo eleitoral sendo votado antes do distritão.

O fatiamento da proposta está sendo visto como uma maneira de pressionar partidos que são contra o distritão, mas a favor do fundo, como o PT e o PCdoB, a aprovar a mudança do sistema eleitoral. Se não aprovarem, os demais partidos barrariam o financiamento público das campanhas.

Eunício consulta Supremo sobre volta do financiamento empresarial

Presidente do Senado solicita opinião de ministros da Corte a respeito de proposta que restabelece financiamento empresarial de campanhas

Felipe Frazão e Thiago Faria | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), fez uma consulta aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a volta do financiamento empresarial de campanhas eleitorais. A forma de financiar candidaturas em 2018 é um dos principais temas debatidos na reforma política. A preocupação do presidente do Senado é de que uma proposta que restitui a contribuição de empresas seja aprovada na Casa e volte a ser questionada no Supremo.

Em 2015 a Corte considerou inconstitucional a doação por pessoas jurídicas. Para um novo julgamento, o Supremo precisa ser provocado.

Eunício esteve no Supremo um dia depois de os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, admitirem a volta da doação empresarial no “Fórum Estadão – Reforma Política em Debate”, evento realizado pelo Estado. O presidente do Senado disse que está fazendo uma “rodada de conversas” com todos os ministros do STF para debater a reforma política, especialmente a forma de financiamento, fator de mais controvérsia com o Judiciário.

Sem acordo, reforma emperra

Por falta de acordo e diante da divisão dos deputados, a Câmara não conseguiu votar em plenário a reforma política. A criação do fundo de R$ 3,6 bilhões para financiar eleições foi criticada pelos ministros do STF Marco Aurélio Mello e Alexandre de Moraes.

Empacou

Sem acordo para sistema eleitoral e financiamento, votação da reforma política é adiada

Catarina Alencastro, Cristiane Jungblut e Carolina Brígido | O Globo

-BRASÍLIA- A reforma política chegou ontem a um impasse. Diante da dificuldade de se conseguir o mínimo de acordo que permita a aprovação das propostas de alteração mais profundas no sistema político — especialmente a mudança no modelo eleitoral e a proposta de criação de um fundo bilionário de financiamento público de campanhas —, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encerrou os trabalhos sem fazer qualquer votação na sessão que tentava retomar o tema.

Ao longo do dia, Maia tentou construir um acordo que permitisse votar os pontos da primeira proposta da reforma — são três em discussão na Câmara. A votação do projeto seria feita por temas, começando com o chamado distritão para 2018. Em seguida, seria a vez da criação do fundo eleitoral. O último item seria a mudança, a partir de 2022, para um sistema de voto distrital misto. No entanto, diante da reclamação de partidos de esquerda, Maia acabou cancelando a votação.

Ao chegar à Câmara, no início da tarde, o presidente já dava sinais das dificuldades que se anunciavam.

— Se tivesse acordo, não precisava de voto. Se precisa de plenário é porque é preciso quorum. Reforma política não tem acordo nunca — disse Maia.

Aécio e Tasso tentam mostrar consenso, após crise interna

Almoço tenta estabelecer paz no PSDB, abalado com programa de TV

Maria Lima | O Globo

-BRASÍLIA- Ao final de uma semana de disputa que abriu um racha há muito não visto no partido, o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), aumentou ainda mais o tom de desafio com a ala governista da sigla ontem pela manhã. Ao longo do dia, no entanto, os tucanos se esforçaram para acalmar os ânimos e pacificar o clima. Os principais nomes do partido se reuniram em um almoço, onde Tasso esteve lado a lado com o senador Aécio Neves (MG).

A ordem agora, segundo os presentes, é evitar debater o assunto publicamente, tocar as convenções e preparar a escolha do candidato ao Planalto ano que vem. Amanhã, Tasso reunirá os 27 presidentes de diretórios estaduais para definir o calendário de convenções e discussão de mudanças programáticas para “reconectar o partido com as ruas”.

— Ninguém me pediu nada e nem eu entreguei nada — disse Tasso na saída do encontro.

Doria dá 'apoio total' a Marconi Perillo para presidir PSDB

Futuro presidente do PSDB terá papel determinante na escolha do candidato do partido ao Planalto em 2018

Pedro Venceslau | O Estado de S.Paulo

O prefeito João Doria disse ao Estado que apoia o nome do governador de Goiás Marconi Perillo para presidir o PSDB. A convenção nacional do partido está marcada para dezembro. O presidente interino da sigla, senador Tasso Jereissati (CE), é pressionado pelo grupo do senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado, a deixar o comando partidário.

"Apoio total a Marconi Perillo para presidir o PSDB. Sem ferimentos a ninguém", disse Doria.

O prefeito da capital também defende a antecipação da convenção nacional para outubro. A proposta, porém, não tem respaldo na executiva tucana. Pelo calendário apresentado pelo partido, as convenções municipais tucanas acontecerão em outubro, as estaduais em novembro e finalmente as nacionais em dezembro.

Jereissati já disse a aliados que apoia a candidatura do governador Geraldo Alckmin à presidente em 2018. A ala do PSDB que defende o rompimento com o governo Michel Temer (PMDB) quer que Jereissati permaneça no comando do partido em caráter definitivo depois da convenção.

O novo presidente do PSDB terá papel determinante na escolha do candidato presidencial.

Acordos salariais ampliam ganho real em julho

Por Ligia Guimarães | Valor Econômico

SÃO PAULO - A queda da inflação em 2017 continua a ampliar os reajustes reais para as categorias profissionais que negociaram acordos coletivos salariais em julho ao maior nível nos últimos 12 meses. Dados do Boletim Salariômetro, elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), indicam que os acordos e convenções coletivas registrados no mês passado tiveram reajuste real médio de 2,4%, mais que o 1,6% observado em junho, e maior patamar desde agosto do ano passado.

O aumento real de julho resulta da combinação de reajustes nominais medianos estagnados em 5% desde abril, mas com inflação mais baixa a cada mês e que, no Índice Nacional de Preços ao Consumido (INPC) acumulado em 12 meses, está em 2,6%. "O interessante é que há um ano os reajustes eram de quase 10%, mas não havia ganho real porque a inflação estava alta", afirma o coordenador do Salariômetro, Hélio Zylberstajn.

Em agosto do ano passado, por exemplo, quando o reajustes nominal mediano obtido nos acordos e convenções realizados entre sindicatos e empresas era de 9,6%, mesmo percentual do INPC - não havia ganho salarial real. Os reajustes superiores à inflação começaram a ocorrer em fevereiro deste ano, à medida que a inflação caiu abaixo dos 5,4%. "Agora o reajuste nominal é 5%, bem menor que no ano passado, o reajuste real é de 2,4%, que é um ganho enorme", afirma.

Mesa redonda sobre Gramsci discute democracia como valor universal

Evento realizado pela FAP em parceria com a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, lembrou os 80 anos da morte do filósofo italiano e destacou a discussão em torno da democracia politica, valor presente em sua obra

Germano Martiniano

A mesa redonda “Um pouco de Gramsci não faz mal a ninguém”, promovida pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) em parceria com a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), teve como destaque a discussão em torno da democracia politica, valor presente na obra deixada pelo filósofo italiano. O evento, que foi realizado na sede da associação, na cidade do Rio de Janeiro, traçou um paralelo do pensamento gramsciano com a realidade brasileira, levando à discussão como alguns partidos políticos brasileiros, considerados de esquerda, ainda flertam com politicas antidemocráticas e que ameaçam a estabilidade política e social do país.

Luiz Sergio Henriques, palestrante e especialista em Gramsci, reforçou que parte da esquerda brasileira é anacrônica e não compartilha dos valores democráticos: “Partidos como PT, por exemplo, não entendem as novas condições do mundo, a globalização, e acabam ainda por defender regimes como o de Maduro, na Venezuela, que caminha para uma ditadura. É lamentável”, criticou o tradutor e ensaísta de Gramsci.

Alberto Aggio, professor e historiador e um dos expositores da mesa redonda, ao ser questionado sobre o sectarismo político de parte da esquerda brasileira, analisou como essa mesma esquerda “que ainda é muito pobre em termos conceituais”, prejudica uma análise mais séria, profunda e convincente para a sociedade em seu conjunto. “A maior parte da população ainda enxerga a esquerda dentro de uma lógica muito estreita, muito radical, dentro da lógica de amigos e inimigos, o que é muito negativo e precisa ser superado”, avalia Aggio. “Existem outros partidos, que defendem posições diferentes, com mais capacidade de análise do mundo que estamos vivendo e que possuem a democracia como valor primordial, mas nem sempre isso é reconhecido”, disse o professor e historiador.

Além de Alberto Aggio e Luiz Sergio Henriques, a mesa redonda contou com a participação de Andrea Lanzi, presidente do PD italiano; Domingos Meireles, presidente da ABI, e o diretor-geral de FAP, Luiz Carlos Azedo, que foi o mediador da mesa redonda.

Azedo destacou a importância da parceria que a FAP mantém com o Instituto Gramsci de Roma por meio de diversas publicações, especialmente a coleção “Brasil e Itália”: “Primeiramente, essa parceria estabelece uma ponte entre o pensamento politico no Brasil e o que há de mais moderno no pensamento politico europeu. Em um momento de grandes mudanças no mundo e de turbulências políticas, é importante para a FAP ter esse intercâmbio de ideias. Em segundo lugar, era essencial homenagear os 80 anos da morte de Gramsci, que possui em sua obra conceitos que permitem analisar a realidade brasileira com mais profundidade, como revolução passiva, americanismo, democracia e transformismo, entre outros”, completou o mediador da mesa, ao encerrar o evento.

A Fundação Astrojildo Pereira transmitiu o evento ao vivo, confira o vídeo:

A Aranha | Fernando Pessoa

A Aranha do meu destino
Faz teias de eu não pensar.
Não soube o que era em menino,
Sou adulto sem o achar.
É que a teia, de espalhada
Apanhou-me o querer ir...
Sou uma vida baloiçada
Na consciência de existir.
A aranha da minha sorte
Faz teia de muro a muro...
Sou presa do meu suporte.